É difícil avaliar a qualidade de um jogador jovem a partir de um jogo como o desta noite em que o Grêmio, com um time misto frio, foi eliminado pelo misto quente do Cruzeiro por 2 a 0, gols nos minutos finais.
Quem quiser que sentencie se este ou aquele jogador deve largar a bola e estudar, ou que está ali um projeto de craque.
É muito arriscado opinar com amostragem tão pequena.
Pedro Rocha, lançado por Felipão em 2015, certamente não agradou a todos quando começou a aparecer entre os titulares, que normalmente oferecem melhores condições para que um jovem desabroche.
Lembro-me que PR jogava mais pelo lado direito na época, e até pelo miolo do ataque. Não sei se chegou a jogar pelo lado esquerdo. Acredito que não.
Não esqueço dos murmúrios e até de vaias ao iniciante, que também em alguns momentos arrancou aplausos e convenceu alguns de que ali estava uma pedra bruta a ser lapidada.
O trabalho começou com Roger Machado, que começou a insistir com PR pela esquerda, marcando e atacando. Foi um período em que o guri, ainda inseguro e sem conhecer suas reais potencialidades, dividia opiniões. Ah, e os gols perdidos, então.
Com a chegada de Renato Portaluppi, que de atacante entende alguma coisa, Pedro Rocha começou a ver seus caminhos rumo ao estrelato se abrirem, se iluminarem.
PR foi jogador decisivo, fundamental na conquista da Copa do Brasil de 2016. Sem ele o título não teria acontecido. Estou convencido disso.
Pois bem, além de contribuir para romper o jejum tricolor, PR agora ajuda a salvar as finanças do clube num momento crítico.
Foi negociado ao Spartak por 12 milhões de euros, uns 45 milhões de reais. Dinheiro para ninguém botar defeito, dinheiro graúdo até para muitos dos ladrões da lava-jato.
Os russos acreditavam que poderiam tirar nosso menino de ouro por 8 milhões de euros. Mas a direção do Grêmio – mesmo pressionada pelo déficit de 60 milhões – conseguiu elevar o valor para 12 milhões. Ou tudo ou nada. Deu certo. Importante registrar que todo o dinheiro é do Grêmio, coisa rara hoje em dia.
Depois da recusa de Luan, que se encaminha para imitar o sujeito aquele, os russos foram com tudo em PR. O Grêmio tirou proveito da situação durante a transação.
Pedro Rocha, quem diria?, virou uma estrela do futebol. Vai brilhar no Spartak e logo estará vestindo a camisa de um clube da primeira linha da Europa. Porque joga muito, tem potencial para evoluir e, acima de tudo, porque tem um bom caráter.
A lamentar apenas que o time não terá o guri no segundo semestre.
Pedro Rocha é a prova de que se pode enriquecer num clube e sair pela porta da frente, podendo voltar como se nunca tivesse saído.
PRIMEIRA LIGA
Sobre o jogo em Minas, sem dúvida o goleiro Léo Jardim foi o maior destaque. É um goleiro em condições de disputar posição com Marcelo Grohe.
Gostei do Conrado, do Jean Pyerre (este com um potencial enorme) e do Patrick. A dupla de área até que foi bem. O time do Cruzeiro era superior e mais experiente.
Já o Grêmio atingiu seu objetivo: menos uma competição pra atrapalhar.