O Idolômetro e a desconstrução de Renato

Há processo de desconstrução de Renato Portaluppi em andamento. Começa pela própria direção, que não deu um time à altura da importância da Libertadores ao seu treinador.

Em tem seguimento na mídia. Quem acompanha programas de rádio, textos de jornal e de internet, já percebeu que algumas pessoas não perdem uma chance para atingir o treinador do Grêmio.

A idolatria de Renato incomoda muita gente. Incomoda tanto que rapidamente houve uma mobilização para colocar um ídolo também no Beira-Rio.

Algo assim: se eles têm um ídolo, e deu certo, nós também temos um ídolo.

Aí, veio Falcão.

Em seguida, criou-se uma disputa, talvez até por falta de assunto. Quem foi mais ídolo? Quem foi melhor? Quem foi mais importante?

Um monte de baboseira que não leva a lugar algum.

Todos sabem que o que importa no futebol é o presente, o agora. O título conquistado semana passada é comemorado e depois arquivado.

Não há idolatria que mantenha alguém no posto de treinador se os resultados não forem os melhores.

Mas aqui, onde a rivalidade é exacerbada, existe até disputa de ídolo.

Houvesse um idolômetro, Renato hoje estaria em queda. Falcão, mais idolatrado por veteranos da mídia e antigos torcedores – os jovens vêem nele muito mais um famoso comentarista de TV, sempre engravatado – está em alta, mesmo sem ter comandado o time em algum jogo.

O Idolômetro marca a queda de Renato também entre torcedores. Adianto que Renato não é meu ídolo, porque não tenho ídolo. Não sou de idolatrar alguém. O mais próximo que cheguei disso foi com Leonel de Moura Brizola.

É muita responsabilidade ser ídolo. É muita temeridade idolatrar alguém. Somos todos humanos, e um dia iremos decepcionar alguém; e um dia irenos nos decepcionar com alguém. É inevitável.

O Traíra era ídolo. Até que um dia mostrou sua verdadeira face.

Dunga era ídolo no Inter, até que um dia – depois de impedir o rebaixamento colorado com um gol quase sobrenatural – processou o clube para ser pago.

O futebol é assim, a vida é assim.

Mas escrevo sobre esse processo de desconstrução em função de um email que recebi de um torcedor que participa do blogremio, em que ele coloca um post publicado por um conceituado jornalista. No post, há uma entrevista do Renato, garotão, no Flamengo, à jornalista Gloria Maria, também guriazinha.

Ali, Renato se declara torcedor do Flamengo. Quer dizer, coisa que um torcedor resgatou do fundo do baú.

Até aí, tudo bem. O problema é um jornalista de respeito e sério dar vazão a esse tipo de coisa.

Seria o mesmo que um jornalista, usando espaço dos mais lidos, repicar os absurdos que se tem dito contra Falcão. 

Renato e Falcão são ídolos, mas nenhum deles resiste aos resultados negativos que um dia, mais cedo ou mais tarde, irão ocorrer.

Até lá, essas tentativas de desconstruir Renato cheiram mal. Como dizia o Lupicínio, ‘Eu não sei se o que trago no peito. É ciúme, despeito, amizade ou horror”.

SAIDEIRA

Por favor, como é que alguém pode minimizar a responsabilidade da direção que entrou numa Libertadores com apenas três atacantes de qualidade, sendo que um deles – o melhor, Jonas – saiu antes?

E nada foi feito para consertar isso.

Desmanchando como gelatina ao sol

O Grêmio fez feio. Imitou o Inter contra o Jaguares. A diferença é que o Inter tem jogadores com potencial para brigar pelo título. Antes não tinha técnico, e agora tem uma aposta de técnico.

Mas o assunto é o Grêmio. Leio e ouço que o Grêmio deu vexame porque perdeu para um time misto do Oriente Petrolero. Esquecem-se que o Grêmio também jogou com um time misto, e fora de casa.

A verdade é que o Grêmio vem jogando com ‘reservas’ demais para quem sonha com a Libertadores, com a volta ao mundial de clubes.

Por exemplo: não existe no Olímpico um lateral-esquerdo titular – repito, considerando-se as pretensões do clube -. Não existe. Gilson é um projeto, quase um delírio. E Bruno Colaço uma realidade cambaleante, que parece que vai, mas não vai e acaba ficando.

A última vez que o Grêmio foi campeão da Libertadores tinha um sujeito chamado Roger na lateral-esquerda. Hoje, vejo apenas dois guris buscando seu espaço, se esforçando, mas que decididamente são insuficientes para a exigência do clube, de sua torcida.

O meio de campo está relativamente bem, mas quando Douglas não joga parece completamente perdido. Lúcio vira um corredor maluco, uma barata tonta. Fábio Rochemback perde a referência técnica para dialogar com a bola, e Adilson passa o tempo todo correndo atrás do adversário e comentendo faltas.

Sem Douglas o Grêmio se desmancha como uma gelatina ao sol. Carlos Alberto, que seria seu substituto natural, tem sido soterrado por problemas pessoais e não consegue jogar a bola que mostrou no ano passado.

Lúcio me surpreendeu. Não esperava tanto dele no meio de campo. Mas não vejo nele capacidade para ser titular de um time que almeja grandes títulos. Falta-lhe lucidez muitas vezes, o que é um defeito grave para quem precisa também criar jogadas de ataque.

E o ataque? Tenho conversado muito com gremistas que vêm até minha casa comprar a Kidiaba, a Mazembier e a 1983. É uma troca de ideias interessante. E eu sempre saio ganhando nessa troca, porque as ideias deles normalmente não melhores que as minhas.

Um deles me lembrou que o Grêmio está jogando com ataque reserva desde a saída de Jonas e a lesão de André Lima. Esta foi a dupla que levou o Grêmio a reagir no Brasileirão do ano passado.

Pode um time ser campeão de Libertadores jogando com dois reservas no ataque? Não tem a mínima condição.

Borges é um bom atacante, nada mais do que isso. Mas bons atacantes só vencem a Libertadores se estiverem amparados por um time de muita qualidade em quase todas as outras posições. Não é o caso.

E o companheiro de Borges? Se Borges sem um Jonas ao lado já não é lá essas coisas, sozinho então é um zero. Além de altura de centroavante, falta-lhe mais garra, mais empenho.

Minha esperança agora é o guri Leandro, que surgiu por acaso, porque ninguém falava nele. É esse o planejamento do futebol gremista?

Escudero ainda está buscando seu espaço, não sei se um dia irá encontrar.

Então, é tudo com o Leandro. Resta também torcer pela volta imediata, e em boas condições, do André Lima, que não é grande coisa também, mas ao menos tem porte para enfrentar os zagueiros no corpo.

Independente disso, é preciso trazer outro jogador de área. O Cacalo tem repetido o nome de Eduardo, do São Caetano. Ele marcou 15 gols na segundona paulista de 2010. Ontem, conversando um conselheiro colorado, ele também referiu o Eduardo.

Semanas atrás eu sugeri o Fábio Jr, do América mineiro.

Jogadores existem. O que falta é a direção se mexer e parar de jogar a culpa nos jogadores que ela contratou e/ou mantém.

Depois, como sempre, vai estourar no técnico.

Coisas pequenas do futebol e o sucesso da Kidiaba

Tem gente que gosta de criar um ‘clima’ por qualquer coisinha. Normalmente parte de quem está contrariado por este ou aquele motivo.

Por exemplo, andei lendo críticas à diretoria do Grêmio por ter criado um tal de cônsul eclesiástico numa cidade do Interior. O tiroteio vem de gente que perdeu a eleição.

Não é hora de mesquinharias, futricas. Ora qual a importância desse tipo de coisa. Cônsul eclesiástico. E daí.

Não seria mais importante usar o mesmo para bradar por reforços para a Libertadores? Cobrar da direção mais um centroavante, mas um com tamanho de centroavante, e aí estou ao lado do ex-presidente Cacalo, que não cansa de pedir por um camisa 9 de verdade.

Aí sim seria uma contribuição ao clube, não à atual direção. Ao clube, que é o que interessa. Ou não?

É hora de concentrar esforços e energia na luta pelo tri. Já estou até pensando no rótulo da cerveja do tri da Libertadores.

Espero que essa direção se dê conta da necessidade de qualificar o time e não fique esperando por golpes de sorte como esse surgimento relâmpago do jovem Leandro.

E espero que os oposicionistas contribuam com sugestões e até com críticas, mas construtivas, não com detalhes como esse envolvendo os cônsul.

Também não ligo para o fato de Falcão ter comandado um treino com portões fechados, frustrando a torcida e a TV do Inter, que havia anunciado a transmissão. E, claro, frustrando a imprensa. Alguns coleguinhas – será que ainda tenho direito de usar esta expressão? – chiaram quando souberam dessa decisão.

Até tu, Falcão, que recém passou pro outro lado?

Sou contra treinos fechados. Sempre escrevi a esse respeito.

Pra mim não é coisa de quem quer esconder algo, mas de quem não tem o que mostrar.

No caso de Falcão, que está recomeçando uma carreira que largou 15 anos atrás, é aceitável. Ele está enferrujado, precisa ganhar ritmo de jogo, para só depois abrir as cortinas para exibir a sua performance dentro de campo, orientando seus jogadores.

Passado esse tempo, espero que ele abra os portões – com exceção de véspera de jogo decisivo – e mostre a todos que é de novo um treinador de futebol. Ou não.

SAIDEIRA

Carlos Alberto ficou fora uns dias. Alegadamente problemas particulares, coisa pessoal. Mais uma vez não faltou gente para abrir um bocão. Surgiu até uma versão de briga no vestiário.

Quer dizer, bancário pode pedir dispensa. Jornalista, idem. Jogador de futebol não pode? Mais uma vez preocupação demais, principalmente porque Carlos Alberto, na verdade, não estava fazendo falta alguma.

Sua ausência até foi positiva. Abriu caminho para o jovem Pessali, que foi bem contra o Santa Cruz. E isso sim é importante. Não a folga ao Carlos Alberto.

FECHANDO A CONTA

O blog Clube da Bolinha publicou hoje, perto do meio-dia, a notícia do lançamento da Kidiaba. Estou impressionado. Cheguei a receber três e-mail por minuto pedindo informações sobre as cervejas. Ainda não consegui ler e responder todos. São uns 200 até este momento. Não tenho a menor possibilidade de atender tanta gente.

O Clube da Bolinha é um estouro e a torcida gremista sensacional.

Aos colorados que não entenderam a brincadeira e me mandaram pra tudo quanto é lugar, informo que isso também é apenas um detalhe no futebol. Coisa pequena, microcóspica.

O que vale são vitórias em campo, títulos. Por isso, prestem mais atenção no Falcão e no time do que na minha modesta cervejinha caseira.

Renato saúda Falcão. Mas ao seu jeito

Borges abusou da arte de perder gol lá na minha terra. Um deles me lembrou o Jonas em seu pior momento. Jonas evoluiu, Borges será sempre apenas Borges, um atacante bom, eficiente, mas insuficiente para quem elegeu como prioridade o título da Libertadores. O pior é que também não levo muita fé no André Lima.

O empate por 1 a 1, conseguido no finalzinho com um pênalti sobre Borges, um pênalti daqueles desnecessários, coisa de zagueiro assustado, evitou o Gre-Nal já na próxima fase, em meio a jogos da Libertadores para os dois times. Seria ruim. O Grêmio agora terá de ir a Erechim.

Já o Inter levou um susto. Se este não fosse um boneco família eu diria que levou um cagaço. Tomar dois gols de cara dentro de casa do pequeno Canoas, convenhamos…

Mas aí o time reagiu e mostrou o que deve fazer um time grande, milionário, contra um time formado às pressas e com prazo de validade curto, como é o Canoas e a maioria dos times do Gauchão.

O Inter goleou. Foi sua maior goleada no campeonato. Por coincidência, para quem acredita em coincidência, Roth (toc-toc-toc) não estava no banco. Com ele será que o time se soltaria tanto? Claro que não.

Preocupante, para os colorados, é a frase do Siegmann: Roth tem as portas abertas no Beira-Rio. E ele volta, é claro que um dia ele volta. Assim como voltará ao Grêmio, onde deixou viúvas.

Por falar em frases, Renato não podia perder a oportunidade de provocar seu novo rival, o Falcão. Desnecessário e inoportuno.

Renato tem razão ao reforçar que Falcão não treina há tempo, que uma coisa é dar palpite, ou opinião, como queiram, como comentarista, outra coisa é comandar um vestiário e ir para a beira do campo ‘fazer acontecer’, conforme frisou o técnico gremista.

O problema é que Falcão é um sujeito inteligente e vai comandar um time de qualidade. O mais sensato seria Renato esperar mais um pouco antes de fazer suas provocações, em tom de brincadeira, a gente sabe, mas que sempre geram uma situação que não precisa ser criada agora.

Não faltará gente na mídia para aproveitar e detonar o Renato, principalmente se mais adiante ele perder o duelo para Falcão. Mas Renato é o tipo do cara que gosta de provocações, de pagar para ver.

Como jogador, entrava em campo no estádio lotado, decisão de campeonato, e jogava como se estivesse numa pelada em Ipanema. E sempre falando o que lhe desse na telha.

Não mudou nada. Pra imprensa, um prato cheio. Suas declarações vão render alguns programas de rádio e de TV.

Eu prefiro um técnico assim, brincalhão e irreverente ao microfone, a um cheio de pose, de frases politicamente corretas, estudadas, mas absolutamente chatas e redundantes.

É claro, desde que continue ganhando.

Inter também quer um ídolo no banco

Quando eu digo que o Inter vive imitando o Grêmio sempre aparece um colorado indignado.

Mas o que está fazendo o Inter agora depois de demitir Celso Roth -herança que o Fernando Carvalho deixou para seus sucessores, porque a demissão teria de ter ocorrido assim que terminou o histórico e inesquecível jogo contra o Mazembe?

Retira do fundo do baú o comentarista esportivo Falcão, que seria um ídolo colorado à altura de Renato Portaluppi. É isso: o Inter quer também um ídolo no banco de reservas, comandando o time.

O problema é que Falcão é um ex-treinador, função que exerceu sem brilho há mais de uma década.

Falcão preferiu as cabines refrigeradas dos estádios às agruras da beira do campo, onde os jogos nem sempre são nos grandes estádios.

Há algum tempo Falcão vem se insinuando para retomar a antiga atividade. É um bem-sucedido comentarista, mas a remuneração dos técnicos de futebol hoje é de virar a cabeça de qualquer um. Mesmo de um sujeito equilibrado e inteligente como Falcão.

No momento em que escrevo, Falcão ainda não foi confirmado. Mas o será em seguida.

Independente disso, a saída de Roth do Inter foi a melhor decisão para o clube. Escrevi dias atrás que o Inter tem potencial para brigar pelo título, mas com Roth não iria a lugar algum. Ficaria no meio do caminho.

Portanto, a substituição vem a tempo. Até demorou muito. 

Se a queda de Roth é lamentada pela torcida do Grêmio e festejada pela do Inter -a mesma que meses atrás gritou a todo pulmão no Beira-Rio ‘fica Roth’-, percebo gremistas sorridentes com a notícia de que o substituto é Falcão.

É aquele sorriso maroto, que não mostra os dentes, mas com um significado muito claro:

– Eles vão se quebrar. 

SAIDEIRA

Ouvi há pouco o Ibsen Pinheiro, fã de carteirinha do Roth, criticando Falcão, que para ele não tem trajetória de treinador para ser analisada. O Pedro Ernesto tratou de exaltar o trabalho Falcão na seleção brasileira. Aliás, o que tem de gente em determinado setor da mídia enaltecendo o Falcão. Ah, e o Ibsen negou Roth. Daqui a algum tempo vai pedir a volta de Roth de novo. É fixação. Tem gente no Olímpico e no Beira-Rio que tem obsessão por Roth.

O Inter erra de novo. Errou ao manter Roth e agora erra na substituição.

Mas se a ideia é imitar o Grêmio, está bem. Correto, embora Falcão não represente tanto para os colorados quanto Renato significa para o Grêmio.

Uma vitória para ser exaltada

O Grêmio venceu um time forte. Antes de qualquer coisa isso precisa ficar bem claro. O União de Barranquilla tem um time cri-cri, chato, toca bem a bola, se defende com onze e explora contra-ataques com perigo. Com um jogador a menos, foi ainda mais preocupante. Não fosse Victor, que voltou a ser aquele goleiro que chegou à Seleção, teria feito ao menos um gol.

É importante deixar isso bem claro para valorizar o resultado. Os 2 a 0 sobre o time que mantinha 100% de aproveitamento é um resultado para ser exaltado, comemorado. E não apenas porque garante a vaga à próxima fase da Libertadores. É preciso frisar que o Grêmio soube se impor sobre um time de qualidade, bem armado, estruturado, e que pode ir longe na competição.

Agora, a vitória não pode mascarar os problemas do Grêmio. É preciso enfrentar a dura realidade de que os adversários, quando perdem o medo e se arriscam, chegam fácil na cara do Victor. Tão perto que o goleiro pode ver todas as rugas do atacante adversário, seus cravos, suas espinhas.

E se isso acontecer contra adversários mais qualificados, Victor terá de ser muito mais do que já é.

Outra coisa: é preciso contratar mais um atacante, um jogador de área, porque só o Borges é pouco. Borges é bom jogador, mas quando ele faltar (por cartão amarelo ou lesão), quem será o ‘camisa 9’? A não ser que André Lima volte logo.

Gostei do argentino Escudero. Foi participativo, esforçado, participou de boas jogadas. Mas ainda precisa mostrar mais para ser titular, justificar sua contratação e seu salário, que não deve ser dos menores. Agora, ele está evoluindo.

Para essa posição, felizmente, tem o guri Leandro. Curioso é que ninguém no clube percebeu que ali estava um talento na hora de inscrever os jogadores na Libertadores. É intrigante, preocupante.

Por fim, destaque para a dupla de volantes: Adilson e Fábio Rochemback, ambos soberbos. Douglas também em alto nível. Quando preciso, ele até voltou para o campo de defesa, fechando espaços. Mérito de Renato. E Lúcio, que reafirmou que a lateral-esquerda faz parte do seu passado. E por falar em lateral, foi o Bruno Colaço, inclusive salvando um gol no primeiro tempo, com excelente senso de cobertura, coisa que o Gilson desconhece.

Freio de mão puxado

Outro dia estacionei o carro e não puxei o freio de mão. Ele andou uns três metros e parou. Levei um susto. O que faço mais seguidamente é andar alguns metros com o freio de mão puxado, principalmente quando saio cedo de casa, ainda sonolento e distraído. 

Hoje de manhã aconteceu isso de novo, e imediatamente me lembrei do Inter que perdeu para o glorioso Jaguares, repetindo o futebol ruim que vem exibindo no Gauchão. 

O Inter tem jogado com o freio de mão puxado, condição agravada por momentos de sonolência e distração. 

A responsabilidade é do condutor, o treinador Celso Roth. Os times dele normalmente são assim, jogam com o freio de mão puxado. Foi o que ocorreu no México e tem ocorrido nos jogos mais recentes do Gauchão. E vai continuar acontecendo, porque esse é o jeito de seu motorista, digo, treinador.

Dia desses escrevi aqui no boteco, no domicílio anterior, que o Inter tem um grupo muito bom, mas que não irá muito longe na Libertadores por causa do técnico. 

Diferente do Grêmio, que vai cair logo porque não tem atacantes de qualidade, dependendo basicamente do Borges, que é um jogador que se lesiona facilmente. É claro que o surgimento altera um pouco o quadro, mas ele só ainda é pouco para quem almeja o título. 

SAIDEIRA 

No começo da semana, no programa Cadeira Cativa, conversei fora do ar com o Léo Maringá (que chamei de Léo Paraíba lá pelas tantas). Maringá, que, vejam só!, é de Maringá, andou muito por esse mundão. Jogou em vários paises: Espanha, República Tcheca e por aí vai. Hoje, é um dos destaques do Cruzeiro.

 Perguntei-lhe quem está melhor, se Grêmio ou Inter. Ele enfrentou ambos. Léo Maringá respondeu de pronto, sem vacilar: 

– O Grêmio é melhor, mas o Inter tem um grupo superior. 

Realmente, o Grêmio tem jogado um pouco melhor, é mais criativo e ousado, imagem de Renato quando jogador. Já o Inter é a cara de Roth depois de mastigar um limão com sal.

Kidiaba: linda por fora, gostosa por dentro

A família 1983 segue crescendo. Começou com uma cerveja tipo Pale Ale, lançada em agosto. Por coincidência, no mês em que Renato Portaluppi desembarcou para tirar o Grêmio do atoleiro em que foi deixado por Silas.

Admito que a cerveja era apenas razoável. Afinal, eu recém começava a elaborar o precioso líquido. Confesso que joguei fora mais de uma centena de garrafas desde então porque havia problema com espuma. Cerveja sem espuma é um sacrilégio, embora eu saiba que tem gente que gosta  de uma ‘brahma da polar’ assim. Gosto é gosto.

O colarinho branco, macio e consistente é fundamental numa cerveja, ou num chopp.

A 1983 foi se diversificando. Vieram a Pilsen (em alta fermentação, não essa aguada que tem por aí em qualquer supermercado) e a Weiss.

Hoje, posso afirmar que produzo cervejas boas. São feitas com carinho, não mais do que nove litros por vez, o que resulta numas 20 e poucas garrafas.

Em dezembro, depois da enorme alegria que causou o glorioso Mazembe, uma homenagem aos valorosos atletas do time africano: veio a Mazembier.

Doce para uns, amarga para outros.

Agora, atendendo a insistentes pedidos, está saindo do forno, digo, da geladeira, a Kidiaba.

Antes que alguém pense que é uma homenagem ao goleiro Kidiaba, aquele da exótica comemoração, me apresso a dizer que não confirmo nem desminto.

Kidiaba a mim lembra uma mulher sensual, capaz de levar qualquer homem a fazer loucuras. Uma devassa, uma deusa, um anjo, uma diaba…

Kidiaba pode ser qualquer coisa, mas antes de tudo é uma cerveja escura, forte e encorpada.

O resto fica pela imaginação de vocês…

Scliar e o Alerta do Cruzeiro

O cruzeirense Moacyr Scliar morreu sem ter visto o renascer do seu clube.

O Cruzeiro eliminou o Inter da disputa pelo título do primeiro turno do Gauchão e neste domingo jogou como o velho Cruzeiro. Enfrentou o Grêmio, no Olímpico, com valentia. Não fosse o goleiro Victor poderia ter complicado o jogo ainda mais.

O Cruzeiro caiu de pé, como se dizia naqueles tempos do velho Cruzeiro da Montanha. Hoje, o Cruzeiro do Montanha, apelido do abnegado Ernani Campello, repórter da rádio Guaíba. Montanha acreditou num sonho, e este sonho está concretizado.

Scliar teria orgulho desse Cruzeiro que vimos jogar hoje no Olímpico.

Fico feliz pelo ressurgimento do Cruzeiro. Além do mais, o Cruzeiro prestou um serviço ao Grêmio. Com um elenco de nomes modestos – alguns de qualidade, como o zagueiro Léo -, o time estrelado escancarou problemas que parecem ser crônicos em seu adversário.

Um pouco antes das férias, alertei para algumas coisas. Uma delas, a facilidade como os jogadores rivais cabeceiam na área do Grêmio. Continua mesma coisa. Cheguei a sugerir que o Roger, aluno de Felipão, mestre em treinar zagueiros, fosse utilizado para resolver o problema.

Quando um time que almeja o título da Libertadores leva dois gols de cabeça – o primeiro deles de um jogador de metro e meio de altura – de um time como esse do Cruzeiro, que tem como meta máxima permanecer na série A gaúcha, é porque a coisa está feia, pior do que parece.

Mário Fernandes, conforme li tempos atrás, não joga na zaga porque é fraco na bola aérea. Será que ele está jogando e eu não percebi? Será que ele está disfarçado de Paulão ou de Rodolfo?

A bola aérea foi mandar o Grêmio pro espaço. Algo precisa ser feito urgentemente. Se não tem como melhorar a zaga, que se reforce o meio de campo para que o número de bolas alçadas para a área diminuam.

Renato precisa tomar providências imediatas.

Outro problema: Gilson não pode ser titular da lateral-esquerda. Ainda mais agora com Bruno Colaço jogando o que está jogando. E tem ainda o Lúcio.

No meio, Carlos Alberto e Douglas se sobrepõem. Eles quebram o galho contra times mais fracos. Quem quiser se enganar que se engane.

O mesmo no ataque. André Lima e Borges são jogadores de área. Gostam de ocupar o mesmo espaço. Renato, na falta de melhores alternativas, insiste com a dupla. Mas talvez seja hora de testar melhor o Viçosa, que entrou bem fazendo jogada pelo flanco e até cavou um pênalti em jogada de brilho individual.

Alguns dizem que sou pessimista, outros que sou realista.

O fato é que com esse futebol que jogou hoje contra o Cruzeiro o Grêmio terá vida curta na Libertadores.

Nem eu sei se estou sendo pessimista ou realista.

É isso: as férias não melhoraram meu humor, tampouco reduziram meu enfoque crítico.

SAIDEIRA

Destaques do Grêmio nesta vitória por 4 a 2. Pela ordem: Gabriel, Douglas, F. Rochemback e Borges. Gostaria de ver o Borges assim contra times mais qualificados e com marcação mais dura.

Começo preocupante e a má vontade com Odone

Não estou gostando desse começo do Grêmio.

E não sou o único. Em contato com alguns torcedores, percebi neles o mesmo sentimento de dúvida e preocupação.

Há um consenso: a atual direção gostaria de ter contratado outro treinador.

Teve que engolir Renato. E isso realmente não é bom.

Alfinetadas, provocações, frases ásperas e queda de braço entre as partes.

Renato disse que não gostaria de comandar o time B nos jogos no interior.

O vice de futebol Antônio Vicente Martins retrucou em cima, sinalizando que quem manda é ele.

Poderia ter feito isso ao pé do ouvido do Renato, mas ele tinha que mostrar ao público que
ele é quem manda.

Nesses momentos a questão passa a ser de economia interna, não de alimentar a imprensa, que está no seu papel e está sempre buscando o inusitado.

Nesse aspecto, Renato é uma fonte inesgotável.

Um dirigente mais preocupado em preservar a harmonia teria tratado de outra maneira esse incidente que seria pequeno, reduzido à pó, se Martins tivesse agido com discrição.

Não, não esperem discrição de Renato. Ele até pode dar uma amenizada, mas logo irá retornar ao seu normal, que é falar demais.

Cabe à direção do clube administrar essa situação e deixar Renato trabalhar em paz.

A condução das ‘contratações’ é outra preocupação que constato entre torcedores.

Em alguns, essa preocupação é tanta, tão grandiosa, que eles já começam a sentir saudade do ex-presidente Duda Kroeff, o que é grave. Gravíssimo.

A gestão do Duda só não foi uma calamidade porque, depois de muita resistência, ele concordou em contratar Renato.

Renato poderia ter vindo quando Celso Roth foi demitido e o time ficou 40 dias esperando pelo cidadão Paulo Autuori, quando a torcida nas pesquisas pedia Renato Portaluppi.

Ainda assim há quem sinta saudade do Duda, não pelo que Duda fez ou deixou de fazer, mas pelo que Paulo Odone está fazendo nesse início. Há, também, queixas aqui e ali sobre as questões envolvendo a Arena.

Mas detecto também que existe muita má vontade de muita gente
com relação a Odone.

E aí fica difícil, mais difícil.