Os últimos três anos do Grêmio são, talvez, os melhores da longa e rica história do clube que nasceu de uma bola, lá atrás, em 1903. O Grêmio já teve anos vitoriosos, mas poucas vezes, ou nunca, recebeu tanto reconhecimento e aplausos da mídia e de torcedores de outras agremiações como agora, e de inveja dos invejosos de sempre.
No mês em que comemora mais um ano de existência, o Grêmio está na iminência de participar de duas finais quase ao mesmo tempo: Copa do Brasil e Libertadores, sonho maior desde que sua torcida sentiu o gostinho de ser campeão mundial e que a cada ano entra em campo com olhos mirando o topo das Américas e do planeta, tingido de azul em 1983.
Pode ser que o Grêmio conquiste um ou dois dos títulos em disputa. Pode ser que fique com nenhum. Faz parte. Outros grandes clubes ficaram pra trás nesse caminhada. O Grêmio não, o Grêmio segue vivo, superando desafios e mantendo com bravura a fama de imortal.
REINVENÇÃO
Para se manter por cima nesses três anos, o Grêmio precisou se reinventar, um trabalho de toda a direção, que deu suporte para o técnico Renato Portaluppi lutar por mais conquistas. É claro que nem tudo correu como o planejado. Erros foram cometidos, mas os acertos foram em maior número.
Em termos de equipe, cabe destacar a trajetória de Renato desde sua chegada em 2016, visto com suspeição e ressalvas por parte de gremistas, alguns ainda firmes em sua postura crítica e cética.
Com ajuda de alguns parceiros do blog, em especial o Copião de Tudo, que se orgulha de ser um chapa-branca de primeira hora, publico aqui algumas das principais soluções do técnico tricolor diante dos problemas que foram surgindo:
– Giuliano saiu em julho/2016 e Renato chegou em setembro tornando Kannemann titular – ele era reserva de Wallace Reis, Fred e Kadu, salvo engano;
– A defesa, que era uma peneira, transformou-se numa muralha com sua dupla de zaga titular até hoje e o goleiro Marcelo Grohe;
– Efetivou Ramiro, que viveu seu melhor momento fazendo o vai e vem pelo lado direito, compondo a marcação e chegando à frente;
– Apostou em dois veteranos para as laterais, apesar de duras críticas de alguns setores. A resposta de Léo Moura e Bruno Cortez superou expectativas;
– Outra aposta de Renato foi Edílson, de passagem anterior modesta e que acabou valorizado a ponto de atrair proposta milionária do Cruzeiro;
– Em janeiro/2017, quando o time estava ajeitado, perdeu Wallace (negociado) e adaptou Jaílson no lugar. Depois, lançou gradativamente o Arthur, que recentemente deu entrevista dizendo que deve muito ao Renato pelas orientações que recebeu;
– Luan, que chegou a ser chamado de pipoqueiro por parte da torcida, cresceu demais sob o comando de Renato, tornando-se o melhor jogador da América;
Douglas é outro que cresceu demais com Renato ‘Midas’, tornando-se figura fundamental na conquista da Copa do Brasil que lavou a alma gremista depois de 15 anos de seca.
– Em julho Renato perdeu Pedro Rocha, seu principal atacante naquele momento. Outro jogador que Renato lapidou e ajudou a se tornar goleador. Repetiu o mesmo com Éverton, chamado por muitos ‘especialistas’ de peladeiro;
– Perdeu também Jaílson, então importante ao esquema, e Bolanos, este por questões pessoais;
– Outra aposta de Renato foi Michel, um volante descoberto no Atlético Goianiense. Chegou desacreditado e se tornou importante na manutenção do esquema vitorioso;
– Críticas sobraram para Renato quando ele indicou Jael, um centroavante tosco e de carreira instável. Hoje, tem gente que gostaria de ver Jael no time diante das opções que restaram e não corresponderam; Jael marcou seu nome na história do clube.
– As soluções encontradas por Renato mantiveram o time competitivo apesar das perdas de jogadores importantes e decisivos em tão pouco tempo. Agora mesmo, ele investe pesado em jogadores da base, revelando para o Brasil dois talentos: Matheus Henrique e Jean Pyerre. Outros que dificilmente ficarão muito tempo no clube, forçando Renato a novas soluções.
– Tem ainda o atacante Pepê, que está sendo lapidado para substituir Éverton, hoje um dos jogadores mais valorizados do país. Correndo por fora, Thaciano, que em breve poderá ser titular do time.
Por sorte e competência de gestão, vem aí uma nova geração de jovens talentosos. Resta torcer para que o sucessor de Renato, que talvez não continue em 2020, tenha igual competência para orientar e lançar na hora certa os jogadores em formação.
DECISÃO
Por mais que alguns setores queiram minimizar a qualidade ao Atlético Paranaense, estimulando um salto alto, o jogo desta quarta é dos mais difíceis. O piso sintético é um trunfo do adversário, além da torcida. Nada está ganho, nunca podemos nos esquecer disso.