O empenho do Inter em contratar um técnico argentino indica que estamos no começo de uma nova modinha no futebol verde-amarelo: treinadores estrangeiros.
A razão disso é o sucesso do argentino Jorge Sampaoli e do português Jorge Jesus depois de muitas experiências fracassadas. Particularmente, entendo que é cedo para carimbar o trabalho dos dois, mas por enquanto é muito bom. Pelo menos acima das minhas expectativas, já que sempre fui, e continuo sendo, cético em relação a técnicos estrangeiro, nem tanto por eles, mas pelos jogadores brasileiros, que são mais boleiros mimados do que profissionais.
Então, pra lidar com eles nada melhor que os técnicos nacionais, que sabem muito bem com quem estão lidando.
Independente do que possa acontecer mais adiante, é inegável que Sampaoli aprovou no Santos, favorecido, é oportuno reforçar, pelo fato de o Santos estar dedicado há meses a apenas uma competição.
Já o técnico do Flamengo desafia os deuses a escalar força máxima em todos os jogos, sem priorizar esta ou aquela competição, como faz o Grêmio, obcecado pela Copa do Brasil – da qual foi alijado pela arbitragem – e pela Libertadores, paixão maior de todos os gremistas.
Saberemos no dia 23 se a estratégia se Jesus é a mais recomendável. Se der certo e o Flamengo for campeão da Libertadores, no ano que vem o Grêmio terá de seguir esse exemplo para entrar rachando em todas as competições.
Para isso, contudo, terá de contar com um grupo maior e mais qualificado para não depender de reservas que sequer deveriam estar no clube.
Bem, o assunto é muito complexo e merece páginas e páginas.
Quero concluir elogiando os dois estrangeiros citados. São treinadores sem frescura, dizem o que acham que precisam dizer, não adotam discurso pernóstico, falam a linguagem do jogador e do torcedor. Os dois são parecidos também no comportamento à beira do gramado, explosivos, espontâneos. Jesus ainda por cima é bem humorado. Sampaoli parece mais sério.
Mas os dois me lembram Renato pelo modo como se comportam no campo e nas entrevistas, além de gostarem de ver suas equipes no ataque, sem obsessão defensiva, característica ainda dominante no país.
Renato, Jesus, Sampaoli e mais uns dois ou três brasileiros rezam pela mesma cartilha, e trazem uma brisa de novidade ao nosso futebol.
Quem sabe a vinda de estrangeiros não seja apenas uma modinha? Vamos ver, o certo é que uma turma aí precisa se reciclar ou nunca mais sairão do lado do telefone, à espera de um chamado que parece cada vez mais distante.
AUTUORI
O Inter está tão ansioso por contratar Eduardo Coudet que, ao que tudo indica, é capaz de esperar por ele até janeiro, na abertura da temporada.
Um erro que o Grêmio cometeu tempos atrás, quando esperou por Paulo Autuori e ainda pagou rescisão de seu contrato no exterior. Tudo isso com uma Libertadores em andamento.
A opção do Inter por um técnico estrangeiro faz parte da modinha. Imagino que outros virão em seguida, desempregando nomes que pululam de clube a clube, se revezando numa permanente dança das cadeiras.
A jogada do Inter é ter um argentino para disputar a Libertadores de 2020. Mas antes precisa conquistar a vaga, objetivo ainda mais difícil de ser atingido com um técnico interino.
Nas conversas com Coudet, alçado aqui na aldeia a grande nome do futebol argentino, o Inter deve ter acenado com a disputa da Libertadores.
Quem duvida que Coudet não está condicionando sua vinda à conquista dessa vaga?
Bem, qualquer coisa Celso Roth está aí, colado ao telefone.