No final de 2013 ingressei no INPI com o pedido de registro de uma cerveja que eu estava criando: a 1903.
Antes que algum distraído pergunte por que 1903, respondo: ano de fundação do Grêmio.
No ano seguinte, para minha surpresa, e susto, a multinacional Hijos de Rivera entrou com uma oposição ao meu pedido.
Essa empresa, fundada em 1906, na Espanha, produz nada mais nada menos do que a Estrella Galicia. Produz, também, uma cerveja especial, superior, a 1906.
“Estou ferrado”, pensei. Vai prevalecer o poder econômico. Quem sou eu pra querer vencer essa queda de braço com uma gigante no mundo cervejeiro? Em 2015, a indústria fechou o ano com receita total de € 330 milhões (R$ 1,2 bilhão) e vendas de 200 milhões de litros.
Contratei uma empresa especializada na matéria, a Prodin Marcas e Patentes, aqui de Porto Alegre.
O escritório apresentou a minha defesa. Eu sabia que estava certo e que se fosse tudo dentro da normalidade eu ganharia. Afinal, a companhia espanhola questionava a semelhança da 1903 com a marca 1906.
Nada a ver, mas eu pressentia que minhas chances, embora reduzidas, existiam.
Mais ou menos como querer vencer o Real Madrid no Mundial no final do ano.
Bem, depois de três anos, saiu o resultado. No dia 17, saiu o deferimento do meu pedido.
Comemorei a vitória, lógico, com uma 1903, geladinha ao ponto.
Por um momento me senti um Davi paneleiro do líquido dourado abatendo um poderoso Golias cervejeiro.
A sensação é muito, mas muito boa.