Assim não dá pra falar de futebol!

Não fosse a imprensa, em especial a revista Veja e os jornais Estadão e Folha de SP, grande parte das falcatruas permaneceria ignorada. E falcatruas de todos os partidos, dos governos de plantão. Quem deveria fiscalizar as contas, os procedimentos, e tudo mais, não o faz com eficiência. Ou tapa os olhos e o nariz. E isso acontece em toda nação.

Não consigo acreditar que a fraude no Detran, por exemplo, tenha sido descoberta só depois de mais de quatro anos, e que hoje alguns de seus protagonistas continuem numa boa. O mesmo vale para o mensalão, cujos protagonistas desfilam por aí, nariz empinado, alguns de jatinho pago sabe-se lá por quem. E esses escândalos na Casa Civil? ‘Caraca, o que é esse dinheiro todo na minha gaveta?’.

No âmbito da União as descobertas da imprensa repercutem mais porque sempre envolve muito mais dinheiro, sem contar nomes que ocupam postos elevados na corte. As últimas notícias dão conta que grana alta jorra também em alguns Estados, como Tocantins.

Pois essa imprensa incomoda. E incomoda tanto que alguns setores insistem em tapar sua boca. Elaboraram até um projeto que institui a ‘lei da mordaça’, que tramita no congresso e agora, com a maioria que o tal partido terá, será aprovada talvez ainda em 2011.

Estamos enveredando por um caminho perigoso, seguindo exemplos de nossos vizinhos, em especial de Cuba, onde impera a voz oficial.

E o pior é que ainda há jornalistas apoiando o fim de liberdade de imprensa, ou seja, o fim de democracia. Até sindicatos de jornalistas são a favor de limitar a liberdade de expressão. Sindicatos pelegos, como tanto ouvi nos anos 70.

Escrevo sobre isso depois de ler a notícia que tirei do site do Estadão desta segunda-feira.

“SÃO PAULO – A Polícia Federal teve de ser acionada na madrugada deste domingo para garantir a distribuição dos 8 mil exemplares da revista Veja no Tocantins. Para tentar impedir que a publicação chegasse às bancas, o governo do Estado mobilizou efetivo de 30 policiais militares. Armados de fuzis, os PMs ficaram de prontidão no Aeroporto de Palmas à espera do voo que levava a revista.
Os PMs tinham a missão de localizar e apreender os exemplares de Veja. A revista, no entanto, não faz parte da lista de veículos de comunicação censurados pela liminar do desembargador Liberato Póvoa.
Acionado na madrugada, o procurador da República Álvaro Lotufo Manzano requisitou apoio da PF para escoltar o carregamento do aeroporto até a distribuidora da revista em Palmas.”

SAIDEIRA

Se a gente não reagir, será como naquele poema atribuído ao russo Maiakovski, mas que é de autoria do fluminense Eduardo Alves da Costa, escrito não por coincidência em 1964:

Despertar é preciso

Na primeira noite eles aproximam-se e colhem uma Flor do nosso jardim e não dizemos nada.
Na segunda noite, Já não se escondem; pisam as flores, matam o nosso cão, e não dizemos nada.
Até que um dia o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua e, conhecendo o nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. E porque não dissemos nada, Já não podemos dizer nada.

Roth, Renato e a urgente volantização do Grêmio

Celso Roth tem seus defeitos, mas ele guarda uma virtude que aprecio muito: gosta de armar seus times a partir de volantes. O Tite, que deveria ter voltado ao Grêmio há muito tempo, também é assim. Idem o Mano. E mais que idem o Felipão.

O Grêmio campeão da Libertadores com Felipão tinha três volantes: Dinho, Goiano e Émerson. Mais solto, Carlos Miguel. Na frente Paulo Nunes e Jardel.

É claro que ter três volantes não garante vitórias, mas é uma base para armar uma equipe capaz de vencer mais do que perder.

Se a felicidade não existe, não passa de um número maior de situações felizes; também não existe o time imbatível, mas aquele que vence mais do que perde. E, principalmente, vence na hora certa, na hora da decisão.

O Inter encarou o SP com três volantes. Dois deles reservas, só Tinga de titular. Mas manteve a estrutura, a ideia, a proposta, a filosofia de jogo.

Coisa simples, mas talvez por ser tão simples não existe no Grêmio, que ficou sofisticado com seu presidente fashion e com aquele vice que inventou o gentleman Autuori.

O Inter venceu por 3 a 1, humilhou o SP diante de sua torcida. O SP virou freguês de caderno.

Gostaria que Renato Portaluppi se mirasse nos técnicos que citei, e não no Silas, ou no Autuori, que passagem danosa pelo Olímpico. Renato, como seu antecessor, gosta de jogar com dois volantes. E, a exemplo de seu antecessor, vai dançar logo, logo, e com ele o Grêmio.

A salvação de Renato, e do Grêmio, é mudar seu conceito. ainda há tempo. Se ele tivesse dois meias de grande qualidade, ainda seria aceitável que mantivesse o esquema atual, mas nem Douglas, e muito menos e ventilador Souza, que parece ter um cérebro do tamano de uma ervilha, são craques. Longe, muito longe disso.

Gosto do Douglas, e também acho que Souza, em forma, pode ser útil. Mas não é o que estamos vendo. Não há nada que justifique sua presença no time. Ainda mais que no banco está Maylson. Ah, mas Maylson é comportado, não cria caso, não dá declarações polêmicas, não fala demais. E ainda por cima é da casa. E se é da casa, que espere sua chance, que virá quando ‘os de fora’ não puderem jogar.

Maylson não é o salvador da pátria, mas ao menos com ele se reconstitui um modelo que deu certo no próprio Grêmio, três meses atrás.

Não há no Olímpico alguém para encostar no Renato e transmitir essa informação pra ele? Ou já fizeram isso e ele não deu bola?

E mais: quando contrataram Renato não perguntaram qual o esquema que ele gosta de usar? Ou se preocuparam apenas em trazer um nome para sacudir a torcida?

Não é assim que se faz futebol.

Futebol exige planejamento, seriedade, organização. O factóide no futebol tem a duração de um grito de gol.

Se Renato não seguir o exemplo de Roth, povoando o meio-campo com jogadores que marquem e saiam rapidamente para o ataque, será atropelado e sequer terá tempo para anotar a placa.

Volantização é a salvação!

Vamos ver o que ele fará contra o Avaí. Estou começando a ficar apavorado. Pior que isso só o que estão apontando as pesquisas eleitorais.

E a festa virou velório

O técnico Renato avaliou que o time não repetiu jogos anteriores, caiu de rendimento em relação ao que vinha jogando.

Não é verdade. O Grêmio jogou o que vinha jogando. Nem mais nem menos.

O Grêmio somou alguns pontos e saiu da zona de rebaixamento, mas em todos os jogos o time sofreu muito, penou para empatar e vencer. Foram jogos equilibrados. O Grêmio venceu como poderia ter perdido.

É claro que o time cresceu com Renato, mas ainda falta muito futebol para ambicionar algo mais que uma vaga na Sul-Americana.

Nesta noite, que começou com festa e terminou em clima de velório, o Grêmio poderia ter vencido o Palmeiras. E também poderia ter perdido. Exatamente como foi nos outros jogos. O Grêmio ainda está devendo uma atuação convicente, alentadora.

Desta vez os ventos não sopraram a favor do Grêmio, que deixou o campo, no dia de seus 107 anos de existência, amargando uma derrota por 2 a 1. A dupla de área titular fez falta. Neuton é bom jogador, mas deu mole no lance do primeiro gol.

Mais uma vez a arbitragem, na dúvida, pendeu para o adversário. Normalmente isso acontece nos jogos fora de casa. A juizada não respeita mais o Olímpico, a exemplo dos adversários, que desde Silas fazem da casa gremista um salão para suas festas.

Difícil entender é a insistência de Renato com Souza. Depois do jogo, o técnico admitiu que Souza, que vem de longa parada, ainda está abaixo do que pode render. Mesmo admitindo isso, o mantém em campo quase até o final.

Quem tem Maylson para jogar na função erra ao insistir com Souza, um ventilador, uma enceradeira, esforçado, mas pouco eficiente e objetivo. Comece com Maylson e coloque Souza aos poucos. É a minha sugestão.

Para culminar, a lesão do Borges. Ficará fora uns 30 dias, é a estimativa.

Se for para contratar cabeça de bagre, que se invista no Robertson e no Bergson, fixando Jonas como centroavante. Roberson tem jogado muito bem.

Contratação agora só na série B. Ou no exterior. Quem sabe um argentino, um paraguaio ou um uruguaio?

Está faltando um castelhano nesse time.

Para completar, os dois laterais não foram bem. Gabriel ainda não me convenceu. Senti saudade do Edilson. E o Fábio Santos é isso aí.

Noite de 'festa' e o poder de Odone

Em outra circunstância o jogo desta quarta-feira no Olímpico seria de festa e confraternização.

Afinal, é o jogo mil do Grêmio no Brasileirão; justo na data de aniversário do clube; e com dois ídolos, dois dos maiores ídolos, frente a frente.

O problema é que não há clima pra frescura.

Grêmio e Palmeiras já abusaram demais, ultrapassaram a cota de maus resultados no campeonato e hoje precisam vencer para galgar posições mais dignas.

Por isso, fora os cumprimentos e sorrisos formais que irão trocar Renato Portaluppi e Felipão antes do jogo, sob aplausos e lágrimas de torcedores, hinos e tudo mais, o clima é de guerra, de hostilidade. Claro, isso quando a bola começar a rolar. Aí, é cada um defendendo o seu lado.

Espero que Renato não permita que o ambiente festivo contamine o vestiário. Tenho certeza que Felipão não vai deixar que isso aconteça no seu. Raposa velha, vai querer tirar proveito da situação para sair do Olímpico com três pontos, algo que seu time não tem conseguido com freqüência.

O Grêmio vai para o jogo sem sua dupla de área titular. E isso é outro problema. Até nem é um problema grave, porque os dois titulares são, na verdade, dois zagueiros razoáveis apenas. Estão quebrando o galho enquanto não aparece coisa melhor.

Assim, em princípio, Paulão e Neuton não ficam devendo nada aos titulares. A questão maior é o entrosamento. Paulão parece um zagueiro do estilo do titular, o Wilson, uma grata surpresa para mim; enquanto Neuton só não tem a experiência de Rafael Marques. Em troca, tem mais facilidade para aparecer na frente, de surpresa.

O Palmeiras não é lá essas coisas (Tadeu é o centroavante, vê se pode), mas tem um técnico ardiloso e experiente.

Afora o clima de festa que sempre me preocupa, Felipão no banco do Palmeiras é a minha maior preocupação.

Time por time sou mais o Grêmio.

Técnico por técnico, sou mais o Felipão.

Mas, parafraseando antigo personagem do Chico Anísio: “Mas quem não é?”

SAIDEIRA

Leio e ouço manifestações de conselheiros preocupados com o poder que Paulo Odone terá no Grêmio com a eleição de 150 conselheiros da oposição.

É muita força. A mesma, ou até menos, que Fábio Koff teria se atendesse o apelo e as orações da torcida e voltasse ao clube do seu coração, que hoje abriga também os integrantes do Clube dos 13.
Odone angariou inimigos ao longo de sua trajetória como dirigente. Mas também colecionou amigos e admiradores. Como todos nós, tem seus defeitos.

E também suas virtudes. Umas delas, é reconhecer em quem lhe faz oposição capacidade para colaborar de sua gestão. Já fez isso outras vezes pensando no bem do clube e, por tabela, de si próprio.

Para isso, é preciso grandeza. Uma grandeza que não percebi no grupo que está no poder há quase dois anos.

FECHANDO A CONTA

De novo a Casa Civil. De novo a lama fétida e nojenta atinge os pés do ídolo de barro. E, de novo, ali ficará.

Grêmio vence contra tudo e contra todos

Foi uma grande vitória. O técnico Renato, logo que terminou o jogo no Pacaembu, emocionado com o 1 a 0 garantido na raça e na bravura, desabafou que havia sido um desempenho de time que “quer chegar na Libertadores”.

É um exagero aceitável, porque o Grêmio havia acabado de obter sua primeira vitória fora de casa depois de um ano.

Mas o mais importante é que havia batido uma equipe muito forte, com alguns grandes jogadores, como o estupendo volante Jucilei. Melhor que ele no jogo só mesmo Adilson, mais uma vez insuperável. Uma muralha.

Agora, o que mais valoriza a vitória sobre o poderoso clube do presidente do País do Nunca Antes é que o Grêmio precisou ser superior também ao juiz.

Que a CBF não seja injusta com o alagoano Francisco Carlos do Nascimento. Ele, afinal de contas, fez o possível e até um pouco mais para ajudar o Corinthians, que além de um estádio novo quer também o título brasileiro no ano de seu centenário. Tem, ainda, um presidente parceirão do Ricardo Teixeira (chefiou a delegação do Brasil na Copa). E, vocês sabem, amigos merecem toda a atenção.

O juiz merece ser promovido, receber jogos internacionais para apitar, entrar no quadro da Fifa. Ele é esforçado.

Logo que começou o jogo percebi que ele estava ali para fazer o serviço. Minou o time do Grêmio com cartões amarelos, quase todos injustos, e foi benevolente com as faltas corintianas.

O cartão amarelo que ele deu para o Wilson, por exemplo, foi absolutamente injusto, sem contar o de Ferdinando logo no começo.

Mas é bom amarelar jogadores de marcação, não é mesmo?

Depois, percebendo que era preciso dar mais de si, o juiz marcou um pênalti, que se fosse para o lado oposto ele por certo ignoraria. E ainda expulsou o Wilson, segundo amarelo, porque já havia recebido um, aquele injusto. Viram como foi útil aquele amarelo?

O Grêmio resistiu heroicamente 30 minutos. Mais, porque, é óbvio, o juiz deu mais cinco de acréscimo.

Então, homens da CBF, continuem apostando no Francisco Carlos do Nascimento. Ele merece.

SAIDEIRA

Douglas, único jogador do Grêmio que eu tinha no meu time do Cartola, marcou um golaço. Pena que o saquei do time antes da partida. Coloquei quem do Grêmio, então? Sim, o Wilson. Me quebrei. Mas não importa. O que vale mesmo é essa vitória extraordinária do Grêmio. Um resultado que o reabilita na competição e que faz o Renato sonhar com a Libertadores.

Na minha opinião, o Grêmio não tem time para entrar no G-4.

E não podemos ignorar que o Grêmio teve, além de valentia, muita sorte para vencer o bom time do Corinthians e também o aplicado juiz.

FECHANDO A CONTA

Foi uma lavagem, como a gente dizia em Lajeado quando o meu batia o time da colônia por goleada. A Oposição deu um vareio. Elegeu todos os 150 conselheiros. Foi a resposta da torcida à gestão de Duda Kroeff.

Só não sei se isso (a falta de diversidade) é bom para o clube.

Eleições, Koff e o twitter do Douglas

Se a eleição para a presidência e para o governo gaúcho já estão decididas segundo as insuspeitas e seríssimas pesquisas eleitorais, resta agora conferir a eleição para a renovação do conselho deliberativo do Grêmio.

A tendência é de que a oposição coloque mais nomes diante da fragilidade da situação a partir dos resultados de campo.

O presidente Duda Kroeff parece que não vai mesmo comparecer. Sem comentários.

Reina grande expectativa sobre a presença ou não do ex-presidente Fábio Koff. Dois anos atrás ele jogou todo seu peso na balança a favor de Duda Kroeff para impedir que o candidato de Paulo Odone, Antonio Martins, emplacasse.

Se Duda, o eleito por Koff não deve ir ao Olímpico, por que seu criador o faria?

Além disso, Koff poderia passar por algum constrangimento se for ao estádio pedir votos para a situação. É melhor mesmo se preservar. Se ele aparecer e anunciar que será candidato à presidência no final do ano, alguém vai acreditar?

Sim. Não tenho dúvida que sim. O torcedor gremista está como um desenganado, um sujeito com sentença de morte.

Assim, espera por um milagre, um Messias.

Mesmo que tudo indique que possa ser mais um blefe de Koff, que há dois anos prometeu atuar até no vestiário para ajudar o Grêmio e seu escolhido, o torcedor quer, o torcedor precisa acreditar que o dirigente que levou o clube a suas maiores conquistas está realmente disposto a voltar, abrindo mão de vultoso salário no Clube dos 13.

Portanto, se Koff anunciar sua candidatura, todos irão acreditar.

O torcedor de futebol é, acima de tudo, um crente.

SAIDEIRA

Já conhecia o twitter do Douglas, indicação do meu colega Fred, um gremista atento e ainda lúcido. Fred havia chamado atenção para uma frase de Douglas, coisa informal, em que ele manifestava vontade de um dia voltar ao Corinthians. Coisa boba, disparada num bate-papo descompromissado. A ZH esquentou a frase e fez uma página sobre isso. Falta de assunto?
Ontem, Douglas foi provocado pelo Elias, volante corintiano. Douglas havia escrito que fazia tratamento. Aí, Elias escreveu que Douglas estaria pipocando, uma brincadeira entre boleiros. Douglas retrucou que não é de amarelar: “Pipocando o que negão?”
Será que o Elias vai processar o Douglas pela expressão ‘racista’? Ou vai aparecer um delegado louco por holofote para dar voz de prisão ao jogador quando ele entrar em campo em SP?
Neste país do nunca antes em que as eleições são decididas por pesquisas cabotinas já não duvido de mais nada.
Ah, o endereço do cara: twitter.com/10doga.

O Falcão do Olímpico

Depois da quebra de sigilo de toda a família do Serra – há quem não veja mal algum nisso, principalmente porque a ação é contra o ‘inimigo’, esquecendo que mais adiante isso pode acontecer com os ‘seus’ ou a si próprio -, resolvi não me meter mais em política.

Quer dizer, já prometi isso antes, muito tempo atrás, depois do assassinato do prefeito de Santo André, o Celso Daniel, seguido de várias mortes de pessoas envolvidas com o caso, mas agora é pra valer.

Temia que iria respingar chumbo em mim. Não tenho patrimônio material, a não ser um carro popular, mas temo que devassem minha vida.

Podem descobrir, por exemplo, que andei passando minhas coisas mais valiosas para terceiros, laranjas. Uma maneira de ludibriar o fisco.

Meu filho mais novo, por exemplo, herdou meu time de botão, com mesa oficial e tudo. Não é pouca coisa, não. É um time de botão de galalite, não de acrílico.

Minha coleção do Pasquim, do número 1 até o 171, transferi para o nome do meu filho do meio.

Meus discos de vinil, ah meus discos de vinil, acompanhado do toca-discos, passei para a minha filha. Ela nem toca nisso – primeiro, porque ela prefere MP3 ou outra dessas modernidades; segundo, porque eu não deixo, legalmente é dela, mas só legalmente.

Minha máquina de escrever, uma velha Remington de guerra, deixei pra uma afilhada. Até hoje ela não entende bem pra que serve essa geringonça.

Para um sobrinho deixei um relógio Tissot, automático viu!, não precisa nem dar corda. Impressionante.

E por aí vai. Não tenho mais nada em meu nome, só o carro, mas tenho como justificar sua aquisição em 240 prestações, sem entrada.

Quero confessar que, na verdade, todas as outras coisas, sucata para alguns, estão comigo. São minhas, tenho o usufruto em vida, claro, porque em morte fica mais complicado.

Só não entreguei oficialmente, ainda, uma camisa do Baltazar, aquela do time campeão brasileiro de 1981.

Tem, ainda, uma foto minha, lá pelo meus dez anos, ao lado do Airton Ferreira da Silva, num jogo do Grêmio contra o Lajeadense, no estádio Florestal.

Enfim, são meus maiores valores materiais.

Desconfio que a devassa fiscal no governo do nunca antes (agora se vê que é do nunca antes mesmo) não se preocupe com essas coisas, mas nunca se sabe.

É melhor prevenir.

Como já escrevi antes, tem gente capaz de tudo – de tudo mesmo – para não largar o osso.

SAIDEIRA

Por falar em prevenção, não custa repetir que não me agrada o modo de pensar futebol do Renato Portaluppi (Renato Gaúcho é coisa dos cariocas). Ontem, ele armou um 4-2-4 desde o início do jogo. Antes, ele já havia revivido o esquema dos anos 60 durante um jogo, quase matando gremistas do coração. Agora, ele se superou.

O Grêmio venceu, e isso é o que importa num primeiro momento. Mas o campeonato é longo e nem sempre os adversários serão tão frágeis ofensivamente como o Atlético Goianiense, que ainda por cima jogou sem seu goleador.

Adilson foi soberbo, formidável. Me lembrou Falcão no início da carreira, tirando a bola e saindo com a cabeça erguida. Eu posso falar porque vi Falcão jogar mais de 50 vezes, inclusive no Interior, inclusive entregando a ele troféus de melhor em campo numa promoção da Caldas Jr. Dos anos 70.

Adilson, o Falcão do Grêmio. Em breve estará brilhando na Itália, e talvez seja eleito o novo Rei de Roma.

Sei que vou irritar gremistas e colorados, mas é isso mesmo.

Ah, gostei também do Douglas, mais participativo, até marcando

Maylson, um mistério no Grêmio

Maylson não chega a ser unanimidade, mas não pode ficar fora deste time do Grêmio. Não pode.

Titular da seleção sub-20 ao lado de Sandro, como segundo volante, Maylson tem condições de jogar tanto na segunda como na terceira função do meio de campo.

É um jogador moderno, que marca, arma e chega para concluir. Jogou poucas vezes, mas ainda é assim é um dos goleadores do time na temporada.

Sua ausência do time e até do banco é um mistério. Um crime lesa clube.

Desconfio que há algum tipo de interesse econômico. Um setorista da dupla Gre-Nal me disse que ele está fora porque vai mal nos treinos. É o que se comenta nos bastidores.

Um absurdo. Jogador que tem como seu forte a pegada, a disputa pela bola, dificilmente vai bem nos treinos.

Jogador firula, enfeitado, é craque nos treinos, e some nos jogos muitas vezes.
Dias desses, o Leandro Damião, após o programa Cadeira Cativa da Ulbra TV, do qual participo às segundas-feira (estou chamando ou afugentando audiência nesse dia), me revelou o seguinte:

– O professor Celso chegava pra mim nos treinos e dizia ‘e aí, tu é daquele tipo que arrebenta em treino e amarela em jogo?, vê lá, hein, não vai me deixar mal’. Aquilo mexia comigo, me deixava mordido, pronto pra jogar e mostrar pra ele que eu não sou apenas jogador de treino.

Damião mostrou isso rapidamente. É um jogador que vai longe no futebol. E estava por aí, dando sopa. O Inter foi lá, investiu uma mixaria e trouxe o jogador para testes.
Quando alguém quiser entender realmente por que o Inter está tão superior já há alguns anos pode começar por aí: a garimpagem de talentos com competência.

Foi assim com Giuliano, Pato e continua. Agora, o Inter traz Moisés, jovem revelação do futebol paraense. Pagou 300 mil reais e pode ficar com 70 por cento do passe, ou algo parecido.

Alguém lembra quem o Grêmio trouxe dessa maneira recentemente? Só um nome me vem a cabeça, o Mário Fernandes, mas assim trazido pelo Jorge Machado. Não é dica de algum olheiro.

Mas voltando ao Maylson: não tem explicação ele ficar de fora para jogar o Gilson, que, aliás, está sendo torrado e moído antes mesmo de estrear na posição para a qual foi contratado, a lateral – esquerda.

Pelo atual grupo de jogadores do Grêmio, repito, pelo atual grupo, o Maylson é titular, titularíssimo.

Assim como ele, o Victor, o Adilson e o Jonas. Num segundo plano, mas também titulares: Wilson, Rafael Marques, Neuton (como lateral-esquerdo ou no esquema de três zagueiros), Fábio Rochemback, Willian Magrão e Borges.

Na lateral-direita ainda não estou muito convencido em relação ao Gabriel. Até agora não mostrou grande coisa.

Como quarto homem de meio-campo, Douglas. Seguido de perto por Souza e Leandro. Dois desse trio só podem estar juntos no time por alguma circunstância de jogo.

Sei que muitos irão discordar, mas é assim que eu penso.

SAIDEIRA

A cogitação dE Koff para a presidência foi mesmo, pelo jeito, apenas uma jogada para esvaziar o evento que lançou Odone, semana passada.
Tem agora uma pesquisa do clicrbs apontando disputa parelha entre Koff e Odone para a presidência. Entre um ótimo que não quer a presidência, e outro bom que quer, a torcida está optando pelo segundo.

Fábio Koff foi o último presidente realmente competente que o Grêmio teve. Nem ele, porém, foi capaz de organizar o clube para o futuro, de montar, por exemplo, uma rede de olheiros pelo Brasil, a exemplo do que fez o Inter com resultados excelentes.

Bem, vamos aguardar se Koff não vai mesmo entrar nessa briga.

Se não o fizer, vai pegar mal aparecer no Olímpico pedindo voto para o candidato da hora para enfrentar Odone.

Renato e os deuses do futebol

Renato é um inventor. Insistir com Gilson no meio de campo depois do fracasso que foi contra o Atlético Paranaense é um absurdo. Quando vi Gilson no time, com Maylson fora, fiquei perplexo.

O Grêmio vai perder de cinco, pensei, assustado também com a presença de Lúcio desde o início, ele que estava fora há meses. Lúcio até me surpreendeu.

Em 25 minutos estava 2 a 0 (no primeiro gol tinha três botafoguenses pra cabecear e nenhum defensor do Grêmio. No segundo, Herrera entrou passeando na área.

Renato tentou corrigir sua mancada. Colocou Roberson no lugar de Gilson. Levei outro susto. O Grêmio ficou, então, com um 4-2-4.

Roberson entrou bem, agitou bastante.

Aí, Jonas achou um gol, numa bola que reboteou nas pernas de Leandro Guerreiro (velho ‘idolo’ colorado.

Bem, o Grêmio terminou com quatro atacantes. Perdido por 2 a 1, perdido por 3 a 1, não faz diferença. O Botafogo poderia ter ampliado, mas os deuses do futebol olharam para o grande ídolo gremista mais uma vez.

Jonas, sempre ele, empatou.

O time teve alguns destaques: Jonas, F. Rochemback, Wilson e Adilson, este um herói sozinho na marcação no meio de campo. Merece medalha.

Para quem perdia por 2 a 0, buscar o empate é quase uma vitória.

É preciso, porém, não esquecer o que aconteceu, como esse empate foi obtido.

Estou firmando uma convicção. É com muito pesar que estou concluindo que Renato não serve, não vai durar.

Silas é mau treinador, além de disciplinador ridículo, ao menos no Grêmio.

Renato aparentemente acertou as coisas no vestiário, mas lamentavelmente, pelo que tenho visto até agora, ele não sabe o que está fazendo.

Nem sei se ele é treinador de futebol.

Não sei como ele conseguiu levar o Fluminense ao título da Copa do brasil e ao vice da Libertadores. Eu me amparava nesse trabalho para defender sua contratação, mas agora, vendo o que ele comete assim de perto, estou assustado.

Jonas salvou contra o pobre Guarani. Jonas salvou hoje.

Os deuses de futebol não irão salvar Renato, e o Grêmio, sempre.

Odone, Koff e a hora de voltar

Até agora só existe um vencedor a partir do processo eleitoral do Grêmio: o sr Paulo Odone.

Ninguém pode ter dúvida que o ex-presidente gremista inflou sua candidatura a deputado ao ocupar generosos espaços na mídia com o lançamento de seu nome para presidente o clube mais uma vez.

É díficil calcular, mas Odone deve ter amealhado alguns milhares de votos com esse ato aparentemente apenas político-esportivo.

Para boa parte dos gremistas, saber que Odone está disposto a retornar, ao contrário de outros dirigentes vencedores do passado, é um alento.

A candidatura de Odone vai virar pó – a da presidência do Grêmio – se o sr. Fabio Koff aceitar concorrer, o que seria o ideal para o Grêmio, que precisa não apenas de um presidente, mas de um líder capaz de unir as diversas correntes do clube, ou a maior parte delas.

Odone, apesar de também ser um sujeito carismático, não seria esse nome. Ele tem condições de encontrar soluções imediatistas, mas o Grêmio precisa mais, muito mais.

É o momento de ajeitar a casa para reagir a avalanche vermelha, mas é hora também de reestruturar o clube de uma maneira tal que ele não dependa mais de nomes com tradição de vitórias, gente que nem sempre se encontra disponível.

É preciso montar algo como aquele time armado pelo técnico Tite, última vez que o Grêmio ganhou um campeonato nacional, em que saía uma peça e entrava outra sem alterar a mecânica de jogo, sem afetar o rendimento do time. Mais ou menos como é o Inter hoje.

Koff teve seu nome lançado para presidir o Grêmio de novo. Pode ter sido um factóide, o que é muito provável, mas seria muito bom se fosse verdade.

O sr. Fábio Koff já deu muito de si para ajudar o Grêmio. Mas ele não pode esquecer que foi o Grêmio quem lhe abriu as portas do Clube dos 13.

Quem sabe não chegou a hora de retribuir?

Afinal, 15 anos de Clube dos 13 já é o suficiente, ou não?

SAIDEIRA

O caso envolvendo desvio de recursos via marketing do Banrisul segue os passos do escândalo maior, o do mensalão. Aquele pessoal fez escola. Deixou bons alunos por aí. E tudo é resultado de apenas uma coisa, conforme tenho repetido:

Impunidade.

Vai acontecer alguma coisa também com os mandantes de quebras de sigilo de gente do PSDB e até seus familiares? É muita nojeira.

Até a eleição mais água suja e fétida vai rolar.

Tranquem os narizes.