Subestimei a capacidade do melhor treinador do futebol brasileiro na temporada. No meu comentário anterior manifestei preocupação com as ausências que ameaçavam descaracterizar o futebol vistoso e vitorioso que o time apresentou muitas vezes ao longo do ano, em especial na reta decisiva da Copa do Brasil 2016.
Alguns parceiros do blog se mostraram mais confiantes. Certamente é um pessoal que não viveu os anos de chumbo tricolor, a década de 70. Trago marcas na alma desse tempo, e isso me torna mais assustado, prevendo o pior.
Independente disso, minha tese é que Renato teria de alterar o modelo, o formato vencedor diante das perdas no meio de campo e da saída de Pedro Rocha.
O fato é que minha tese foi atropelada pelos fatos. Eu, ao contrário de muitos, não brigo com os fatos nem com as notícias. O jogo deste sábado na Arena mostrou que Renato vai mesmo manter o padrão implantado.
Então, fui à Arena -não vou muito seguido- para ver de perto se minha tese estava correta e o que Renato faria para manter o time competitivo sem titulares importantes como Maicon, PR e Geromel, e no caso também o desfalque de Luan, que está na seleção passeando enquanto o time precisa dele. Quer dizer, nesse jogo contra o Sport não precisou. Nem um pouco. E isso me deixa muito impressionado.
O Grêmio começou com Léo Moura completando o meio de campo tradicional e com Fernandinho de articulador pelo meio e pelos flancos. Para muitos um esquema defensivo. Não importa o número de volantes, e sim como eles se projetam e com que qualidade.
O Sport Recife tem um bom time, bons jogadores. Tinha condições de fazer um enfrentamento duro com o Grêmio. Mas o que se viu foi um Grêmio sufocante, marcando no campo do adversário, tomando a bola e jogado de forma objetiva, rápida. Neste aspecto específico, Luan por vezes retarda o jogo e facilita a recomposição do adversário.
OS GOLS
Foi um festival de gols bonitos e belas jogadas. O primeiro gol saiu de uma troca de olhares de Èverton com Bruno Cortez. O atacante abriu espaço para o lateral fazer a diagonal e lançar para Fernandinho, que foi calçado quase na risca da área. Edilson soltou a bomba e fez 1 a 0.
Logo depois, Éverton recebeu um toque precioso de Arthur e chutou para Magrão fazer grande defesa.
O segundo gol, aos 34, Edilson fez uma jogada rara no futebol, duas meia-luas seguidas, e o recuo para Éverton ampliar com chance para o goleiro.
No terceiro gol, aos 22 do segundo tempo, Ramiro foi seguro dentro da área, sem bola. Pênalti que Fernandinho aproveitou para fazer 3 a 0.
Três minutos depois Ramiro deu um passe de cabeça e Fernandinho, também de cabeça, perto da marca do pênalti, fez 4 a 0, falha do goleiro que foi tarde na bola.
O quinto gol saiu quando o time já tinha dois guris da base, Patrick e Dionathã, e Beto da Silva.
Em sua primeira bola, Dionathã recebeu de Fernandinho, ajeitou e mirou o canto direito, gol de jogador frio, experiente. Minutos antes, Patrick havia feito bela jogada que por detalhe não resultou em gol.
Quer dizer, Renato ressuscita veteranos e dá oportunidades reais aos jovens, mas sem açodamento.
Bem, é o Grêmio dando um bafo na nuca do Corinthians.
PEDRO ROCHA
Pedro Rocha está saindo pela porta frente e com a chave para voltar a hora que quiser, porque o Grêmio é a casa dele. PR sentiu isso no intervalo quando entrou em campo ao lado dos pais. Foi muito aplaudido. Cena emocionante.
Espero que a atitude de PR e sua família sirvam de exemplo e de inspiração para Luan.