O Inter quer ser o Grêmio. Quer dizer, o torcedor colorado quer seu time jogando como o Grêmio.
Argel caiu porque perdeu demais, além da conta, e também porque não conseguiu fazer seu time jogar como o Grêmio.
Enquanto o time ainda ganhava, Argel era tolerado, aceito com relutância, com resistência pela maioria colorada, inclusive e principalmente os da mídia.
Foi assim no Brasileirão/2015, na conquista do Gauchão e, mais recentemente, nas primeiras rodadas do Brasileirão/2016.
Argel, na realidade, não resistiu à comparação com Roger Machado.
Não foram poucas as vezes em que Argel, nas entrevistas, mostrou um certo despeito por, mesmo vencendo, não ter o reconhecimento da mídia, nem local, e muito menos nacional, onde seu rival, Roger, segue reverenciado.
Inveja que ele mal conseguia conter.
Argel seria o italiano Salieri, músico competente assim como é competente Argel, mas sem o brilho do alvo de sua inveja, Mozart.
O grande compositor austríaco seria Roger, reconhecido, festejado, admirado.
Mozart é lembrando por sua obra magnífica. Salieri, coitado, por sua inveja de Mozart, embora, dizem os entendidos, tenha feito boas composições.
Salieri, no futebol, seria a cotovelada, o chutão pra frente, a entrevista confusa. Mozart, a elegância e o futebol com toque de bola, a entrevista com frases bem formuladas e didáticas, encantando a todos. Inclusive muitos colorados.
Não é por outra coisa que o Inter foi buscar Falcão, um técnico de linguagem educada, postura elegante e adepto de um futebol bola no chão, ao estilo do praticado pelo Grêmio de Roger.
O desafio de Falcão é, primeiro, retomar o caminho das vitórias e afastar o fantasma da segundona, que anda atormentando os cronistas esportivos vermelhos, seguidamente mandando sinais de alerta para o Beira-Rio;
e, segundo, fazer isso jogando como o Grêmio.
Se Roger é Mozart; Falcão terá de ser nada mais nada menos do que um Beethoven.
Só assim ele poderá fazer seu time jogar da forma como joga – e encanta – o Grêmio.