Fernandinho é a prova (mais uma) de que os deuses do futebol, reunidos em algum conclave celeste, decidiram abençoar e proteger o Professor Renato Portaluppi, concedendo-lhe, entre outras coisas, o poder de transformar água do Dmae (ou da Corsan) em vinho, e do bom.
O escanteado Fernandinho, que só entrava no time pra ver se aparecia algum clube pretendente, sob orientação do mestre Renato cresceu e, por seus méritos e insistência do treinador – contrariando a vontade de 9 entre 10 gremistas – se transformou num jogador importante. Por vezes, decisivo.
Foi assim contra o Vitória, em Salvador. Um time ferido, cambaleante, pode ser muito perigoso. Mas o Grêmio, mesmo sem sua estrela maior, Luan, se impôs na casa do adversário e voltou de lá com uma coruscante (de novo imitando o David) vitória.
Fernandinho sofreu falta na entrada da área. Ele mesmo cobrou, ao estilo Luan, e balançou a rede. Depois, numa jogada marca registrada do Grêmio – ninguém faz igual -, ele recebeu de Pedro Rocha, viu a chegada de Arthur e encostou para o guri com delicadeza, como quem diz ‘faz’. E Arthur, que não é bobo nem nada, fez.
No começo da jogada, a visão e a categoria de Maicon, que enfiou uma bola sob medida para Pedro Rocha.
No segundo tempo, o Vitória descontou e até deu um susto. Na torcida. Porque o time já não se assusta com nada. Thiery entrou tão bem que ninguém sentiu a falta do grande Geromel, que sentiu lesão no vestiário, no aquecimento.
Éverton, que havia substituído Lucas Barrios, lesionado, vislumbrou Ramiro chegando de trás e mandou-lhe a bola. Na risca da grande área, o Pequeno Grande Volante dominou e mandou um torpedo: 3 a 1.
Foi mais um momento mágico do Professor Renato e seus pupilos. O Grêmio segue na cola do Corinthians, bafo na nuca.
É o único time que ainda tem condições de preservar um pouco de emoção na briga pelo título com os paulistas, talvez até as últimas rodadas.
A CBF e a rede Globo devem isso ao Grêmio.