O gol de Nilmar, dando um balãozinho no zagueiro e batendo no canto esquerdo sem deixar a bola cair no chão (lembrando Pelé na Copa de 1958), foi a cereja do grande jogo disputado no Alfredo Jaconi.
Cada vez que vejo Nilmar em ação, mais estranho aqueles que o criticam ou que pedem por um atacante bom, mas comum, como Alecsandro.
O Juventude começou o jogo passando um atestado de inferioridade em relação ao Inter. Sou da opinião que todo o time que começa batendo para se impor está admitindo a superioridade do rival e, na intimidação, busca equilibrar uma disputa.
A entrada de Zezinho no zagueiro Álvaro no começo do jogo foi o cartão de visitas de um Juventude mordido pelos 8 a 1. Na arquibancada, a torcida do Ju, pouca gente diante da grandeza do jogo, parecia que estava numa arena da Roma antiga. Queria sangue. Do outro lado, os colorados pedindo outra goleada.
Era um clima de clássico, quase de Gre-Nal. Está bem, como dizem alguns coleguinhas, de certa forma foi um Gre-Nal, porque o Ju, segundo os colorados, é filial do Grêmio.
O gol de Mendes – aliás, se Mendes falasse espanhol talvez tivesse sido contratado pelo Grêmio para disputar a Libertadores – fez justiça ao esforço do time comandado por Gilmar Iser, que fazia de tudo para neutralizar a melhor técnica do Inter.
Aí, mérito para Iser. Seu time é inferior, mas por estar bem estruturado e com algumas jogadas rápidas e, principalmente, uma bola aérea perigosa, soube conter a melhor equipe do Gauchão, terminando com os 100% de aproveitamento returno.
Na sexta-feira, na rádio Guaíba, programa Terceiro Tempo, e na redação do CP, comentei que o Inter teria seu maior teste, porque pegaria um Ju em crescimento sob o comando de Gilmar.
Andrezinho empatou com um belo gol, em jogada tramada do Inter. Outra prova da melhor técnica colorada.
Colorados gritaram: “Agora, faltam sete gols”, provocando os caxienses e a colega Mariana Oselame, que viajou a Caxias para ver o jogo e torcer pelo ídolo, o Mendes.
Aos 28, o golaço de Nilmar, virando o jogo.
O Juventude empatou seis minutos depois, após Ivo (outro bom jogador) sofrer pênalti, cometido por Sandro, que foi expulso no lance. Mendes, claro, fez o gol.
No segundo tempo, o Inter foi para cima e por pouco não marcou de novo. Aos 19, Juan Perez, aquele que levou o balãozinho de Nilmar, aparou cruzamento da direita, após escanteio, e cabeceou para rede: 3 a 2. Nesse lance, o melhor cabeceador do Inter, Índio, estava atracado em Mendes. O que facilitou para o zagueiro do Ju.
Pouco depois, Nilmar, o melhor do jogo, foi seguro na área por Walker (este jogador estava sendo atendido fora de campo no segundo gol do Inter, o de Nilmar), que nem reclamou quando o Fabrício Correa (de boa atuação a meu ver, com alguns erros, mas grande parte de acertos, em especial nos lances decisivos) marcou o pênalti. Nilmar cobrou: 3 a 3.
Também na sexta-feira, projetei que se o Ju confirmasse o que eu imaginava, enfrentasse o Inter com dignidade e não perdesse, logo, logo, Gilmar Iser, revelação de treinador neste campeonato, estaria no Grêmio.
Questão só de tempo.
Ah, se o Grêmio for para o mata-mata com o Ju, será eliminado.