“Restam seis vagas, uma delas é do Grêmio”, afirmou Renato Portaluppi após a surpreendente derrota por 1 a 0 diante do modesto Cruzeiro, em plena Arena.
Nem o gremista mais pessimista, – tão pessimista que não seria aceito nem no bando dos urubulinos, gremistas que invariavelmente preveem o fracasso tricolor – imaginaria um resultado negativo na volta do time titular. Jamais.
Foi um placar injusto, porque o Grêmio criou boas situações de gol. Seu goleiro foi destaque, enquanto Grohe quase não trabalhou. O Grêmio com sua equipe titular foi superior, mas não cristalizou isso no marcador.
Além da falta de perícia nas conclusões e também no penúltimo passe, tem a questão da arbitragem.
Conforme tenho escrito e repetido há anos, no Gauchão vigora uma norma que não está escrita, mas paira no ar: na dúvida, contra o Grêmio. Na maioria das vezes é isso que acontece.
Sábado, naquele horário absurdo, o juiz Jean Pierre (sempre que deparo com esse nome lembro daquela inaceitável não expulsão do Damian, em Santa Cruz), foi ágil e preciso para marcar pênalti contra o Grêmio. Ele acertou, foi mesmo, mas é daqueles lances corriqueiros, que normalmente um juiz deixa passar.
Depois, ele deixou de assinalar dois pênaltis contra o Cruzeiro. No primeiro, Éverton foi calçado junto à linha de fundo, com a bola dominada. O ‘comentarista’ Batista disse que houve o toque, mas foi sem força e que Éverton se jogou.
No outro pênalti, Lima foi empurrado quando invadia a área. O adversário foi direto no corpo de Lima dentro da área. Pierre, em cima da jogada, fez olhar de paisagem.
Posso estar enganado, mas não ouvi ninguém do Grêmio reclamando. Estarei eu vendo coisas, ou o silêncio sobre os dois lances foi por constrangimento.
Para um time que está pegando ritmo, cada erro desse tipo tem um peso enorme.
Resumindo, o Grêmio até que jogou bem para quem está voltando. Mereceu vencer na bola, mas encontrou uma arbitragem que cometeu os tais erros humanos, tão comuns no Noveletão.
O maior ensinamento desse jogo contra o Cruzeiro é que o Grêmio terá que jogar mais do que jogou no sábado, porque precisará superar outros obstáculos.
E de nada adiantará Renato prometer isso ou aquilo. Antes que qualquer coisa, é preciso combinar com os russos (como diria o Garrincha), mas os ‘russos’ não estão a fim de conversa.
Assisti hoje à vitória do Brasil de Pelotas sobre o misto do Inter. Esse time, adversário tricolor na quarta-feira, armado pelo Clemer tem qualidade, marca bem e contra-ataca com velocidade. Será muito mais difícil que o Cruzeiro.
Aonde eu quero chegar? Simples, não será nada fácil a classificação.
Mas como disse o presidente Romildo, se o Grêmio ficar de fora não será problema. Parece que será um alívio a eliminação (sem o rebaixamento humilhante, lógico). Percebo que muitos gremistas pensam da mesma forma.
Os onze mil heróis que foram à Arena no sábado à noite não pareceram muito incomodados com resultado negativo. Em outros tempos, haveria vaia, ou pelo menos murmúrios.
Esse sentimento, eu acredito, se deve aos efeitos do tri da América e ao desprezo que nove entre dez gremistas têm pelo campeonato do Novelletto.
Eu também desprezo o Gauchão, mas acho que o Grêmio deve brigar pelo título.
O primeiro passo, agora, é garantir a classificação. Para isso, será necessário encarar o Gauchão como uma mini Libertadores.
Sinceramente, não sei se o Grêmio quer tanto assim esse título.