Grêmio supera trauma da altitude e se classifica

Foi um começo para fazer dormir mais cedo o secador mais obstinado.

Golaço de Douglas logo na saída, depois de uma pressão inicial da LDU, e depois o gol de Bobô, após metida de Giuliano. 

Nem o torcedor mais otimista esperava por isso. Dois gols de largada na altitude de Quito. 

E dois gols de jogadores contestados como Douglas e Bobô, prova de que nada pode ser definitivo no futebol.

Douglas, apesar dos anos, tem muita técnica. E Bobô tem boa presença de área. 

O temor de um desastre veio logo no primeiro minuto do segundo tempo, com o gol equatoriano.

Afinal, com 45 minutos pela frente, a LDU poderia tirar proveito do desgaste natural dos gremistas.

Foi um susto, nada mais. Wallace, o melhor em campo, marcou um golaço, um gol daqueles que dobrar o preço do seu passe no mercado internacional.

A LDU ainda marcaria mais um, mas o sistema defensivo tricolor funcionou, principalmente na bola pelo alto.

A vitória por 3 a 2 classifica o Grêmio. Resta agora vencer o Toluca na Arena para melhorar a posição na tabela a fim de evitar alguma equipe mais forte.

Na Libertadores, é importante que o time ganhe corpo e confiança antes de poder encarar maiores desafios.

Antes do jogo, o presidente Romildo Bolzan assustou os defensores do ‘pontinho fora’, ao dizer que o Grêmio não jogaria pelo empate para não enfrentar Corinthians ou Atlético Nacional, este o melhor time da competição, nas oitavas.

O Grêmio realmente foi em busca da vitória. E venceu, sem medo de ser feliz. 

Sobre o jogo, penso que Roger demorou para fazer alterações. Douglas e Bobô poderia ter saído mais cedo.

O que importa é que o Grêmio superou o trauma e venceu a LDU na temível altitude de Quito. 

Já é uma credencial de peso para fazer a torcida tricolor acreditar que o Tri da América é possível.

Noite de superar altitude e deficiências

O Grêmio vai passar de fase na Libertadores. 

Hoje, precisa jogar pelos três pontos, sem pensar em prêmio consolação, o empate. 

Voltar com um ponto na bagagem não chega a ser ruim, embora a projeção seja de adversários mais fortes na próxima fase. Tipo Corinthians e Atlético Nacional, melhor campanha da competição.

O ideal é vencer hoje e também o jogo contra o Toluca.

Mas sempre há percalços no caminho que leva ao ideal.

A começar por esta noite. Confesso que estou preocupado.

A altitude é um problema, físico e psicológico. Depende de cada um.

Mas há outra dificuldade. Percebo que os torcedores em geral não querem pensar muito a respeito do time que enfrenta a LDU.

A qualidade do time que enfrenta a LDU.

Eu avalio que um time para ser vencedor de verdade não pode ter mais do que dois jogadores meia-boca, jogadores medianos, dos quais não se espera muito, a não ser que não comprometam.

Pois o Grêmio tem, a meu ver, seis jogadores inconfiáveis em sua escalação.

 

Alguns são quase unanimidades negativas, outros geram polêmica. Douglas e Bobô são, a meu ver, insuficientes para o desafio de conquistar uma Libertadores. Podem ser, no máximo, alternativas para o decorrer de uma partida. Nada mais do que isso.

 

Há quem os defenda, tudo bem, mas eu os prefiro fora do time titular.

Os outros quatro nomes que considero insuficientes, ainda mais juntos no mesmo time, no mesmo jogo:

Wallace Oliveira, Fred, Marcelo Hermes e Edinho.

Tem ainda Giuliano, um ótimo jogador que vive uma fase instável.

Apesar disso, acredito na vitória. Por que? 

Porque sim, ora!

 

O Gauchão e o Estatuto do Idoso

O Campeonato Gaúcho/2016 se encaminha para o seu final previsível: Gre-Nal.

Sei de gremistas que perderam seu tempo secando jogos do tradicional adversário, esperando que ele ficasse pelo meio do caminho.

Pura ingenuidade. Como alguém pode imaginar que o atual campeão gaúcho fosse ficar de fora? Está certo, o time não é lá essas coisas, mas aqui Abaixo do Mampituba o Inter é poderoso.

É inegável que não apenas gremistas, mas também colorados suspeitavam de uma derrocada do time, desconfiados do trabalho do técnico Argel.

Pois Argel tem mostrado que foi vítima de muita injustiça. Seu time tão criticado acumula goleadas e se credencia ao título.]Neste domingo, atropelou o São Paulo no Beira-Rio.

Enfrenta agora o São José, que faz campanha surpreendente. Em Porto Alegre, depois do Grêmio, o Zequinha foi o melhor na primeira fase.

Superou o Inter, seu rival na fase semifinal.

Torço para que seu destino não seja o mesmo do Cruzeiro naquele controvertido jogo em que foi eliminado pelo Inter com dois pênaltis inexistentes.

Já estão levantando até a possibilidade de o Zequinha levar o segundo jogo para outro estádio, abrindo mão de decidir a vaga em seu glorioso carpete verde, onde costuma se dar bem.

Já ouvi o presidente da Federação admitir que existe 1% de chance de o segundo jogo não sair no Passo d’Areia.

Num campeonato minimamente sério essa possibilidade estaria descartada de pronto.

Mas agora, sei lá, 1 % por cento…

O Grêmio deve ficar atento.

WIANEY

A Rádio Gaúcha pediu desculpas pela fala absolutamente lamentável de seu funcionário.

Falta agora o pedido de desculpas do WC, que pela manhã ainda se mostrava arrogante e provocativo.

Estou convencido de que ele irá se desculpar, o que não significa se arrepender.

O importante é que o Grêmio, através do seu atuante Departamento de Responsabilidade Social, deu uma resposta à altura ao agravo à Arena e, em especial, ao seu entorno.

De minha parte, esclareço que não me aprofundei no caso Wianey para não correr o risco de ferir algum dispositivo do Estatuto do Idoso…

 

Roger prefere procedimento sem anestesia

O técnico Roger Machado é como o sujeito que vai ao dentista e, ao ser questionado, opta pelo tratamento sem anestesia.

Roger, como a imensa maioria dos técnicos, prefere sofrer antes de aliviar uma dor de dente. O problema é que com isso faz penar toda uma torcida, que certamente ficaria com um procedimento indolor.

No caso do Grêmio, escalar de uma vez Lincoln no lugar de Douglas, estancando assim o sofrimento e a angústia do torcedor.

O jogo desta noite na Arena foi didático. Só não aprende quem não quer, ou é muito teimoso. Aliás, teimosia é outra característica comum a quase todos os treinadores de futebol.

Douglas, apesar da fragilidade técnica do adversário, não conseguiu jogar. Errou demais. Foi substituído tarde. Aliás, Roger já poderia ter começado com Lincoln, que mostra mostra mais entrosamento e, especialmente, afinidade com Luan, este com lugar certo na equipe.

Lincoln e Luan trocando de posição seguida e rapidamente formam uma dupla capaz de enlouquecer qualquer marcação.

Pedro Rocha, na frente, dá ao ataque impetuosidade e movimentação, abrindo um leque de opções aos articuladores.

Até Giuliano cresceu com a saída do maestro de Roger.

Douglas, é claro, tem seus méritos, mas eles estão mais no passado do que no presente. O tempo passa para todos, inclusive para os jogadores mais talentosos e inteligentes.

O time para começar em Quito deveria ser basicamente o que terminou o jogo na goleada sobre o Brasil por 4 a 1, resultado que garante o Grêmio na próxima fase do ‘empolgante’ Gauchão.

Wallace, que saiu lesionado, é um titular inquestionável. Ele há de se recuperar para enfrentar a LDU.

Por falar em titularidade, Geromel foi espetacular.  

Foi dele o gol de abertura, de cabeça, numa cobrança de escanteio por Douglas. Geromel está cada vez mais seguro e confiante.

Se continuar fazendo gol além de salvar lá atrás, Geromel estará próximo da canonização, que virá, sem dúvida, se o Grêmio conquistar o tri da América.

Se depender do talento de Geromel, esse título está longe de ser inatingível.

O problema é o entorno, não muito confiável, como mais uma vez se viu no gol do Brasil.

Roger precisa repensar seu time titular

Se o ‘centroavante de carteirinha’ tivesse aproveitado melhor as oportunidades que teve para marcar, não haveria agora essa espécie de levante nas redes sociais em defesa de mudanças no time titular.

Bobô teve em seus pés pelo menos três chances claras de gol. Não as aproveitou. Um verdadeiro matador, um aipim que se preze, teria feito ao menos um gol.

Felizmente não há qualquer risco de ele começar o jogo contra a LDU. Miller Bolaños será o titular.

Mas há o jogo contra o Brasil, no final de semana. E aí Bobô tem tudo para seguir nesse time que Roger Machado considera titular. Um time hoje muito contestado por nove entre dez gremistas.

Vale o mesmo para dois figurões, Douglas e Giuliano. O primeiro parece determinado a criar um novo tipo de meia, o meia-aipim. Um jogador com movimentação reduzida a alguns metros quadrados, área um pouco maior que um apartamento dois quartos.

A contribuição de Douglas – único jogador que nunca se lesiona no Grêmio – foi modesta. Fez o gol numa bola solta pelo goleiro, após um chute atrapalhado de Bobô.

Curioso que esse lance contou com a participação muito boa do lateral Wallace Oliveira, que cruzou para Bobô dentro da área.

Se Wallace tivesse saído naquele momento teria deixado uma boa imagem. Saiu de campo justificando o empenho do Grêmio em buscar mais um lateral direito sem nunca sequer ter testado o jovem Raul, figurinha fácil em seleções sub do Brasil.

O Grêmio poderia ter matado o jogo no primeiro tempo. Quem não faz leva. Hugo fez uma bela jogada em cima de Bobô, cruzou rasante, o goleiro Bruno soltou e o Juventude empatou.

No segundo tempo, Wallace Oliveira cometeu pênalti, foi imprudente. Gol de Hugo. Foram poucas as incursões ofensivas do Juventude, que por detalhe não deixou a Arena com vitória.

Nos acréscimos, Luan – este sim um titular inquestionável – cobrou falta com perfeição, com maestria, e evitou o vexame de perder para esse time modesto do Ju. Tivesse Douglas em campo, a cobrança seria de Luan?

O empate por 2 a 2 não faz justiça ao Grêmio.

De certa forma o resultado é positivo, porque alerta para o fato de que o time titular talvez não seja esse que Roger Machado abraçou e protege.

O Grêmio que goleou o Passo Fundo, fora, transmite muito mais confiança e esperança do que esse que penou diante do Juventude.

O Grêmio com jogadores como Lincoln, Éverton e Pedro Rocha empolga mais. Nas laterais, Ramiro e Hermes não entusiasmam, mas ao menos não decepcionam como os ditos titulares.

Então, cabe a Roger Machado começar a repensar o seu time titular.

Poderia mirar-se no time que jogou demais e liquidou o Passo Fundo em menos de 30 minutos, inclusive com gol de Bobô, um jogador que é útil, mas apenas em determinadas circunstâncias de um jogo em andamento.

GAUCHÃO

O Inter confirmou sua presença no G-4, e vai decidir em casa sua classificação. Pega um São Paulo que começou bem e que agora está em frangalhos.

É o Inter crescendo na reta de chegada, indicando que Argel é mesmo um injustiçado. Até Anderson de uma hora pra outra passou a ser festejado.

Foi tema de três páginas do jornal ZH.

A continuar assim logo aparecerá outro clube chinês com proposta milionária.

CRUZEIRO

Estou aqui festejando a permanência do Cruzeiro na primeira divisão.

Sem dinheiro de empreiteiras, o clube está sofrendo para concluir sua bela Arena em Cachoeirinha.

Seria lamentável uma queda nesse momento. 

 

Roger ganha opções para o time titular

O que eu mais gostei do jogo contra o Lajeadense na Arena, além da vitória por 3 a 0 que confirma o Grêmio na liderança do Gauchão, foi ver Lincoln desbancar Douglas da função de cobrador oficial de escanteios e faltas.

Salvo engano, Lincoln cobrou a maior parte das bolas paradas, senão todas.

É um indicativo forte de que está assumindo a titularidade, criando um agradável problema para o técnico Roger Machado.

Há um lance emblemático ainda no primeiro tempo: Douglas e Lincoln posicionados junto à bola, lado direito de ataque, perto da grande área. Quem vai bater a falta? Os dois cochicham. Lincoln se afasta. Tudo indica que Douglas irá bater. Afinal, tempo de serviço ainda conta. Mas Douglas abre espaço para Lincoln, que cobra sem a qualidade habitual, talvez intimidado com a proximidade do veterano meia.

O importante é que Douglas, mesmo conhecendo a campanha nas redes sociais a favor de Lincoln, foi generoso. Teve um comportamento exemplar, e até jogou bem. Não tenho dúvida de que o time renderia mais com Lincoln na função de Douglas. Nos minutos finais, isso aconteceu.

Então, é Lincoln ocupando espaço, devagar e com solidez, e isso é o que importa. Ter Lincoln com toda a confiança, afirmado, para enfrentar a aspereza dos jogos da Libertadores, em especial o confronto contra a LDU. 

O Gauchão é um objetivo, claro, mas secundário. Serve essencialmente para experiências visando armar uma equipe forte para buscar o tri da América. Nesse aspecto, os resultados são dos melhores.

Roger já viu que pode contar sem medo com Lincoln.

Nesse jogo, Lincoln atuou com liberdade, normalmente pelos lados de campo. Teve alguns bons lances, mas não chegou a ter protagonismo, até porque este coube a Douglas.

Pedro Rocha é outro que está evoluindo e é uma alternativa de ataque. Foi dele o segundo gol, no qual mostrou técnica e serenidade após lançamento que partiu de um adversário com Douglas no lance.

Até o centroavante Bobô está revelando mais qualidade. O gol que marcou é coisa de matador, um drible curto, seco, e um chute preciso.

Depois, entraram Henrique Almeida, que a meu ver é superior a Bobô, e o jovem Batista. Henrique mostrou que chute de fora da área é com ele mesmo. E Batista mostrou que tem estrela. Fez o terceiro gol com visão de artilheiro, tirando a bola do alcance de Lauro, de grande atuação.

Do meio para a frente o Grêmio está bem, e há opções ofensivas de peso.

Com base apenas no jogo deste domingo de Páscoa eu diria que Ramiro está ocupando bem a lateral-direita. O problema mesmo se concentra na lateral-esquerda. Marcelo Oliveira decididamente vive um inferno astral.

Ele está fora contra a LDU. Roger não pode perder mais tempo. Precisa encontrar alguém para a posição. Insistir com Hermes e/ou improvisar alguém para o lugar. Alguém que dê segurança ao setor. 

 

 

 

 

Lincoln em campo. Nem importa em qual posição

Está rolando na aldeia um debate que vai do nada para lugar algum. Afinal, qual a posição de Lincoln? Está aí uma perguntinha desnecessária, porque quem é bom mesmo joga em qualquer lugar, dentro dos limites de suas características, lógico.

Um ex-dirigente gremista, dos mais vitoriosos no futebol gaúcho, defende que Lincoln seja atacante. Outros garantem/acreditam que o guri vai se dar bem mesmo é na meia, um jogador que arma, organiza e aparece na área para concluir. 

Pelo que vi até agora, Lincoln tem futuro garantido tanto como atacante como meia. Mas eu, particularmente, prefiro o guri municiando o pessoal mais adiantado, mas sempre que possível se confundindo com os atacantes e até invertendo posições.

Enfim, liberdade total para Lincoln, mas com algumas atribuições táticas. Nada que tolha sua criatividade.

Então, qual a posição de Lincoln? Qualquer uma do meio pra frente. Ele gradativamente vai encontrar o seu lugar, com ajuda do técnico, sem dúvida.

Foi assim que aconteceu com Ronaldinho antes de ser ‘Gaúcho’ e proscrito pela generosa (com seus ídolos verdadeiros) torcida tricolor.

Ronaldinho, em seu começo entre os profissionais, também gerava dúvidas, mas todos sabiam que ele estava um embrião de craque. O ex-deputado, ex-dirigente colorado e ex-integrante da crônica esportiva, Ibsen Pinheiro (com quem trabalhei um tempo na editoria de esportes da Folha da Tarde), cheio de inveja, por certo, comentou algo como ‘que craque é esse que ninguém sabe qual a posição dele’.

Realmente, não se sabia ainda qual seria a melhor posição para o guri talentoso que buscava seu espaço na terra do futebol do sangue nos olhos e faca na boca.

Só havia uma certeza: Ronaldinho seria um craque renomado no mundo todo. 

Não sei se Lincoln atingirá o mesmo patamar – até acredito que sim -, mas tenho absoluta certeza que a discussão que menos importa agora é sobre qual a verdadeira posição ou função de Lincoln.

Tanto faz. O que interessa realmente é que Lincoln tenha chance de afirmar-se como titular, que ele receba as oportunidades normalmente concedidas a jogadores que vêm de fora.

Neste domingo de Páscoa, 16h, quem for a Arena verá Lincoln de perto, começando como titular.

É o tipo de situação que lá adiante, no futuro nem tão distante pelo jeito, o torcedor poderá dizer: eu vi o Lincoln de perto, ainda menino.

Não são muitos os times que contam com algum jogador que motive o torcedor a trocar o conforto do sofá por um estádio de futebol. Alguém que valha o preço do ingresso. 

O Barcelona tem pelo menos quatro desse tipo.

O Grêmio tem um: Lincoln.

 

O HOLANDÊS

Qual era a posição de Johan Cruyff? Todas que ele quisesse, respondo.

Foi um jogador fantástico. Ele jogava do meio pra frente. Mas era visto em todos os setores do campo.

Os técnicos de futebol precisam entender que não se pode impor limites geográficos aos craques.

O craque é como um poeta. Precisa de liberdade.

Cruyff era um craque técnica e taticamente. Um gênio do futebol.

Melhor que ele só Pelé.

JOGO

No jogo deste domingo contra o Lajeadense – meu terceiro time -, Lincoln é a grande atração.

Ele entra no lugar de Giuliano, lesionado.

Será que ele sairia jogando se Giuliano estivesse bem?

Bem, o que importa é que o guri joga. Douglas é mantido mais centralizado. Lincoln vai jogar mais aberto, em princípio pela direita.

Espero que possa trocar com posição com Éverton, movimentando-se sem amarras no setor ofensivo.

Afinal, jogadores como ele realmente não têm posição.

Lincoln no banco passa a ser crime ‘lesa-pátria’

Outra grande atuação de Lincoln. Outra vitória. O misto do Grêmio jogou com cara de time titular e só não goleou o Ipiranga – nome do meu time de botão nos tempos de uma juventude distante em Lajeado – porque o goleiro Carlão salvou inúmeras vezes. Em outras, faltou perícia e tranquilidade aos atacantes.

O resultado final de 2 a 1 não diz o que foi o jogo.

Se alguém acha que o Ipiranga, que estava há meses invicto em seu estádio, não é parâmetro para avaliar o potencial da gurizada, digo apenas que o time titular do Inter está jogando menos que os reservas e o misto tricolor no Gauchão.

Os próprios colorados, pelo menos os mais críticos e lúcidos, admitem isso. A esses meu conselho é de que tenham paciência, porque Argel está remontando o time. Nada de golpe no Beira-Rio. 

Hoje, ouvi um colorado dizendo: mexeu com Argel, mexeu comigo. Fanatismo também no futebol, não apenas na política.

Mas voltando a Lincoln. Ele está pronto, quem não está pronto ou já passou do ponto são uns e outros.

Comparem: enquanto os jovens talentos colorados não conseguem dar uma resposta de acordo com a fama que lhes foi dada por setores da imprensa, Lincoln atropela as desconfianças, sufoca os agourentos e desmente aqueles ‘preocupados’ em não queimar o guri mais promissor do clube, do futebol gaúcho, nos últimos tempos.

Lincoln mostrou neste domingo, em Erechim, que é titularíssimo do Grêmio. Entra sem pedir licença no lugar de Douglas ou de Giuliano.

A função deixo com Roger. Lincoln só não joga no sistema defensivo. No mais, alguém precisa sair.

Quero ver Lincoln jogando muito antes que o Barcelona o leve. O investidor colorado, o Sonda, deve estar esfregando as mãos calejadas de contar dinheiro.

Mas não foi só o Lincoln que jogou bem. Pedro Rocha, apesar de afoito nas conclusões, foi muito bem. Difícil para Roger explicar por que Fernandinho está na frente de Rocha. Éverton está afirmado como atacante rápido e perigoso.

Sobre Bobô, fica claro que ele é de outra família. Teve bons momentos no jogo, inclusive no passe para o primeiro gol, feito por Pedro Rocha. Mas ainda acho que Henrique Almeida se adapta melhor ao time.

A favor de Bobô o fato de que com Lincoln o Grêmio tem alguém que coloque uma bola mais qualificada na área, ponto a favor do ‘aipim’, que é bom no cabeceio.

No sistema defensivo, gostei de Ramiro na lateral-direita. Por enquanto, não tem nada melhor no grupo. Na esquerda, Marcelo Hermes não foi superior ao titular.  Quem sabe com uma sequência….

A volta de Wallace foi alentadora.

A dupla de área bateu cabeça, mas conseguiu ajudar a garantir a vitória. 

LESA-PÁTRIA

Lincoln fez um golaço. Seria um gol de ‘chaleira’, conforme definiu o comentarista Batista, todo comedido nos elogios ao jogador do Grêmio.

O gol de Lincoln é raro, digno de figurar em vinheta de programa esportivo.

O gol escancara a qualidade técnica, a criatividade e a naturalidade com que Lincoln, apesar de seus 17 anos.

Deixar Lincoln no banco a partir de hoje pode ser considerado crime de lesa-pátria, a exemplo de outros que estão sendo cometidos neste país e que talvez não fiquem impunes.

Time misto com cara de titular em Erechim

O técnico Roger Machado disse hoje que tem conversado muito com Lincoln. Assuntos técnicos e até pessoais. E isso desde que chegou ao clube.

Está claro, então, que ele acredita, no guri.

Talvez não ainda a ponto de colocá-lo de titular. Entendo que Roger perdeu tempo demais ao deixar Lincoln fora do time, fora do banco, mas eu acredito no trabalho do técnico. Acredito em sua seriedade e em sua capacidade de avaliar o que é melhor para o time.

Roger, a meu ver, e também de um grande número de gremistas, poderia ter dado mais oportunidades para Lincoln. Por motivos que desconheço isso não aconteceu.

Mas agora Lincoln está abrindo seu espaço no time titular, que é composto por 11 jogadores mais uns três ou quatro. Lincoln está entrando nesse bolo. A titularidade absoluta agora é questão de tempo, pouco tempo imagino.

O jogo deste domingo, 18h30, em Erechim – terra do multicampeão Fábio Koff, faço questão de enfatizar isso para alertar alguns ingratos e desmemoriados – pode abrir caminho para que Lincoln enfrente a LDU em Quito desde o início.

Até porque jogadores jovens devem ter mais condições de suportar os efeitos da altitude.

Roger aproveitou que alguns jogadores estão desgastados ou com ‘desconforto’ muscular para escalar um time misto, desistindo da ideia absurda de jogar com a tal força máxima – que hoje se vê não é tão máxima assim, porque tem titular perdendo posição -, repetindo o erro cometido no Gre-Nal.

Erro, aliás, que eu, voz quase isolada, alertei na véspera – está registrado – quando todos, ou quase todos, queriam o time titularíssimo para vencer o clássico. Temia por lesões que viessem a desfalcar o time na Libertadores, o que lamentavelmente aconteceu. E justo com um dos dois jogadores por mim citados como alvo preferencial do adversário, o Miller Bolanos.

Bem, com esse time misto o Grêmio deve somar três pontos no Gauchão, talvez até assumindo a liderança. Quero dizer que diante da campanha na Libertadores e as atuações recentes dos titulares penso que devemos valorizar mais o nosso regional para impedir o hexa do rival.

O Grêmio deve jogar com Grohe, Ramiro, Geromel, Fred e Marcelo Hermes; Wallace, Maicon, Lincoln, Pedro. Rocha, Éverton e Bobô. 

Gosto dessa escalação.

Saúdo a volta de Wallace, que devolve ao time a qualidade perdida.

Ramiro e Marcelo Hermes estão ganhando posição. Nem tanto por seus méritos, mas pela ineficiência dos que vêm jogando nas laterais. Prefiro o Kaio no lugar do Ramiro, mas Roger conhece melhor os dois jogadores.

Do meio para a frente só falta um: o Luan, que entraria no lugar de Bobô.

Nesse jogo, aliás, eu escalaria Henrique Almeida, que não é tão dependente quanto Bobô. Tem mais iniciativa e se movimenta mais.

O fato é que esse time misto tá com muita cara de ser titular em pouco tempo.

CONTRATO COM TV

Não li o contrato do Grêmio. Mas não tenho dúvida de que Romildo Bolzan, habilidoso negociador, tirou o máximo da rede de TV.

Sei que muita gente queria ver a TV Globo pelas costas. 

Mas se RB optou pela Globo, é porque a proposta atende melhor os interesses do clube.

Entre propostas iguais, eu ficaria com a Globo, que tem muito mais visibilidade que qualquer outro canal de tv aberta.

 

 

Roger precisa ouvir a voz das ruas

Milhares de pessoas foram às ruas nesta noite (dia 16) para protestar contra a nomeação de Lula como ministro de Dilma, motivadas ainda pelo vazamento de gravações arrasadoras de conversas do ex-presidente com a presidentA e outros menos votados, mas tudo muito comprometedor, revoltante mesmo.

Ninguém combinou de tomar as ruas das principais cidades do país. Em Porto Alegre foram 25 mil manifestantes pedindo a cabeça de Dilma. E de Lula. Tudo muito espontâneo. A minoria silenciosa decidiu reagir.

Isso tudo para comentar a situação de Roger e de Douglas. Reconheço a qualidade técnica de Douglas. Mas o corpo dele já não obedece mais a cabeça. Acontece muito comigo quando jogo minhas peladas, cada vez mais raras. Eu penso que consigo fazer determinada jogada, mas na verdade já não posso.

O cérebro pode ser traiçoeiro como uma cotovelada no rosto num jogo de futebol.

Douglas – e eu cansei de escrever o mesmo aqui em relação a D’Alessandro – está envelhecendo. Está numa descendente como jogador de futebol. Isso é visível. É notório.

Insistir com Douglas como titular é colocar em risco o maior objetivo do Grêmio na temporada. Ou conquistar a Libertadores não é a prioridade das prioridades? Se não for, tudo bem, mantenham Douglas titular.

Agora, se o foco é a Libertadores é preciso uma correção de rumo, de estratégia.

Cabe ao técnico Roger Machado, que fez um trabalho espetacular em seus primeiros meses de Grêmio, e depois foi caindo até chegar ao ponto atual: questionado pela torcida que antes o reverenciava. Futebol é assim. Nada é permanente. 

Vejam o técnico Marcelo Oliveira, multicampeão. Fracassou no Palmeiras.

Roger começou bem no Grêmio, mas já não consegue devolver o padrão de jogo que o time teve até poucos meses atrás.

Se ele não resolver imediatamente essa questão com Douglas – entre outras, como a lateral-esquerda -, Roger corre o risco de retroceder em sua promissora carreira.

Antes que a torcida ganhe as ruas e surjam os primeiros gritos de ‘fora, Roger!’, é melhor que o treinador gremista revise conceitos e, principalmente, pare de ouvir velhos companheiros defensores de um time com ‘sangue nos olhos’, que ‘chega junto’ e que explora chutões para um camisa 9, alto e espadaúdo, dispute com a zaga e a bola sobre para um companheiro.

Esse tipo de jogada até tem o seu valor como alternativa para a reta final de um jogo encardido – foi assim que surgiu o gol de empate com o San Lorenzo -, mas quantas vezes isso foi tentado sem qualquer efeito positivo ao time? 

Roger deve seguir o modelo atual, mas com ajustes como efetivar Lincoln como titular, e dar mais chances para jovens como Tontini, Kaio, Pedro Rocha e Hermes.

Roger, não faça como Dilma e Lula, não desafie a força e a indignação do povo. A casa pode cair.