Os ufanistas de plantão e as lições da Copa para moralizar o futebol brasileiro

Nada de novo: com o Grêmio em dificuldade até para contratar um gerente de futebol remunerado e, pra variar, reforços com alguma qualidade, desvio meu foco para a Copa do Mundo.

Está aí uma competição que não me atrái. Mas agora com meu filho mais novo, 6 anos, colecionando figurinhas da Copa e se interessando por futebol de maneira assustadora, não tenho outra saída.

“Vou ser jogador profissional, pai”, disse ele dias atrás, citando Cristiano Ronaldo como exemplo a seguir.

Bem, aí só me resta ser seu companheiro diante da TV. “Não basta ser pai, tem que participar’, dizia a propaganda. Às vezes, ele ousa debater comigo. Pior que de vez em quando ele, o Benício, ganha.

Repito o que escrevi sobre a Copa do Mundo enquanto jornalista do Correio do Povo: virei uma espécie de setorista da seleção. Nos mundiais, editava os cadernos especiais diários durante a competição. Um estresse. Agora, com meu guri estou me recuperando e, confesso, até gostando de ver os jogos.

Retomando: mas o que me impele a quebrar mais uma longa pausa entre um post e outro são algumas coisas que sempre defendi e que estão sendo aplicadas nesta Copa.

Por exemplo, o tempo de acréscimo nos jogos. As arbitragens estão aplicando acréscimos que chegam a 15 minutos no total. Acho ótimo, a começar pelo fato de que o torcedor não paga para ver um produto com tempo reduzido por causa de jogadores bagunceiros, que por qualquer coisinha cercam o juiz.

Nesta Copa, não sei se perceberam, o juiz consegue , por exempo, conferir o VAR sem um monte de mala sem alça para incomodar. Vamos ver se esse exemplo será seguido no Brasil.

Outra coisa, não vi confusão nas marcações de falta. Ninguém cerca ou pressiona o juiz, que, afasta os mais exaltados com um simples olhar e um gestual que inibe pressões de atletas inconformados. E todo mundo sai para jogar.

Quando eu vejo qualquer jogo nesta Copa e comparo com o Brasileirão percebo que ainda temos muito a evoluir em termos de comportamento em campo.

O interessante é que esses jogadores, no caso do Brasil, não se comportam da mesma forma na terra natal. Ou seja, com civilidade.

É uma questão cultural, que só irá mudar se houver interesse e competência do comando da CBF. Não é difícil, é só imitar a Fifa, que tem lá seus defeitos, mas sabe como ninguém organizar uma competição.

BRASIL

Uma das coisas que me irrita é esse ufanismo com a seleção. Bastou uma vitória na primeira rodada para que a maioria de comentaristas daqui e do centro do país já projete o time na final.

Sobre isso, penso que passa fácil para a próxima fase – os adversários são fracos, até inferiores à Sérvia. Mas depois tudo muda. São jogos decisivos e qualquer descuido pode gerar outro 7 a 1, ou coisa parecida.

Aliás, a goleada histórica da Alemanha ainda ecoa para alertar que é preciso tomar cuidado nas análises e projeções.