Mapa astral e a reação dos cartolas

Crescem os rumores de que o Grêmio está acertando a contratação do Ibson. Se for confirmada, será um grande reforço, uma grande jogada da direção.

Além de qualificar o time, será um golpe no guru colorado, Fernando Carvalho, um apaixonado pelo ex-jogador do Flamengo.

Confesso que sou fã do Ibson, um jogador de múltiplas qualidades. Mas é melhor não sonhar, porque a realidade é outra, e tem sido cruel nesta década.

Sempre que falo nesta década, me lembro de uma previsão do astrólogo Bruno Vasconcelos, a quem eu consultava a cada final de ano sobre como seria a temporada seguinte para a dupla.

Fiz isso durante uns 15 anos no Correio do Povo. Alguns coleguinhas chegaram a cogitar, venenosamente, que eu mesmo é quem fazia as previsões, já que conheço um pouco de astrologia.

O Bruno, que faleceu há três anos, previu que o Inter reviveria a partir de 2005 o mesmo período de vitórias da década de 70. E citava um fenômeno astrológico que ocorre a cada 30 anos e que aparecia forte no mapa astral colorado.

Acertou na cabeça. É só conferir nas páginas do CP, sempre na virada de cada ano.

Já o Grêmio segue seu inferno astral. Culpa dos astros? Os astros têm influência, mas não tanta.

A responsabilidade maior é dos homens que ano após ano dirigem o Grêmio sem o devido cuidado, sem a competência necessária.

Não podemos ignorar o passado, mas acho que está na hora de dar um voto de confiança à essa direção. Pode não ser a melhor – como não foram quase todas desde 1996-, mas é o que temos para o momento.

Eu percebo uma movimentação interessante dos dirigentes nessa hora de renovação do time. Houve sabedoria no caso Borges, buscando preservar o jogador para um negociação.

Gosto dos nomes contratados e ou cogitados. Sou favorável ao aproveitamento da gurizada da base, mas depois de mais um fracasso rotundo na Libertadores, é preciso armar um time com qualidade e experiência para brigar pelo título do brasileirão, mas sempre aproveitando os jogadores criados no Olímpico.

Se não veio o tri da Libertadores, que venha o tri do Brasileirão.

SAIDEIRA

CBF parece que vai mesmo abrir a janela já no dia 15 de junho. Corrige assim essa bobagem de janela em primeiro de agosto. Sempre tem um idiota de plantão para azucrinar a paciência da gente. Felizmente, prevalece o bom senso.

SAIDEIRA 2

Lucas eleito o melhor jogador do Liverpool na temporada. Quando ele começou a aparecer no Grêmio escrevi uma coluna no CP, na condição de reserva que assume a posição do titular Hiltor, definindo o Lucas como craque. O conceito de craque pra mim é amplo, envolve marcação, combatividade, força, velocidade, além de técnica refinada. Posso ter exagerado, mas Lucas é uma estrela do futebol mundial. Fico feliz com essa escolha e com o seu sucesso no exterior.

Derrota na estreia é um alerta

Foi uma das piores atuações do Grêmio nesta temporada. Talvez a pior. Foi um dia ‘não’, mas que pode se repetir se não forem tomadas providências urgentemente. 

O dia ruim aconteceu parte por falta de qualidade em algumas posições, parte por mérito do técnico Tite, que tratou de cuidar da movimentação de Douglas e F. Rochemback.

Praticamente todas as jogadas passam por eles, que erraram mais passes do que de costume. FR esteve irreconhecível nesse quesito, que é o seu ponto mais forte.

Com isso, as jogadas de ataque ficam prejudicadas. Ao mesmo tempo, o adversário se aproveita e arma contra-ataques.

Adilson errou menos passes do que eles, podem conferir.

Hoje, penso que qualquer atacante de área teria dificuldade pra jogar no ataque gremista.

As bolas ‘paradas’ cairam todas nas cabeças corintianas. Cruzamentos de linha fundo foram raros e ruins, com exceção de um ou dois lances.

Acho que Renato exagera quando fala em falta de jogadores experientes, cascudos. Talvez ele repita isso para não tocar no essencial e assim atingir o grupo: falta mesmo é qualidade.

O Grêmio tem problemas na zaga e no ataque. Hoje, teve problema também no meio de campo. Resultado: vitória do Corinthians por 2 a 1. Se o Corinthians tivesse um time melhor, teria vencido mais facilmente.

Na semana retrasada, no programa do Reche na Ulbra TV, onde talvez eu vá amanhã de novo, eu declarei que com o time atual, vejam bem, time atual, o Grêmio lutaria para não ser rebaixado.

A atuação deste domingo de sol confirma que essa é uma tendência.

Quando o Grêmio perdeu Jonas e deu sinais de que não contrataria um substituto eu escrevi aqui que o time não iria longe na Libertadores.

A lesão de André Lima piorou ainda mais a situação.

Restou Borges. O Borges que deixou o time na mão contra o Universidad em pleno Olímpico; o Borges que chutou um pênalti decisivo contra o Inter cinco metros acima da trave.

Este Borges foi reclamado hoje por parte da torcida e da crônica esportiva.

Borges tem futebol para ser titular DESTE time do Grêmio? Claro que tem. Mas o Grêmio que eu quero é um capaz de brigar pelo título de campeão, e não há lugar para Borges de titular nesse time.

E Borges na reserva é um fator de complicação, como já mostrou no São Paulo, quando reclamava da titularidade de Washinton e quando entrava não fazia nada para justificar um lugar no time.

Por mim, Borges até ficaria para a reserva, apesar dos dois episódios acima. Seria o reserva imediato de um atacante goleador que talvez possa ser o Miralles. Mas Borges não aceitaria isso por muito tempo.

Acho que Borges pensa ser o Romário.

A melhor dupla de ataque do Grêmio desde o ano passado foi Jonas e André Lima, que entrou aproveitando lesão providencial e salvadora de Borges. A partir dali, o time subiu na tabela, saiu da zona de rebaixamento e conquistou vaga na Libertadores, o que acabou resultando em nada, como se viu, pela inoperância da direção.

Cabe a esta direção, que ainda não se justificou, arrumar a casa. Um grande zagueiro (pelo menos um), um lateral-esquerdo, um meia e dois atacantes titulares já terão grande valia.

Se ela dedicar ao time a mesma atenção destinada a fazer oba-oba em cima da Arena, o Grêmio vai melhorar, e muito.

SAIDEIRA

Acho que fui mal no Cartola. Meu time é o Todo Poderoso Alfredo (que é o nome do meu cardeal, o pássaro).

Talvez seja como o Grêmio, segundo Renato, falta mais experiência.

Época de tiroteio na crônica esportiva

Esta é uma época boa de trabalhar na crônica esportiva. É nome de jogador voando pra tudo quanto é lado.

É época do chute. Eu cansei de chutar. Diante do menor indício, lá estava eu tascando mais um cogitado na lista tanto do Grêmio como do Inter.

Às vezes, se eu gostasse de um jogador para reforçar o Grêmio e sabia que havia carência na posição, lançava o nome nas páginas do jornal. Sem o menor constrangimento.

Foi assim, por exemplo, com Paulo Egídio, um ponta-esquerda dos melhores que já vi. Lancei seu nome do nada. A ideia repercutiu no Olímpico e poucos dias depois ele estava contratado.

O Dener. Tenho participação na vinda do Dener, um dos melhores jogadores que já vi. Melhor que o Neimar. Na minha opinião, claro.

Um empresário me bateu que o Dener poderia sair facilmente da Portuguesa, a Lusa como gosta de dizer o meu amigo Chico Izidro.

Entrei em contato com o presidente da época, Fábio Koff. Ele gostou da ideia e disse que ia investir na vinda do Dener.

É claro que o Correio do Povo deu a notícia com exclusividade.

É, portanto, uma época de tiroteio, metralhadora giratória. Tem gente que atira tanto que só pode acertar. E aí sai cantando marra. “Viu? Dei um furo na concorrência”.

É a obsessão pelo furo. Cansei de dar furo na Zero Hora. Levei alguns, é verdade, mas um número insignificante.

Nesta manhã, entra o apresentador na rádio Guaíba, enfatizando que eram 9 horas e 8 minutos. Repetiu o horário. Parecia o ex-deputado aquele.

E chama o repórter Igor Póvoas, que anuncia a contratação do argentino Miralles pelo Grêmio. Não sei se outra emissora deu antes, acho que não.

Mas o furo em rádio é complicado. Na outra emissora o sujeito pode entrar minutos depois e anunciar que é em primeira mão. E fica por isso mesmo. Ele sabe que largou atrás, mas o ouvinte não tem como saber. Então, ficam os repórteres no ar destacando o ‘furo’.

Miralles parece ser um bom reforço. O Grêmio precisa urgentemente de dois atacantes titulares.

Felizmente, Borges está indo embora. É a garantia de que não teremos mais pênalti batido nas nuvens.

Se for embora numa troca pelo Marquinhos, melhor ainda.

No ano passado, quando o Grêmio contratou todos os jogadores ruins do Avaí, e desprezou Marquinhos por exemplo, eu lamentei. Gosto do estilo do Marquinhos. Pode substituir Douglas ou jogar ao lado dele.

A direção do Grêmio começa a se mexer. E isso é positivo. Pena que não fez isso antes da Libertadores.

1981/2011

E lá se vão trinta anos.

Muitos do que vão ao Olímpico hoje nem eram nascidos. E isso me faz lembrar alguns ex-coleguinhas do Correio do Povo, colorados, que também não eram nascidos quando o Grêmio foi campeão do mundo, ou estavam engatinhando.

Trinta anos se passaram desde o primeiro título brasileiro. Depois veio o de 1996.

Pior, bem pior, está o Inter, que conquistou seu último Brasileiro em 1979.

Em 1981 eu era setorista da Folha da Tarde no Grêmio. Eu e o Marco Antônio Schuster, que hoje edita a revista Press, onde ganhei duas páginas meses depois de deixar o Correio do Povo, dia primeiro de abril de 2010.

Já escrevi aqui que sofri muito na década de 70. Em 81, vi a chance de ter um pouco de alegria.

Confesso que me excedi, extrapolei minha função de repórter. Usei as páginas da Folha, brilhantemente editadas pelo Alberto Blum ou pelo Nilson Souza, hoje se destacando nas páginas da Zero Hora.

Ajudei o Grêmio a ser campeão brasileiro em 1981. Comecei a elogiar os guris que estavam subindo. Não mentia, eles arrebentavam nos treinos.

O técnico Ênio Andrade, um grande estrategista, raposa velha, era conservador, como a maioria dos técnicos. Monta um grupo e morre abraçado.

Mas era tanta pressão, tanta matéria exaltando jogadores como Paulo Roberto, Newmar, Odair e Casemiro. Ocorre que eles arrebentavam nos treinos. E nós destacávamos isso. Naquele tempo, a gente tinha acesso aos treinos, sem essa de treino secreto.

É claro que eu não estava sozinho nessa empreitada. Colegas gremistas, inclusive da concorrência, entraram nessa campanha do bem. Poderia citar seus nomes, mas deixo pra outra hora.

O fato é que aos poucos foram os guris do Olímpico foram entrando no time, saindo Uchoa, Dirceu ‘Jarrão’ e outros. Entre esses outros, nosso principal alvo: Renato Sá.

Nós queríamos Vilson Tadei no meio e Odair na ponta.

Por ironia, Renato Sá entrou no jogo contra o São Paulo, no Morumbi lotado, e fez o lance que resultou no golaço do Baltazar e no título de campeão brasileiro.

O São Paulo era uma seleção, um timaço. Olha que dupla de área: Oscar e Dario Pereyra, zagueiro uruguaio. Marinho no lateral-esquerda; Renato e Éverton no meio. Na frente, Serginho e Zé Sérgio. Grandes jogadores em todas as posições. Era metade de seleção brasileira da época.

Foi uma grande conquista. Há 30 anos.

SAIDEIRA

Vou fazer uma rápida comparação do Grêmio de 81 com o atual.

Goleiro: Vitor e Leão – parelho, dois grandes goleiros.

Lateral-direito: Gabriel e Paulo Roberto – fico com o segundo, um dos jogadores que mais ganhou faixas no futebol brasileiro.

zaga: Wilson e Rodolfo x Newmar e De León – fico com a segunda, claro. 

volante: China x Adilson – parelho, eu gosto do Adilson e em 81 preferia o Bonamigo. Mas o velho Ênio estava certo.

Bem, a partir daqui a coisa complica. São esquemas diferentes.

Vou deixar como meias FR e Lúcio contra Paulo Isidoro e Vilson Tadei.

Fico em cima do muro. É difícil essa comparação.

No 4-3-3 de 1981, Odair recuava mais para compor o meio de campo. A comparação mais próxima seria com o Douglas, apesar das características muito diferentes.

Acho que Douglas é mais jogador. Tivesse a valentia e a disposição do Odair seria craque.

Na frente é barbada: a dupla de 30 anos atrás, claro. Tarciso e Baltazar contra Leandro (ainda tem muito a evoluir) e Viçosa (ou Borges e André Lima, não importa).  

O Grêmio de 1981 tinha o fundamental no futebol: um goleador, o que tem faltando ao time nesta temporada.

Baltazar não era um craque, era até questionado. Estava mal na reta final do Brasileiro. Paulo Sant’Ana dava pau nele e tudo que é jeito.

Baltazar, religioso de verdade, treinava forte e repetia:

– Deus está guardando algo melhor pra mim.

Mas isso foi há 30 anos…

Ah, quem quiser fazer comparações será bem-vindo. Inclusive com o time de 1996.

Em 1981 e 1996 havia um matador no time.

Baltazar e depois Jardel.

Quem é o matador do Grêmio hoje?

Grêmio adere ao conceito da cerveja 1983

Foto publicada no blog Clube da Bolinha

Demorou, mas o pessoal do Grêmio conseguiu entender o quanto doeu e ainda doi – e vai doer para sempre – nos colorados ter o seu maior rival como primeiro clube gaúcho campeão do mundo.

Por isso, colocou no Olímpico uma nova faixa: 1º Campeão do Mundo. É óbvio que se refere à disputa regional, mas acho que ficaria melhor com a expressão ‘clube gaúcho’ antes do ‘Campeão”. Afinal, o letreiro será visto em todo o País e até no exterior. O problema é ter que diminuir o corpo das letras.

O importante é que o Grêmio aderiu ao conceito que procuro passar com a cerveja 1983.

Para os colorados, foram 23 anos de uma espera angustiante, torturante, humilhante. Os gremistas se sentiram superiores durante todo esse tempo. Daí ficou essa imagem de ‘soberba tricolor’, algo que se percebe acentuadamente nos colorados em razão do sucesso dos últimos anos.

Diante disso, mais do que festejar seu primeiro mundial, os colorados trataram logo de acrescentar um Fifa ao seu título, numa tentativa de amenizar os 23 anos de um sentimento de inferioridade que eles tentavam disfarçar. Uma tentativa de dizer que o Inter, sim, é o primeiro clube gaúcho campeão do mundo.

Senti essa dor dilacerante quando o Inter foi campeão brasileiro em 1975 e repetiu em 1976 e 1979. Felizmente, em 1981 minha auto-estima futebolística foi resgatada.

Dois anos depois, a glória. O Mundial de 1983 compensou o sofrimento da década de 70, com juros.
Quando lancei a cerveja 1983, em agosto passado, pensei em tudo isso.

O Grêmio pode não ser imortal, mas o título Mundial de 1983 está eternizado – e não há artifício que altere esse fato – como o primeiro obtido por um clube gaúcho.

É assim, e assim será até o final dos tempos.

SAIDEIRA

Agora, o Grêmio precisa urgentemente conquistar de novo grandes títulos. Afinal de contas, quem vive do passado é museu.

O elogio da 'inguinorância' e o futebol

De repente, um deputado obscuro ganha os holofotes ao propor a proibição do uso de vocábulos estrangeiros.

Quase ao mesmo tempo, o governo que aí está já há longos anos avaliza – e paga com o nosso dinheiro – livro ‘didático’ com erros grosseiros de português, verdadeiros atentados de concordância como os cometidos por um certo ex-presidente.

Sem contar que a publicação ainda faz propaganda do sujeito.

Aguardo, agora, um livro de matemática provando que 2 + 2 é 5.

Vivemos um tempo de nivelamento por baixo, rasteiro. Influência do ‘estadista’ que deixou a presidência em dezembro e nos honrou com esse legado.

O futebol brasileiro reflete essa realidade (não por culpa do ex-presidente ‘curintiano’, diga-se). Quem acompanhou os campeonatos regionais percebeu que os grandes clubes estão com times médios. 

O resultado foi essa campanha frustrante na Libertadores. Equipes festejadas ficaram no meio do campo, eliminadas por equipes até com pior qualidade técnica e/ou sem grande tradição.

Restou o Santos, que não deve resistir muito tempo, ainda mais que perdeu o Ganso.

Aqui no Estado, temos uma seleção de campeonato que reflete as condições da dupla Gre-Nal para a disputa do campeonato brasileiro.

A maioria é de jogadores de clubes pequenos, com folha de pagamento total que não atinge a metade do salário de um dos ‘craques’ da dupla.

Grêmio e Inter comparecem com quatro jogadores na seleção do campeonato. O campeão apenas com um, o Leandro Damião.

Tempos atrás escrevi que Damião era a diferença entre Grêmio e Inter. Com apenas Damião na seleção, o Inter foi campeão.

Não quero dizer que a seleção é errada. Pode haver um certo exagero no fato de ter tão poucos jogadores dos dois finalistas, mas de um modo geral a seleção evidencia que existe carência de individualidades tanto no Grêmio como no Inter.

A seleção confirma o que todos nós pensamos: Grêmio e Inter precisam reforçar suas equipes com pelo menos três ou quatro jogadores que venham para assumir a titularidade. 

É claro que isso vale também para outros grandes clubes do País.

Se todos deixarem as coisas mais ou menos como estão, teremos um campeonato pobre tecnicamente, de um nível tão rasteiro quanto a política educacional do Ministério da Educação.

Lembrança do Mazembe até na festa

O capitão Fábio Rochembacf resumiu bem, enquanto o Inter festejava o título em seu salão de baile, o Olímpico – o Beira-Rio é dos visitantes:

– Deixamos de vencer no primeiro tempo.

O Grêmio teve um domínio avassalador no primeiro tempo, pelo menos na maior parte dele.

Lúcio fez 1 a 0 recebendo um lançamento primoroso do Douglas.

Depois, Viçosa, que fazia grande partida, perdeu a bola do jogo aos 19 minutos, quando Douglas o deixou sozinho na cara de Renan.

Como o passe foi rasteiro, impossibilitando o cabeceio, Viçosa teve de concluir com os pés. E aí a gente já sabe: defesa do goleiro.

Lá pela metade do primeiro tempo o Inter começou a reagir. Aos 29, Damião obrigou Victor a uma grande defesa. Dois minutos depois, Damião aproveitou jogada do Zé Roberto, que entrou no lugar de Juan e desmanchou o sistema de 3 zagueiros inventado pelo Prof. Pardal, digo, Prof. Falcão.

Do de Damião, que se antecipou ao Rodolpho e mandou para a rede. Confirmou, assim, minha previsão: Damião faria pelo menos um gol. Damião, já escrevi, é a diferença entre os dois times: um camisa 9 que faz gols.

Minutos depois foi o Leandro que, recebendo de Lúcio, ficou sozinho na cara de Renan e chutou desviado.

O melhor que o guri fez no jogo foi cavar cartões amarelos.

No final do primeiro tempo, aos 45, Andrezinho, que não conseguia sequer caminhar, marcou um golaço, pegando rebote.

No segundo tempo, o Inter começou melhor, bem melhor. Ao mesmo tempo, o Grêmio se mostrava perigoso. Aos 12, Mário Fernandes fez bela jogada e cruzou para Viçosa marcar. A conclusão foi para fora, rente à trave esquerda. Era a chance de liquidar o jogo.

Aos 28, pênalti do Victor no Zé Roberto. O Grêmio se descuidou numa cobrança de lateral. Coisa de time varzeano vacilar assim numa decisão de campeonato.

D’Alessandro cobrou com categoria e ampliou: 3 a 1. O Inter se encaminhava para o título. Aí, repetindo o Gre-Nal do Beira-Rio, Renan voltou a falhar. Na cobrança de escanteio, deixou a bola cair nos pés de Borges. Sim, Borges havia entrado com o Lins – sairam Viçosa e Leandro, que já não jogavam mais nada.

Borges descontou e, dizem, chorou enquanto comemorava.

Renan sofria mais um golpe. Nos pênaltis, ele se reergueria. Defendeu três cobranças – de W. Magrão, Lúcio e Adilson – e deu o título gaúcho ao Inter.

Aqui entre nós: o Inter mereceu.

O Grêmio teve tudo para ser campeão, mas faltou aquilo que vem faltando desde a saída de Jonas e a lesão de André Lima: acabamento.

Responsabilidade é de quem? É da direção, que não fez a reposição necessária, apostando no Borges e no Viçosa.

E aí nem há muito mais o que comentar para ser repetitivo. 

MAZEMBE

No final, em meio à comemoração, muitas referências dos jogadores colorados ao Mazembe. Depois são os gremistas que não deixam esquecer o fiasco no mundial!

Criaram aquela história de que o Mazembe jogaria contra o Grêmio, o que pelo visto ajudou a motivar ainda mais os colorados.

Eu desmenti aqui no boteco, mas o boato de que haveria esse jogo permaneceu. Aqueles que divulgaram a falsa informação não a desmentiram ou a desmentiram sem a mesma ênfase, sem o mesmo alarde.

O fato é que lembrar o Mazembe na hora da alegria apenas prova o quanto segue doendo aquela derrota.

Vou continuar fazendo a minha Mazembier.

GORJETA

Alguém já disse: pior que só ganhar o Gauchão, é perder o Gauchão.

As panelinhas: do bem e do mal

Virou, mexeu, Falcão se rendeu a panelinha colorada.

Índio voltou à zaga. O veterano zagueiro, que um dia foi um ‘senhor’ zagueiro, entra no lugar de Rodrigo, que havia sido efetivado pelo sucessor de Roth.

Rodrigo se ‘lesionou’ e só por isso sai do time. Bolívar, que foi mal no último clássico, continua. Faz parte da panelinha. Parece ser o líder dela, na verdade.

Imaginem o que ele não faria se não tivesse aquela voz esganiçada, de pato resfriado.

Enfim, volta a velha dupla de área, velha no sentido amplo da palavra.

Mas não fica por aí. Nei não joga. Vejo que ele é dúvida. Afirmo: ele não joga. D’Alessandro o sacou do time com um olhar no Gre-Nal dos 3 a 2.

Talvez vcs recordem. Segundo tempo, o argentino toca a bola para o Nei, campo de ataque colorado. D’Ale corre para receber na frente. Nei mete a bola às suas costas.

D”Ale deveria correr para corrigir o erro do companheiro. Não o fez. Ficou parado, mãos na cintura, depois de um olhar fulminante para Nei.

Nei não joga, afirmo eu.

Falcão caiu nas mãos, ou garras?, do grupo.

Depois dos 3 a 2, em que se viu um Inter quase apático em boa parte do jogo, é de se esperar, ao natural, que o Inter entre a mil contra o Grêmio.

Pois vai entrar a milhão agora, porque há o fato novo de agora jogar o time da panelinha.

De panelinha eu entendo.

No velho CP, tamanho standard, início dos anos 80, eu escrevi matéria de página inteira revelando a panelinha que havia no time.

Seus integrantes: Renato, De León, Osvaldo, Paulo César e mais um ou dois que não me lembro.

Foi essa panelinha que escalou Paulo César no lugar de Casemiro no mundial de 1983, quando pela primeira vez um clube gaúcho chegou lá. O grupo sugeriu PC e Espinosa aceitou. E deu certo, felizmente.

Era uma panelinha do bem.

Esta do Inter até que tem razão. O Nei não anda jogando bem, se é que um dia jogou bem no Inter. Então, é natural que saia.

Já o Rodrigo ao menos não comprometia. Enquanto Índio saiu porque realmente estava devendo futebol há horas.

SAIDEIRA

O Gre-Nal vai ser complicado. O Inter vai correr como nunca correu. Caberá ao Grêmio manter o ritmo do jogo anterior e até acelerar mais um pouco. Eu imagino que o Inter, mesmo precisando vencer, vai começar esperando o Grêmio para explorar contra-ataques.

Falcão sabe que Renato não se contém. É ofensivista. Faz parte da sua natureza partir pra cima, desde os tempos de jogador.

Já Falcão é mais acadêmico, menos arrojado.

Acredito que o Grêmio será campeão, mas duvido que vença o jogo.

Mas Gre-Nal, é Gre-Nal, e tudo pode acontecer.

Até goleada.

A vinda do Mazembe

Tem gente querendo colocar mais lenha na fogueira do Gre-Nal com essa história de que o Mazembe vem fazer treinamentos e amistosos no Brasil.

Para colocar pilha nos colorados, espalharam que o algoz do Inter no Mundial vai enfrentar o Grêmio no Olímpico.

Diante disso, conversei com o advogado do clube africano no Brasil, Paulo Sérgio de Oliveira, no Rio.

Ele me garantiu que o Mazembe não vem agora, e sim mais adiante, talvez início de junho.

Revelou que o objetivo do Mazembe é firmar uma parceria com o Botafogo e fazer amistoso com o time carioca. Será o único jogo do carrasco colorado no Brasil.

E mais: o advogado, com quem troquei emails quando lancei a Mazembier, no início de janeiro, disse que a cerveja repercutiu muito no Congo.

Então, estou enviando algumas unidades da Mazembier e da Kidiaba para o Mazembe. O seu representante está viajando para o Congo na semana que vem.

– As garrafas vão ficar como troféu na sala do presidente -, garantiu o Paulo Sérgio, que me prometeu uma camisa autografada pelo goleiro Kidiaba, que virou símbolo da humilhação do Inter no Mundial de Clubes.