Ronaldinho, que um dia foi ‘Gaúcho’

A sacada do histórico prédio do Correio do Povo, aquela de frente para a Rua da Praia, foi cenário de alguns episódios que de vez em quando eu recordo saudoso de um tempo que não volta mais, a não ser em pensamento.

Era a ‘sacada da editoria de Esportes’. Eu, o saudoso Paulo Moura e o Hiltor Mombach sentávamos lado a lado, de costas para a sacada e de frente para a redação fervilhante.

É justamente ali, na ‘nossa’ sacada, que os fumantes se encontravam para seguir com seu suicídio lento e gradual. É claro que sobrava fumaça para quem trabalhava nas imediações do ‘fumódromo’.

Um dia, eu que tenho dificuldade para conviver com fumantes, colorados e petistas, colei um cartaz alertando: Cuidado, abelhas! Funcionou por algumas semanas.

Pensei em alertar sobre morcegos, mas desisti.

Foi nessa mesma sacada, que anos antes, em 2001, eu tive um lampejo de sabedoria, logo após o gol de Ronaldinho, – que nessa época era Gaúcho e ídolo dos gremistas -, na Venezuela, que eu declarei, num brado retumbante:

-Ronaldinho é o melhor jogador do mundo, mas só será reconhecido quando jogar na Europa.

Bem, meses depois ele deixou o clube de forma sorrateira, como quem rouba. Cobri de perto esse episódio. Os colorados vibravam na redação e fora dela. O pior é que apareceram uns gremistas para justificar a ação dos Assis Moreira.

A cronologia dos acontecimentos está registrada numa matéria que fiz para o CP, publicada acho eu no final de 2001.

Foi nessa época, cheio de raiva, na mesma sacada do ‘brado retumbante’, que eu anunciei que Ronaldinho, não mais Gaúcho, terminaria sua vida com dificuldades financeira, na merda para ser mais claro.

Lembro-me que citei um personagem que costumava ficar junto à porta principal do prédio do CP. Era um homem negro, meia idade, baixa estatura, chapéu claro, terno branco, surrado, colorido de adesivos de tudo que é tipo. Ele ficava horas ali. Nunca conversei com ele, e me arrependo.

Mas a figura dele é a que me ocorre sempre que deparo com notícias como essa envolvendo documentos falsos no Paraguai.

E não tem como não lembrar do presságio na sacada do CP. Se eu fico feliz com isso, não, não fico. O tempo ameniza certas dores e decepções.

A PEDIDO

Eu não ia tocar nesse assunto, mas recuei depois de alguns pedidos de parceiros aqui do blog.

Aliás, sou receptivo a pedidos.