Três pontos e os dribles que iluminaram a noite

O drible é das coisas mais bonitas do futebol.

Um drible que deixa descadeirado o marcador vale o ingresso. E se esse drible vier acompanhado de uma vitória, então, em meio a um futebol áspero e sem criatividade, mais merece ser valorizado, festejado, saudado.

Por isso, presto minha homenagem ao jovem estreante Wendel, um neguinho arisco, ousado, driblador. Uma grata revelação. Depois dele, Maxi Rodriguez, que parece ter aprendido que toda a chance que se recebe deve ser aproveitada ao máximo, sem temor, sem medo de ser feliz.

Esses dois foram a cereja do bolo dessa vitória do Grêmio, que bateu o Náutico por 2 a 0 – vingando o coirmão colorado que levou 3 a 0 também em Pernambuco – jogando um futebol angustiante. Mais uma vez um futebol que dá esperança aos secadores, porque fica naquele 1 a 0 e não cria chances de gol para ampliar. Fica-se com a sensação de que a qualquer momento os três pontos podem se tornar apenas um.

O segundo tempo, depois de livrar vantagem com gol de Barcos cobrando pênalti, foi preocupante. No futebol, hoje, qualquer bola alçada na área é perigo de gol, com qualquer ataque e qualquer defesa. Tudo pode acontecer.

Quando Maxi Rodriguez entrou, o Grêmio se limitava a garantir a precária vantagem no marcador. Uma vantagem ameaçada por um jogador apenas, o atacante Hugo, que levou pânico ao sistema defensivo algumas vezes. Está aí um jogador que merece ser melhor observado.

Em sua primeira bola, Maxi não foi aquele jogador tímido e inseguro de outras vezes. Ao contrário, ele fez o que Renato fazia em seu começo de carreira no Grêmio: partia pra cima da marcação como se estivesse jogando uma pelada na beira da praia.

Maxi teve um começo avassalador. E só foi parado com um pontapé que deveria determinar a expulsão do zagueiro, mas que ficou apenas no cartão amarelo.

Mais adiante, Maxi deu uma puxeta de leve para Paulinho, outro jovem promissor que Renato está lançando; Paulinho aparou e chutou forte, a bola desviou no zagueiro e entrou.

Com os 2 a 0, faltando uns dez minutos para terminar, tudo ficou mais tranquilo.

Os 3 pontos estavam garantidos. E isso é o que realmente interessa, jogando feio ou bonito, com dribles ou chutões. Mas com dribles sempre fica melhor.

A noite só não foi melhor porque o Cruzeiro virou contra o Goiás e o Botafogo venceu o Corinthians por 1 a 0, com gol já nos acréscimos. Já o Atlético Paranaense ficou no empate.

Destaco, ainda, em contraste com a habilidade de Wendel e Maxi, o zagueiro Gabriel, que me lembra muito o Wander Wildner. Gabriel foi decisivo. Foi punk como o cantor. Com ele não tem brincadeira. É um seguidor fiel de um velho ditado: bola pro mato que o jogo é de campeonato.

Dunga, Renato e os 'entendidos'

O Inter segue frustrando expectativas no Brasileirão. Entra ano e sai ano, é sempre a mesma ladainha: o Inter entra como um dos favoritos ao título. Isso quando não é ‘o’ favorito.

O último Brasileirão foi em 1979. Faz tempo.

Basta o Inter vencer duas ou três partidas para que o coro dos crentes da crônica esportiva decrete vitórias antes mesmo de o jogo seguinte começar. Os torcedores colorados acreditam nessa ladainha e vão junto.

Quando o resultado sonhado não acontece, vem a frustração.

Um pouco mais de senso crítico bastaria para que os analistas do futebol, profissionais ou amadores, os torcedores, fossem mais cautelosos e menos ufanistas.

O Santos, mesmo desfalcado de jogadores importantes como Conca e Montillo, é sempre um adversário que merece respeito. Quando perdeu para o Grêmio por 2 a 0 na Copa do Brasil, o Santos mostrou qualidade. Não fosse a lesão de Montillo talvez a história não tivesse final feliz.

Na ocasião, houve quem classificasse o Santos de time ruim, candidato ao rebaixamento. Parece que vitória do Grêmio dói em determinados cronistas esportivos, que deveriam acima de tudo ser honestos em suas opiniões e não passionais como são os torcedores.

Pois o Santos, sem Montillo durante todo o tempo, bateu o Inter por 2 a 1 nesta noite de terça-feira, em jogo atrasado.

O Inter poderia ter vencido. Teve chances de gol para vencer, mas não as aproveitou. O Santos criou pouco, mas teve melhor eficiência, conforme definiu o técnico Dunga, que recebe da imprensa um carinho que é sonegado a Renato Portaluppi, talvez porque Renato trate com cordialidade os repórteres. Ou talvez porque esteja dirigindo o time ‘errado’.

No final do jogo, leio e ouço que o Santos venceu com duas bolas paradas. Quando alegam isso é para tentar diminuir a qualidade de quem venceu.

Os mesmos que usam esse argumento, ridículo por sinal, esquecem que o Inter fez seus três gols contra a Ponte Preta também com bola parada. Mas aí ninguém da aldeia salientou esse detalhe.

O Inter, enfim, não é tudo isso que projetam determinados cronistas, que entram em depressão quando o time engata uma série de empates e vão às nuvens logo após o segunda vitória seguida.

O fato é que esse Inter do Dunga tem sido muito irregular, inconfiável mesmo.

Mesmo assim, Dunga segue reverenciado. Por muito menos, técnicos como Dorival Jr, foram escorraçados do clube.

Ninguém ousa dizer que Dunga, apesar do grupo considerado fantástico por muitos, não está conseguindo ajeitar o time.

Já o Renato, que consegue se manter no G-4 mesmo sem jogadores como Zé Roberto, que só agora voltou, Elano e Vargas, que hoje fez dois gols na Espanha, continua visto com desconfiança pelos ‘entendidos’ em futebol.

Correção: onde se leu Conca leia-se Arouca.

Inter volta a animar setores da mídia

Voltei de uma viagem ao oeste catarinense – 16 horas ida e volta – no final da tarde deste domingo. Era uma festa da família, composta integralmente por gremistas, desde as crianças até os avós. No grupo, mais de 20 pessoas, havia apenas um colorado. Que não é da família.

Mas o futebol era só um detalhe no encontro. Aprendi muito sobre criação de gado, ovelhas, peixes, etc. Constatei que não é coisa pra mim, que é tudo muito complicado. Prefiro seguir dedicando-me prática cervejeira e a este espaço que compartilho com alguns amigos que ainda me aturam. Sem contar, claro, tuíter e face, e algumas participações muito eventuais em programas esportivos.

Sem acesso à internet ou coisa do gênero, só curti a natureza, comida abundante a companhia alegre e estimulante do pessoa da colônia. Na verdade, um reencontro com minhas origens e a de meus antepassados, oriundos da Alemanha com uma mão na frente e outra atrás. Até nisso sou parecido com os Wink que me antecederam lá por 1840.

O fato é que só fui me dar conta que o Grêmio jogaria no 7 de setembro quando alguém me informou que o Inter havia vencido a Ponte Preta, fora, por 3 a 1. E que o Grêmio entraria em campo às 21h na Arena para enfrentar a Portuguesa.

Fiquei impressionado com a vitória colorada. A PP apesar da má fase e do time modesto, sempre complica em seu estádio. Foi, portanto, um ótimo resultado.

Percebi por algumas mensagens que recebi pelo celular que as duas vitórias seguidas entusiasmaram setores da imprensa, fato que comprovei ao voltar da viagem. O pessoal está todo animadinho de novo. Até já esqueceu e/ou assimilou a série de empates.

Não vi nem metade dessa euforia com a série de cinco jogos com vitória do Grêmio.

O fato de o Grêmio ter feito 18 pontos em 21 disputados sequer é referido, quanto mais festejado.

A impressão que passa é que o Grêmio chegou ao seu limite enquanto o Inter ainda tem muito a crescer, tem muita munição, muito potencial técnico.

Já o Grêmio, segundo os mesmos analistas do apocalipse tricolor, acreditam que o Grêmio talvez tenha batido no teto e que a tendência agora é cair, talvez para ter seu lugar no G-4 ocupado pelo Inter do blindado Dunga.

Esquecem esses intelectuais de teses furadas que o Grêmio tem dois grandes jogadores que em breve entrarão em campo: Elano e Vargas.

Bem, voltando à festa noturna no interior de Saudades, onde eu estava. Agarrado numa costela de terneiro, perguntei ao pessoal se tinha como a gente ver o jogo pela TV. Claro, que não. A partir daí dediquei-me a outros assuntos, entre uma costela e outra.

Lá pelas tantas alguém grita ‘gol do Kleber’. Festa. Em seguida, ‘anulado’.

Aqui um aparte: acabei de assistir aos melhores momentos do jogo: gol legítimo. Tinha uma ovelha, digo, um jogador da Portuguesa dando condições ao Kleber.

Curioso é que isso não é destacado pelos mesmos que repetem como papagaio vermelho que não houve pênalti no gol da vitória gremista. Pois eu assisti ao lance várias vezes e penso que o zagueiro foi no corpo de Kleber, numa tentativa impossível, segundo a lei da física, de ocupar com Kleber o mesmo espaço no campo.  O zagueiro não foi na bola, foi no corpo de Kleber.

Voltando ao churrasco na colônia. Mais adiante, alguém que ouvia o jogo pelo rádio, anunciou os gols de Barcos e Zé Roberto. Vibração geral.

Depois, o empate da Portuguesa. A partir daí comecei a ouvir o jogo, o gol de Kleber batendo pênalti, o pessoal da rádio dizendo que não foi pênalti.

O Pedro Ernesto a todo instante enfatizando que foi um erro a marcação. Parecia um narrador de emissora paulista e ainda por cima torcedor da Portuguesa, o que é mais raro que leão baio, animal em extinção e que vive no oeste gaúcho e catarinense, nas barrancas do rio Uruguai.

Desliguei o rádio assim que o jogo terminou. Ando evitando ao máximo irritações, ao contrário do RW.

Aliás, recomendo a leitura do blog dele, o ‘cornetadorw’, foi onde ouvi o bate-boca entre Baldasso e o dr. Osmar, comentarista da Band de SP. Sensacional, não percam. Também não deixem de ler o post do RW sobre os torcedores metendo pau na narração do Pedro Ernesto.

Então, encerrando. Pelo que ouvi pelo rádio, o Grêmio havia jogado mal e a vitória teria sido injusta. Pois vi os melhores momento e constatei que o Grêmio poderia ter liquidado o jogo no primeiro tempo. Depois, levou dois gols em vaciladas inaceitáveis da defesa.

Agora, chamo a atenção para o segundo gol da Portuguesa, que vinha embalada por duas vitórias: o escanteio foi batido na primeira trave. E quem estava ali? O baixinho Ramiro. A bola passou penteando o cabelo curto do PGV (Pequeno Grande Volante. Pelamordedeus! O Ramiro tem que ficar fora da área para pegar rebote e puxar contra-ataque. Área em escanteio e cobranças de falta é coisa pra gente grande.

O mestre Felipão chegou aonde chegou sempre repetindo e ensinando: futebol se ganha no detalhe.

NOS ACRÉSCIMOS

Esqueci de mencionar que no primeiro gol da Lusa o atacante estava impedido. É o que me pareceu. Interessante é que ninguém fala disso. Só falam no pênalti ‘inexistente’.

Walter, Dida e o Sobrenatural de Almeida

O Grêmio perdeu para si mesmo e para o Sobrenatural de Almeida.

Sobrenatural de Almeida é um personagem do grande Nelson Rodrigues. Ele aparecia nas crônicas de Nelson sempre que o Fluminense sofria um gol esquisito, um gol estranho.

O que foi o primeiro gol do Goiás? Obra do Sobrenatural de Almeira, que, aliás, normalmente aparece quando o Grêmio joga no Serra Dourada.

Como explicar que Dida, um goleiro experiente, cobra criada, começa aquele ato de absoluta insensatez:

A bola foi mal recuada pelo Matheus Biteco, que, se repetir o que jogou contra o Goiás, corre o risco de passar do juvenil direto para os veteranos.

Atento no lance, Dida teve tempo de chegar na bola, dominá-la, dar uma olhadinha de ‘revesgueio’ para o ataque e quando se pensava que ele daria um bicão para a frente, eis que ele faz o mais improvável e reprovável: tenta devolver a bola para o guri assustado, fazendo um raio-X no balofo Walter.

O atacante agradeceu, dominou no peito, deu um toque em Dida e mandou para a rede. Uma jogada que o teatrólogo descreveria citando a participação de seu personagem.

O jogo, que já estava difícil, ficou ainda mais complicado. Matheus Biteco não conseguia marcar nem aparecer na frente como Riveros. Souza estava simplesmente ridículo, perdendo lances e errando passes. O PGV Ramiro era o único que ainda honrava a camisa tricolor.

Apesar desse gol, realmente um golpe para um time que se defende e joga no erro do adversário – hoje provou do próprio veneno -, o Grêmio conseguiu equilibrar a disputa no meio de campo e até teve momentos de domínio, com presença no campo ofensivo.

Mas aí voltou a aparecer esse que tem sido o maior problema do time: a escassez de jogadas de gol, jogadas que obrigem o goleiro a fazer uma grande defesa, daquelas que os narradores gritam desvairadamente.

Se Dida não fez uma defesa difícil nos últimos jogos – sinal da boa marcação -, os goleiros adversários também não foram muito exigidos.

Na melhor, e talvez única chance de gol que teve no jogo, Barcos mais uma vez não foi feliz na conclusão. Chutou sobre o goleiro Renan depois de receber uma bola adocicada de Werley, de cabeça. Seria o empate. E talvez ali o jogo pudesse mudar.

Escrevi no comentário anterior que Renato não gosta de mudar essa estrutura de 3 volantes e 3 zagueiros para não tornar a defesa vulnerável.

Quando, enfim, pensando em buscar o empate, ele sacou um zagueiro – Gabriel – para colocar um meia articulador de qualidade duvidosa, o Maxi, logo na primeira jogada, a zaga agora de dois zagueiros falhou, em especial Bressan, de novo. Walter livrou-se de Bressan e chutou forte de fora da área, um golaço.

Com esse ataque de asma do Grêmio, reforçado pelo Mamute – outro que ainda não mostrou nada -, tudo ficou muito difícil. Mesmo assim, acreditei que seria possível descontar ou até empatar, porque não vejo nada de especial nesse time do Goiás, com exceção de Walter.

Mas aí apareceu outro componente: o cansaço. Barcos já não tinha forças. Aliás, contra a Ponte Preta ele já dava sinais de desgaste físico.

Não seria interessante o Barcos engordar, comer muito x com Coca 2 litros, para ver se ele deixar de perder tanto gol?

Na entrevista de final de jogo, Renato comentou que o time está sentindo o excesso de jogos, tanto no aspecto físico como no emocional. Lembro que observei isso no jogo contra a Ponte. O jogo contra o Santos foi uma epopeia, exigiu demais do time sob todos os aspectos.

Sobre Zé Roberto. Ele entrou no segundo tempo e deu razão a Renato por ter optado por mais um volante, o Biteco. Zé Roberto não tinha mesmo condições de começar a partida.

O importante, agora, é recuperar a equipe para vencer a Portuguesa.

Renato sabe o que faz e a 'evolução' de Dunga

Depois de vencer o Santos jogando com o elástico esticado o tempo todo – e só por isso chegou aos 2 a 0 – eu estava convencido de que o jogo contra a Ponte Preta seria muito complicado, independente da qualidade técnica do adversário.

Sabia que haveria um relaxamento natural e também que a Ponte, com técnico novo, viria para não deixar o Grêmio jogar. E foi o que aconteceu.

Foi uma marcação forte por zona. Sempre cinco ou seis adversários próximos da bola, e tudo acontecendo em apenas uma metade do gramado.

Portanto, estava mesmo muito difícil criar alguma situação mais clara de gol.

Acrescente-se a isso, a falta de criatividade dos jogadores do meio de campo. Nenhum deles é capaz de pegar a bola e invadir a área a drible. Agora, compensam com uma disposição comovente para marcar, praticamente impedindo que o adversário incomode o goleiro Dida.

Aliás, Dida nos últimos três jogos, não fiz uma defesa difícil sequer. Desconheço a existência de goleiro com vida tão mansa neste Brasileiro. É claro que ele já trabalhou muito e garantiu os três pontos em vários jogos. Mas ultimamente tem sido um espectador privilegiado. Ainda bem, por que isso significa menos sofrimentos aos gremistas.

Voltando a inoperância ofensiva. Outra coisa que contribuiu para a falta de situações de gol do Grêmio – e isso é recorrente – são os dois laterais. Tudo bem, eles chegam ao fundo de acordo com o figurino estabelecido pelo ‘Renato, o Estrategista Motivador’ – isto é pra sacanear os corneteiros do Renato, sempre na tocaia para gritar ‘eu não disse?’ ao primeiro resultado negativo.

Pois Alex Telles e Pará parece que combinam no vestiário o seguinte: tu vai ao fundo e cruza pra mim que eu cruzo pra ti. E é assim na maioria dos cruzamentos. A bola viaja bem alto, fora do alcance dos atacantes.

É evidente que de vez em quando acontece um cruzamento bom, mas aí o Grêmio não tem um Jardel na área. Tem o Barcos, que, decididamente, não é bom no cabeceio. E o Kleber não chega a ser um atacante verticalmente favorecido.

Tem um lance que foi muito irritante. Ainda no primeiro tempo. Alex foi ao fundo, ali pela terceira ou quarta vez, e cruzou rasteiro, uma bola perfeita, na linha da pequena área, onde deveria estar o centroavante. Mas ali não estava o centroavante.

Barcos parecia filosofar, contemplativo, na linha da grande área, meia dúzia de metros distante do lugar onde deveria estar e para onde a bola havia sido lançada com perfeição por Alex. Espero que Renato comente esse lance emblemático com seus atacantes.

Então, tem mais isso, o problema de colocação dos atacantes.

Diante de tudo isso, é fácil entender por que o gol não saía. Para sair o gol, é preciso chutar e dar trabalho ao goleiro. Não foi o que aconteceu durante o tempo todo, com raros lances mais ou menos perigosos.

De modo que o gol saiu com a colaboração da Ponte. Kleber, esperto e veloz, previu o recuo de bola e conseguiu desviar do goleiro.

A vitória por 1 a  0 já garante os três pontos. Mas era um jogo para golear, até porque o adversário perdeu um jogador.  É importante o saldo de gols.

Renato tentou dar mais poder de fogo, mas era visível que o time, ainda sentindo os reflexos do desgastante física e emocionalmente jogo contra o Santos, estava satisfeito.

Sei que Renato poderia ousar mais. Mas ele sabe com quem está lidando. Lembram daquele lance no último minuto, quando Willian foi derrubado a um metro da área após falha de Alex, ou foi de Bressan aquele balão traiçoeira?

Pois é. Renato sabe o que faz.

O ASSESSOR

Circula a informação – publicada no blog do Darci Filho – de que o presidente MULTICAMPEÃO tem um assessor colorado. Alguém com quem trabalhou no Clube dos 13. É portanto, uma parceria de longos anos.

Realmente, ter um colorado circulando no centro do poder do Grêmio não pega bem.

Agora, se o presidente Koff o escelheu é porque confia nele, tem total confiança nele. Sendo assim, não vejo motivo para tanto alarde.

Seria melhor que todos fossem gremistas, até porque não faltam gremistas competentes e honestos, mas Koff vê nesse profissional as qualidades necessárias para o cargo. E isso é o que importa.

BRIGADA

O Grêmio está trabalhando nas internas para resolver essa questão com a BM. Realmente, não se pode tolerar que soldados disparem balas de borracha no rosto das pessoas. Isso é muito grave. O pior é que não se ouve um discurso de indignação do comando da BM em relação ao episódio ocorrido antes do jogo contra o Santos. Um torcedor pode ficar cego em razão da insensatez de alguns soldados.

Aparentemente, há uma boa dose de má vontade da BM em relação à uma parcela da torcida gremista.

Agora, se a BM manda que uma rua tomada por torcedores seja liberada para o trânsito fluir – e parece que a raiz de problema foi esse -, e não é atendida e até é desacatada, a situação foge ao controle rapidamente. E aí tudo pode acontecer.

Se eu estou lá e um soldado pede que eu saia, eu saio. Mas há quem prefira o confronto. Isso não justifica o excesso de força e a violência, mas a ordem precisa ser estabelecida.

Eu não gostaria de estar dentro de um carro parado, sem poder avançar, porque um grupo de indivíduos vestidos de azul ou vermelho decidiram beber no meio da via pública.

OS SINAIS

No filme O Lado Bom da Vida, que teve várias indicações ao Oscar e que teve sua atriz principal como vencedora, lá pelas tantas a protagonista fala em seguir os sinais, interpretar os sinais.

Os sinais em relação ao Inter é de que o time não está bem, apesar de alguns analistas acharem o trabalho de Dunga muito bom, e que a qualquer momento o castelo de cartas pode ruir.

Posso estar interpretando mal os sinais depois de uma série de jogos sem vencer e com a defesa vazando mais que a represa no bairro Sarandi. Mas o fato é que os sinais não são positivos. Ao contrário.

Ah, recomendo muito esse filme, um grande filme, com excelentes diálogos.

Outro personagem disse uma coisa simples, mas que a gente costuma esquecer:

– Não dá pra ser feliz o tempo todo.

EMPATITE

O Inter segue sofrendo de empatite. Mas já houve uma evolução, segundo Dunga: o time não sofreu gol. Dunga omitiu que nessa ‘evolução’ o ataque involuiu, porque se não sofreu também não marcou como vinha fazendo.

Mas um empate fora com o Coritiba não é um mau resultado.

Dunga, é fato, não consegue dar equilíbrio ao time. Por muito menos, outros treinadores foram defenestrados.

Mas Dunga parece blindado.

Curioso é que ninguém faz entrevistas com Celso Roth como aconteceu outras vezes tanto em relação ao Inter como ao Grêmio.

Mas o fato é que Celso Roth está disponível.

O choro de Souza e a virada do incansável Pará

A vontade, a determinação, a obsessão pela posse de bola e uma indignação poucas vezes vista diante do resultado adverso é que levaram o Grêmio a vencer o Santos.

Mais uma vez o Grêmio foi um marcador implacável, com seus jogadores – todos eles, com exceção de Dida – pareciam cães famintos disputando um pedaço de carne.

No primeiro tempo, o Santos quase não conseguiu respirar. Mesmo assim, deu algumas estocadas perigosas, todas puxadas por Montillo, que costuma jogar o que nunca joga exatamente contra o Grêmio. Sua lesão ainda no primeiro tempo foi muito importante para a vitória. Não tenho dúvida disso.

O Grêmio pouco criou. O goleiro Aranha, a exemplo dos goleiros que enfrentaram o Grêmio, quase não trabalhou. Não lembro de nenhuma defesa difícil dele, sinalizando que o sistema ofensivo do time cria pouco, apesar do volume de jogo, do domínio de meio de campo e da presença constante nas proximidades da área adversária. Agora, é importante frisar a eficiência da defesa santista nesta noite na Arena.

Assim, com um meio campo forte e competitivo, mas nada criativo, foi preciso muita insistência e o elemento surpresa para furar o bloqueio do Santos.

No segundo tempo, com o placar imóvel no 0 a 0 e os minutos voando, nada parecia indicar que o gol sairia.

Foi então que Souza – tão criticado por alguns – descolou-se da grande área defensiva e foi, imbuído de indignação diante do resultado desfavorável, foi ao ataque. Encontrou Barcos e continuou correndo na esperança de uma bola que poderia lhe ser jogada dentro da área.

Barcos avançou sobre seu marcador e rolou para trás, onde encontrou Souza, que, premiado por acreditar, mandou a bola para a rede. O volante gremista chorou ainda antes de ser envolvido pelos companheiros.

– Chorei de alegria. Fiquei um tempo afastado por lesão, estava fora do time e agora estou voltando. O gol veio em boa hora para o time -, contou Souza, que vinha sendo alvo de críticas constantes de uma parcela da torcida.

Depois o do gol, o Santos abriu-se mais. Renato ainda esperou um pouco para sacar um volante, Riveros, e colocar Maxi Lopez. O uruguaio entrou muito mal. No primeiro lance, foi obrigado a interromper um contra-ataque e levou o amarelo. Seguiram-se minutos de um desempenho preocupante. Cheguei a pensar que talvez Biteco fosse a melhor opção, mas é fácil pensar assim depois de ver o uruguaio fracassando. O Santos cresceu. Foram dez minutos tensos.

Aos poucos, o Grêmio reassumiu o controle do jogo. Maxi passou a aparecer bem na frente, mas ainda sem brilho. Até que Pará fez a jogada pela direita, tocou para Maxi, que meteu com perfeição para o lateral cruzar rasteiro e encontrar outro elemento surpresa na área santista. Werley, sem marcação, dominou e chutou com precisão no canto direito de Aranha.

Um pouco antes, eu questionava – e acho que muitos fizeram isso -, porque Renato não saca um zagueiro e coloca outro atacante? Werley foi o atacante na hora certa.

Foi uma grande vitória sobre um adversário aplicado, retrancado, mas sempre muito perigoso nos contra-ataques.

Uma vitória que fez lembrar o Grêmio dos anos 90, um Grêmio que ganhava muitas vezes pela insistência, pela perseverança.

O time inteiro foi bem, mas eu destaco alguém que sempre critiquei duramente e que venho elogiando nos últimos jogos: Pará. Renato, que fez Gabriel – entre outros – jogar em 2010, repete a dose com Pará, hoje um jogador mais confiante, mais seguro de si, que ousa e agora acerta.

Pará o melhor do Grêmio nessa vitória que classifica o Grêmio na Copa do Brasil.

Mais um mérito de São Portaluppi.

A peneira colorada

Quando ouço e leio gente pedindo que o Renato arme um time mais ofensivo, olho para os lados da beira do rio.

Enquanto o Grêmio segue firme no grupo de cima principalmente porque tem um sistema defensivo sólido e confiável, o Inter – e a comparação é inevitável – tem uma defesa que parece uma peneira. Vaza contra time forte, contra time médio e também contra time fraco.

A defesa colorada levou tantos gols quanto o lanterna do campeonato, o mesmo Náutico que aplicou 3 a 0 no Inter, inaugurando uma série de seis jogos sem vitória do time comandado por Dunga, que permanece preservado pela crítica esportiva.

Fosse o Renato com tantos jogos sem vitória, não tenho a menor dúvida de que estariam cantando, debochadamente, ‘Celso Roth vem aí”.

Penso que esse grande sucesso musical precisa voltar as paradas imediatamente.

Dunga, que tem história marcada como jogador de defesa, de marcação, está fracassando na tentativa de armar uma defesa consistente.

Neste empate contra o Goiás, obtido com muita luta, porque o time estava levando 3 a 1 dentro de casa, mais uma vez o ataque salvou a pátria. Uma derrota talvez resultasse em críticas, nada muito importante, claro, porque a paciência que se tem com Dunga não é a mesma dedicada a Renato, nem mesmo por parte de boa parte dos gremistas.

O campo encharcado não explica. O campo estava ruim para os dois. O Goiás também tem jogadores de muito boa técnica, a começar por Walter. Fico imaginando o que ele não teria feito num gramado seco.

Grêmio vence e cala secadores do esquema de Renato

Cheguei a temer que o Grêmio ficasse um pouco abalado pela derrota contra o Santos. Afinal, é um time em formação e ainda não estabilizado técnica e emocionalmente.

Mas o Grêmio do técnico Renato Portaluppi segue surpreendendo os seus críticos, da mídia ou fora dela. Bateu o Flamengo por 1 a 0 e se mantém na ponta de cima.

Depois do advento do esquema com 3 zagueiros e 3 volantes, que tanto irrita e inquieta aqueles que acreditam no que está escrito no papel e desprezam o que acontece em campo – sim, são os teóricos, aqueles que não aceitam que um prático licenciado, como o Renato na visão deles, venha dar lições de estratégia em seus pares mais experientes, como o adorado e festejado ‘salve, salve’, Mano Menezes -, esta foi a vitória com menos gols.

E o gol foi de Pará, algo inimaginável para aqueles que firmam um conceito e não mudam de pensamento nem diante dos fatos. E quais são os fatos?

A verdade, a doce verdade para quem quer o melhor para o Grêmio, é que Pará está crescendo. Como todo o time, Pará está ganhando confiança, acreditando mais em si mesmo. Tenho destacado a evolução de Pará desde o Gre-Nal. Tenho escrito isso. A cada jogo ele mostra que tem qualidades além daquela de ser um guerreiro, um abnegado, participativo.

No jogo anterior, contra o Santos, ele acertou uma bola na trave em bela jogada individual. Hoje, um gol de falta ao melhor estilo Elano. Acho até que o goleiro vacilou, mas o que importa é que foi gol e que Pará está desabrochando. Mais um crédito para Renato.

Sei que aqueles que são mais arrogantes, orgulhosos, que não tem humildade para mudar de opinião mesmo diante de fatos, vão insistir em meter pau no Renato. Ou vão silenciar agora à espera de uma derrota, que, inevitavelmente, irá acontecer, até porque não se vence sempre, ainda mais numa competição em que as equipes são muito parelhas e os jogos se decidem nos detalhes.

Eu também gostaria de ver o Grêmio dando show, mas isso não acontecia nem no tempo de Felipão, ou já esqueceram de vitórias extraídas a fórceps?

Gostei do comentarista da SportTV, nem sei o nome dele, mas ele em poucas palavras disse o que os comentaristas gaudérios não conseguem admitir, nem reconhecer, muito mais por preconceito em relação a Renato e ao time gremista, do que por ignorância futebolística.

Segundo o comentarista, que não é da aldeia, por supuesto, o Grêmio tem 3 volantes, mas todos eles chegam à frente com velocidade e alguma qualidade, e além disso tem dois laterais que se somam rapidamente ao ataque, onde estão Barcos e Kleber, ambos de bela atuação mais uma vez, apesar dos gols perdidos pelo argentino.

Então, resumindo: o Grêmio com esse esquema – realista e pragmático – não deixa de ser ofensivo. Com a vantagem de dificilmente levar gol, assim como o Corinthians, meu favorito ao título agora ao lado do Cruzeiro.

Invasão legalizada de espaço público

O Inter já tomou posse oficial de alguns hectares no entorno do Beira-Rio, além de tudo o que havia ganho; avançou sobre o leito do Guaíba; e agora se lança despudoradamente sobre a via pública com a reforma de seu estádio.

A subserviência do poder público é tanta que no trecho em que a cobertura do estádio avança mais a avenida será desviada em quase dois metros.

Nada ilegal, tudo abençoado e legitimado pelas autoridades.

Um pouco de história.

Em 1997, conquistei o segundo lugar no prêmio ARI – merecia o primeiro pela relevância do tema, já que mexia com o patrimônio da cidade – com uma série de matérias sobre o avanço da dupla Gre-Nal sobre áreas públicas.

Descobri, na época, que a prefeitura de Porto Alegre havia se debruçado sobre o assunto. Quem estava no comando da operação era o vice-prefeito José Fortunati.

No dia 13  de janeiro de 97, o Correio do Povo abriu a contracapa com a reportagem, por mim assinada,  com o título:

Prefeitura investiga dupla Gre-Nal.

Resumo: havia dois pontos irregulares no Olímpico. Um na área onde ficavam as piscinas e outro na rótula do Papa. Coisa de algumas dezenas de metros quadrados. Uma migalha perto do prato abundante servido ao Inter.

Declaração de Fortunati, mostrando documentos:

“O Inter recebeu, em duas doações, um total de 14 hectares. Hoje, ocupa 31 hectares, comprovadamente”.

A prefeitura pretendia negociar com o Inter o aproveitamento de pelo menos 4 hectares dos 17 hectares a mais que o clube havia tomado, segundo Fortunati na época, do espaço público.

A ideia era instalar ali um ‘hotel e um centro de compras’.

O que está sendo feito hoje pelo Inter, que há alguns anos foi agraciado pela prefeitura, com aval dos nobres vereadores, com a doação de toda a área.

Tempos depois da minha reportagem, a prefeitura mandou tratores para derrubar um muro que o Inter havia erguido sobre área considerada pública. Um dirigente, já falecido, foi para o local e impediu a ação dos operários do município.

E ficou por isso mesmo. O assunto morreu e só ressuscitou mais de uma década depois com a posse definitiva de toda a área, um espaço nobre que a cidade cedeu para um clube de futebol, sem protesto, sem choro nem vela.

Quando se imaginava que a invasão de área pública terminaria aí, eis que vem agora esse avanço que irá atingir 200 metros da via pública.

Penso que os shoppings da região, com esse precedente monstruoso – o jornal Zero Hora publicou matéria neste sábado tentando caracterizar o fato como algo positivo porque se trata de “uma integração inédita da cidade com um estádio de futebol” –  poderiam reivindicar o mesmo benefício.

Depois de ler a ZH, quase comemorei essa “conquista” para a cidade e seus cidadãos, que terão o “privilégio” de caminhar sob a magnífica estrutura do estádio.

Bem, vamos aguardar qual será a nova conquista territorial do Inter.

A sorte que andou sobrando agora faltou

Assim como venceu jogos que poderia ter perdido ou empatado nessa série de 9 pontos seguidos no Brasileiro, o Grêmio acabou perdendo um jogo que, se tivesse vencido, não teria nada de injustiça.

A Vila Belmiro, decididamente, não faz muito bem ao Grêmio. Só pode ser uma energia negativa que impediu os gols de Kleber e de Barcos no começo do segundo tempo. Um gol naquele momento perturbaria esse time novo do Santos, que tenta se acostumar sem Neymar. Não é fácil.

O Grêmio, por momentos, chegou a ter o controle do jogo. O único que realmente incomodava era Montillo. O Kleber fazia o mesmo em relação à defesa do Santos.

Gostei da postura do Grêmio. Enfrentar o Santos na Vila, onde não perde há quase 30 anos, não é fácil para ninguém.

A derrota foi uma injustiça. O empate ficaria de bom tamanho.

Com o 1 a 0, gol do jovem Gabriel, que em poucos minutos mostrou que tem muito futuro, o Santos complica a vida gremista na Copa do Brasil.

Depois da eliminação da Libertadores, eu escrevi que os esforços deveriam ser concentrados nesta competição, não no Brasileiro. Força total na Copa do Brasil. A sorte que andou sobrando recentemente, faltou nesta noite.

Agora, pelo que vi do Santos, que não terá Edu Dracena, penso que dá para se classificar. Desde, claro, que chances como as desperdiçadas por Kleber, Barcos e Souza sejam melhor aproveitadas.

ZÉ ROBERTO

Interessante a reportagem pós-derrota. Bastou uma derrota para todos lembrarem que Zé Roberto existe. Zé Roberto, como sabemos, está lesionado. Mas isso não impediu que se perguntasse quem vai sair ou se muda o esquema quando ele voltar.

Quer dizer, bastou uma derrota para que se lembrassem de Zé Roberto, que, só na cabeça de neófitos, é reserva desse time de esforçados que Renato conseguiu organizar.

Em caso de outra derrota (toc-toc-toc), já perguntarão pelo Elano e não faltará alguém para dizer que está tudo errado.

Aliás, já tem gente criticando o esquema de 3 volantes, 3 zagueiros. É evidente que essa foi a maneira que Renato encontrou para dar equilíbrio e consistência ao time, e que com a volta de Zé Roberto e Elano as coisas vão mudar. Ou alguém acredita que Ramiro tem bola para deixar deixar Elano ou Zé Roberto no banco?

Olha, eu até tentaria Ramiro na lateral-direita, embora, ao meu ver, Pará tem melhorado bastante de rendimento. Quem olhar despido de preconceito verá essa é uma realidade.

BITECO

Guilherme tem me decepcionado. Mas é culpa minha. Eu pensei que ele fosse um jogador de drible fácil como o Carlos Eduardo ou o Anderson. Mas não. Guilherme hoje em dois lances ficou de frente para a marcação, tentou o drible e perdeu a bola. Guilherme, que me chamou a atenção há dois anos e até comentei aqui, não é tudo o que parecia ser.

Meu olho clínico precisa urgente de uma avaliação com um oftalmologista.

Já o Matheus me parece estar num nível acima do mano mais velho.

A IVI do RW

O titular da cornetadorw estava eufórico hoje à tarde. São cerca de 2 mil votos para escalar a seleção da dita imprensa colorada.

RW me disse que tem um time completo com vários reservas. Não posso acreditar que haja tantos colorados na midia.

Os torcedores se enganam facilmente. Para uns, tal jornalista é gremista; para outros, o mesmo jornalista, é colorado. E isso mostra o quanto o sujeito é isento. Ou não?

Bem, não importa. A seleção será divulgada em breve.

O RW me revelou em primeira mão quem é o capitão do time. O cara venceu disparado.

Vou manter o mistério.

Vou sortear uma 1983 e um copo entre os que escreverem pra mim e acertarem.

É só uma chance para cada um. Valendo…