Um dos encantos do futebol é que nem sempre os protagonistas, aqueles jogadores mais festejados e admirados pela torcida, são os que decidem jogos e títulos. Não raro, as grandes conquistas têm participação efetiva, decisiva, dos coadjuvantes, jogadores que desembarcam – alguns de ônibus – sob o olhar desconfiado do torcedor.
Jael, o Cruel, é um exemplo. Em sua despedida do Grêmio, nesta sexta-feira, Jael fez questão de lembrar o que passou, o que sofreu, até provar que poderia ser um jogador útil e ser visto com mais simpatia pela torcida tricolor.
Por vezes, Jael ganhou mais, ganhou a admiração e o respeito da grande maioria daqueles que o criticaram mesmo depois de fazer gols importantes e dar assistências dignas de um craque, como aquela na vitória por 1 a 0 sobre o Lanus, na fase final da Libertadores/2017.
Sim, a vitória e o título passaram por esse coadjuvante, que, naquele histórico jogo foi protagonista ao dar um toque preciso para Cícero, outro coadjuvante, marcar o gol que descortinou o caminho para o tri da Libertadores.
Curiosamente, no jogo seguinte, vitória por 2 a 1, com outro coadjuvante, Fernandinho, abrindo o placar, completado depois, de forma genial, por um protagonista, Luan, na verdade, O protagonista.
Ao se despedir, em grande estilo e de maneira emocionada, com lágrimas nos olhos, Jael mostrou que o protagonismo também pode ser dos jogadores medianos. Ele fez questão de cumprimentar a todos, inclusive operadores de áudio das emissoras de rádio, sempre com um sorriso amigo.
Jael, o Cruel, deixou o clube, onde talvez tenha vivido seu melhor momento profissional, orgulhoso por vestir o manto tricolor, de cabeça erguida e com as portas abertas para um dia voltar, coisa que um protagonista famoso, que me nego a dizer o nome, NUNCA poderá fazer, nem como visitante, a não ser sob escolta de seguranças.
Jael, que revelou na entrevista que jogava preocupado em melhorar sua imagem perante a torcida, pode ter certeza de uma coisa: ele saiu do Grêmio muito maior do que entrou, como atleta e como cidadão.
Quisera que houvesse mais gente assim no futebol.
ECONOMIA INTERNA
Quando li a coluna do Pedro Ernesto sobre a remuneração dos jogadores negociados pelo Grêmio, publicando listas que lhe foram entregues por um conselheiro do clube, sinto saudade do tempo do Rudy Armin Petry, histórico dirigente tricolor dos anos 60/70.
Ele não deixava vazar nada. O X-9 com ele não se criava. Diferente de hoje. Sei lá se os números estão corretos, mas sem dúvida são aproximados do real. Eu mesmo se fizesse uma lista especulativa não chegaria a um resultado muito diferente.
Em outros tempo, os números escorregavam com facilidade no lado vermelho. Hoje, por ‘uma questão de respeito’, talvez, os valores raramente aparecem.
É o caso do D’Alessandro, hoje o pior custo/benefício do futebol gaúcho. Ninguém diz isso. Sua remuneração também nunca foi especulada como se fez agora com Tardelli.
Precisou o cornetadorw vir a público revelar que o argentino, aos 38 anos, ganha (mas pelo jeito não anda recebendo) 300 mil dólares por mês. Cerca de R$ 1,3 milhão, um absurdo que até hoje não mereceu um olhar mais crítico da imprensa regional.