O Grêmio teve tudo para matar o jogo no primeiro tempo. Teve um domínio amplo, constrangedor para o adversário e sua torcida – não poupou vaias ao time na saída para o intervalo -, e deu a impressão até que poderia repetir aquele sonoro placar de 5 a 0. E talvez chegasse lá se Éverton, aos 47, não perdesse uma chance clara de gol, depois de passe estilo ‘toma e faz’ de Luan, o grande nome do clássico 413.
No futebol, a gente sabe, se tem chance de matar o jogo, mate, sem vacilar, sem dó nem piedade. Éverton é um atacante raro, precioso, mas peca demais nas conclusões.
Era o momento de liquidar o Inter dentro de sua casa, perante sua torcida e diante do pessoal do tal juizado do torcedor, que provavelmente não viu as agressões covardes e selvagens que a torcida gremista sofreu para ingressar no BR.
Superioridade técnica
O Grêmio começou o jogo impondo sua superioridade técnica, seu entrosamento, e o peso de três títulos, dois deles internacionais. O Inter foi submetido a um chocolate, conforme admitiu Rodrigo Dourado, após a partida, exagerando que o seu time devolveu o chocolate no segundo tempo.
O primeiro gol nasceu de um lançamento na medida de Jailson, sim, Jailson, para Bruno Cortez, que deu o tempo de bola necessário e cruzou com açúcar e com afeto para Luan, aos 23, concluir e fazer 1 a 0. Minutos depois, Luan aumentaria cobrando pênalti sofrido por Éverton, após passe de Maicon, o grande capitão.
No finalzinho do primeiro tempo, D’Alessandro, que completava seu jogo 400 – agora devidamente carimbado – expôs o desespero que se abatia sobre os colorados ao chutar Luan na linha do meio de campo, reconhecendo a maiúscula superioridade tricolor.
Aliás, o argentino fez um péssimo primeiro tempo, errando tudo, mas melhorou depois.
Gostei da frase do Edenilson, ao deixar o campo no intervalo: “A gente vê os vídeos e não consegue fazer o que precisa”.
Sonho e pesadelo
Bem, no segundo tempo, tudo mudou. O sonho gremista deu lugar a um pesadelo inimaginável diante do que havia acontecido no primeiro tempo.
O Grêmio recuou demais, o Inter foi voluntarioso, e não poderia ser diferente. Tinha de dar uma resposta ao seu torcedor.
Assim como o Grêmio explorou o lado direito da defesa colorada no primeiro tempo (Duda saiu, vítima disso), o Inter passou a jogar em cima do Madson, que até fez duas boas jogadas de ataque. Mas é frágil na marcação. O gol do Inter saiu por ali, após jogada que resultou em escanteio.
Renato até que demorou para sacar Madson e colocar Ramiro, reforçando o setor. Alisson entrou e pouco acrescentou. Mais adiante entraram Michel e Marcelo Oliveira, cuja presença não entendi. Michel entrou bem no jogo e por detalhe não saiu gol após uma investida sua ao ataque.
Curiosidade: os dois goleiros não fizeram nenhuma defesa difícil. Houve presença de área dos dois lados, mas poucas conclusões em direção à goleira.
Para os gremistas, ficou um sabor de quero mais; para os colorados, restou a esperança de que o verdadeiro Inter é o do segundo tempo, este sim capaz de fazer frente ao atual campeão da América.
Vamos agora para a etapa mata-mata. Quem vencer será campeão gaúcho.
Arbitragem
Jean Pierre fez uma arbitragem isenta, correta. Pena que se lesionou. Estava muito bem mesmo, isento como deve ser um árbitro de futebol. Pena que se lesionou. Seu substituto pegou uma batata quente, mas teve uma atuação correta.
Resta saber se nos jogos mata-mata haverá o mesmo nível de isenção, fato surpreendente em se tratando de noveletão.