Houve um tempo em que eu me interessava e até torcia pela Seleção Brasileira. Pelé ainda jogava.
Depois, fui me desapegando.
Cheguei ao ponto de ligar a TV domingo de noite e desprezar o jogo contra o Peru.
Lá pelas tantas, decidi dar uma espiada. Queria ver se Wallace estava jogando e queria também conferir o Guerrero, que estaria nos planos do Grêmio.
Mudei de canal quando vi um peruano ser calçado dentro da área a uns quatro metros do juiz.
Pensei: sempre a arbitragem ajudando a seleção. Sempre. Desisti de ver o jogo.
Adotei, faz tempo, uma regra: procuro ficar longe de qualquer coisa que me irrite. Reconheço, não é fácil.
Na metade do segundo tempo voltei para jogo, imaginando que Wallace tivesse entrado no meio campo faceiro do Dunga.
Ouvi o Casagrande dizendo que a seleção estava bem. Não, o time estava mal, muito mal.
O Peru estava engrossando (não consegui evitar essa).
Falando sério, fiquei impressionado com o toque de bola dos peruanos, toques curtos, alternando com bola longa, muita vibração em cada disputa.
É claro que eu torcia pelo Peru. Faz tempo, muito tempo, que torço contra a seleção.
Descobri recentemente que aumentou muito o contingente de secadores desse grupamento de profissionais muito ricos que jogam pela seleção sem nenhuma empolgação. Sem comprometimento, com raras exceções.
Quando o Peru fez o gol, vibrei. Depois, fiquei torcendo para que a imagem do gol não fosse repetida pela TV, porque nitidamente o juiz esperava por isso para confirmar ou não o gol.
Demorou tanto a imagem aparecer que o juiz acabou confirmando mesmo o gol. Segundos depois, apareceu o lance em que o atacante peruano usa o braço direito para marcar.
A seleção do Dunga, que já deveria ter perdido para o Equador na estreia (gol anulado de Bolaños coadjuvado pelo goleiro Alison), acabou conhecendo a dor de um erro clamoroso de arbitragem.
Foi só então, ouvindo o Galvão Bueno, é que me toquei que a seleção estava eliminada.
Pensei na hora: Wallace e Grohe voltam antes do tempo.
Não tenho dúvida que por trás desse vexame está toda uma energia negativa da torcida gremista sobre Dunga e sua seleção.
Ele provocou demais os deuses do futebol identificados com o tricolor.
Bem, tudo indica que Dunga não continua no comando.
O ideal é que com ele caísse toda a alta cúpula da CBF. Mas aí já é querer demais.