O ocaso de um sistema que encantou o país

Volto a usar o título acima, publicado anteriormente no dia 13 de março, logo após o fatídico jogo contra o Libertad.

Eu estava na Arena e senti que o Grêmio aquele das grandes atuações e conquistas já não existe.

Mais do que irritado com a derrota, fiquei triste por estar testemunhando o fim de um ciclo virtuoso. Então, desabafei minha angústia. Muitos aqui neste espaço democrático disseram que eu estava exagerando. Agora imagino que pensem diferente.

Essa sensação se repetiu contra o Universidad. O Grêmio ficou comum. Pode classificar-se na Libertadores? Pode, claro, mas é quase impossível.

Se o time tivesse perdido os jogos contra paraguaios e chilenos jogando um futebol convincente, pressionando o adversário, criando situações de gol, eu não estaria tão desanimado e cético.

Mas o Grêmio perdeu ao natural, ou ao menos sem mostrar um futebol digno de um campeão da América.

Confiram parte do texto com essa constatação tristemente pioneira do titular do blog, ou seja, eu, que não perco essa mania que tenho desde os tempos de Correio do Povo de antecipar aquilo que todos em seguida vão verificar e comentar.

O OCASO DE UM SISTEMA QUE ENCANTOU O PAÍS

Saí da Arena, terça à noite, muito irritado com a derrota
diante do Libertad. A irritação deu lugar à tristeza, à melancolia. Não sei se
o Grêmio será campeão da Libertadores – começo a duvidar muito -, mas de uma
coisa tenho certeza: o futebol que encantou o país, e conquistou até a simpatia
de rivais, está moribundo.

Não vi nesse jogo contra os paraguaios nenhum resquício, por
exemplo, daquele Grêmio que conquistou a Copa do Brasil de 2016 sob o comando
de Renato Portaluppi, e depois conquistou a América jogando bola. Sim, esse
Grêmio jogava bola, os outros jogavam só futebol.

Sinto saudade desse time. Um time que tocava a bola, cansava,
irritava os adversários, minava o moral dos jogadores. Por vezes, cansava até a
mim, que cobrava lançamentos longos e cruzamentos da linha de futebol, em vez
de ficar tramando a bola, costurando uma teia de aranha para golpear e engolir
o rival.

Mais títulos só não vieram por essas coisas do futebol.
Negociações de jogadores (Arthur) para manter girando a roda financeira do
clube e decisões dos cartolas e de arbitragens suspeitas, além de um ou outro
equívoco na formação do grupo.

É duro perder em função dessas coisas, mas faz parte.

O que dói mesmo é ter essa sensação que me aflige depois que vi o jogo
contra o Rosario e, principalmente, esse contra o Libertad.