Patrolada e a divisão de méritos

O que leva um colunista esportivo a escrever algo como o Grêmio vai “patrolar” o Prudente logo mais à noite no Olímpico?

Quando li num jornal de hoje essa pérola de texto que serve apenas para incendiar o vestiário do time visitante, me lembrei imediatamente de manchetes que menosprezavam o adversário da dupla Gre-Nal.

Cansei de ver o técnico rival usar esse tipo de material para estimular ainda mais seus jogadores.

– Olha aqui o que esses gaúchos estão dizendo de nós. Vamos mostrar pra eles quem é a galinha morta…

Posso imaginar o técnico, ou um dirigente, cuspindo fogo, olhos esbugalhados, e os jogadores reagindo como trogloditas enfurecidos.

O resultado é que o adversário jogava a vida e até a morte, e normalmente complicava o jogo para a dupla.

O fato é que o Grêmio não tem time para ‘patrolar’ ninguém. Todas as vitórias que o time teve até agora foram obtidas com muita luta, muito sacrifício, e com boa dose de sorte.

Então, ninguem com um mínimo de conhecimento de futebol e sem má intenção pode escrever que o Prudente será patrolado. Talvez por distração, quem sabe? Ou por ver no Grêmio um supertime.

É provável que o texto descrito parcialmente acima será utilizado no vestiário do time paulista.

Não li todos os jornais, por isso não sei se algum outro veículo menosprezou o Grêmio Prudente a esse ponto.

No Campeonato Brasileiro, no qual as surpresas acontecem a cada rodada, é preciso respeita o adversário, seja qual for.

Também nesse aspecto o técnico Renato Portaluppi está agindo corretamente, pedindo cautela e respeito ao Prudente.

SAIDEIRA

Outra coisa: pelo que tenho lido e ouvido nos últimos dias, estão enchendo demais a bola do Renato, esquecendo os jogadores. São eles que na realidade decidem os jogos, os maiores responsáveis pelos recentes resultados positivos. Renato tem sua parcela nisso, mas estão exagerando nos elogios ao técnico. Daqui a pouco, e vocês sabem como são os boleiros, pode acontecer ciuminho no vestiário…

Renato faz um ótimo trabalho, mas os jogadores estão fazendo a sua parte em campo. Os méritos são de todos.

2010: um ano muito estranho

Este é um ano mágico, estranho. É o ano, por exemplo, em que Celso Roth conseguiu quebrar um tabu de quase 20 anos ao conquistar o título da Libertadores.

É o ano em que eu consegui sair do CP depois de 30 anos. O ano em que eu descobri que os domingos de vadiagem existem, e que as noites podem ser usadas também para descansar, passear, etc. É também o ano em que descobri os feriadões.

É o ano em que Fidel Castro, enfim, admitiu que seu regime fracassou, mas isso depois de deixar milhares de vítimas ao longo do caminho.

2010 é o ano do Tiririca. Vai entrar para a história como o ano em que Tiririca, um comediante sem a menor graça, fez mais de um milhão de votos.

É o ano em que o presidente Lula conseguiu eleger uma burocrata sem carisma, que nunca havia disputado sequer eleição pra síndico. Falta ainda referendar a vitória, mas isso é só questão de mais alguns dias.

É o ano em que o PT conseguiu vencer no Rio Grande do Sul na disputa à presidência. Sua candidata fez 47% dos votos. É um sinal claro que nos encaminhamos para o fim dos tempos. A terra de Leonel Brizola nunca mais será a mesma. Estou desolado.

É o ano em que o PT retoma o poder no RS. Tenho curiosidade sobre o que vai acontecer com a GM. Ou Tarso consertará o erro de Olívio, com quem não tem muita afinidade, e vai recuperar a Ford ou outra montadora?

Quem viver, verá.

Mas 2010 marca ainda outra decepção, entre tantas que venho sofrendo: a eliminação de Luciana Genro da Câmara Federal.

Luciana teve o meu voto. Apesar de sua expressiva votação, uns 130 mil votos, ficou de fora por causa dessa absurda regra eleitoral que faz um nome forte levar à reboque meia dúzia de pessoas inexpressivas, com poucos votos, em detrimento de nomes como o de Luciana Genro, uma pessoa que teve a dignidade de deixar o PT em meio ao escândalo do mensalão.

Ela poderia ter ficado, como a imensa maioria de seus companheiros, inclusive seu próprio pai, mas preferiu preservar sua consciência, sua história e a própria história que o partido havia construído, fundamentado na ética, na idoneidade, no combate à corrupção.

Vamos ver o que 2010 ainda nos reserva.

Ainda vislumbro uma pontinha de esperança ao longe, muito longe, logo após aquela Serra que avisto no horizonte por enquanto sombrio.

SAIDEIRA

A 1983 pode ser encomendada (restam poucas unidades) através do meu e-mail: ilgowink@gmail.com.
Custa R$ 5,00 a long neck.
Quem não gostar recebe o dinheiro de volta.
O interessante é que até colorados estão manifestando interesse na cerveja. Bem, quem acabou de ser bi da Libertadores e está próximo de conquistar o bi mundial tem mais é que manter o bom humor e entrar na brincadeira.

Um Grêmio surpreendente

Grêmio 3 x 0 Vitória. Está aí um resultado que não reflete o que foi o jogo. O Vitória chegou inúmeras vezes na área tricolor, mas na maioria delas faltou acabamento nas jogadas, no último passe, ou nas conclusões. Em outras, apareceu o goleiro Victor e a zaga, que soube abafar muitos chutes que poderiam resultar em gol do time baiano.

Gostei muito do Saimon como típico cabeça de área, mas com qualidade de passe. Gostei da estrutura inicial do time no meio de campo, completado por Fernando, Maylson e Lúcio, três jogadores que marcam e saem pro jogo com facilidade, em especial Maylson.

Pois Maylson mais uma vez compareceu no placar. Na posição de centroavante, ele concluiu com precisão uma jogada em que o zagueiro falhou e que teve a participação fundamental do Roberson. O guri fez uma partida muito boa técnica e taticamente.

O Vitória foi superior, teve mais posse de bola, criou mais jogadas. Mas o Grêmio soube resistir com calma, e quando teve a bola saiu jogando em velocidade. Marcar e sair para o ataque rapidamente, esta a marca registrada do time armado pelo Renato.

Agora, a ousadia do Renato me assusta. A entrada do Magrão no lugar do Fernando, tudo bem, perfeito. Mas sacar Maylson que fechava bem pelo lado direito e colocar Diego Clementino aos 20 do segundo tempo me deixou preocupado.

A alteração não resultou em maior prejuízo à marcação, ao contrário do que eu esperava que ocorresse. E por que? Diego continuou fechando os espaços pela direita, marcando o adversário como fazia Maylson. E, a exemplo de Maylson, no finalzinho estava lá, como centroavante, para fazer 2 a 0, após uma belíssima jogada do Lúcio com Jonas. Mais uma vez Diego pegou a sobra do goleiro e marcou.

Para concluir, um golaço de Edilson, após jogada entre Gabriel e Diego. Os 3 a 0 foram um castigo para o Vitória e um prêmio para esse Grêmio do Renato, que me surpreende e, por vezes, me assusta, mas está aí somando pontos, muito mais que eu podia imaginar.

Chegou 1983: a cerveja campeã

Finalmente, desfeito o mistério.

Chegou a 1983, cerveja artesanal, tipo Ale. Uma cerveja dourada, de alta fermentação, levemente amarga, porque de doce chega a vida.

1983 é uma homenagem ao primeiro clube gaúcho campeão do mundo. O segundo a conquistar o Mundial de Clubes esperou 23 anos, mas igualmente merece uma homenagem, o que deve acontecer em breve.

1983: sabor campeão.

Exclusividade do Boteco do Ilgo.

Ainda mato um técnico, mas não é o Renato

Felizmente, a escalação que era anunciada com Lúcio jogando de volante ao lado de Adilson não foi confirmada. Resultado: 4 a 2 em cima do São Paulo.

Renato manteve o esquema com três volantes, o que venho defendendo aqui há muito tempo e que foi usado contra o Atlético Mineiro. Improvisou o zagueiro Wilson, que ele conhece bem, como primeiro volante, adiantando Adilson e completando com Lúcio. Douglas, assim, ficou mais livre para criar.

Foi com essa formatação que Silas viveu seu melhor momento no Grêmio. Era Adilson, Maylson e W. Magrão. Fora disso é invenção.

Renato, portanto, está mostrando que não é como Silas: sabe por que ganha, e sabe por que perde.

Fora isso, Renato mostra também que é criativo. Gosto de técnicos com criatividade, que ousam, mas desde que em cima de um esquema que privilegie o sistema de marcação.

Posso estar enganado, mas acho que foi a melhor partida do Grêmio. Forte na defesa, consistente no meio e efetivo na frente. No segundo tempo, ao contrário de outros jogos, não houve maiores sobressaltos. Ninguém morreu do coração. E isso é um ótimo sinal. Um sinal de que o time está se consolidando, e isso começa com a definição, finalmente, por um esquema com três volantes.

No final, Renato declarou que demorou um pouco, mas achou o esquema adequado. E o esquema adequado, amigos, é esse que defendo há horas: três volantes. Os nomes a gente vê depois. Mas ainda prefiro Adilson, Maylson e W. Magrão (ou F. Rochemback).

Além de resgatar a auto-estima da torcida e do próprio time com a vitória dentro de casa, e sobre um time forte como o SP, o jogo serviu para dar mais moral para o centroavante André Lima, que agora só tende a crescer.

Quando Jonas ia mal do Grêmio, a ponto de ficar na reserva do decadente Alex Mineiro na Libertadores do ano passado, eu dizia aqui que ele precisava de sequencia, de alguns gols, para ganhar moral, porque talento sempre teve.

Centroavante sem moral, sem auto-confiança, não existe. Morre por falta de gols.

Gostei também o Gilson na lateral-esquerda. Acho que deu por Fábio Santos.

Paulão na zaga foi soberbo. Gostei também do Wilson como cabeça de área. É uma alternativa. Méritos do Renato.

A criatividade que Renato tinha como jogador, mantém como técnico. É só cuidar para não cruzar a linha que pode torna-lo um inventor.

A meu ver foi pênalti do Paulão, que enfiou a perna no Marlos. Também foi Pênalti do Cléber, que tocou o braço na bola de propósito.

Registro ainda a falha de Ceni no gol de Diego Clementino. E isso que o pai de Ceni não é gremista, é colorado.

SAIDEIRA

O Inter levou 2 a 0 do Palmeiras. O time estava desfalcado, jogava fora de casa. Natural a derrota. O problema é que Renan falhou de novo. Justifica, assim, a angústia dos colorados. O Inter não tem um goleiro realmente confiável. Agora entendo porque muitos colorados, todos que conheço, gostariam de ter Victor. Bem, aí só daria Inter no futebol mundial e interplanetário.
Ah, os secadores do Felipão começam a morder a língua.

Treinadores: ainda mato um

Treinadores, treinadores. Ainda mato um, dizia um antigo dirigente do Guarani de Campinas, Beto Zine, se não me engano. O Noveletto andou repetindo esse mantra por aqui.

Vejamos o caso do Silas. Ele foi vaiado, chamado de burro. Primeiro, pela torcida do Grêmio. Agora, pela torcida do Flamengo.

“As críticas não foram para mim, é a cultura do futebol”, disse, após o jogo em Goiânia. Ele começou, vejam só, com cinco volantes. Aqui, gostava de jogar com dois.

Depois, arrogante, ainda comentou que ele não joga, não faz gol contra, uma referência ao gol contra de Jean. Que caraterzinho…

Todos os jogadores foram solidários ao zagueiro. Quer dizer, Silas está pela bola sete.

Aliás, Silas está confirmando o que escrevi aqui: é mau treinador e dificilmente será destaque nessa profissão. É o tipo que não sabe por que ganha, nem por que perde. Bem, talvez um dia aprenda.

O Fidel Castro não reconheceu, depois de meio século, que seu regime fracassou?

Ainda sobre treinadores. Começo a desconfiar que Renato Portaluppi segue a linha do Silas, ou seja, não sabe por que as coisas acontecem. Por enquanto, é só desconfiança.

Mas pode ser que ele seja um técnico do tipo ‘intuitivo’.

Contra o SP, hoje, ele volta ao esquema de dois volantes, sendo que um deles é um lateral improvisado, o Lúcio, que recém voltou de longo afastamento e não é mais guri. Na esquerda, ele coloca Gilson, finalmente na sua posição de origem.

É claro que essa invenção de Lúcio como segundo volante não vai dar certo. Se ele começasse com o Maylson no lugar do Roberson penso que haveria mais equilíbrio. E aí Lúcio poderia render mais, completando o setor com Adilson.

Agora, vai gostar do Roberson assim…

Treinadores, treinadores…

Política de novo, mas no futebol

O Grêmio tem tantas correntes, mais até do que os fantasmas que assombram velhos castelos, que eu me confundo. Nunca sei exatamente quem é quem.

Ontem, ao participar do Cadeira Cativa, na Ulbra TV, sentei ao lado do Homero Bellini Jr (que é a identidade secreta do Ernani Campello, de tão parecidos). Perguntei de cara qual é a facção dele. Grêmio Independente, ele respondeu.

O GI vai compor a nova diretoria ao lado do grupo liderado pelo Paulo Odone, que eu não sei exatamente qual é, mas acho que é o Grêmio Novo. Não sou muito ligado nisso.

Descobri que uma proposta do grupo vencedor, o Renova Tricolor (composto por Grêmio Independente, Grêmio Novo, Grêmio Sem Fronteiras e Grêmio Democrático) é de que o comandante do futebol gremista seja um vice-presidente, com assento no tal Conselho Administrativo.

Aparentemente é pouco, mas isso significa que o homem do futebol poderá participar das reuniões do CA, interagindo diretamente com o cara das finanças, da administração, etc.

Levei um susto quando soube que isso não acontece hoje, porque o homem do futebol não faz parte desse seleto grupo. Um absurdo que explica em parte o que acontece com o Grêmio.

Alguém consegue imaginar o Fernando Carvalho, homem forte do futebol, não debatendo diretamente com seus companheiros de diretoria?

Aliás, um aparte rápido: continuo apostando que FC será presidente do Inter, entrando no vácuo da disputa dos três nomes hoje cotados. Antes, seu projeto era o Clube dos 13, que ficou com o FK. Agora, só lhe resta o Inter.

Mas voltando ao Grêmio: o vice de futebol será mesmo Antonio Vicente Martins. O projeto é que ele fique acima de gente profissional no futebol. Não deve haver mais diretor não remunerado no futebol gremista.

Até aí tudo bem. Resta saber quem serão os indicados.

Já houve isso num passado recente, e os resultados não foram melhores.

Remunerado ou não, o que interessa é a competência e a honestidade.

Assim não dá pra falar de futebol!

Não fosse a imprensa, em especial a revista Veja e os jornais Estadão e Folha de SP, grande parte das falcatruas permaneceria ignorada. E falcatruas de todos os partidos, dos governos de plantão. Quem deveria fiscalizar as contas, os procedimentos, e tudo mais, não o faz com eficiência. Ou tapa os olhos e o nariz. E isso acontece em toda nação.

Não consigo acreditar que a fraude no Detran, por exemplo, tenha sido descoberta só depois de mais de quatro anos, e que hoje alguns de seus protagonistas continuem numa boa. O mesmo vale para o mensalão, cujos protagonistas desfilam por aí, nariz empinado, alguns de jatinho pago sabe-se lá por quem. E esses escândalos na Casa Civil? ‘Caraca, o que é esse dinheiro todo na minha gaveta?’.

No âmbito da União as descobertas da imprensa repercutem mais porque sempre envolve muito mais dinheiro, sem contar nomes que ocupam postos elevados na corte. As últimas notícias dão conta que grana alta jorra também em alguns Estados, como Tocantins.

Pois essa imprensa incomoda. E incomoda tanto que alguns setores insistem em tapar sua boca. Elaboraram até um projeto que institui a ‘lei da mordaça’, que tramita no congresso e agora, com a maioria que o tal partido terá, será aprovada talvez ainda em 2011.

Estamos enveredando por um caminho perigoso, seguindo exemplos de nossos vizinhos, em especial de Cuba, onde impera a voz oficial.

E o pior é que ainda há jornalistas apoiando o fim de liberdade de imprensa, ou seja, o fim de democracia. Até sindicatos de jornalistas são a favor de limitar a liberdade de expressão. Sindicatos pelegos, como tanto ouvi nos anos 70.

Escrevo sobre isso depois de ler a notícia que tirei do site do Estadão desta segunda-feira.

“SÃO PAULO – A Polícia Federal teve de ser acionada na madrugada deste domingo para garantir a distribuição dos 8 mil exemplares da revista Veja no Tocantins. Para tentar impedir que a publicação chegasse às bancas, o governo do Estado mobilizou efetivo de 30 policiais militares. Armados de fuzis, os PMs ficaram de prontidão no Aeroporto de Palmas à espera do voo que levava a revista.
Os PMs tinham a missão de localizar e apreender os exemplares de Veja. A revista, no entanto, não faz parte da lista de veículos de comunicação censurados pela liminar do desembargador Liberato Póvoa.
Acionado na madrugada, o procurador da República Álvaro Lotufo Manzano requisitou apoio da PF para escoltar o carregamento do aeroporto até a distribuidora da revista em Palmas.”

SAIDEIRA

Se a gente não reagir, será como naquele poema atribuído ao russo Maiakovski, mas que é de autoria do fluminense Eduardo Alves da Costa, escrito não por coincidência em 1964:

Despertar é preciso

Na primeira noite eles aproximam-se e colhem uma Flor do nosso jardim e não dizemos nada.
Na segunda noite, Já não se escondem; pisam as flores, matam o nosso cão, e não dizemos nada.
Até que um dia o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua e, conhecendo o nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. E porque não dissemos nada, Já não podemos dizer nada.

Roth, Renato e a urgente volantização do Grêmio

Celso Roth tem seus defeitos, mas ele guarda uma virtude que aprecio muito: gosta de armar seus times a partir de volantes. O Tite, que deveria ter voltado ao Grêmio há muito tempo, também é assim. Idem o Mano. E mais que idem o Felipão.

O Grêmio campeão da Libertadores com Felipão tinha três volantes: Dinho, Goiano e Émerson. Mais solto, Carlos Miguel. Na frente Paulo Nunes e Jardel.

É claro que ter três volantes não garante vitórias, mas é uma base para armar uma equipe capaz de vencer mais do que perder.

Se a felicidade não existe, não passa de um número maior de situações felizes; também não existe o time imbatível, mas aquele que vence mais do que perde. E, principalmente, vence na hora certa, na hora da decisão.

O Inter encarou o SP com três volantes. Dois deles reservas, só Tinga de titular. Mas manteve a estrutura, a ideia, a proposta, a filosofia de jogo.

Coisa simples, mas talvez por ser tão simples não existe no Grêmio, que ficou sofisticado com seu presidente fashion e com aquele vice que inventou o gentleman Autuori.

O Inter venceu por 3 a 1, humilhou o SP diante de sua torcida. O SP virou freguês de caderno.

Gostaria que Renato Portaluppi se mirasse nos técnicos que citei, e não no Silas, ou no Autuori, que passagem danosa pelo Olímpico. Renato, como seu antecessor, gosta de jogar com dois volantes. E, a exemplo de seu antecessor, vai dançar logo, logo, e com ele o Grêmio.

A salvação de Renato, e do Grêmio, é mudar seu conceito. ainda há tempo. Se ele tivesse dois meias de grande qualidade, ainda seria aceitável que mantivesse o esquema atual, mas nem Douglas, e muito menos e ventilador Souza, que parece ter um cérebro do tamano de uma ervilha, são craques. Longe, muito longe disso.

Gosto do Douglas, e também acho que Souza, em forma, pode ser útil. Mas não é o que estamos vendo. Não há nada que justifique sua presença no time. Ainda mais que no banco está Maylson. Ah, mas Maylson é comportado, não cria caso, não dá declarações polêmicas, não fala demais. E ainda por cima é da casa. E se é da casa, que espere sua chance, que virá quando ‘os de fora’ não puderem jogar.

Maylson não é o salvador da pátria, mas ao menos com ele se reconstitui um modelo que deu certo no próprio Grêmio, três meses atrás.

Não há no Olímpico alguém para encostar no Renato e transmitir essa informação pra ele? Ou já fizeram isso e ele não deu bola?

E mais: quando contrataram Renato não perguntaram qual o esquema que ele gosta de usar? Ou se preocuparam apenas em trazer um nome para sacudir a torcida?

Não é assim que se faz futebol.

Futebol exige planejamento, seriedade, organização. O factóide no futebol tem a duração de um grito de gol.

Se Renato não seguir o exemplo de Roth, povoando o meio-campo com jogadores que marquem e saiam rapidamente para o ataque, será atropelado e sequer terá tempo para anotar a placa.

Volantização é a salvação!

Vamos ver o que ele fará contra o Avaí. Estou começando a ficar apavorado. Pior que isso só o que estão apontando as pesquisas eleitorais.