Não adianta, entrego os pontos.
O Grêmio de Roger Machado é Douglas-dependente. Roger Machado é Douglas-dependente.
Ele mesmo admite que armou um esquema para extrair o melhor de Douglas. Segundo o técnico, Douglas deve jogar apenas no espaço do terço final – expressão nova do futebol pós-moderno.
Com menos área para correr, Douglas cansa menos e pode dar uma contribuição ofensiva muito boa, armando, criando jogadas, articulando, dando algumas metidinhas e até marcando gols. Tudo porque joga nas proximidades da área rival. Mais uns passos, pronto! Está na cara do goleiro aparando rebote, assim como aconteceu no Gre-Nal.
Douglas é, portanto, decisivo, fundamental no esquema de toque-toque, de envolvimento do adversário no campo ofensivo.
Em termos defensivos, Douglas é quase uma nulidade. Cerca aqui, cerca aqui, mas não tira a bola de ninguém.
Enfim, Douglas consegue hoje, com Roger Machado, aquilo que defendeu anos atrás e que lhe valeu muita crítica: ‘eu não preciso marcar’. Foi mais ou menos assim.
Declaração que o técnico da época, Renato Portaluppi, respaldou categoricamente, provocando ranger de dentes de muitos gremistas.
Era um Douglas que dispunha de mais território para jogar e que foi tão bem que acabou na Seleção, onde só não ficou porque deu uma entregadinha daquelas que costumava fazer no Grêmio.
Bem, Douglas, cinco ou seis anos depois, encontra no Grêmio o lugar ideal para jogar até sei lá quando.
Pelo menos até quando Roger for treinador do Grêmio, isso com certeza. E sempre como titular.
A não ser que apareça alguém para manter o mesmo padrão atual. Roger demonstra dificuldade em armar o time sem Douglas.
Por isso, demora tanto a substituí-lo, mesmo quando ele se mostra cansado em campo, com as pernas já não obedecendo o cérebro.
Foi assim no Gre-Nal. A insistência em manter Douglas enquanto o Inter metia pavor na área gremista foi irritante. Uma temeridade.
Poderia ter custado uma derrota, ou um empate.
Hoje, eu que sempre defendi Lincoln na posição de Douglas, ou Luan. Hoje, estou convencido de que no esquema que Roger armou para Douglas não existe no grupo ninguém melhor que ele, o Douglas.
E Douglas, aqui entre nós, enquanto não cansa, se mostra um jogador muitas vezes decisivo.
Resta saber o que Roger Machado fará se um dia ficar sem o seu maestro.