Agora é com Renato

Texto publicado no site do Bahia agora à tarde:

Em encontro na tarde desta terça-feira, com o Presidente Marcelo Guimarães Filho e o Gestor de Futebol Paulo Angioni, o técnico Renato Gaúcho confirmou sua saída do Esporte Clube Bahia.
O treinador vai se transferir para o Grêmio e hoje à noite comandará o Bahia pela última vez, diante do Paraná.
Após a partida, o técnico Renato Gaúcho concederá entrevista coletiva sobre a partida e tratará da sua saída do clube.

Então, contrariando minha previsão, Renato Portaluppi aceitou a proposta do Grêmio e vai mesmo assumir o timão da nau desgovernada.

Não será por falta de energia positiva que ele dará certo.

É grande o entusiasmo da nação gremista. É o pensamento mágico.

Dicas para contratar o técnico certo desta vez

Antes de contratar um treinador, a direção deve ter muito claro o tipo de futebol que quer, o esquema de jogo, três zagueiros, dois zagueiros, meio-campo com dois volantes, dois meias, ou três volantes, e um meia. Quem sabe apenas um atacante de ofício? E por aí vai.

Para isso, precisa considerar também a tradição, a história do clube, sua torcida.

O presidente Duda afirmou depois do jogo contra o Flu que perfil de treinador é bobagem, é preciso ver o mercado e avaliar entre os disponíveis, e fazer a contratação. Tal afirmação explica em parte tudo o que acontece no Olímpico desde o ano passado.

Depois de escolher uns nomes, o dirigente deve conversar com cada um deles e dizer o que o clube espera dele, o técnico. Pode ser coisa rápida, tipo:

– Vc sabe a diferença entre o Avaí e o Grêmio?

Depois, se a resposta for convincente, expor que quer o seu time jogando no 4-4-2, com dois laterais que marquem e apoiem com qualidade e velocidade;
dois zagueiros de boa impulsão, autoridade, imposição física e velocidade;
no meio-campo, um volante mais posicionado, de boa técnica para não viver só de dar porrada, ágil, atento, obstinado e feroz como um pitbull esfomeado; mais dois volantes, que marquem de verdade, mas que saiam para o ataque rapida e decididamente, buscando o gol; mais à frente, um meia habilidoso, mas também aplicado taticamente, de preferência com bom chute, assim como os dois volantes.
Na frente, dois atacantes rápidos, ao menos um deles muito habilidoso, o outro deve ter um porte mais avantajado para o confronto com a sanguinária zaga inimiga.

E por aí vai, com alterações aqui e ali, mas sem perder o rumo de que é preciso antes de qualquer coisa um time com raça, determinação, incansável na busca da vitória, irresignado diante de eventuais adversidades, indignado.

Qualquer semelhança com o velho Grêmio não é mera coincidência.

É isso: o Grêmio precisa de um treinador que devolva sua identidade, perdida desde que Paulo Autuori assumiu.

Renato Portaluppi será esse nome? A direção gremista conversou com ele, ficou convencidade de que ele pode colocar o time de volta ao seu lugar.? Ou é apenas um pensamento mágico, um lance de marketing, um ato de desespero?

Se a direção realmente acreditasse em Renato, por que ele não foi contratado no ano passado no lugar do Silas. Ou, melhor ainda, quando Roth foi demitido em plena Libertadores?

E se Renato não vier, o que é provável? Eu, fosse ele, um ídolo, não viria neste momento pra não me queimar.

Só me chamam na hora difícil? Chego aí e tenho que trabalhar com os jogadores indicados e/ou aceitos pelo técnico anterior?

Eu, se fosse Renato, não viria. Renato não é bobo, não vai embarcar nessa nau desgovernada.

Mas se Renato vier, não duvido que dê conta do recado, porque é um bom treinador, já provou isso, apesar de opiniões em contrário, algumas sem qualquer fundamento.

A última chance de Duda

Escrevo quando torcedores gritam fora Duda, fora Meira, e atacam os ex-dirigentes Fábio Koff e Cacalo por terem influenciado decisivamente para a eleição da diretoria atual.

Os dois gostam muito de dar pitaco na gestão, mas na hora de trabalhar, arregaçar as mangas para ajudar o seu ungido são mais escorregadios que muçum ensaboado.

A derrota por 2 a 1 para o Fluminense está dentro da normalidade. Antes imbatível no Olímpico, o Grêmio virou saco de pancadas desde que perdeu para o poderoso Pelotas no Gauchão. Técnico? Silas.

Desde então, o Grêmio que não ganhava fora, passou a perder também em sua casa.

Desde maio estou convencido de que Silas não é treinador para o Grêmio. Defendi sua contratação, e fiquei ao seu lado nos momentos iniciais, quando já era criticado, por entender que ele estava começando e precisava de tempo.

A eliminação da Copa do Brasil deveria marcar a demissão de Silas. Na verdade, ele deveria ter saído antes. Com um treinador mais experiente, o Grêmio não teria levado três gols do Santos no Olímpico, o que acabou determinando sua eliminação logo em seguida, na Vila Belmiro.

A partir daí, a direção tricolor colocou em risco a campanha no Brasileiro ao manter Silas. Seria o momento, também, de trocar o comando do futebol. O tempo passou e a situação só ficou ainda mais grave.

Neste momento, 18h30, o presidente Duda dá entrevista coletiva. Anuncia que ‘libera’ Meira e Duda devido à situação atual.

Há boatos de que Renato Moreira assumirá o futebol. Duda, porém, diz que o assessor de Meira, Guerra, assume o posto interinamente. Sobre Renato, Duda diz que não existe nada de concreto.

Outro boato dá conta que Tite será o treinador. Sou a favor. Mas não acredito porque haveria uma questão mal resolvida entre Tite e Paulo Paixão.

Minha sugestão, se não puder ser Tite, é Dunga. É o tipo do profissional que assumiria rapidamente o controle do vestiário, que é talvez o maior problema hoje do clube.

Mas existem outros nomes: Paulo Bonamigo, por exemplo. Talvez fosse o caso de conversar com Geninho.

O importante é que seja um treinador que goste de armar um time que privilegie a marcação forte no meio de campo, fundamental no futebol de hoje. Nesse time, portanto, não pode jogar com dois meias que não marcam, porque não querem ou porque não sabem.

O melhor momento do Grêmio foi com Adilson, Willian Magrão e Maylson, com Douglas mais liberado. Silas abriu mão disso. Ele gosta de jogar com dois meias. A própria direção investiu em jogadores para a meia, sinalizando sua preferência, ou por falta de conhecimento mesmo.

Terminou o ciclo de Silas e a era Meira, um dirigente que deu contribuição ao clube, mas que chegou ao seu limite, conforme já havia escrito anteriormente.

SAIDEIRA

Silas disse que não foi contatado pelo São Paulo, desmentindo notícia nesse sentido. O problema é que usou como argumento a palavra ética. O SP tem ética, não entraria em contato com um técnico com contrato em vigor com outro clube, disse ele. Ora, logo o SP, que se atravessa em tudo que é negócio?

QUESTÃO DE ORDEM

Em seu último jogo, Silas deu uma oportunidade de verdade para o garoto Roberson. Mas foi preciso não ter ninguém mais para colocar, a exemplo do que ocorreu com Neuton. Roberson entrou e mostrou que tem condições de disputar um lugar no time, ou ao menos ser melhor aproveitado.

No mais, Silas já vai tarde. Assim como Meira.

Eles saem deixando uma terra arrasada. Havia um time ajustado até maio.Lembro que fui atacado aqui por sugerir a demissão de Silas e a saída do Meira três meses atrás.

A realidade é que no oitavo mês do ano ninguém mais sabe qual o esquema do time e qual a escalação ideal. Jogadores incontestáveis passaram a ser questionados. As individualidades mais luminosas se apagaram, consequencia do trabalho que agora chegou ao fim, ainda há tempo de evitar a queda para a segunda divisão.

Resta agora torcer para que o presidente Duda acerte na escolha dos nomes que irão assumir neste momento de tanta dificuldade.

Duda não pode errar.

O que Duda decidir agora vai determinar a maneira como ele entrará para a história do clube que ama.

É a última chance de Duda.

Grêmio precisa de um mestre, não de um aprendiz

Quando o Grêmio foi campeão gaúcho escrevi que seria seu único título na temporada. Foi no dia 2 de maio. Ali eu já havia concluído que Silas é um treinador que não sabe por que ganha, nem por que perde.

Talvez um dia aprenda, porque é novo na profissão, um noviço, um aprendiz. E não vai nisso nenhuma ofensa. Quem já não foi iniciante?

É com experiências, vivências, que se assimilam lições. Uns mais rapidamente que outros. Alguns talvez pouco aprendam ao longo da vida. Mas sempre vai se juntando alguma coisa.

‘Vivendo e aprendendo a jogar’, cantava Elis.

O problema é que o Grêmio não pode esperar que Silas aprenda. O Olímpico não pode servir de escolinha do professor Raimundo, aquela do Chico Anísio.

O Grêmio precisa de um mestre, não de um aprendiz. E precisa de uma direção mais firme, mais forte, com um discurso mais veemente, com ações mais incisivas.
Se eu, em maio, já antevia que o time sob o comando de Silas havia chegado ao seu limite, como é que gente experiente como o Meira e o Duda, que sabem tanto ou mais de futebol que eu, não se deram conta de que ali já era o momento de mudar?

Por que esperar a descida da ladeira, quando pode ser tarde demais. Aliás, só não é tarde para evitar o rebaixamento.

No Inter, Fossati foi demitido mesmo tendo colocado o Inter na semifinal da Libertadores, eliminando dois clubes argentinos. Fernando Carvalho teve sensibilidade para perceber que o time com Fossati havia chegado ao seu limite.

FC agiu. A dupla Duda/Meira se omite, olha pro lado, assobia, enquanto a nau tricolor avança em direção a um iceberg, ao abismo.

Nas arquibancadas, os colorados não suportavam mais o técnico uruguaio. O mesmo acontece com os gremistas em relação a Silas. E isso há muito tempo.

A grande questão, agora, véspera do jogo contra o Fluminense que pode marcar o fim do ciclo de Silas, é se adianta mudar só o treinador.

O ideal, a meu ver, seria mudar também o comando do futebol. Tem gente boa para ocupar o cargo nesse grupo que dá sustentação ao Duda. Meira já prestou relevantes serviços ao Grêmio, mas chegou ao seu limite.

Todos nós em algum momento chegamos ou chegaremos ao nosso limite.

Meira daria mais uma grande prova de amor autêntico e desinteressado ao Grêmio se renunciasse. Nada pessoal.

O debate dos presidenciáveis

Fui eu.

Eu que assisti ao debate na Band entre os presidenciáveis. Não sou alienado nem nada. Vou deixar de ouvir as propostas dos candidatos ao lugar do presidente do ‘nunca antes’ para acompanhar futebol?

Ora, por favor. Tenho mais o que fazer! Sei que o Brasil inteiro estava, no mesmo horário, vendo SP e Inter no Morumbi.

Mas eu não, preferi ouvi as propostas da Dilma com seu rosto aveludado, sem nenhuma ruga apesar dos 60 anos e lá vai pedrada. Vi a candidata do presidente, que oPTou por uma estranha no ninho, oriunda do PDT, a todos os velhos companheiros de jornada, gaguejar algumas vezes. Vi a Marina com seu olhar de ‘o que é que eu vou fazer se for eleita?’ e o Serra, com seu olhar de peixe morto.

Não entendo pra que servem esses debates. As classes A, B e C já definiram seus candidatos. São elas que assistem a esses programas que são como era a Copa Sul-Americana até a edição atual: sai do nada pra lugar algum.

A grande maioria da população não está nem aí pra esses debates. Muitos já tem a bolsa família, a bolsa penitenciária, etc. Todos vão votar no governo que aí está, faça chuva ou faça sol. Os demais, aqueles que precisam trabalhar, acordam cedo e vão dormir. Ou assistir a SP x Inter.

Mesmo assim, as pesquisas vão usar o debate para justificar por que este ou aquele candidato subiu ou caiu.

Em meio ao debate, insosso como o futebolzinho do Grêmio, que continua sem vencer (já são dois meses) jogos oficiais, ouvi foguetes. No final, então, foi um foguetório.

Os colorados festejavam a primeira derrota de Celso Roth, que, por coincidência, garantiu a classificação à final da Libertadores e a presença no mundial de clubes. Aliás, conforme eu havia previsto: tudo favorece ao Inter neste ano de 2010.

O Inter será campeão da Libertadores, do Mundo e do Brasileirão.

Foi a primeira derrota de Celso Roth desde que voltou ao Inter. Mas se mesmo perdendo ele venceu, é sinal que tudo mudou.

Roth será campeão de tudo. O Universo conspira a favor de Roth e do Inter.

Aos gremistas, resta o conforto de que o arguto presidente Duda Kroeff concluiu após o empate no Serra Dourada, por 1 a 1, que o time não foi bem, que ele não gostou do futebol apresentado contra o Goiás.

Isso significa que nada significa, que tudo vai continuar igual no Olímpico até que nada mais possa ser feito para terminar a temporada de forma minimamente digna.

Os empresários e os técnicos da Seleção

Descobri um site interessante e que merece ser conferido: www.midiasemmedia.com.br. É dali que extraí o texto abaixo, publicado há alguns dias. O autor do site fez questão de elaborar a lista para verificar com lupa as convocações de Mano Menezes.

Muito interessante, mesmo.

GOLEIROS

Víctor (Grêmio) – Fábio Mello
Jefferson (Botafogo) – Márcio Bittencourt
Renan (Avaí) – Carlos Leite/LA Sports

LATERAIS

Marcelo (Real Madrid-ESP) – Richard Alda
André Santos (Fernerbahce-TUR) – Carlos Leite
Daniel Alves (Barcelona-ESP) – José Rodríguez Báster
Rafael (Manchester United-ING) – Cassiano Pereira

ZAGUEIROS

David Luiz (Benfica-POR) – Kia Joorabchian/Giuliano Bertolucci
Henrique (Racing-ESP) – Marcos Malaquias
Rever (Atlético-MG) – Fabio Mello
Thiago Silva (Milan-ITA) – Paulo Tonietto

VOLANTES

Sandro (Internacional) – Luiz Paulo Chignall
Hernanes (São Paulo) – Joseph Lee/Traffic
Jucilei (Corinthians) – Nick Arcuri (Londres)/ Carlos Leite e Ronaldão(Brasil)
Lucas (Liverpool-ING) – Carlos Leite
Ramires (Benfica-POR) – Kia Joorabchian

MEIAS

Ederson (Lyon) – Raphaele Zarra
Paulo Henrique Ganso (Santos) – Sabatino Durante/Giuliano Bertolucci
Carlos Eduardo (Hoffenhein) – Jorge Machado/Evandro Schimidt

ATACANTES

Alexandre Pato (Milan-ITA) – Gilmar Veloz
André (Santos) – DIS/Sonda
Tardeli (Atlético-MG) – Kia Joorabchian/Giuliano Bertolucci
Robinho (Santos) – Kia Joorabchian
Neymar (Santos) – Wagner Ribeiro/Giuliano Bertolucci

O Chivas e a camisa da Inter

Notícias desse dia siberiano:

O novo ditador amigo do Lula, o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, escapou de atentado em seu próprio país;
Dados de 12 milhões de inscritos no Enem (aquele que também teve provas que vazaram) cairam na rede, ratificando a incompetência da administração do país;
Neve abunda em vários municípios gaúchos e catarinenses, enquanto miseráveis congelam nas ruas e nos abrigos.

Agora, nada supera em termos de importância para os gaúchos a notícia de que o Inter está a um empate de buscar o bicampeonato mundial de clubes. Tudo porque o Chivas (não bebo mais esse uísque) meteu 2 a 0 no Universidad, no Chile, abrindo assim caminho para os colorados irem de novo ao mundial mesmo com o vice da Libertadores.

O Inter vive um momento iluminado.

Metade do RS torce, agora, para que mergulhe na escuridão sendo eliminado pelo São Paulo nesta quinta-feira, no Morumbi.

Sinceramente, não vejo como esse time do Ricardo Gomes (tem um nível de competência talvez até inferior ao de Silas) consiga impedir, por exemplo, que o Inter faça ao menos um gol, o que praticamente encaminha a classificação colorada, colocando os gremistas de vez a arder nas chamas do inferno.

Agora, uma confidência:

Contei aqui que estive em Saudades, há uns 15 dias. Fui ao ponto de vendas da Umbro e da Kappa, uma indústria com milhares de funcionários que produz uniformes de grandes clubes e seleções do mundo.

Havia no mostruário, em promoção, inúmeras camisas. Entre tantas opções, comprei a da Inter de Milão, coleção de 2008 (comemorativa ao centenário do clube), por 50 pilas.

Viram? Terá sido um pressentimento?

Comprei logo a camisa da Inter, que pode ser o adversário do Inter no final do ano.

Se o Inter superar o SP, coloco a camisa em leilão.

Combate ao 'anti-cristo'

O ex-presidente Paulo Odone teve contra si alguns dos principais expoentes do clube na eleição que alçou o filho do patrono Fernando Kroeff à presidência.

As maiores forças do Grêmio (Koff, Dourado,Silveira Martins, Obino, etc) se uniram para impedir que Odone continuasse no poder com seu candidato, Antonio Vicente Martins.

Salvo engano, a então oposição teve dificuldade para encontrar um candidato de peso. Teve de insistir com Duda Kroeff para que ele aceitasse.

Tudo para afastar Odone do comando do clube e da Grêmio Empreendimentos.

Foi um esforço gigantesco, que levou o sr Fábio Koff a entrar em campo como há muito não se via. Ele arregaçou as mangas, calçou as chuteiras. Enfim, foi ao pátio do Olímpico angariar votos para a oposição, chegando a prometer – há entrevistas gravadas – que estaria ao lado de Duda, inclusive no vestiário, se fosse necessário.

Tudo para impedir a continuidade de Odone e seu grupo.

Não entro no mérito da questão. Existe muita fofoca, muita intriga. É difícil discernir a verdade da mentira, da maledicência.

O fato é que ninguém aparece para fazer uma acusação explícita, sem subterfúgios ou insinuações.

Domingo, após o Gre-Nal, o sr Meira disse que seu antecessor, Paulo Pelaipe, não é uma pessoa ‘séria’. E ficou nisso. Por que ele não foi mais claro?

Então, fica assim: um adjetivo aqui, outro ali, deixando transparecer que problemas muito graves ocorreram na gestão passada.

Contra os boatos, existe a aprovação das contas pelo Conselho Deliberativo. Ou estou enganado?

Por outro lado, o ex-dirigente Eduardo Antonini divulgou dados alarmantes sobre a situação financeira do clube: folha de pagamento na ordem de R$ 4 milhões ou perto disso; déficit mensal na casa de R$ 1 milhão, e resultados pífios em campo.

Para Meira, são manifestações oportunistas, que não engrandecem o clube.

O trabalho de Meira no futebol e de Duda na administração engrandece o clube?

Em meio ao bate-boca, que promete baixar de nível nas próximas semanas, a exemplo do que vai ocorrer nas eleições para presidente e governador, temos a equipe ainda indefinida, instável, no oitavo mês do ano.

É difícil que as questões políticas não acabem agravando a situação do time.

Não é exagero, nem pessimismo, projetar que do jeito que a coisa vai o Grêmio irá fracassar na Sul-Americana, onde a direção concentra suas atenções agora pensando na vaga à Copa Libertadores, e também no Brasileiro, com o risco de cair mais uma vez para a segundona.

No final, a maior vítima do combate ao ‘anti-cristo’, da guerra de vaidades, na luta desmedida pelo poder e da lamentável ruptura interna do clube, quem sofre as conseqüências é a instituição Grêmio com toda a sua imensa torcida.

E vocês sabem quem está se divertindo com esse quadro pincelado com as cores da incompetência, omissão e da leniência…

O fim está próximo, irmãos!

O Grêmio jogou como nunca e não venceu como sempre. A frase é exagerada, quase tão exagerada quanto os discursos ufanistas que ouvi do vestiário tricolor após o 0 a 0 no Beira-Rio.

Dos jogadores, passando pelo Aprendiz, até a direção, o que se ouviu, em linhas gerais, é de o time está começando a ficar ajeitado, agora no novo esquema com três zagueiros, e que a partir disso as vitórias irão ocorrer naturalmente.

Tudo isso poderia ser dito, sem qualquer oposição, uns três ou quatro meses atrás, mas não hoje, quando ingressamos no oitavo mês do ano, com o Campeonato Brasileiro a pleno e com o Grêmio na zona de rebaixamento.

Se alguém quiser se iludir, que se iluda. Mas eu repito o que venho pregando qual um desses alucinados pastores de seitas na rua da Praia: o fim está próximo. Por enquanto, o rebaixamento é apenas uma tendência, mas o clube se aproxima a cada rodada do abismo da segunda divisão.

Não resta dúvida – penso que até os colorados menos fanáticos, incapazes de cortar a água do vestiário do time visitante como aconteceu mais uma vez no Beira-Rio neste domingo – de que o Grêmio foi o time que mais chances de gol criou, que mais esteve próximo da vitória.

E não poderia ser diferente: o Grêmio jogou com sua força máxima – ao menos dentro dos (des) critérios do Aprendiz e dos Doutos do Olímpico – contra o time misto do Inter.

O goleiro Renan fez duas grandes defesas (chute do Maylson e cabeceio do Hugo), enquanto Victor fez apenas uma.

A oportunidade mais clara de gol foi do Grêmio: no primeiro tempo, o Centroavante Pigmeu recebeu a bola redondinha, livre na marca do pênalti, implorando para beijar a rede do goleiro Renan. O Centroavante de Futebol de Botão chutou para fora. Era a bola do jogo.

No mais, foi um jogo horrível, truncado, com pequenas faltas de ambos os lados.

O Inter, mais preocupado com o SP, e bem que faz, estava no seu papel. Só não podia perder, mesmo sem seis titulares, diante de sua torcida.

A responsabilidade de buscar a vitória cabia ao time que não vence há horas e que continua na zona de rebaixamento.

O que fez o Aprendiz?

A primeira substituição: Mailson marcava e aparecia na frente sempre que possível, e quase fez um gol. Ele NÃO poderia sair do time. Edmilson entrou no seu lugar (seis por meia dúzia). O certo era sacar Ferdinando, passando Maylson para o meio. O time ganharia qualidade no meio, marcação e chegada à frente.

A segunda substituição: Souza no lugar de Borges. O Pigmeu, apesar de estar mal, até porque a marcação colorada era muito forte, deveria continuar. Souza poderia ter entrado no lugar de Ferdinando (que continuava trombando em campo). É claro que o meio ficaria mais vulnerável, mas nem tanto assim, porque o Inter teria mais preocupação em sua defesa. O Grêmio veria aumentada suas chances de vitória. Mas Silas, assim como Roth, e os técnicos de modo geral, na hora que aperta só pensam em salvar sua própria pele. Então, vamos ousar, mas não muito.

Roth interrompeu sua séria de vitórias seguidas, com atenuante de que escalou time misto, enquanto o Aprendiz garantiu seu emprego sob proteção dos Doutos do Olímpico pelo menos até a próxima rodada, sábado, contra o Fluminense.

Para repetir os pregadores da rua da Praia: o fim está próximo, irmãos.

Causas da crise gremista

Sempre que alguém me pergunta o que está acontecendo com o Grêmio, eu vacilo, olho pro lado, assobio, e tento seguir em frente ou mudar de assunto.

Se insistem, peço mais um chopp e arrisco uma explicação com base na minha experiência como repórter esportivo e observador das coisas que envolvem a dupla Gre-Nal há mais de 30 anos.

Assim, ouso enumerar aspectos importantes e que ajudam a explicar o que está acontecendo no clube já há alguns anos:

1 – um quadro social influenciável por velhos caciques, vencedores no passado e que hoje, em boa parte, estão afastados, só aparecendo em determinados momentos, como em processos eleitorais, a exemplo do que aconteceu na última eleição, para alçar ao comando os seus escolhidos;

2 – um corpo de conselheiros acomodados, em sua grande maioria, e que fazem qualquer coisa para não perderem seus postos, mesmo que isso resulte em prejuízo do clube que dizem amar, que consideram sua religião, etc. São as vaquinhas de presépio, que dizem amém ao que dita a diretoria, embora, muitas vezes, fora das assembléias, se transformem em touros sanguinários criticando (em blogs e programas de rádio e TV) duramente determinados dirigentes, em especial aqueles não afinados com o seu grupo;

3 – um clube dividido em vários grupos, uma colcha de retalhos mal costurados. Gente que se aglutina algumas vezes por interesses partidários (PT, PMDB, DEM, PC, etc), afinidade pessoal, e principalmente em torno de determinados caciques, como ex-presidentes, muitas vezes até por uma questão de gratidão a quem os indicou para o Conselho Deliberativo ou para algum cargo na diretoria;

4 – uma diretoria composta por integrantes de grupos que lhe dão sustentação política, como se o clube fosse um órgão público, onde o comando é loteado para satisfazer a ânsia de poder e de vantagens dos partidos. Então, acontece de existir numa mesma diretoria gente que não se suporta, gente mais preocupada em ocupar espaço e puxar o tapete de ‘colega’. É onde ciúme e vaidade são sentimentos comuns, superando em muito o espírito de doação, de abnegação e de um autêntico interesse de servir. Em função disso, acontece de pessoas despreparadas (por vezes desonestas, o que no futebol até pode ser virtude no futebol dos dias que correm desde que não sejam também incompetentes) assumirem cargos importantes, contribuindo para o fracasso;

5 – o grupo, ou os grupos, que por ventura ficam de fora dessa diretoria ‘frankestein’ ainda tentam disfarçar, mas em alguns casos, talvez na maioria, torcem descaradamente pelo fracasso de quem está no poder, não raro repassando informações à mídia que comprometam a gestão, colocando gasolina no fogo.

6 – é importante frisar também que os clubes de futebol atraem todo o tipo de pessoas, nem todas bem-intencionadas. O volume de dinheiro que gira no futebol é um chamariz e pode seduzir até mesmo indivíduos que nunca cometeram deslize ético ou moral. Ao mesmo tempo, os clubes, em especial os grandes como o Grêmio, podem servir de vitrine e trampolim profissional e político, desde que o indivíduo tenha sucesso como dirigente, é claro. Caso contrário, perde o clube e perde o sujeito que pretendia usar o clube como alavanca profissional, política ou comercial;

7 – agora, tudo o que está referido acima (que existe também no Inter e em outros clubes em maior ou menos intensidade) cresce ou diminui de importância se o clube tiver no comando pessoas realmente capazes, conhecedoras de futebol, aptas a exercer o poder com autoridade, sem desprezar o diálogo, com capacidade de aglutinação e liderança, mas acima de tudo com personalidade e pulso firme diante de situações difíceis. Dentro do regime presidencialista que caracteriza o clube de futebol em geral, quem dá o tom, como o maestro que rege os músicos, é o presidente.

Cabe ao presidente escolher seus comandados, seus músicos. O problema hoje é que cada ‘partido’ da tal sustentação tem nomes a indicar, e ai do presidente que ignorar as indicações.

O clube é sempre o reflexo de quem o preside; se o presidente for apático, sem força e vontade para mudar o rumo das coisas, do tipo ‘laissez faire,laissez passer,le monde va de lui-même’, que significa mais ou menos ‘deixai fazer,deixar passar,o mundo caminha por ele mesmo’, o presente se torna tumultuado e o futuro sombrio.

Um presidente desse tipo pode afundar o mais poderoso dos clubes de futebol.

O que escrevi talvez não explique tudo, mas não tenho dúvida de que ajuda a entender não apenas o atual momento do Grêmio, mas o que aconteceu nos últimos anos e o que ainda pode ocorrer se não houver uma mudança ampla e profunda no clube, que, ainda por cima, vive uma crise de bons nomes para assumir cargos de comando.