Um velho companheiro de redação detestava especular escalações e ficava irritado quando alguém pedia sua opinião sobre quem deveria começar o jogo, se fulano ou beltrano.
Ele era um ranzinza, e ainda é, mais agora com a idade avançando. Por isso, a gente gostava de provocá-lo debatendo qual seria a melhor formação para determinada partida, especialmente em jogos decisivos, como este de amanhã contra o novo queridinho da mídia (que até pouco tempo atrás era o Grêmio, mas sem o oba-oba ruidoso da mídia carioca.
-O treinador é pago e muito bem pago para escalar o time, por que eu vou me preocupar com isso? E vocês ainda perdem tempo com essa discussão que não leva a nada – dizia, cuspindo fogo.
De fato, o que nós ganhamos com isso? Ora, escalar time, sugerir contratações e demissões sumárias, cobrar isso ou aquilo, são ações que fazem parte da rotina do torcedor, ainda mais agora com as redes sociais, onde já li de tudo nos últimos dias, com a temperatura emocional elevando-se à medida em que se aproxima a decisão, o jogo do ano.
Eu sei que o Renato não vai ler o que escrevo, mas meu amigo rabugento vai. Então, a exemplo de uma legião de analistas e palpiteiros, ouso escalar o time que considero ideal para enfrentar o Flamengo, essa máquina mortífera que o Grêmio terá de superar para disputar mais uma final de Libertadores.
As dúvidas são na lateral-direita e na meia, com a possível ausência de Luan. Ainda acredito (espero) que Luan jogue. Se ele não jogar, o time perde muito em qualidade no toque de bola (já não tem o JP).
Bem, pra começar, eu escalaria Léo Moura. Cheguei a pensar em Geromel jogando por ali, o que não deixa de ser uma possibilidade. Com Léo Moura é importante criar condições para explorar sua qualidade ofensiva, reforçando a marcação.
Neste caso, escalaria três volantes: Michel, Maicon e Matheus Henrique, com os dois últimos cuidando da articulação, e o primeiro aparecendo como elemento surpresa revezando com um dos ‘meias’. Penso que o time ganha em consistência defensiva e não perde em criatividade na frente.
Mais adiantados, mas participando da marcação em especial pelas extremas, eu começaria com Éverton, Alisson e Tardelli. Quem sabe com Pepê no lugar de Tardelli, que continua devendo, embora o jovem atacante seja um trunfo para o segundo tempo.
Agora, se Luan puder jogar, ainda assim mantenho o trio de volantes/meias. Luan começaria no lugar de Tardelli ou Alisson. Luan articularia com a dupla Maicon/MH, explorando a velocidade de Éverton e versatilidade de Alisson (ou Tardelli).
O Flamengo vive melhor momento, não há dúvida, enquanto o Grêmio vive com espasmos do futebol bonito e eficaz de dois ou três anos atrás, algo que pode muito bem se repetir no Maracanã lotado gritando ‘mengo, mengo’.
Calar o Maracanã não é fácil, mas o Grêmio já fez isso. E foi bom demais.
RENATO X JESUS
É uma guerra de vaidades. Os dois querem provar que seu time é o que pratica o futebol mais bonito e eficaz. Espero que Renato dê mais ênfase na eficácia. É por aí que poderá começar a vencer o duelo.
CANSAÇO
Eu penso que o Grêmio garante a vaga no segundo tempo se resistir bem no primeiro, quando o Flamengo estará com seu potencial pleno. O time do Jesus tem queda de rendimento no segundo tempo. Isso ficou visível no jogo na Arena.
JESUS
O Copião, sempre atento e com radar ligado, entra em contato para dizer que, a seu ver, o técnico português está muito mais focado no Brasileiro do que na Libertadores. Essa impressão eu também tive e ele deu a entender isso semanas atrás. Mas acho que o Jesus já percebeu a grandeza da Libertadores. Agora, na dúvida, ele opta pelo Brasileiro.