A dupla Grenal e o calor do ‘portão 8’

Foi um domingo péssimo para nossos representantes na série A do Campeonato Brasileiro de Futebol.

A principal conclusão, depois da derrota do Inter por 1 a 0 em pleno Beira-Rio e a do Grêmio, em Recife, por inaceitáveis 4 a 2, é de que mais uma vez Grêmio e Inter vão passar em branco pelo Brasileirão na era dos pontos corridos.

O Inter, então, vai para 38 anos sem vencer o Brasileiro, e olha que a cada início de ano o presidente da vez gasta o que não tem para buscar o título.

A torcida colorada se deu conta disso, ontem, quando o líder Palmeiras somou mais três pontos e deixou o Inter plantado a 12 pontos de distância. O Inter hoje é décimo colocado.

O torcedor não suportou deparar com a dura realidade: o Inter está fora da disputa pelo título.

Protestou com veemência. Sobrou palavrão para os principais dirigentes. Os jogadores foram chamados de mercenários. Teve até torcedor ferido no confronto com o pelotão de choque. Foi como nos tempos do portão 8.

Crise é isso. (Espero que Marcelo Hermes e Bolanos fiquem em segundo plano nesta segunda-feira.) 

Sobrou para o técnico Falcão, que pega o clube nessa turbulência, e tudo indica que é outro que não resistirá muito tempo. 

Já o técnico Roger ainda navega em águas tranquilas, mas já faz algum tempo enfrenta umas marolas.

A fama de demorar para substituir está consolidada, e é motivo de muitas críticas.

A insistência em manter o veterano Douglas se arrrastando até o final, ou perto disso como foi em Recife, causa muita revolta. Muita revolta.

Assim como certamente ouve os jogadores mais experientes nas internas do clube, Roger deveria prestar um pouco mais de atenção naqueles que de uma hora para outra podem perder a paciência, e a tolerância, e partir para atos extremos, assim como fizeram centenas de colorados neste domingo.

Penso que o torcedor merece mais respeito, merece ser ouvido. Cabe aos dirigentes e funcionários do futebol prestarem um pouco de atenção na voz daqueles que mantêm esse circo milionário.

É preciso ter sensibilidade e humildade para depurar o que é dito e escrito nas redes sociais ou no grito dos estádios. 

É, na realidade, inaceitável que clubes grandes, com folhas de pagamento milionárias, acumulem tantos anos sem um título sequer no Brasileirão dos pontos corridos.

O Inter, gostem ou não, está fora da disputa. Disputa no máximo vaga para a Libertadores de 2017, e olhe lá.

Já o Grêmio, apesar de outra decepção, ainda está na briga.

Não é fácil, ainda mais que dois de seus principais jogadores, Wallace e Luan, ficarão alguns jogos fora.

Mas Roger Machado conta hoje com um grupo de boa qualidade, de um modo geral.

Apesar da campanha excepcional, o Palmeiras está longe de ser imbatível – o próprio Grêmio só perdeu para ele por causa das famigeradas bolas aéreas, essas que estão fazendo a alegria de adversários como Chapecoense e Sport Recife.

Ou Roger corrige esse problema – entre outros – ou será sua vez de sentir o calor de um ‘portão 8’.

O JOGO

O Grêmio começou melhor. Poderia ter feito pelo menos um gol até os 20 minutos, quando o Sport equilibrou. Luan foi uma decepção. Perdeu um gol logo de saída, acertando a trave.

Luan parecia estar com o pensamento nas Olimpíadas.

Pior que ele foi Giuliano, isso para citar os jogadores que são referência técnica. Seu único lance bom no jogo foi o passe para Luan perder o gol citado acima.

Outro que não foi bem, sem inspiração e ainda menos transpiração, foi Douglas.

Difícil entender por que motivo ele ficou tanto tempo em campo.

Coisas de Roger Machado.

Mas pior de tudo foi a zaga, que levou dois gols de bola aérea.

Destaque para Geromel, que voltou marcando dois gols.

Outro destaque: Diego Souza.

Um dia vou entender por que o Grêmio nunca mais tentou trazê-lo de volta.

Entraria muito bem no lugar de Giuliano, e sairia mais em conta.

Grenalização de discurso na casamata da dupla

A volta de Falcão ao Inter é surpreendente.

Em princípio me parece uma contratação que só aconteceu por falta de alguém melhor disponível, e que não tenha conflito com o presidente do clube.

Mano Menezes, por exemplo, não quis nem conversa.

Tem ainda o fato de ser um contrato relativamente curto, um ano. Luxemburgo só aceita contrato de dois anos. A gestão anterior do Grêmio caiu nessa. 

Agora, qual a vantagem que Falcão tem sobre Argel?

Os dois treinaram o Inter, os dois foram campeões gaúchos. Ambos foram demitidos pouco tempo depois desses títulos.

Nesse aspecto há empate. Claro, Falcão tem uma história mais rica, até porque tem passagem pela seleção brasileira, o que não dá atestado de competência a ninguém. Dunga está aí para não me deixar mentir.

Ah, os dois se vestem com esmero à beira do campo. Nada de abrigo esportivo ou algo parecido.

Nesse quesito Falcão é mais elegante, tem uma figura altiva. Ah, tem aquele sapato vermelho e branco. Aí é gol contra. Suprassumo da cafonice. Nem o pior cantor sertanejo ousaria calçar um sapato assim.

Mas nos pés do ‘Rei de Roma’ que um dia teve uma grife de vestuário masculino até que não parece tão desapropriado. Gosto é gosto.

O grande diferencial de Falcão em relação a Argel é outro, que, neste momento, foi decisivo para sua contratação.

Falcão não sonega os ‘ésses’ e não escorrega nas concordâncias.

Tem um discurso elegante, vocabulário moderno, com termos novos para descrever as ações do futebol dentro e fora de campo. Fala pausado, é didático muitas vezes, e paciente com os jornalistas, com os quais se relaciona bem de maneira geral.

A exceção, pelo que tenho lido e o blog cornetadorw destaca bem, seria o Guerrinha. Mas não demora os dois já estarão amigos de novo. Afinal, o clube deles é o mesmo.

Teremos, então, no vestiário colorado um técnico com discurso de frases bem compostas, que remete para Roger Machado, que entre outras coisas impressiona pela qualidade das entrevistas.

A crônica esportiva não cansa de enaltecer essa qualidade do técnico tricolor – o que deixava Argel um tanto despeitado e ele não escondia seu desconforto nesse aspecto e vivia fazendo comparações.

Conheço colorados que ficavam até constrangidos com as entrevistas de Argel.

Mas isso está superado.

O Inter tem agora um técnico à altura de Roger Machado. Ao menos em termos de educação, vocabulário e discurso.

Vem aí o duelo dos oradores.

Teremos a grenalização do discurso dos treinadores.

E assim vamos nós Abaixo do Mampituba.

MARCELO HERMES

Se o Grêmio oferecesse 50 mil mensais a Marcelo Hermes logo após a eliminação da Libertadores haveria protesto dos gremistas nas redes sociais. Onde já se viu? Hermes foi mal, assim como o time todo, ressalta-se.

Hoje, depois de dois gols e atuações de razoáveis para boas, Hermes se acha no direito de receber 110 mil mensais.

Cada um sabe ou deveria saber o seu valor. O de Marcelo Hermes não é esse, mas ele pensa que é.

Está aí alguém que precisa de melhor orientação. Da Família e de seu representante.

WC

Ah, interessante: WC dando uma de agente de jogador em sua coluna em ZH ao sugerir Marcelo Hermes ao Inter.

 

Roger Machado cresce e Argel afunda

O técnico Roger Machado não podia ser mais claro em sua entrevista após a vitória (sofrida) por 2 a 1 sobre o Figueirense, numa Arena com mais de 34 mil pagantes.

Roger detonou a ideia de armar um esquema de jogo que privilegie um centroavante tradicional, o aipim, para que ele receba ’40 cruzamentos’ para cabecear, e que prefere criar uma mecânica que proporcione finalizações de preferência com os pés.

Foi o que aconteceu aos 47 minutos, quando o jogo se encaminhava para um empate inaceitável. Se um clube realmente almeja ser campeão não pode vencer um Gre-Nal e logo depois empatar em casa com um time de porte menor. Não pode. 

Em outros tempos, seria bola tipo ‘truvisca no fedor que o beque faz contra’. Com Roger é diferente. Ele prefere a jogada tramada. A bola de pé em pé, envolvendo a defesa. Todos nós gostamos disso, mas por vezes nos irritamos com tanto toque-toque. De minha parte, pode ser reflexo de outros tempos, como os anos 90, por exempo.

Pois o Grêmio chegou à vitória ao estilo de Roger. Bola de pé em pé, até chegar em Pedro Rocha, que driblou o marcador já dentro da área, não se afobou, e encostou para ele, o aipim Bobô, que trocou de pé na conclusão e tocou no canto direito para fazer o gol da redenção gremista.

Essa vitória passa por Roger. Confesso que me revoltei quando ele sacou Luan e manteve Douglas em campo. Protestei intimamente. Aí, o Figueira empatou, com um gol daqueles que acontece muito raramente, mas que são até comuns quando se trata de Grêmio. O Figueira ainda teve duas boas chances, com falhas individuais de Edilson e de Thiery. Foram dois sustos. O jogo começava a ficar dramático.

Roger, então, sacou Douglas e Wallace, colocando Bobô e Pedro Rocha. O Grêmio ficou num 4-2-4 nos minutos finais, empate por 1 a 1. Quando tudo se encaminhava para um resultado absolutamente frustrante, eis que Pedro Rocha fez a jogada e Bobô marcou. Os dois jogadores que Roger havia mandado a campo poucos minutos antes.

Então, mérito para o treinador. Roger Machado comete alguns equívocos, ao menos na minha opinião, mas em regra geral ele acerta muito mais do que erra.

Fora isso, está claro que o momento é de sorte. 

 

FUNDO DO POÇO

Não é por nada que o Grêmio, mesmo perdendo alguns titulares importantes como Geromel, consegue se manter na ponta de cima, enquanto vê, por exemplo, seu maior rival afundando irremedivelmente. O rumo é do fundo do poço.

O Inter perdeu por 1 a 0 para o Santa Cruz, que briga para sair da zona do rebaixamento e que não vencia há cinco jogos.

Já o Inter sofreu sua quarta derrota consecutiva. Não há treinador que resista a uma campanha tão ruim. Festejado por seu início retumbante no Brasileirão, Argel começou a se considerar o máximo, perdeu a humildade, deu entrevistas confusas, desastradas, e ainda deu armas ao rival as falar em passar o trator no Gre-Nal.

Hoje, ao que parece, Argel está com horas contadas como técnico do Inter. Nada que o preocupe, já que ele mesmo já adiantou que não fica desempregado.

O fato é que em sua primeira experiência como técnico de clube grande Argel está fracassando.

Essa marca gruda e fica difícil de descolar.

TRATOR

Por falar em trator, o Movimento Grêmio Multicampeão – ao qual sou vinculado com muita honra – levou um trator à sua sede, que fica bem em frente à Arena. Muita gente aproveitou para tirar fotos sobre o veículo. Até o presidente Romildo Bolzan apareceu por lá para festejar com dezenas de torcedores.

LEMBRETE – Não esquecendo que continuo em busca de apoio à minha candidatura ao Conselho Deliberativo do clube. Quem quiser me apoiar é só mandar nome, número de matrícula de sócio e endereço para: ilgowink@gmail.com.

Ou então passar essas informações nos comentários.

NOS ACRÉSCIMOS 1

Como escrevi acima, Argel duraria algumas horas. E foi o que aconteceu. Ele foi demitido. Luxemburgo é o mais cotado. 

NOS ACRÉSCIMOS 2

Esqueci de registrar que houve um pênalti do Werley a favor do Grêmio a um minuto de jogo. Ele claramente coloca o braço na bola dentro da área. De repente, pensei que era jogo do Gauchão com árbitro da federação noveletiana.

Hermes, quem diria?, complica a renovação

Depois de atuações, digamos, desalentadoras na Libertadores deste ano, ninguém poderia imaginar que semanas depois, Marcelo Hermes, por intermédio de seu procurador/empresário, estaria colocando obstáculo para renovar contrato com o Grêmio.

SE a direção tricolor naquele momento de terra arrasada – todos queriam uma limpa no grupo de jogadores – tivesse anunciado interesse em renovar contrato com Hermes, haveria passeata no entorno da Arena, com ruas bloqueadas por gremistas revoltados e indignados. “‘Ora, onde já se viu renovar contrato com esse alemãozinho que nem pra reserva da ‘avenida’ Marcelo Oliveira serve?”

Bem, como dizia o filósofo RAfael Bandeira dos Santos com pulover às costas e óculos escuros sobre a testa, o futebol é dinâmico.

Pois Marcelo Hermes teve uma valorizadinha pelas boas atuações contra Fluminense e SAntos. FEz dois gols.

Promovido por Felipão – sim, amigos, Felipão – ao grupo principal, Hermes custou a mostrar alguma qualidade. Hoje, é um jogador mais respeitado. Tem apoio do técnico Roger Machado.

Enfim, está valorizado. Mas não a ponto de engrossar para renovar. EStá no seu direito. Mas esse é o momento que o procurador/empresário não pode crescer o olho, querer dar o passo maior que as pernas.

Não sei quanto o Grêmio oferece, se é ou não uma remuneração interessante ao atleta.

Considerando-se que Jailson e Thyere, que estavam na mesma situação, aceitaram o que o clube oferecer e renovaram contrato até 2019, acredito que seja uma proposta semelhante, talvez igual. Propostas, por certo, muito boas.

Talvez os dois tenham tido melhores conselheiros. 

Nada impede que Hermes, que tem contrato encerrado no final deste ano, renove pelas bases oferecidas e aposte em seu crescimento dentro do clube que o criou – está no Grêmio desde os 15 anos – para despertar interesse de grandes clubes e assim fazer o chamado contrato de sua vida.

Por enquanto, com todo o respeito que Hermes merece até por ser gremista, só tenho a dizer o seguinte:

– Cresça e apareça. E avalie bem quem os conselhos que anda recebendo. Podem não ser os melhores.

Marcelo Hermes só não começou a treinar em separado a pedido dos jogadores. Hermes até concentrou-se com o grupo.

Certamente, receberá conselhos dos mais experientes. Bons conselhos.

Douglas, o maestro

Não adianta, entrego os pontos.

O Grêmio de Roger Machado é Douglas-dependente. Roger Machado é Douglas-dependente.

Ele mesmo admite que armou um esquema para extrair o melhor de Douglas. Segundo o técnico, Douglas deve jogar apenas no espaço do terço final – expressão nova do futebol pós-moderno.

Com menos área para correr, Douglas cansa menos e pode dar uma contribuição ofensiva muito boa, armando, criando jogadas, articulando, dando algumas metidinhas e até marcando gols. Tudo porque joga nas proximidades da área rival. Mais uns passos, pronto! Está na cara do goleiro aparando rebote, assim como aconteceu no Gre-Nal.

Douglas é, portanto, decisivo, fundamental no esquema de toque-toque, de envolvimento do adversário no campo ofensivo. 

Em termos defensivos, Douglas é quase uma nulidade. Cerca aqui, cerca aqui, mas não tira a bola de ninguém.

Enfim, Douglas consegue hoje, com Roger Machado, aquilo que defendeu anos atrás e que lhe valeu muita crítica: ‘eu não preciso marcar’. Foi mais ou menos assim.

Declaração que o técnico da época, Renato Portaluppi, respaldou categoricamente, provocando ranger de dentes de muitos gremistas.

Era um Douglas que dispunha de mais território para jogar e que foi tão bem que acabou na Seleção, onde só não ficou porque deu uma entregadinha daquelas que costumava fazer no Grêmio.

Bem, Douglas, cinco ou seis anos depois, encontra no Grêmio o lugar ideal para jogar até sei lá quando.

Pelo menos até quando Roger for treinador do Grêmio, isso com certeza. E sempre como titular.

A não ser que apareça alguém para manter o mesmo padrão atual. Roger demonstra dificuldade em armar o time sem Douglas.

Por isso, demora tanto a substituí-lo, mesmo quando ele se mostra cansado em campo, com as pernas já não obedecendo o cérebro.

Foi assim no Gre-Nal. A insistência em manter Douglas enquanto o Inter metia pavor na área gremista foi irritante. Uma temeridade.

Poderia ter custado uma derrota, ou um empate.

Hoje, eu que sempre defendi Lincoln na posição de Douglas, ou Luan. Hoje, estou convencido de que no esquema que Roger armou para Douglas não existe no grupo ninguém melhor que ele, o Douglas.

E Douglas, aqui entre nós, enquanto não cansa, se mostra um jogador muitas vezes decisivo.

Resta saber o que Roger Machado fará se um dia ficar sem o seu maestro.

Patrolada no trator de Argel em pleno BRio

Vitória em Gre-Nal é pra ser comemorada, não questionada.

Quem questiona precisa antes buscar explicações. No caso, o Inter e seus seguidores. Inclusive os da imprensa.

Boa parte dela defendeu um esquema de 3 volantes para o Inter. Dentro de casa, com apoio maciço da torcida, jogar com 3 volantes… Houve quem defendesse essa proposta do técnico Argel ‘Trator’ Fuchs.

Em poucos minutos viu-se que a estratégia era equivocada. O Grêmio passeava nas imediações da área colorada. Até que veio o gol, resultado de uma esquema executado com competência pelo time tricolor diante do esquema equivocado de Argel.

O gol de Douglas escancarou o clarão que havia diante da área colorada. Jailson, de grande atuação, entregou para Luan, que avançou sem ser importunado – quer dizer, o jogador mais criativo do time gremista estava sem marcação – até dar uma ‘metidinha’ perfeita, milimétrica, às costas do ‘garoto prodígio’ William ‘Cotovelo’. Éverton, que passou a tarde driblando o lateral,  recebeu e chutou sem muita força. Muriel soltou, Douglas – na posição de ‘aipim’ – pegou o rebote e não perdoou. 

Dez minutos depois, Argel corrigiu seu erro, desmanchou o trio defensivo e colocou Ferrareis, que deu mais qualidade e ofensividade ao setor.

No segundo tempo, aconteceu o previsível. O Inter martelando em busca do gol, o Grêmio se defendendo de jeito que deu, praticamente sem uma saída para o contra-ataque.

O técnico Roger Machado demorou demais. Douglas, cansado, jogava a 20km por hora, enquanto o Inter desenvolvia 120km por hora em busca do gol.

Até a saída de Douglas, o Inter levou pânico ao setor defensivo tricolor. Teve duas ou três chances muito boas para empatar. Roger correu um risco muito grande. Quase entregou a vitória.

Após as alterações, com Bolanos, Ramiro e Pedro Rocha em campo, o Grêmio deu uma equilibrada na jogo, e até ameaçou fazer o segundo gol.

Foi uma vitória justa, porque o Grêmio soube tirar proveito do erro inicial de Argel e depois do nervosismo dos jogadores vermelhos.

No clássico que entra para a história como o Gre-Nal do Trator, deu Grêmio por 1 a 0.

O resultado consolida o Grêmio na ponta de cima, enquanto o Inter sai do G-4 e ameaça cair ainda mais, já que há uma visível tendência de queda do time nos últimos jogos.

Penso que o Inter está para perder seu tratorista.

DESTAQUES

Todos os jogadores do Grêmio foram bem. Ninguém destoou. Todos foram bravos para suportar a pressão colorada em boa parte do segundo tempo.

Os principais destaques individuais, a partir da defesa: Edilson, Thiery, Wallace, Jailson, Luan e Éverton.

Mas o ponto alto do time foi o coletivo. Méritos de Roger, que, repito, ‘só’ errou ao demorar para reforçar a marcação do no meio de campo.

No Inter, destaque para Paulão, Ferrareis e Vitinho.

ARBITRAGEM

Mais uma vez deu Grêmio com arbitragem de fora do circuito noveletiano. Estou absolutamente convencido de que se fosse um árbitro local o Grêmio não teria vencido esse Gre-Nal. 

Parabéns ao paraense Dewson Freitas, na véspera detonado pelo ex-juiz Leonardo Gaciba sem nenhuma justificativa.

Claro que o pelotão de choque da FGF na imprensa vai minimizar – já está – o fato de o Grêmio ter vencido de novo com árbitro de outro Estado.

Mas é inegável que árbitro sem a influência do meio apita com mais isenção.

O trator de Argel e a mídia gaúcha

 

Aconteça o que acontecer, o Gre-Nal 410 já está consagrado como o ‘Gre-Nal do trator’.

Não adianta boa parte da imprensa local ignorar ou amenizar a frase do técnico Argel sobre passar o trator por cima do Grêmio.

Vazou no whats:

– Boa meu guerreiro, cheguei agora, estamos trabalhando bastante. Amanhã treinamos de manhã. Quem sabe amanhã à tarde eu dou uma passadinha aí. Vamos ver como está meu tempo, até porque estamos em uma correria. E domingo, se Deus quiser e Deus quer, a gente arruma a casa e passa o trator por cima dos caras – diz o técnico, no áudio.

 

Hoje, numa coletiva, o técnico colorado minimizou a declaração e praticamente deu uma ordem no sentido de que a frase não seja valorizada.

– Vou falar uma vez sobre um áudio vazado. A nossa responsabilidade é ganhar o clássico, precisamos buscar recuperação no campeonato, jogamos em casa. Não vamos supervalorizar esse tipo de conversa – afirmou o técnico. 

É impressionante como a ‘ordem’ de Argel está sendo cumprida. Mas só Abaixo do Mampituba.

Quando vazou o episódio das ovelhinhas ninguém se preocupou em abafar por esse ou aquilo motivo, como acontece agora.

Recentemente tivemos o caso em que o filho do eterno presidente Fábio Koff dá um pau no futebol do Grêmio, na época com Rui Costa no comando.

Outro episódio explorado exaustivamente pela mídia gaudéria.

A esse respeito vale a pena ler o texto abaixo, publicado no face hoje pelo jornalista Sérgio Schueler, ex-assessor de imprensa do Grêmio:

“APRESENTADORES DA RÁDIO GAÚCHA BRIGAM COM A NOTÍCIA?

Hoje pela manhã estava ouvindo o programa Gaúcha Hoje quando o apresentador Antônio Carlos Macedo e o comentarista Sílvio Benfica (não) repercutiram um áudio do treinador colorado Argel, que vazou nas sociais. Qual não foi minha surpresa quando ouvi dos dois profissionais que o tal áudio não merecia repercussão. Benfica chegou dizer que iria “trabalhar” outros aspectos do clássico. Macedo argumentou que a divulgação do referido áudio poderia acirrar os ânimos, podendo fazer com que a violência chegasse ao clássico.
Na minha opinião ( a diferença entre um balde de cocô e a minha opinião é apenas o balde) os dois experientes e talentosos profissionais abriram mão do jornalismo. O fato de o áudio vazado ter sido uma conversa privada entre o treinador colorado e um amigo não o invalida como notícia. Quanto ao argumento do Benfica de “trabalhar” o clássico, entendo que o papel do jornalista não é esse. E sim simplesmente divulgar o que é notícia. Promoção é papel de publicitários, relações públicas e departamentos de marketing.
Só para lembrar: o famoso caso das Ovelinhas, no começo dos anos 2000, envolvendo o atual técnico da seleção Brasileira, Tite e a então direção Gremista, só aconteceu porque os repórteres Luis Henrique Benfica e Diogo Olivier, conseguiram ouvir uma reunião privada entre dirigentes por uma distração do presidente do clube que deixou o celular ligado sobre a mesa depois de atender a ligação de um dos repórteres. Mesmo trabalhando como assessor de imprensa do Grêmio à época, e sabendo dos prejuízos causadas. Reconheci e reconheço até hoje, que o Rico e o Diogo cumpriram com o seu papel.
Gostaria de colocar ainda uma última questão:
Será que Silvio Benfica e Macedo criticaram a postura da rádio gaúcha que divulgou a gravação da conversa entre a presidente Dilma e o Lula? Esta também foi uma conversa entre dois amigos. E obtida e divulgada de forma ilegal.”

FAVORITISMO

O Inter, por jogar em casa, tem um leve favoritismo. Seria um favoritismo maior se o árbitro fosse local (a esse respeito indico a leitura de material publicado no ‘cornetadorw’).

Mas o juiz é de fora, é o Dewson Freitas, que traz doces recordações aos gremistas de todas as querências. Foi ele quem apitou o Gre-Nal dos 5 a 0.  

Intrigante a crítica de Leonardo Gaciba a esse árbitro publicada pelo Zini em ZH. Gaciba parece ter esquecido a arbitragem perfeita e tranquila desse juiz no clássico anterior.

Bem, voltando ao futebol em si: se o Grêmio tivesse Geromel na zaga eu colocaria o Grêmio como favorito. A dupla de área com Rafael e Fred tem pouco entrosamento.

Cabe ao técnico Roger Machado proteger melhor seus dois zagueiros. Resolvido isso, é possível vencer, mesmo na casa do rival.

E, se isso acontecer, o Grêmio poderá ressuscitar a velha ‘patrola’ dos anos 90 no Gre-Nal do trator de Argel. 

Grêmio rejeitou o empate e buscou a vitória

Uma grande vitória sobre um grande time. Se não tivesse perdido titulares importantes para a seleção, o Santos provavelmente estaria liderando o campeonato. 

A vitória de 3 a 2 sobre esse Santos de tanta qualidade valoriza ainda mais os três pontos obtidos pelo Grêmio. Foi um jogo de exceção, com emoção nas duas áreas.

Penso que o gol do incansável Giuliano logo aos 2 minutos foi decisivo. Com a vantagem, o Grêmio ficou mais tranquilo, passando ao adversário a necessidade de buscar o gol. 

Éverton acertou todos os chutes que errou nos dois últimos jogos – não por coincidência duas derrotas. 

Os dois primeiros gols saíram de dois chutes do guri. O goleiro soltou e Giuliano e, depois, Douglas, mandaram para a rede.

Aliás, Douglas é outro que teve atuação destacada, tanto tática como tecnicamente.

Em tempos distantes os narradores de futebol diriam que o Santos ‘vendeu caro a derrota’. E foi mesmo. O Santos empatou não por eventuais falhas do Grêmio, mas principalmente por seus méritos. O placar de 2 a 2 não seria injusto.

Mas os deuses do futebol voltaram se lembrar do tricolor. Quando Bobô entrou parecia que o Grêmio não mais faria gol, correndo o risco de levar o terceiro. Bobô ainda se mostrou pé-frio: foi só ele pisar no gramado que o Santos empatou, um chutaço de fora de área. 

Em compensação, Roger Machado acertou ao colocar Marcelo Hermes, que viria a fazer o gol da vitória. Hermes está se firmando e não demora pode conquistar a titularidade.

Outro acerto foi a entrada de Guilherme no lugar de Éverton nos minutos finais. O guri, que poucos conheciam, conquistou a confiança de Roger. Guilherme mostrou confiança e sinalizou que é mais uma boa opção.

Assim também se forma um time vitorioso. Lesões, transferência de jogadores mais a falta de dinheiro para contratar obrigam o clube a apelar para soluções caseiras, mais baratas e muitas vezes mais eficazes.

É o que está parecendo agora.

Importante ressaltar, ainda, que o novo comando do futebol deu nova feição ao time, que se mostra mais aguerrido e muito mais indignado diante de um resultado adverso.

Foi só por isso, por estar inconformado com o empate depois de sair vencendo por 2 a 0, que o Grêmio chegou ao terceiro gol, obra de Giuliano, que tirou forças sei lá de onde, para driblar e deixar Marcelo Hermes na cara do goleiro.

Por fim, interessante observar dois volantes que disputavam vaga na seleção olímpica: Wallace e Tiago Maia. 

O eleito foi o santista, mas Wallace mostrou, ao menos pra mim, que é superior ao companheiro.

GUILHOTINA

No outro jogo da rodada envolvendo gaúchos, o Inter voltou a fracassar. Está queimando a gordura acumulada nos jogos iniciais por conta de uma tabela muito favorável.

Perdeu de 1 a 0 para o Flamengo.

O técnico Argel, que melhorava seu conceito diante dos colorados, volta a ser questionado.

O mesmo estaria acontecendo com Roger se tivesse perdido a terceira partida seguida.

O Gre-Nal, agora, é como uma guilhotina sobre o pescoço do técnico colorado.

Nova derrota acende sinal de alerta

Contra o Vitória, a derrota passou pela arbitragem e pelas deficiências do time gremista. Neste domingo, os 2 a 0 diante do Atlético Paranaense, em Curitiba, ficam na conta do time e do treinador Roger Machado. A favor do técnico, de novo, o fato de não ter quatro titulares muito importantes. Cinco, se contarmos Douglas, poupado.

Dessa vez, a arbitragem é inocente, embora quase tenha se complicado ao validar um gol em impedimento do Atlético – e depois recuar. Numa jogada em que o árbitro e o bandeirinha se mostraram tão desentrosados quanto o time tricolor. 

O Grêmio foi incapaz de criar uma só jogada de gol – se eu estiver errado me corrijam por favor. O goleiro Weverton nem precisaria ter se fardado. Não me lembro de ter visto atuação tão horrorosa quanto essa neste ano. Sei, houve outras ruins, mas não tanto.

A realidade é que o Grêmio escapou de uma goleada. O goleiro Marcelo Grohe fez pelos menos umas duas ou três defesas sensacionais.

Então, a defesa falhou – o que era de se esperar com essa dupla Fred e Thyere, este com a atenuante de estar muito tempo sem jogar.

Sertanejo universitário

O meio-campo teve a criatividade de um compositor de sertanejo universitário, e o ataque simplesmente não existiu.

Já faz tempo que escrevo aqui, e repito, assim como muitos gremistas, que o Grêmio mal e mal tem um time titular. Saindo disso, tudo se complica. Falta qualidade nas reposições e o técnico Roger se confunde, se perturba.

Roger se perde, talvez por ouvir demais pessoas que sempre buscam velhas soluções onde sabidamente não as encontrará.

Aipim que não cozinha

Entre essas soluções, está o centroavante Bobô é um aipim daqueles duros, que a gente cozinha, cozinha e nunca amolece. É um aipim ruim.

Não serve nem como alternativa.

Se Roger fosse mesmo um técnico moderno, imagem que ele plantou, aduba e rega a cada entrevista, teria mantido a proposta que dá certo: a de atacantes de velocidade, que jogam pelos flancos, mas que aparecem na área para concluir.

Por que não começar com Lincoln? Pelo menos há uma boa chance de dar certo. Com Bobô, já se viu, é perda de tempo. Meio caminho andado para o fracasso.

Agora, o que dizer de Éverton? Outra atuação desastrada. Giuliano, que eu elogiei no jogo anterior, foi confuso, parecia uma barata tonta.

Nem Luan escapou, mas muito mais pela companhia deficiente. Esforço e dedicação não faltou. 

Enfim, todos – com exceção de Grohe – estiveram abaixo da média, muito abaixo de aceitável para uma equipe que disputa o título.

Contratações já

Um título que está cada vez mais distante.  

A esperança é que a direção consiga qualificar o time titular e o próprio grupo, porque o campeonato é longo e desgastante.

É evidente que a direção está se mexendo, mas esbarra principalmente na capacidade financeira do clube.

Mas a hora é de raspar o cofre para evitar mais um ano perdido.

INTER

Já o Inter, em casa, conseguiu perder para o fraco Botafogo, imitando o Grêmio que também foi batido em seu estádio por um adversário de menor porte.

O Inter também reclama da arbitragem. A meu ver sem razão.  

O fato é que os dois times entram na semana Gre-Nal sem a confiança plena de seus torcedores.

Tem a rodada no meio da semana que pode alterar esse quadro, para melhor ou para pior.

 

Grêmio cai por erros próprios e também do árbitro

É assim que aos poucos se deixa de disputar título para lutar por vaga.

O Vitória, que é um time mediano, conseguiu três pontos na Arena. Três pontos que deveriam ser do clube que almeja quebrar jejum de 15 anos.

A derrota por 2 a 1, dentro de casa, onde se mantinha com 100% de aproveitamento, sinaliza que mais uma vez o Grêmio acabará se limitando a um prêmio consolação, transferindo o sonho para o ano seguinte. Aliás, tem sido assim faz tempo.

No futebol sempre procuramos culpados. Mas não responsabilizo ninguém pela perda dos três pontos.

O time jogou desfalcado de alguns jogadores importantes. Pior, jogou sem sua dupla de área titular. Pode ser pior? Sim, jogou com Fred e Bressan na zaga. É o que a casa oferece. Mas nenhum clube brasileiro dispõe de quatro zagueiros de nível assemelhado. 

Alguém pode lembrar Thiery. Está bem, mas por que Roger não o escala? Penso que é porque o considere inferior aos que foram escalados, mas se ele, Thiery, consegue ser pior que os dois que jogaram, em especial Bressan, então ele decididamente não serve para o Grêmio.

Assim como Bressan não serve. Confesso que torci muito por Bressan, jogador formado no interior, valente, sempre disposto a jogar e a dar tudo de si. Um exemplo de abnegação, dedicação.

Mas um exemplo, também, de como não pode jogar um zagueiro de clube grande.

Bressan tem como seu principal defeito, a meu ver, a afoiteza. Ele é um ‘viamão lotado’.

Minutos antes do pênalti que não existiu, mas que o juiz marcou, Bressan deu uma entrada por trás no Kieza no meio do campo, no lado do adversário. Levou cartão amarelo.

Se tivesse sido menos aloprado – sim, ele é aloprado quase sempre -, não teria levado o amarelo.

Na jogada seguinte, ele viu Dagoberto invadir a área pela direita. Mais uma vez foi um ‘viamão lotado’, facilitando tudo para Dagoberto, que sempre joga bem contra o Grêmio. Levou um lençol mais do que previsível. Deixou o corpo e Dagoberto chocou-se contra ele, que estava imóvel. O juiz, perto do lance, marcou pênalti, um erro inaceitável.

Bressan, que havia recebido aquele amarelo minutos antes, levou o segundo. Foi expulso.

Antes, o Vitória havia marcado de cabeça com Kieza, num cruzamento na medida de Diego Renan, que era destaque no time junior do Grêmio uns anos atrás e, como tantos, nunca teve chance entre os titulares.

Bressan, claro, estava no lance. Mas não atribuo a ele alguma falha no gol. Nem ao Grohe. As vezes o adversário tem seus méritos. Não devemos nos esquecer disso.

Com a desvantagem de um homem em campo e levando dois gols, o Grêmio voltou a mostrar capacidade de indignação.

É importante frisar que o time não se entregou. Lutou com todas as suas forças para buscar um resultado melhor. 

No segundo tempo, após cruzamento de Edilson, o goleiro se atrapalhou e socou a bola na cabeça de um zagueiro. Gol contra.

O Grêmio seguiu pressionando, enquanto os baianos exploravam contra-ataques.

No finalzinho, Luan, de grande atuação, mostrando liderança e chamando a responsabilidade, perdeu um gol imperdível. Lançamento de Giuliano (outro de grande atuação), a zaga falhou e Luan ficou sozinho para correr em direção ao gol e desviar com categoria do goleiro. Mas a bola saiu, passou rente à trave.

O futebol também tem disso. O grito de gol ficou abafado na garganta de cada torcedor.

A realidade, dura e cruel, é que é assim que um time de bom potencial vê cada vez mais reduzidas suas chances de título. 

Cabe à direção do Grêmio providenciar reforços urgentemente.

Só assim a esperança de título será mantida. Futebol sem esperança é triste, sem graça e desestimulante.

O clube precisa neste momento é de um torcedor animado e confiante, mas para isso é preciso reforçar o time. Pra ontem.