Grêmio goleia e torcida tricolor grita ‘olé’

Mais uma vez deu a lógica. O Grêmio se impôs pela qualidade técnica superior e um entrosamento que não se vê nem parecido hoje no futebol brasileiro, com todo respeito aos admiradores do Palmeiras, Corinthians, Flamengo, etc. O jogo terminou com a torcida tricolor gritando ‘olé’.

A vitória por 3 a 0 foi ao natural, e poderia ser mais elástica se o técnico Renato não tivesse pedido para seu time tocar a bola e levar o jogo até o final com esse placar, após o gol de Arthur.

Confesso que não gostei muito dessa ordem do Renato. Imagino que muitos gremistas queriam mais, queriam uma sacola de gols. Faz parte, mas, friamente, Renato estava certo. Um gol colorado poderia complicar um pouco para o jogo da volta.

Mas, aqui entre nós, acho que se o time apertasse chegaria ao quarto gol.

A única ameaça do Inter era a bola jogada pra dentro da área. É o tipo de jogada que o time inferior usa para tentar vencer o adversário mais qualificado. No primeiro tempo, Marcelo Grohe salvou dois lances assim. No segundo, operou um milagre ao impedir o gol de Rodrigo Dourado nos minutos finais, um lance que lembrou sua defesa milagrosa na Libertadores.

Conforme eu tenho repetido, a arbitragem gaudéria na dúvida sempre pende para o Inter, com algumas exceções que confirmam a regra. Neste clássico, Cuesta deveria levar cartão amarelo no lance em que ergue o braço direito para tocar na bola. Seria o segundo amarelo, logo, expulsão.

Fosse Kannemann, que disputava com Cuesta, a tocar na bola desse jeito tão escandaloso, Daronco marcaria o quê? Bingo, pênalti, conforme determina a regra. Ele favoreceu o Inter em outros lances menores. No final, sua atuação só não comprometeu porque o Grêmio foi avassalador no segundo tempo.

No Gre-Nal anterior, o Grêmio foi melhor no primeiro tempo. Desta vez foi no segundo, pra detonar teses sobre preparação física superior do Inter.

Contribuiu para essa superioridade o gol de Éverton aos 48 do primeiro tempo, resultado de uma jogada marca registrada desse time. Luan abriu para Ramiro pela direita. Ele poderia ter arriscado o chute, mas cruzou em diagonal para o lado oposto, onde entrava Éverton, às costas da marcação, para fazer 1 a 0.

Essa vantagem deu mais moral ao Grêmio e abalou os colorados, que pareciam sem forças para atacar. O Grêmio, diferente do jogo anterior, foi pra cima, não ficou esperando atrás, mesmo com o placar favorável. O Inter tratou de se defender, reconhecendo a melhor qualidade do adversário.

Aos 12, Geromel, de cabeça, obrigou Marcelo Lomba a uma grande defesa, ao estilo Grohe. Era muita pressão. Aos 18, Jael cobrou falta com perfeição, revelando uma qualidade pouco conhecida. A bola foi ângulo direito, um golaço do Cruel, provando que ninguém é completamente insuficiente.

O mesmo Jael deu um passe precioso de cabeça para Arthur, que recém havia entrado. Foi um lance de contra-ataque. Arthur correu em direção a Lomba, perseguido peles defensores, e chutou rasteiro para ampliar. Foi aí que Renato mandou o time levar o jogo até o final sem maiores riscos.

Conforme estava previsto, Luan foi vítima das chuteiras inimigas. Foram faltas em rodízio, coisa manjada. Na quarta falta, feita por Cuesta, o argentino levou o amarelo.

Destaques do Grêmio. começo com Grohe, fundamental na goleada de 3 a 0. Depois, a dupla de zagueiros, a melhor da América Latina. No meio, Jaílson foi um gigante no combate, na marcação, na dedicação, e até com a bola nos pés se mostrou competente. Maicon não foi bem desta vez, apesar de aparecer muito para o jogo. Saiu lesionado.

Na frente, Luan e Éverton deram muito trabalho aos seus marcadores. Destaque maior para Jael, pelo gol e pela assistência ao gol de Arthur.

MAU PERDEDOR

D’Alessandro voltou a mostrar que não sabe perder. Só faltou faniquito dentro de campo. Ah, mais uma vez ele não tentou apitar (valeu o toque do Maicon). Na saída de campo, impediu que os companheiros dessem entrevista. Chegou a puxar Fabiano, que era entrevistado. Coisa de guri birrento.

A iniciativa de Dalessandro foi criticada por toda a imprensa, menos pelo comentarista Guerrinha, segundo li nas redes sociais.

Acho que deu racha no vestiário da mídia esportiva.

Depois, de cabeça fria, o líder colorado admitiu o melhor momento do Grêmio e revelou sua dor: “Perder clássico dói”.