“O Grêmio tem um time maduro, capaz de enfrentar qualquer adversário em qualquer lugar.
Há problemas em duas ou três posições, mas nada que não possa ser superado com o time jogando a 110%, sem temor e com ousadia.
Mais ou menos como era Renato jogador. Destemido e ousado.”
Foi com essas palavras que encerrei meu texto anterior, projetando o confronto Grêmio x Atlético Mineiro.
Nesse comentário manifestei minha confiança num resultado positivo e defendi a presença do jovem Pedro Rocha, um atacante moderno, que aparece na área, dribla, faz gols e ainda ajuda a marcar com muita abnegação.
O Grêmio, na verdade, nem precisou jogar a 110%. Jogou o que sabe, o que pode, o que se mostrou suficiente para encaminhar a conquista do título de campeão da Copa do Brasil.
A superioridade do Grêmio enquanto esteve com onze jogadores foi constrangedora para o atleticanos.
Foi com absoluta justiça que o Grêmio chegou ao primeiro gol. Bola metida por Maicon – aliás, atuação espetacular, pra calar aqueles que não cansam de criticar sua contratação -, que Pedro Rocha, outro muito questionado, recebeu, livrou-se da marcação e mandou para a rede.
Quer dizer, dois jogadores questionados pela maioria dos gremistas abrindo o placar em calando o Mineirão. Futebol é bonito também por isso. Nada pode ser definitivo.
Vejam Marcelo Grohe, execrado por um número absurdo de gremistas. Ele fez uma defesa num momento chave do jogo, impedindo o empate atleticano. Grohe, além de grande goleiro, é um baita gremista.
No segundo tempo, quando o Atlético começava a levar algum perigo, Pedro Rocha mostrou outra jogada de ser repertório. Arrancou de trás, passou por três adversários e chutou para fazer 2 a 0.
Seu erro foi tirar a camisa na comemoração. Levou o cartão amarelo. Como recriminar um jovem que vinha sendo alvo de muita crítica e acumulava gols perdidos?
Minutos depois, ele foi expulso pelo juiz, uma expulsão justa.
O Grêmio estava tão bem estruturado e o Atlético tão confuso que não cheguei a me assustar. Acreditava que era possível resistir e garantir ao menos um empate, na pior das hipóteses.
A zaga gremista estava implacável. A dupla de volantes exagerando na arte de marcar e jogar.
Não via como o time mineiro virar o jogo em menos de 20 minutos.
Aí, eis que o juiz inverte um escanteio e no mesmo lance deixa de marcar falta sobre Ramiro. Escanteio cobrado, gol do Atlético.
Foi um gol achado, porque o Atlético nada fazia por merecer esse gol, apesar do esforço.
Um pouco antes havia entrado Éverton no lugar de Douglas, já muito extenuado.
Aplaudi a escolha de Renato. Sei que muitos devem ter torcido o nariz, querendo um defensor para garantir a vantagem.
Pensei: Éverton vai ajudar a marcar e será uma saída em velocidade para o ataque.
A saída para o ataque não foi dele, mas de Geromel, que, quase ao final do jogo, saiu da defesa pela direita, avançou e viu Éverton entrando pelo meio. Cruzou na medida para o guri desviar do goleiro Victor: 3 a 1.
Um placar clássico para um clássico do futebol brasileiro. Noite memorável para o Grêmio.
Atuação digna de um campeão.
Como símbolo dessa vitória aponto Geromel: raça, talento e resiliência.
Destaco também o trabalho de Renato Portaluppi, que, além de armar o time para marcar e agredir com destemor no Mineirão lotado, mostrou por que ganhou o grupo de jogadores ao abraçar Pedro Rocha, jogador que ao ser expulso de modo infantil colocou em risco a vitória.
Renato abraçou o guri, que depois foi flagrado chorando no corredor de acesso ao vestiário.
Isso também ajuda a explicar o sucesso desse time montado por Roger Machado e aperfeiçoado por Renato Portaluppi.
Renato