Apesar de alguns sustos no jogo, o Grêmio fez 2 a 1 e ratificou dentro de campo sua superioridade sobre o Inter, iniciada há quatro anos e agora mantida por Tiago Nunes, que está dando conta da enorme responsabilidade que é substituir uma estátua.
Além de uma série de resultados positivos (sete jogos, sete vitórias) o novo treinador gremista já pode colocar em seu currículo uma vitória no Grenal. Vencer o clássico é como a cereja no bolo do trabalho. Vencer Grenal dá ainda mais moral para Tiago seguir em frente, buscando o título da Sul-Americana e o do Gauchão, que muitos desprezam, mas que mantém seu valor no contexto regional.
Anos 70
Essa hegemonia tricolor me remete para os anos 70, quando quem mandava era o Inter. Chegava nos clássicos, o Grêmio, que vinha bem no regional (então muito mais valorizado que hoje), lutava muito e criava situações de gol, como aconteceu neste domingo no Beira-Rio, mas quem marcava era o Inter de Falcão, Batista, Valdomiro e, claro, Escurinho. Era um tormento ser gremista nessa década.
O fato é que o Inter naquela época era superior ao Grêmio, assim como o Grêmio tem sido superior ao Inter. O que é preciso para os colorados é ter humildade de reconhecer isso.
Humildade
Ao deixar o campo, o melhor jogador colorado, Edenilson, criticou a postura do time diante do maior volume do Grêmio no segundo tempo. “Faltou um pouco de inteligência de nossa parte”, declarou.
Daria para trocar ‘inteligência’ por humildade’. O treinador colorado acreditou que poderia vencer e abriu espaços para o GRêmio, que tem algumas individualidades que desequilibram, fazem a diferença.
Goleador do Brasil
Uma delas é Diego Souza, que na única chance que teve de cabecear mandou para a rede, aproveitando o cruzamento na medida de Lucas Silva, em sua melhor partida.
O gol de Diego Souza me fez lembrar um dos tantos gols de Escurinho, exímio cabeceador, que entrava no segundo tempo para deixar sua marca. Hoje, cada gol de Diego Souza ajuda a eliminar meus traumas daquele tempo.
O gol de Ricardinho, logo em sua primeiro lance na área, lavou minha alma e afastou meus fantasmas. A hegemonia gremista será mantida com esses jovens que estão sendo lançados gradativamente.
Sobre o jogo
O primeiro tempo foi muito parelho, muita pancada de ambos os lados. Poucas situações de gol. O lateral Moisés deu uma entrada violente em Luis Fernando, que foi obrigado a deixar o jogo. O agressor sequer recebeu cartão amarelo. Erro grave de Daronco.
O Inter largou na frente, em jogada de Edenilson, que Galhardo completou. No segundo tempo, Tiago liberou mais seus laterais, e o Grêmio foi tomando conta da partida. DS empatou aos 12 e Ricardinho, aos 42, no cruzamento perfeito de Léo Pereira, marcou um golaço de cabeça.
O Inter tentou o empate e só não atingiu seu objetivo porque Brenno salvou com pelo menos duas grandes defesas. Titularíssimo.
O time todo de um modo geral foi bem, o que tem acontecido com frequência.
Rafinha
O único jogador que a meu ver continua devendo é Rafinha. Sei que ele tem inúmeros troféus no futebol europeu, mas aqui ele está me decepcionando. Tem sido um jogador do tapinha pro lado ou para trás. Eventualmente um cruzamento, e aí se percebe que ele bate muito bem na bola. Ainda não o vi fazendo uma jogada individual, de drible. Enfim, um lateral eficiente, mas burocrático. Pelo que ganha e custou deveria jogar mais.
Supremacia
O Grêmio vive um período de domínio sobre o rival nos Grenais. Nos últimos 10 confrontos, são sete vitórias, dois empates e apenas uma derrota, no dia 24 de janeiro, pelo segundo turno do Brasileirão. Jogo com arbitragem favorável ao Inter. Em jogos pelo Gauchão, o jejum colorado supera a barreira dos três anos: a última vez que o Colorado venceu o clássico foi em março de 2018.
Palpiteiros
O que vão dizer em casa os jornalistas que apontaram o Inter como favorito? É assim que a credibilidade vai minguando.