A arbitragem na Copa e o caso Mário Fernandes

A arbitragem contribuiu fortemente para decidir dois classificados às quartas de final, ambos candidatos ao título: Alemanha e Argentina.

Dentro dessa lógica, o Brasil vai ser beneficiado contra o pobre Chile, se for necessário. O mesmo em relação a seleção da Holanda, que até agora foi a equipe que apresentou o futebol mais equilibrado e regular de todas.

Sobre a escandalosa arbitragem de Argentina 4 x 1 Inglaterra eu já escrevi, inclusive projetando que o México poderia surpreender a Argentina, outra que a mim não convence.

O México foi garfeado. A Argentina foi beneficiada em todos os jogos da Copa. E levou gol em todos os jogos. Hoje, com um pouco mais de sorte e sem a arbitragem contra si, o México poderia ter vencido os argentinos, mandando Maradona e seus Maradonetes mais cedo pra casa.

Quem viu o jogo sabe do que estou falando. O México teve mais posse de bola, mais conclusões, mais escanteios. Só não teve uma arbitragem (agora italiana) neutra.

O gol de Tevez, que abriu o placar, é de concurso. Nem na várzea mais varzeana um gol desse passa. Até a imprensa argentina apontou o erro grosseiro.

E pensar que a nata da arbitragem mundial está na África do Sul…

Depois, o zagueiro mexicano deu uma entregada maravilhosa e o Tevez acertou uma patada de fora da área. Tevez jogou muito. Só Maradona não viu, tanto é que o sacou, ajudando o México. Tevez saiu bronqueado com seu ‘treinador’, que mais parece o Nelson Ned gesticulando à beira do campo enfiado naquele terno apertado.

Então, temos Argentina x Alemanha, bem mais interessante que México x Inglaterra…

SAIDEIRA

O caso Mário Fernandes.

O jogador saiu de campo em Rivera, onde o Grêmio bateu o Nacional por 3 a 1, reclamando que Silas falou primeiro para a imprensa que ele passaria a disputar posição na lateral-direita. Mário reiterou que aceita, mas que prefere a zaga.

O jogador mais valorizado do clube vai para a reserva. E o sr Meira acha isso muito natural, nem questiona a decisão do Aprendiz.

Na coletiva, o sr Silas foi arrogante e prepotente. Ele disse que não tem de dar satisfação ao atleta.

Diante da insistência de um repórter sobre o assunto, ele sugeriu que o referido profissional poderia ter uma “parte no passe” de Mário.

Bem, se esse tipo de coisa passa pela cabeça do Aprendiz…

Freud explica, Freud explica. Aí tem coisa.

Meu avô já dizia: quem mal não pensa, mal não faz.

A manifestação medíocre e leviana do técnico gremista permite que se possa suspeitar que ele, ao indicar jogadores medianos, inclusive escalando um de titular (Ozeia) que ele tenha algum tipo de participação obscura nos negócios.

Permite supor, também, que a decisão de colocar Mário Fernandes na reserva não é meramente técnica. Mas é claro que Silas, conforme ele fez questão de frisar durante a entrevista, é um homem honesto. Apenas não é um bom treinador de futebol, ao menos na minha opinião. E pensar que eu defendi sua contratação.

E assim vai a nau tricolor rumo ao seu iceberg.

O erro de meio metro e a vitória da Adidas, digo, da Alemanha

Torci pela Alemanha contra a Inglaterra. Mas a partir dos 38 minutos de jogo virei casaca. Não pude suportar o erro colossal do árbitro Jorge Larrionda, um erro tão grande que fica difícil, ao menos pra mim que vejo chifre em cabeça de cavalo a todo instante, aceitar como algo natural, mais um simples erro humano.

A bola chutada por Lampard cruzou quase meio metro a linha da goleira. Impossível que o bandeirinha Mauricio Espinosa não tivesse visto. Até mesmo o uruguaio Larrionda tinha condições de assinalar o gol.

Depois de 44 anos, a vingança alemão. Em Wembley, na final da Copa do Mundo de 1966, aos 11min da prorrogação, o atacante inglês Hurst dominou após cruzamento na área e chutou. A bola bateu no travessão, caiu sobre a linha e voltou. Para desespero dos alemães, o árbitro suíço Gottfried Dienst confirmou o gol inexistente. A Inglaterra, dona da casa, dona da festa, foi campeã.

Agora, o castigo cruel para os ingleses.

Não sei até que ponto não há o dedo, a mão e tudo mais da Adidas, patrocinadora da Copa, fabricante de polêmica bola que parece de plástico.

Há um lance logo no começo de jogo que pode ajudar a entender o que houve. Rooney escapou livre para fazer o gol. O bandeirinha tão distraído no gol de Lampard marcou impedimento. A bola, porém, havia batido num alemão, que deu condições para o atacante inglês. Foi na cara do Larrionda.

Lembrei disso quando ele não validou o gol que seria o empate da Inglaterra e que poderia mudar toda a história do jogo.

No segundo tempo, perdendo por 2 a 1, a Inglaterra se mandou para o ataque. Em dois contra-ataques de extrema velocidade e eficiência, resultado de muito treinamento, por certo, a Alemanha liquidou a partida.

Ouvi elogios desvairados aos alemães, em especial do Caio, da TV Globo.

Não há dúvida de que a Alemanha tem um time forte, competitivo e que, se tiver espaço para contra-atacar, torna-se quase imbatível. Não vi nenhuma seleção jogar com tanta eficiência quando tem espaço na frente. Uma ressalva: apertada depois de fazer 2 a 0, a Alemanha mostrou fragilidade e só não foi para o vestiário com o 2 a 2 graças à arbitragem calamitosa dos uruguaios.

A Alemanha se classificou, e isso é o que importa. O futebol está marcado por injustiças, e a vida segue.

Se a Argentina passar pelo México – é favorita, mas no futebol tudo pode acontecer como se viu nesse jogo do sr Larrionda – terá pela frente a Alemanha da Adidas.

Ah, o que a Fifa fará em relação ao sr. Larrionda e seu fiel bandeirinha?

Um erro desses de meio metro não pode ficar impune.

SAIDEIRA

Acho que está na hora de a Fifa, êta entidadezinha manipuladora essa, introduzir tecnologia para evitar esse tipo de barbaridade. Ah, mas ela prefere ficar com o tal erro humano. Por que será?

Mata-mata na Copa e a prorrogação de Carlos Simon

Pela primeira vez eu torci nesta Copa. Torci para o Uruguai. Vibrei com o gol do bom atacante Suárez, que deu a vitória aos nossos vizinhos.

O Uruguai tem tudo para avançar ainda mais na competição. Na quartas, enfrenta Gana. O time africano tem muita imposição física, velocidade, mas não acredito que possa superar o time uruguaio, que pode chegar à semifinal e a partir daí tudo pode acontecer.

Não consigo imaginar o Uruguai campeão, mas que o caminho está aberto para ficar entre os quatro melhores, está. E isso já será um grande feito para o país. Torço pelo Uruguai.

No outro jogo, torci pelos EUA.

O lance emblemático do jogo foi o gol da vitória dos africanos. A bola foi lançada para um zagueiro de Gana, que mais parecia um armário com duas pernas.

O zagueiro número 3 dos EUA acreditou que se jogasse o corpo em cima do adversário poderia matar a jogada, quase na risca da grande área.

Então, ele foi com tudo em cima do armário. O máximo que o norte-americano conseguiu foi que o jogador de Gana ganhasse mais impulso para matar no peito e fuzilar o goleiro.

Quero dizer que o zagueiro branquela faz isso no Luís Fabiano, por exemplo, o atacante brasileiro vai parar perto da linha lateral. O Nilmar seria jogado na arquibancada.

Se fosse comigo a trombada da jamanta norte-americana, partes do meu corpo poderiam ser encontradas na carrocinha do pipoqueiro, fora do estádio.

Já o negrão de Gana não sentiu nem cócega. Acho que esse o Loco Abreu encara.

SAIDEIRA

Agora, como é bom o mata-mata. Até um jogo entre EUA e Gana fica emocionante. Eu ainda espero ver o mata-mata de volta ao Brasileirão.

E a prorrogação, então? A adrenalina dos jogadores em campo aumenta e contagia até quem está diante da TV no outro lado do planeta.

Não pude deixar de lembrar do Carlos Simon durante a prorrogação deste sábado. Lembrei daquela decisão de Gauchão, Inter x 15 de Campo Bom, em que o Simon contou 30minutos cravados, sem descontar sequer a transição do intervalo, e ficou por isso mesmo. Um escândalo.

Fiquei me perguntando – e encaminho a pergunta aos parceiros do boteco – se ele, o Simon, faria o mesmo em jogo da Copa do Mundo?

Torço para que Simon tenha essa oportunidade na Copa.

Encontrei uma motivação a mais para seguir assistindo aos jogos.

Minha primeira Copa no 'exterior'

Já no elevador ao deixar o hotel em SP na manhã desta sexta-feira, deparei num casal vestido de amarelo, só faltavam as bandeirinhas. Estas sobravam no saguão do hotel, e também na sala do café. Uma TV de 42 polegadas, em volume alto, sintonizada na Globo, reforçava o clima festivo. Uma alegria irritante no ar.

Peguei um taxi, também decorado de verde-amarelo. Eram 10h e eu tinha de visitar uma parente da titular antes de voltar para a república do pampa. Era num bairro a caminho do aeroporto, o Brooklin, longe como tudo em SP.

No caminho, pensava como é a vida: naquele momento, e também agora, eu estaria envolvido com a Copa trabalhando no CP. Nem em sonhos poderia pensar em viajar para o Brasil.

No entanto, naquele momento, eu estava ali, indiferente ao Mundial e só não alheio completamente porque gosto de futebol e também porque o ambiente todo lembrava a Copa e o jogo que haveria em seguida contra Portugal.

A vida é bela, afinal, pensei. Longe do estresse de fazer jornal. Pensava nisso quando chegamos. O parente estava vestido com o uniforme da seleção brasileira, só faltava a chuteira.

Assisti ao primeiro tempo na casa do casal e de amigos dos anfitriões. Para matar a fome, eles compraram sanduíche a metro. Sério. Dois sandubas de um metro cada.

Pela primeira vez eu assistia a um jogo de Copa no exterior, ou seja, no Brasil. Eu fazia de conta que também estava entusiasmado, mas acho que não enganei ninguém.

Um paulista me perguntou lá pela metade do segundo tempo, depois que eu disse que um atacante de Portugal havia sofrido pênalti, empurrado pelas costas pelo Gilberto Silva. “Ele mal tocou no português”, resmungou ele, “não foi nada”. Eu retruquei, não ia me mixar pro paulista (me lembrei da propaganda da Polar, do gaúcho dizendo ‘xispa daqui’).

Aí, ele perguntou se estava torcendo pelo Brasil. Eu disse que era indiferente e ficou por isso mesmo. ‘Só torço pelo Grêmio e pelo Avenida”, enfatizei.

Felizmente, saí no intervalo para pegar o avião. Trânsito tranqüilo, ruas quase deserta. Estava ansioso para deixar o Brasil e voltar aos pagos.

Só de sacanagem, entreguei meu passaporte no chequin. A balconista, muito gentil e meiga, disse que não havia necessidade. É só para viagem ao exterior, ela ensinou, muito educada. E custou a entender quando eu comentei, abrindo um sorriso, para demonstrar minha felicidade, carregando no sotaque gaudério:

“Pois é, estou voltando para o meu país, o Rio Grande do Sul’.

Pelo que vi do primeiro tempo, o Brasil mereceu vencer. No segundo, só consegui observar alguns lances, havia poucas TVs no Congonhas e eu estava meio atrasado.
Sinceramente, acho que não perdi nada.

Acho que ninguém perde nada deixando de assistir aos jogos do Brasil.

Não há encanto, arte, magia, criatividade. O Brasil ficou igual aos outros. Previsível. Só a Argentina ainda tem momentos daquele futebol que eu gosto.
Mas ainda fico com a Holanda.

SAIDEIRA

Walter está deixando o Inter. Parece que andou aprontando de novo. Desse jeito, apesar de muito bom atacante, logo estará jogando em times de segunda categoria. Pena.
SAIDEIRA

O Aprendiz decretou que o grande Ozeia é titular na zaga gremista, e que Mário Fernandes terá de disputar lugar na lateral.
Tudo o que eu tinha a dizer sobre esse treinador eu já disse.

FECHANDO A CONTA

Fui num bar muito legal no centro, Ipiranga com Avenida São João (lembrei da música Sampa do Caetano), o Bar Brahma. Lotado, muito chopp e de quebra um show do Guilherme Arantes. Isso na quarta-feira.

Ontem, fui conhecer os botecos da vila Madalena, lugar da boemia. A Cidade Baixa deles.

Agora, tudo é mais caro. Dá muito estrangeiro ali, europeu, norte-americano e até gaúchos.

Uma caipira de cachaça comum: 13 reais. De vodka boa: 16 reais. Chopp é cinco pilas pra cima. O outro alimento, os sólidos, também são muito mais caros em comparação com POA. Decidi que não reclamo mais dos preços daqui.

Estou pensando num reajuste nos preços do boteco…

Força máxima e nova humilhação

Não me lembro de ter visto o futebol sul-americano ir tão bem numa Copa do Mundo.

O futebol que abastece de mão de obra o primeiro mundo juntou seus ciganos, seus andarilhos, e se revela forte, mais do que se poderia imaginar.

Brasil e Argentina são sempre candidatos, normalmente favoritos.

Já Uruguai, Chile e Paraguai estão na série B do futebol mundial. É com alegria que vejo o Uruguai se encaminhando para disputar as quartas de final. Na próxima fase, pega a Coreia do Sul. Tem tudo para passar.

A Argentina deve patrolar o México. Agora, tudo pode acontecer nesses jogos. A tendência é de que os nossos hermanos passem. O mesmo deve ocorrer com o Brasil, se não pegar a Espanha.

Se o adversário for a Espanha, aí complica.

Por outro lado, lamentável o que aconteceu com a França. Finalista da última Copa, classificada na “mão grande” para este Mundial, a França foi um fracasso.

Seu técnico, o tal de Domeneche (que me lembra um filme, e uma música, da década de 60, dominique, se recusou a cumprimentar o Parreira depois de perder para os africanos). Aí eu comecei a entender o clima belicoso no vestiário francês.

SAIDEIRA

O sempre atento Francisco manda a seguinte notícia, publicada em SP:

“São Paulo, SP, 21 (AFI) – No início da tarde de hoje, 2a. feira, 21, o prefeito Gilberto Kassab promoveu reunião SECRETA na Prefeitura de São Paulo. O Portal Futebol Interior teve acesso a informações exclusivas relativas à um plano para a construção de um estádio para o município, após o veto ao Morumbi.

Este novo palco seria escolhido pela CBF e pela Fifa para mandar os jogos da Copa do Mundo de 2014 e, no final, ficaria de uso praticamente exclusivo do Corinthians, como acontece no Rio de Janeiro com o Engenhão, “arrendado” pelo Botafogo.
Objetivo: viabilizar o Estádio Piritubão.

Presentes: pela Federação Paulista de Futebol, o vice-presidente Mauro Marques, manjado lobista ligado ao PT (Partido dos Trabalhadores).

E diretores da Empreiteira Andrade Gutierrez, a terceira maior do país. A primeira é a Odebrechet, a segunda a Camargo Correa, que teria pago propinas a Roque Citadini. A terceira é a mineira Andrade Gutierrez.”

É por essas e outras que sou contra a Copa no Brasil.

A escolinha do prof. Roth

Frase do professor (é assim que os jogadores chamam os treinadores) captada hoje no treino aberto do Grêmio na manhã de hoje, quando ele dava uma bronca no aluno Douglas Costa, que não teria feito determinada jogada envolvendo Maxi Lopes:

– Velocidade é a única coisa que você tem. Tu estás fisicamente aqui, mas parece que não está interessado. A cabeça não está aqui. Você acha que sabe tudo, mas não sabe m… nenhuma.

Se faz isso em público com um garoto, uma patrimônio do clube, um jogador que a direção pensa em vender (se pagarem bem) para pagar dívidas e contratar outros Maxis da vida, o que ele não faz nos treinos fechados (começo a entender o por quê dos treinos secretos) e no vestiário?

Cola um esparadrapo na boca dos jogadores, como fez aquela sua ‘colega’, a professora de Caxias do Sul, que é, aliás, de onde veio esse profissional?

Em primeiro lugar, se eu fosse dirigente do Villarreal desistiria do garoto, porque ele não passa de um velocista, segundo a voz abalizada de Roth. Sendo assim, Roth teria feito um bem para a torcida, que quer o jogador disputando a Libertadores.

Por outro lado, ficando aqui, com Roth, Douglas dificilmente entrará no time. Então, a torcida perde, o time perde e o clube perde. Perde porque fica sem o dinheiro para aliviar as finanças.

Não é a primeira vez que Roth expõe seu estilo turrão e desrespeitoso. Talvez até Douglas Costa esteja mesmo desatento, mas não justifica esse ataque do professor. É claro que o técnico não precisa tratar os jogadores como mocinhas, mas também não tem o direito de expô-los a situações de constrangimento (nem público nem reservadamente), como ocorreu nesse caso.

Cada vez mais firmo a ideia de que Celso Roth está pedindo para ser demitido.

A torcida já o demitiu.

A direção, ao que tudo indica, vai morrer abraçada.

O problema é que agindo assim ela leva junto para o abismo milhões de gremistas, enquanto o ‘professor’ Roth, com os bolsos cheios de dinheiro, em pouco tempo estará ‘ensinando’ em outra freguesia.

A pátria de chuteiras


Diante de todo esse clima patriótico envolvendo a Seleção Brasileira, lembro a frase do grande Nélson Rodrigues, que dizia mais ou menos assim: a Seleção é a pátria de chuteiras.

Mas escrevo para falar de outra frase, esta sim que remete à pátria amada, porque tem a ver com as coisas que realmente importam: nosso presente e, principalmente, nosso futuro.

A frase é a seguinte:

“Hoje, mais do que fazer uma pauta de reivindicação pedindo mais aumento, temos que contribuir para que as empresas vendam mais”.

Um chopp para quem adivinhar que é o autor dessa pérola neoliberal. O Sarney, o Gerdau, o Collor, o Paulo Skaff (presidente da Fiesp)?

A frase é do Lula. Sim, do Lula.

E foi expelida dia 27 de março, diante de uma plateia de empresários do ramo da construção civil pelo grande líder petista, o mesmo que presidiu o Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema (1975 a 1981).

Mais de dois terços das categorias profissionais do setor privado têm data-base em maio e já começam a negociar sua pauta com empresários, segundo o Dieese (Departamento Sindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).

Dito isso, remeto a artigo escrito por Milton Temer.

Ele começa falando sobre Alexandra Kolontai, revolucionária russa, que foi nomeada por Lênin para ser embaixadora na Suécia. Lá chegando, foi interpelada por uma jornalista, numa coletiva:

“Como se explica que eu, filho de um operário, me veja na condição de social-democrata, enquanto a senhora, filha de um general czarista, se transforma em líder bolchevique?”

Kolontai não hesitou, e desmontou o inquisidor com a resposta: “Isto se explica porque somos, ambos, traidores de classe”.

E agora segue trecho do artigo de Milton Temer, jornalista e presidente da Fundação Lauro Campos:

Essa historinha de tempos heróicos, difíceis de imaginar no tempo em que vivemos, me ocorreu por conta da brutalidade das últimas declarações de Luiz Inácio Lula da Silva, em uma de suas incontáveis aparições públicas, onde discursa para criar manchetes de jornal.

Não; não estou me referindo aos vilões de pele branca e olhos azuis. Quem tem que comentar tal deslize com mais propriedade é João Pedro Stédile, que bate na trave da descrição presidencial sobre os responsáveis pela crise gerada com a hegemonia do sistema financeiro privado sobre a economia globalizada. Ou o humanista Leandro Konder, com uma vida dedicada ao combate intelectual sem tréguas ao capitalismo.

Estou me referindo ao absurdo do comício em que Lula conclamou os trabalhadores a, diante da complexa conjuntura atual, abrir mão do direito de reivindicar justa participação salarial na riqueza que produzem. “Hoje, mais do que fazer uma pauta de reivindicação pedindo mais aumento, temos que contribuir para que as empresas vendam mais” foi o que ele afirmou, sem corar, na Feira de Construção Civil (dia 27 de março).

O artigo completo pode ser conferido no site: www.socialismo.org.br

Dunga e Roth, a gente merece

Há um clima de histeria envolvendo o jogo do Brasil contra a poderosa seleção do Peru.

Fosse um jogo contra a Argentina ou o Uruguai, tudo bem. Mas contra o Peru, lanterninha das eliminatórias?

Passei em frente ao Beira-Rio hoje, rumo à zona sul da Capital. O meio fio todo pintado, alguns quilômetros, de verde-amarelo. À tarde, trânsito congestionado por causa do treino da Seleção.

Por dever profissional, terei de assistir ao jogo nesta quarta-feira. Caso contrário, faria outra coisa qualquer. Alugaria um DVD ou veria alguns episódios da série House.

A única coisa boa disso tudo foi saber que Ronaldinho Gaúcho não escapou de vaia no treino da Seleção. Pato, por sua vez, foi festejado por 9 entre 10 garotinhas. Merece. Saiu com dignidade do Inter.

Gostei também da postura do repórter Marco Antonio Rodrigues, comentarista do Sportv, questionando o tecnico Dunga durante o programa “Arena Sportv”. Confira o diálogo:

Marco Antonio Rodrigues: “O pais inteiro viu a seleção jogar mal. Não é melhor o técnico chegar e falar que realmente jogou mal?”

Dunga: “Nâo falamos o contrário. Quem aqui falou o contrário?” Marco
Antonio Rodrigues: “Você. Em nenhum momento, na entrevista coletiva apos o jogo, você reconheceu que jogou mal”.

Dunga: “Ninguém perguntou”.

Melhor que isso foi a entrevista do Celso Roth na rádio Guaíba, na qual ele revela que seu sonho é treinar a Seleção Brasileira.

Sem mais palavras.

As explicações de Roth

O que será pior, ver os gols perdidos do Grêmio ou as explicações de Celso Roth para não usar Douglas Costa?

Depois da vitória sobre o São Luiz por 2 a 0 num jogo em que Makelele foi o melhor em campo, o que mostra a pobreza técnica da equipe, Roth disse que está seguindo o planejamento e que tudo está dando certo.

O Grêmio está vencendo seus jogos, afirmou, enchendo a boca na entrevista coletiva. Nenhum repórter lembrou que está vencendo, claro, mas vencendo os times mais fracos. Contra o Inter foi aquilo que se viu. E a Libertadores não será decidida por equipes como o Boyacá ou o Aurora.

Por que não colocar Douglas Costa. Ah, temos de dar ritmo de jogo ao Jonas e ao Reinaldo. Bem, o primeiro está jogando e com bom ritmo. O segundo, sim, precisa jogar mais. Merece até ser titular, como venho dizendo há tempos.

E o Douglas Costa, que Roth elogia tanto, mas aquele elogio que a gente percebe não ser sincero, não precisa de ritmo?

Atacantes o Grêmio têm de sobra, nenhum matador como o Mendes, só pra citar um aqui bem próximo e que custa barato. Agora, quem o Grêmio tem para o lugar do Souza, por exemplo? Ou do Tcheco?

Douglas Costa é o único tecnicamente apto a substituir esses dois meias de criação. Se não ele, o Maylson, que também não tem chance de jogar e pegar ritmo.

Quer dizer, a justificativa, que debocha da nossa inteligência, sabe só para os atacantes.

Então, como disse uma torcedora com muita lucidez ao final do jogo, pela rádio Guaíba, “o Celso Roth é um bom técnico, mas é muito teimoso. Com ele, nós não iremos ganhar a Libertadores. Fora Roth”.

Copa do Mundo, a Seleção e suas frescuras


Quem me lê há mais tempo sabe que a Seleção Brasileira é uma coisa que não me interessa. Assisto aos seus jogos com o envolvimento emocional de um serial killer diante de sua décima vítima.

É claro que há exceções. E nelas normalmente torço contra. Até no clássico contra a Argentina me pego torcendo pelos hermanos. Talvez por causa do tango. É algo doentio, mas conheço muita gente que sofre do mesmo mal. Ou bem.

Por favor, não me falem em falta de patriotismo.

O empate contra o poderoso Equador, uma seleção repleta de estrelas de primeira grandeza do futebol mundial, me deixou frustrado. Torcia por uma derrota. Olhai, tive algum envolvimento com o jogo.

Feita a introdução, vamos ao que interessa: Copa do Mundo no Brasil. Sou contra.
Por conseqüência, sou contra Copa do Mundo em Porto Alegre.

Na sexta-feira, no programa Terceiro Tempo (vou lá nesse dia, todas as semanas) da Guaíba, o Haroldo de Souza, o melhor narrador que conheço, disse que queria a Copa aqui porque ela traria consigo um metrô.

Haroldo acredita nisso, assim como acredita que Ronaldo voltará a jogar seu grande futebol. É um otimista. Invejo tanto otimismo.

Mas não creio que se construa um metrô, mesmo que seja até o Beira-Rio, até 2.014. Ainda mais se for subterrâneo, como se projeta. Não sou geólogo, mas como construir um metrô subterrâneo numa área arenosa, roubada do rio? Sim, é rio, até por uma questão poética.

Bem, outra coisa: a delegação brasileira não conseguiu pousar hoje, as cinco da matina, por causa da neblina. O avião pousou em Floripa. Depois, com o céu aberto, às 9 e 30, chegou, para delírio de torcedores e coleguinhas deslumbrados e cansados. Sei que teve gente que madrugou no aeroporto.

Agora, como pode pretender sediar uma competição de tão grande porte uma cidade cujo aeroporto não tem equipamento que permitam pousos mesmo sob neblina? Acho que a primeira providência, aproveitando o gancho da Copa, é conseguir esse equipamento.

Hoje, tem treino no complexo da Puc. Soube ontem que será blindado. Só alguns eleitos poderão ter acesso a esse treino. Será que não vão mesmo abrir para a torcida, para os jovens que ainda se encantam diante da amarelinha?

Esse é um dos motivos que levam a ser absolutamente indiferente à Seleção.

É frescura demais. Fora outras coisas que acontecem na CBF e seu entorno.

E depois, tem aquela narração ufanista do Galvão.