No final de 2014, antes de entregar a presidência do Inter para Vitório Piffero, Giovani Luigi sentenciou: o clube precisa vender dois ou três jogadores por ano para saldar seus compromissos.
Eu escrevi sobre isso na época. A frase não ganhou maior repercussão nos meios de comunicação, até porque a mídia vermelha sempre foi ufanista e vendeu a imagem de um clube poderoso e imbatível.
E isso permanece, e até se acentua, quando o time vai mal em campo, não conquista títulos, como uma forma de defesa dos colorados da imprensa. Ou até porque alguns são remunerado pelo clube, algo impensável no período em que fui jornalista esportivo.
Os tempos mudaram.
Enquanto era corroído em suas entranhas, o time em campo vivia de espasmos de bons momentos, mas nada de títulos expressivos. Dirigido por um fanfarrão, que queria porque queria festejar um campeonato de expressão, o clube aumentou sua dívida, e os títulos não vieram, e nada de surgir na base jogadores que pudessem gerar a receita necessária, com duas ou três exceções. Taisson é uma delas.
Ao mesmo tempo, o Grêmio crescia alavancado por uma política de austeridade nas finanças e seriedade nas categorias de base. Vieram as vitórias, títulos, e a elevação na receita com a venda de jogadores, entre outras.
O sucesso do Grêmio obrigou os dirigentes do rival a investir mais para formar um time em condições de festejar títulos. Os resultados de campo não foram o esperado – teve até uma queda para a a segundona no meio do caminho.
Como se não bastasse, estourou um escândalo interno envolvendo o presidente Pífio e companheiros, com um suposto desvio de dinheiro.
A pressão da torcida e da mídia foram ajudaram a comprometer ainda mais as finanças. Os jornalistas colorados fizeram de tudo para tentar ajudar o clube do coração. Quem acompanha o noticiário esportivo sabe do que estou falando.
Uma agenda positiva permanente.
Não adiantou. O presidente Marcelo Medeiro, que deveria seguir o exemplo de seu tio, Gilberto Medeiros (“Eu vim para pagar títulos, não conquistar títulos”, disse ele ao assumir a presidência do Inter tempos atrás), foi às compras, e quase nada vendeu.
Hoje, a realidade é assustadora para os colorados. Sem títulos, sem jogadores para comercializar, receita de TV comprometida, etc., o clube segue rumo ao fundo do poço.
O atual presidente, Alessandro Barcellos, que defende a formação de atletas na base, terá que enxugar as despesas de modo radical. Caso contrário a segundona pode ser a próxima parada na queda.
Mas a contratação de Taisson, com remuneração mensal de 700 mil reais, segundo dizem, sinaliza que tudo vai mudar não mudando.