Marco Antônio e a 'revelação' de Luxemburgo

É coisa dos gênios, dos sábios. Com apenas uma declaração, proferida após a vitória por 1 a 0 sobre o Cerâmica, Vanderlei Luxemburgo, o Iluminado, conseguiu transformar todo o meu modo de ver e avaliar Marco Antônio.

Foi como um clarão na escuridão do meu pensamento.

Começou com uma frase curta, simples, mas absolutamente verdadeira:

– A contratação de Marco Antônio foi errada.

Eu já começava a comemorar, abrindo mais uma Mazembier, feliz porque finalmente o técnico concordava comigo, quando veio o complemento:

-Contrataram ele como meia-esquerda, ele nunca foi meia-esquerda. Cobraram dele uma coisa que ele não tem. Ele tem muita qualidade, mas não para ser o número 10.

Então, esse Marco Antônio que aqui está não é o mesmo que jogava – e bem – na meia da Portuguesa, conhecida então como ‘barcelusa’, ou outra bobagem desse nível? Seria uma fraude?

Mas se Marco Antônio não é meia e, segundo Luxemburgo, ‘tem muita qualidade’, qual seria a sua posição verdadeira?

Luxemburgo, como um bom mestre, um ser superior, não entrega tudo mastigadinho, ele provoca, instiga. Cabe a nós, pequenos mortais, descobrirmos, afinal, quais são as qualidades de MA e, principalmente, qual a sua real posição.

Brilhante o Luxemburgo.

O objetivo dele, e isso me parece claro, é tirar de MA todo o peso  que recai sobre um camisa 10, um articulador, aquele jogador que faz o time jogar, que cria, lança, dá assistências preciosas e ainda invade a área para concluir e fazer gols.

Na verdade, MA faz um pouco de tudo isso, mas um pouco realmente pouco, assim em doses homeopáticas, quase imperceptíveis.

Já que MA não é mais um meia, conforme decretou espertamente o Luxemburgo um ano depois de trabalhar com ele, qual seria mesmo a sua posição?

Simples, elementar meu caro Ilgo, é a posição em que ele jogou contra o Cerâmica e vai jogar contra o Fluminense, substituindo aquele que para mim é o principal jogador do Grêmio, Elano, o ponto de equilíbrio do time.

Marco Antônio só tem uma qualidade, a meu ver: bom passe. Ele dá andamento às jogadas, de maneira um tanto óbvia na maioria das vezes. Ele é quase incapaz de roubar bolas e de driblar. É o jogador sanguessuga. Eu explico: o Fernando se arrebenta para recuperar a bola e o MA se apresenta para receber a bola. É um chamichunga, como eu aprendi ainda criança nas barrancas do rio Taquari.

O problema é que MA faz com a bola. Normalmente o óbvio, um passe para o lado ou para trás. Ele busca abrir o jogo muitas vezes. Faz lançamento razoáveis e por vezes até acerta uma metida de bola para alguém na área. Mas raramente arrisca um drible. Sujar o calção numa disputa, nem pensar.

Então, MA, se não é meia, também não é volante, porque no máximo ele cerca o adversário, não dá o bote, carrinho então só de lomba.

Marco Antônio joga naquela zona difusa entre a linha de marcação e a de criação. Faz as duas coisas e não faz nenhuma.

Resta, agora, torcer para que no jogo contra o Fluminense Marco Antônio consiga superar um pouco seus limites e de temperamento e seja o mais próximo possível do que ele, segundo o mestre Luxemburgo, não é: um camisa 10.

Além de torcer, vou acreditar em todos aqueles que andam dizendo que nos últimos jogos – não importa o nível dos adversários – Marco Antônio, “até que jogou bem”, assim como quem dizem ‘ele está se esforçando, vamos lhe dar um voto de confiança’.

Vou acreditar também na cotação da ZH, que o considerou um dos melhores em campo na modesta atuação do time contra o Cerâmica.

Aos que irão à Arena, meu pedido: não vejam MA como um meia, não cobrem dele grandes jogadas e sejam tolerantes e pacientes. Muito tolerantes e pacientes. Vejam MA como um jogador complemento. Se não atrapalhar, já estará ótimo.

Que ele seja como um bom árbitro, aquele sobre o qual se diz depois dos 90 minutos: o juiz foi tão bem que ninguém notou a sua presença.

O INTOCÁVEL

D’Alessandro, depois do jogo em que o Inter foi batido por 1 a 0 peloVeranópolis, disse que mudou para melhor. É questionável. Foi expulso no Acre, Antes, já havia brigado no jogo contra o Esportivo. Hoje, já ia brigando de novo e foi afastado, bruscamente, pelo juiz.

E D’Ale diz que não vai mudar, isso depois de dizer que já mudou bastante.

Enquanto isso, Dunga defende o argentino, diz que ele apanha muito, que há revezamento pra bater nele. Não está longe da verdade, mas não é novo.

O que não pode é as arbitragens serem tolerantes com a violência, como acontece em todos os lugares.

Violência por violência, o Grêmio tem sido mais vítima. No ano passado, perdeu seus melhores jogadores por lances violentos, Mário Fernandes e Kleber, sem punição aos agressores.

Cabe aos juízes punirem com rigor as entradas violentas, os socos e as inaceitáveis cuspidas, estas muito reclamadas pelo Imperador do Pampa.

Agora, só não vale entrar no jogo de Dunga, que parece querer dar a impressão de que seu time tem sido caçado, tudo para influenciar as arbitragens. No jogo contra o Esportivo, na expulsão injusta de Ediglê, já apareceu o resultado da estratégia do técnico colorado.

SELEÇÃO

Final de jogo na Bolíva me liga o Ricardo Worthman, o cara do ‘cornetadorw’. Eu digo que estou diante da TV torcendo por um gol de Leandro, para que ele seja vendido e o Grêmio fature alguma coisa.

Ele riu, gol do Leandro?

Foi só ele desligar o telefone que a bola sobrou para Leandro fazer o seu gol. Hoje, ele fez o gol da vitória do Palmeiras, dominou com um pé e chutou com o outro, irreconhecível. O que não faz uma mudança de ares?

Dizem que o Tottenham vem aí, vai trocar um Leandro pelo outro, já que o Inter continua querendo mais de 20 milhões de euros pelo seu Leandro, o Damião.

Lesões no Grêmio e o Imperador do Pampa

Depois da goleada sobre o Caracas na Arena, quando o Grêmio sinalizava que alcançaria a classificação até com facilidade após o fiasco inicial, chamei a atenção aqui para dois jogadores do time venezuelano: o meia Otero, que tem um estilo parecido com o de D’Alessandro, mas é mais incisivo, e o lateral direito Caribalí.

Hoje, o jornal El Nacional, de Caracas, anuncia o interesse do Grêmio em Rómulo Otero. Tem também o Botafogo e o Vasco na jogada.

Destaco isso por dois motivos: tenho olho bom para avaliar jogadores, mesmo em situação de derrota; e porque gostaria de contar com Otero no momento em que leio nos sites que Elano torceu o joelho no treino na Arena e seguiu direto para fazer exames no hospital. Como se não bastasse, Zé Roberto sofreu uma pancada no tornozelo, obra do Bressan.

Elano já está fora do jogo contra o Fluminense, então não é problema a curto prazo. A questão é se a lesão for mais grave. E aí teremos que conviver mais tempo com o meia aquele que não ouso dizer o nome.

Agora, preocupação maior é o Zé Roberto, ao menos até sabermos o resultado do exame de Elano. Se sem Elano já não será fácil superar o Fluminense, sem os dois únicos meias de qualidade confirmada do time a vitória será praticamente impossível, embora, como todos sabem, nada é impossível para o Grêmio.

Se o Grêmio tivesse um meia, unzinho só, mais ou menos do nível dos dois titulares, o quadro não seria tão dramático.

Resta torcer e, se alguém achar por bem, rezar, para que Zé Roberto possa jogar contra o Flu e que Elano tenha condições de enfrentar essa pedra no sapato que é o Huachipato.

Além disso, esperar que Fábio Aurélio não apenas resista como jogue bem contra o Cerâmica para tornar-se uma alternativa de alto nível para substituir Elano no dia 10.

Caso isso não aconteça, o técnico do ‘fica’ vai mesmo escalar o jogador que não ouso dizer o nome no lugar de Elano.

Já não tenho mais dúvida disso.

O IMPERADOR

Não, não me refiro a Adriano, que cada vez mais é ex-jogador. Imperador do Pampa é o apelido que dei a D’Alessandro no programa do Reche depois de ouvir pela milésima vez que o argentino está demais, jogando muita bola no Gauchão e, além de tudo, comportado – apesar da quedinha que teve contra o Esportivo.

D’Alessandro no Gauchão, aqui na aldeia, em que as arbitragens são tolerantes ao seu comportamento irascível, birrento, de galo de rinha, é mesmo um imperador. No Brasileirão, disse eu no programa da Ulbra, D’Alessandro não se destaca tanto e, se vacila, é expulso.

Não é que no jogo seguinte, contra o glorioso Rio Branco, D’Alessandro foi expulso? E justamente por não resistir a provocação e à marcação severa?

D”Alessandro deixou o time na mão ainda no primeiro tempo. Dunga, no final, com os 2 a 0, inocentou o jogador, dizendo que ele apanhou demais. Se o Inter não tivesse garantido a vaga será que o técnico colorado seria tão generoso com o seu melhor jogador?

O problema é que o meia está acostumado a ser paparicado pela arbitragem gaúcha. No primeiro jogo fora, expulsão.

É claro que a partir de agora ele vai saber diferenciar: apronta à vontade aqui e se comporta fora.

Enquanto isso, o Dunga reclama da arbitragem e a condiciona, como ocorreu no jogo contra o Esportivo, em que Ediglê foi expulso injustamente, o que abriu caminho para a vitória colorada.

INTER

Parabéns ao Inter, que só é grande porque existe o Grêmio. E vice-versa. Felizes somos nós que contamos com duas grandes potências do futebol em nossa terra. Bendita essa rivalidade que faz crescer os dois clubes, mas que às vezes os complica, como agora com essas questões de parcerias com empreiteiras para construir/reformar estádios.

Espero que os dois possam se manter grandes, com equipes fortes e competitivas. O Inter nem tanto.

Que o Grêmio volte a acumular grandes títulos, e que o Inter mantenha sua história de seguir o caminho trilhado por seu inspirador, e dê uma passadinha, ao menos uma, na segunda divisão.

Mas que não demore.

ESPINHADINHA

Não percam: cornetadorw.blogspot.com.br

Leandro na Seleção. Nada mais é impossível.

Felipão se superou. A convocação de Leandro é difícil de entender. A pouco mais de um ano da Copa do Mundo, Felipão faz experiências com jogadores que realmente nada acrescentam. Na lista dos convocados para enfrentar a Bolívia há outras convocações estranhas, absurdas mesmo.

Bem, mas o que mais me impressionou foi Leandro. Uma surpresa semelhante com a que tive quando fui informado de que o Grêmio havia perdido para o Cruzeiro em plena Arena.

Já ouvi e li que Felipão está superado. Passou o tempo dele, assim como o de Luxemburgo. Dois grandes nomes que hoje vivem mais do prestígio conquistado do que propriamente de resultados.

Felipão ainda tem uma vantagem sobre seu velho rival: a conquista da Copa do Brasil de 2012 com um time que acabaria caindo para a segundona.

Luxemburgo não ganha nada há horas.

Fico pensando por que Leandro na Seleção. Leandro foi rejeitado por Luxemburgo, que preferiu ver o guri jogando no Palmeiras a continuar com ele aqui. E ninguém pode criticar Luxemburgo por isso.

Mas aí vem o Felipão e cutuca o Luxa, quase dizendo ‘tu não gosta dele, mas ele é tão bom que eu o convoco para vestir a amarelinha principal’.

É claro que Leandro nem deve entrar no jogo. São seis atacantes convocados.

Mas uma coisa é certa: Leandro ficará muito perto de seu ídolo. Quem não lembra que Leandro, logo que foi lançado e até empolgando muita gente – eu inclusive -, cortou o cabelo ao estilo de Neymar na época. E, coincidência ou não, nunca mais repetiu as atuações iniciais.

Parece que agora Leandro está mais compenetrado e até se destacando no Palmeiras. Mas nunca a ponto de merecer uma convocação.

Bom para Leandro e também para o Grêmio, que vê seu patinho feio valorizado, quase um cisne.

Graças ao Felipão.

Outro aspecto positivo é que a convocação de Leandro prova que nada é impossível no futebol, até mesmo o Luxemburgo acertar a mão de vez e o Marco Antônio driblar um marcador, entrar numa dividida e sujar o calção. Enfim, mostrar ao menos uma vez que merece vestir a camisa tricolor.

LIBERTADORES

Amanhã, Caracas x Huachipato. O que o Luxemburgo não faz comigo? Nem os colorados acreditavam que o Grêmio chegaria na penúltima rodada aflito, fazendo contas e torcendo por um empate entre dois times descartáveis.

A classificação estaria hoje praticamente garantida se o Grêmio tivesse competência para vencer o glorioso Huachipato em casa na primeira rodada. Mas o Grêmio se esforçou, se esforçou muito, muito, e perdeu.

E aí complicou tudo. Depois, outra derrota inaceitável para o Caracas na terra do beisebol.

Agora, resta a obrigação de vencer o Fluminense. Se der empate amanhã, um empate no dia 10 não será péssimo, ‘apenas’ ruim. Se um dos dois coadjuvantes vencer, passará a ser protagonista.

E aí…

Cada vez mais confio menos em Luxemburgo

Eu não confio em Luxemburgo.

O jogo de hoje em Passo Fundo só fez reforçar minha desconfiança. Por dois motivos: o primeiro quando ele fragilizou o time ali pela metade do segundo tempo.

O Grêmio vencia por 1 a 0, enfrentava dificuldades, mas tinha condições de sustentar o resultado para assumir a liderança do grupo. Luxemburgo promoveu o desmanche do meio de campo ao sacar Guilherme e Souza e colocar Fábio Aurélio e Matheus Biteco.

Não era momento para dar ritmo de jogo a um atleta que estava há um ano ou mais sem jogar. O momento era de consolidar a vitória, não de fazer experiências.

A consequência foi o empate do Passo Fundo, que depois ainda teve uma chance magnífica após falha assustadora de Bressan. Grohe evitou o segundo gol com uma defesa fantástica.

Há quem diga que ele falhou no gol do adversário, mas eu não concordo. Foi um chute muito forte, com a bola pegando efeito e se afastando das mãos estendidas do goleiro.

É necessário destacar que o Grêmio poderia ter matado o jogo no começo do segundo tempo, quando Kleber ficou cara a cara com o goleiro e chutou rente à trave, após grande jogada de Vargas, o melhor em campo.

O empate deve ser debitado na conta do treinador, que foi imprudente e mexeu mal no time.

Luxemburgo tem sido assim desde que foi contratado: confundindo seguidamente – em especial nos jogos decisivos – ousadia com imprudência.

O segundo motivo para aumentar minha desconfiança em relação ao treinador foi uma declaração dele que fisguei do site do Correio do Povo, após o jogo, ao ser questionado sobre a instabilidade do time na temporada:

– Faz parte de um processo, que só é possível fazer uma avaliação ao término.

O término para mim, toda a torcida gremista e também para a direção, tem a ver com a Libertadores. É para conquistar a Libertadores que o clube está investindo tanto dinheiro. É na Libertadores que a torcida joga todas as suas esperanças.

Temos então que se o Grêmio for campeão, teremos avaliação positiva, é claro. Se perder, será negativa. Se bem que Luxemburgo ainda poderá ponderar que a ‘Libertadores é disputada por grandes equipes e que só uma delas pode vencer, e que, infelizmente, não foi dessa vez que o Grêmio chegou lá’.

Luxemburgo parece que está treinando para ser comentarista de resultados.

A função dele é outra: é avaliar corretamente o que acontecendo para realizar os ajustes necessários que levem a um término vitorioso. Se o processo for conduzido adequadamente, as chances de um resultado positivo são maiores. Assim, a hora de avaliar se as coisas estão indo bem é agora, é já.

Ao transferir as coisas para adiante, Luxemburgo nada mais faz do que empurrar os problemas com a barriga. Ele me dá a terrível sensação de que, na verdade, não sabe bem o que está se passando.

Há tanta coisa a ser explicada e o treinador do Grêmio, que conseguiu a proeza de der batido pelo modesto Cruzeiro na Arena, sugere simplesmente que a gente espere pelo final da campanha.

Cada vez mais confio menos em Luxemburgo.

E aí se estabelece um dilema, ao menos para mim: como manter esperança na conquista da Libertadores sem confiar no treinador?

PERPLEXIDADE

Fiquei sabendo da derrota do Grêmio diante do Cruzeiro, quinta-feira, em plena Arena, apenas no final da tarde de sexta-feira santa.

Explico: eu estava na colônia, no interior de um pequeno município do oeste catarinense, Saudades. Aliás, a região é repleta de gremistas e colorados.

Fiquei afastado dos meios de comunicação. Sequer me lembrava que o Grêmio jogaria com o Cruzeiro, jogo para vencer com naturalidade, sem maior esforço.

Assim, reagi com perplexidade quando um gremista me interpelou para saber como eu explicava a derrota por 2 a 1. Pensei que ele estivesse de sacanagem.

Percebi que ele e outros gremistas que se acercaram estavam perplexos, temerosos com o que pode acontecer no jogo que realmente interessa, o contra o Fluminense.

Ponderei que o time, assim como eles, torcedores,  está com o foco na Libertadores, que os jogadores não jogam com a mesma disposição, tiram o pé nas divididas, buscando se preservar. Isso poderia ajudar a explicar uma atuação tão frustrante.

Pela reação deles, acho que não fui convincente.

Desconfio que possa estar acontecendo algo mais grave nos bastidores.

INTER

O Inter bateu o Esportivo com atuação destacada de D’Alessandro, que no Gauchão se mostra um imperador do futebol, o que não costuma acontecer no Brasileirão.

O time colorado se encaminha para ser campeão gaúcho. De novo.

Agora tem esse jogo contra o Rio Branco. No Acre. Fazer um time caro como esse do Inter cruzar o Brasil para jogar no Acre é um absurdo. Coisas da CBF.

O maior adversário não é o Rio Branco, mas a viagem. Ontem, o técnico Dunga até tentou valorizar o adversário: “Há uns dois ou três anos eles têm a mesma equipe. Tem uma boa troca de passes e duas linhas de quatro, com jogadores experientes”.

Moledo, o zagueiro que parte da mídia gaúcha quer ver na Seleção Brasileira, sofreu e lesão e corre o risco de ficar fora do time por algumas semanas.

Madrigal, Tia Carmem e a grande jogada colorada

Enquanto  ‘estudantes’ depredavam a prefeitura de Porto Alegre e entravam em confronto com os soldados da BM e o pessoal da Guarda Municipal, no começo da noite, não pude deixar de lembrar outra pauleira ocorrida ali naquela mesma área – tentativa de destruir aquele boneco da Copa – e que resultou praticamente na invalidez de um jovem brigadiano, quase da idade dos desordeiros, mas, ao contrário desses, trabalhando para garantir o pão de cada dia.

São tempos difíceis. Hoje mesmo a Justiça decidiu suspender o corte de árvores no Gazômetro, resultado de outra manifestação popular, mas esta mais ordeira. A decisão me deixou otimista. Aguardo, agora, que a mesma Justiça decrete o fim da derrubada de árvores na floresta amazônica, um sonho que acalento há décadas. Sei que a Justiça não irá me decepcionar. Estou confiante. Mas vou esperar sentado, que não sou bobo. Ou muito bobo.

Agora, pior de tudo, é esse ataque ao lado erótico da noite de Porto Alegre. Os bombeiros endureceram depois da atuação no mínimo titubeante que tiveram em Santa Maria e isso está resultando no fechamento de casas da ‘perdição’, como resmungava uma velha tia enquanto fazia tricô e crochê.

Eu sei que a Gruta Azul segue em reforma para atender as exigências da prefeitura e dos bombeiros. Mas deve voltar. Agora, o que não podia acontecer é o fechamento da Tia Carmem. Sua proprietária diz que vai fechar porque os bombeiros estão exigindo muita coisa – e tem mais é que exigir mesmo.

Fico imaginando a cidade sem as meninas prendadas da  Tia Carmem. Não por mim, que eu há muito tempo não janto fora, se é que me entendem. Aliás, mal e mal faço um lanche de vez em quando, em casa.

Já pensaram uma Expointer sem a Tia Carmem? Dizem que um grupo de pecuaristas e fazendeiros está se mobilizando para invadir a Capital.

Mas o que me deixou arrasado de verdade foi a notícia do fechamento do velho e bom Madrigal da minha juventude. Sou do tempo do Madrigal da Santo Antônio, entre a Independência e a Cristóvão. Quando a casa se transferiu para a Farrapos, onde estava até poucas semanas, eu já havia abandonado a vida boêmia. É sério.

Diante de tudo isso, essa calamidade que se abate sobre a noite portoalegrense, fica a pergunta: onde a gente vai levar esse pessoal da Conmebol? Há boatos de que pelo menos uma conquista de Libertadores aqui no RS amado passou pelas mesas e lençóis de uma dessas casas tão respeitáveis.

É mais uma preocupação que passo a carregar comigo, como se não bastasse essa questão da Arena.

Vida difícil.

AGENDA POSITIVA VERMELHA

São bons esses colorados. É o mínimo que posso dizer depois de assistir ao vídeo que o pessoal mais afeito a esse monte de bobagem que circula na internet intitula de ‘Harlem Shake’ do Inter.

É um vídeo em que aparecem os jogadores colorados fantasiados, dançando de forma tão descoordenada quanto o futebol da Seleção Brasileira nos últimos tempos.

Aparentemente é apenas uma bobagem sem a menor graça, ridícula. Mas só aparentemente.

Não se iludam caros amigos. A encenação na sala de musculação do clube é, na verdade, uma jogada muito inteligente e oportuna.

Por que oportuna?

Porque o vídeo surge exatamente no momento em que começam a surgir informações e questionamentos sobre o ‘fantástico e maravilhoso’ contrato do Inter com a Andrade Gutierrez, a ‘Empreiteira Boazinha’.

Hoje, o que mais se fala nas redes sociais é nesse dança esquisita de colorados fantasiados de Chapolim, Batman, etc.

Mas essa onda passa.

E o contrato fica. Talvez tão preocupante quanto é o do Grêmio.

Sim, estamos diante de mais um Gre-Nal.

Realmente, são tempos difíceis. Vejam:

COBERTURA

Vi que muita gente não disfarçou sua satisfação quando soube a OAS estão metida na construção do interditado Engenhão.

Depois, quando esse pessoal soube que o problema é na cobertura, obra feita pela mesma empresa terceirizada que começou a cobrir o Beira-Rio, a coisa mudou.

O discurso de Odone

Demorou, mas o ex-presidente Odone rompeu o silêncio.

Sei de gente que ficou mais tranquila, convencida de que há muito alarmismo no ar, que a coisa não é tão feia quanto parece.

Eu continuo preocupado.

O que mais vejo de positivo é que Odone e Koff vão se reunir, aparar arestas para, entre outras coisas, deixar de abastecer um pessoal ansioso para jogar mais lenha na fogueira.

É preciso também controlar os da ‘periferia’, fonte permanente de notícias assustadoras para a torcida gremista.

Eu conheço muitos ‘periféricos’, e não tenho dúvida de que são bem-intencionados. Todos querem o melhor para o Grêmio e estão, realmente, muito preocupados com os números desses primeiros meses de Arena.

As declarações de Odone não me tranquilizaram. É certo que ele é muito bom de discurso, convincente, persuasivo, mas a mim não convenceu.

O Grêmio vai realmente viver na corda bamba do confronto entre receita e despesa, disso não tenho dúvida.

Mas, por outro lado, quando não foi assim?

O que mais me preocupou na fala de Odone:  “A Arena só vai dar certo se for o orgulho dos gremistas”.

Ora, se ele tivesse dito isso há uns cinco anos, talvez a Arena não existisse hoje.

Não há estádio por mais bonito, charmoso, moderno, grande que seja capaz de suprir a frustração que o time pode dar dentro de campo.

Aí, me ocorre uma frase muita repetida por gente experiente que analisou o contrato: o negócio só realmente será bom se o Grêmio sempre tiver um time de alta performance.

Já escrevi sobre isso: é impossível viver todo o tempo no topo. Por vezes, e nós sabemos disso, se passa um tempo na ponta de baixo.

A Arena, por melhor e mais espetacular que seja, não opera milagres.

A Arena sempre será um orgulho para os gremistas, e motivo de inveja de uns e outros, sem dúvida, mas ela por si só não irá manter o Grêmio sempre no alto. É impossível.

Ainda mais quando se sabe que nem sempre pessoas competentes assumem o comando do clube.

Não é por nada que o Grêmio não comemora um grande título há doze anos, período complementado com uma passagem tenebrosa pela segundona.

Mais importante que um grande e majestoso estádio, é uma direção eficiente.

O estádio sempre teremos, já a direção…

Para o momento, já me satisfaço com essa tentativa de acalmar os ânimos e de sufocar as intrigas que tanta alegria levam aos Inimigos Raivosos da Arena, o IRA.

O que está feito, está feito. A Arena está aí magnífica. E isso ninguém pode mudar.

Biteco, a melhor opção para Elano

Enquanto o Gauchão segue sem novidades, com o Inter vencendo com autoridade o Santa Cruz e o Grêmio batendo o Caxias sem maior esforço, fico no aguardo daquilo que realmente me interessa em termos de futebol: a próxima rodada da Libertadores.

É uma ideia fixa, uma obsessão. O que realmente interessa em 2013 é o tri da Libertadores. O resto é secundário. É lógico que se acontecer uma tragédia, o Gauchão crescerá de importância e o Campeonato Brasileiro ganhar ainda maior dimensão.

Hoje, o que importa é a Libertadores. E aí, pairando no ar, permeando conversas nos botecos, nas ruas e nos programas esportivos, prevale a questão que faz arder o cérebro dos gremistas: quem irá substituir Elano contra o Fluminense?

Estou convencido de que nem mesmo Luxemburgo sabe a resposta.

Conservador como todos os treinadores, ele tende a escalar Marco Antônio – toc-toc-toc, batendo três vezes na madeira -, que tem sido praticamente seu jogador número 12 ou 13. Vira e mexe, eis MA em campo.

Foi assim contra o Caxias. Tem sido assim com Luxemburgo. Portanto, nada mais lógico do que supor que MA é a possibilidade maior para o lugar de Elano.

Até não duvido que ele já tenha se decidido por MA, e que essa história de três atacantes não passe de uma tentativa de confundir nós todos, mas principalmente colocar dúvidas na cabeça de Abel Braga.

Não gostei da experiência com três atacantes contra o Caxias. Acho que ninguém gostou. Nem Luxemburgo.

A goleada de 3 a 0 sobre o Fluminense no primeiro turno foi facilitada pela decisão de Abel em começar o jogo com três atacantes. O Grêmio, a partir daí, ganhou o meio de campo e encaminhou a vitória.

Penso que assim como venceu fora, o Grêmio pode perder para o Flu. São duas grandes equipes, embora considere o Grêmio levemente superior no momento, mas uma supremacia que pode desmoronar em detalhes como esse: iniciar com três atacantes.

Outra alternativa é escalar três volantes. Entre jogar faceiro e mais fechado, fico com a segunda opção. Até levando em conta que Cris ainda não correspondeu. É um zagueiro que precisa de maior proteção. Então, poderia entrar Adriano como primeiro volantes, ficando Fernando e Souza com mais liberdade para apoiar.

O fato é que Luxemburgo está numa enrascada: se escalar três atacantes e perder, colocando em risco a classificação, será atacado por armar um time ‘faceiro’; se optar por três volantes e perder, será chamado de retranqueiro, de covarde, ‘onde já se viu jogar com três volantes em casa?’.

Agora, as duas opções são melhores do que começar com MA. Para Luxemburgo, se ocorrer uma derrota – três batidas de novo na madeira -, ele virá com o discurso pronto de que procurou manter a estrutura e blá-blá-blá. As críticas não serão tão contundentes.

Afinal, dirão alguns, em especial os cronistas esportivos colorados, que já estão defendendo o MA, é só prestar atenção.

“Não é culpa de Luxemburgo se a direção não contratou mais um meia de qualidade”, dirão em coro.

Realmente, não contratou, mas está na hora de Luxemburgo investir na gurizada da casa. E quem desponta no momento é Guilherme Biteco.

O guri voltou a jogar bem contra o Caxias. Marca relativamente bem, joga com personalidade, tem ótima técnica, criatividade, ousadia para o drible e uma excelente bola parada.

Biteco tem condições de substituir Elano com muito mais vantagem do que MA.  Se é para manter a estrutura, o esquema 4-2-4, meu voto vai para Biteco, o ‘filho de Zé Roberto’.

Só tem um probleminha: ele não está inscrito na Libertadores. Nem ele nem o Bertoglio, que seria outra opção muito melhor que MA.

Damião e Jean Pierre: o reencontro um ano depois

‘A mesma praça, o mesmo banco, as mesas flores, os mesmos jardins’.

É o que comecei a cantarolar nesta manhã cinzenta de domingo, relembrando Ronnie Von e seu sucesso da década de 60.

‘A praça’ me veio à mente ao ver que Leandro Damião e o juiz Jean Pierre irão se reencontrar de novo em Santa Cruz, no estádio dos Plátanos, palco de um dos lances mais grosseiros que vi no futebol nos últimos anos e que passou batido, ficou de impune, combinando, aliás, com o que acontece na sociedade brasileira como um todo.

Aqui, a impune grassa como erva daninha, como fogo em palha seca. Por que seria diferente no futebol?

Em março do ano passado, Damião acertou um violento e inusitado pontapé pelas costas no lateral do Santa Cruz, Márcio Goiano, se não me engano.

Foi um lance na risca do meio de campo, junto à lateral, sem qualquer perigo para o Inter. Nem contra-ataque era.

Foi uma agressão covarde, injustificável, ainda mais partindo de um jogador normalmente tranquilo como é Leandro Damião. Nesse lance, Damião revelou um lado obscuro, o lado escuro do mal.

Jean Pierre, próximo do lance, presenteou o goleador colorado com um cartão amarelo.

As imagens descrevem melhor o que aconteceu.

Até o Batista ficou escandalizado. Confiram:

Brasil: já não estamos com essa bola toda

Nos meus últimos anos de CP, jogo da Seleção Brasileira sobrava pra mim. Quer dizer, eu era obrigado a ver o jogo e depois escrever sobre ele.

Lembrei disso ontem, quando ouvi o Rui Carlos Ostermann comentando o jogo Brasil x Itália.

Conclusão: o cara vai ficando velho e sobra para ele a Seleção.

Quem me acompanha há mais tempo, sabe que eu não me interesso pela seleção. Isso significa que não deixo de fazer outras coisas para assistir a qualquer jogo da Seleção.

Quer dizer, jogo contra a Argentina desperta minha atenção.

Conheço muita gente assim, que não liga pra seleção brasileira, ainda mais em amistosos.

Agora, esse jogo contra a Itália, na volta de Felipão, me atraiu.

Minha conclusão depois dos 2 a 2: o Brasil parece distante de ter uma equipe para a Copa do Mundo.

O Mano Menezes fez experiências demais. Não conseguiu nem definir uma base, nem um esquema confiável e realista.

O Mano escalava a seleção como quem acredita que o Brasil ainda é imbatível, que tem que ir para cima dos adversários, que o outro time é que precisa nos marcar. Enfim, essas bobagens que resultam em fracasso.

Para minha surpresa, e decepção, vi o Felipão seguindo a mesma cartilha, que parece ditada pela TV Globo com seu ufanismo tradicional e pernicioso, simbolizado em Galvão Bueno.

Felipão seguiu Mano e escalou um time faceiro, três atacantes para enfrentar a forte Itália.

Felipão calçou salto-alto. Sucumbiu ao oba-oba. Esqueceu que já não tem Rivaldo e Ronaldo.

Essa de escalar três atacantes foi demais. Ainda se fossem três grandes atacantes. Neymar, tudo bem, mas Hulk e Fred?

Não vejo um atacante da estatura técnica do Neymar hoje no futebol brasileiro. Há vários bons atacantes, goleadores como o Fred, o Damião, mas ambos não têm nível para titularidade. O Pato, se conseguir recuperar o brilho de seu início, seria uma saída.

Portanto, com essa carência, insistir com três atacantes é burrice, irresponsabilidade ou loucura, como diria o Gerdau.

A primeira providência de Felipão deve ser reconhecer que estamos numa safra modesta, sem grandes astros.

A partir daí ele deve começar a Seleção. Armar um time mais operário, com três volantes, dois que saibam chegar ao ataque com velocidade e técnica.

Eu começaria, a título de exemplo, com Fernando, ladeado por Paulinho e Hernanes. Mas há outros desse nível, como Ramires e Lucas, ex-Grêmio. Depois, Kaká ou Oscar. Quem sabe os dois juntos, sacando o camisa 9, já que não existe nenhum realmente digno de ser titular.

Enfim, o primeiro passo para armar uma seleção competitiva e capaz de ser campeã da Copa das Confederações e do Mundial é admitir que já não estamos com essa bola toda.

O IRA e a agenda positiva da AG

Se alguém prestar atenção verá como é forte e constante a participação publicitária da Andrade Gutierrez na mídia gaúcha. Ao mesmo tempo, chama a atenção – ora, que coincidência! – o número de notícias positivas sobre a obra no Beira-Rio.

A AG, bombardeada no período de negociação com o Inter, agora é boazinha, de acordo com o que leio e ouço.

Dia desses saiu na imprensa que os custos da reforma chegariam a 70% acima do valor inicial, que era de 200 milhões.

Aconteceu o mesmo com a Arena.

A diferença é que a OAS é uma bruxa malvada: cobrou do Grêmio essa elevação.

Já a AG, de demônio passou a a anjo. Não, anjo é pouco. É um querubim, categoria angelical mais próxima de Deus.

Estaria a empreiteira, por força de um contrato muito bem urdido pelo genial presidente do Inter, comprometida a pagar sozinha toda essa despesa adicional. Uma merreca , coisa de 150 milhões.

A informação não repercutiu e muito menos foi questionada, mesmo por aqueles que gostam muito de se deter em contratos entre empreiteiras e clubes de futebol.

Ninguém investigou. Ficou por isso mesmo. Temos, então, que uma empreiteira, das mais poderosas do país, segundo a mídia gaúcha, assinou um contrato altamente prejudicial e lesivo a seus interesses.

Acredito que esse contrato irá um dia aparecer, assim como apareceu o do Grêmio com a Arena.

Tenho certeza que neste momento há jornalistas em busca desse documento espetacular, histórico, que irá provar como uma grande empreiteira perdeu tanto dinheiro numa obra.

Penso que, a ser verdade, o presidente Giovani Luigi – que eu conheço desde os meus tempos de repórter geral da TV Bandeirantes – tem a obrigação de escrever um livro contando toda a história desse grande e insuperável negócio.

Começaria pelo pau que ele levou no início de tudo quanto é lado, passando pelo apoio de poderosas forças políticas, até concluir com esse contrato inigualável que deveria servir de modelo para outras instituições.

Imagino o título do livro, ideia que dou graciosamente:

O dia em que uma empreiteira perdeu dinheiro.

ARENA

Três fatos inquestionáveis na minha opinião:

– a Arena é um espetáculo;

– o contrato com a OAS tem aspectos danosos ao Grêmio;

– o movimento IRA – Inimigos Raivosos da Arena – nunca irá dar trégua.

DAVID x GOLIAS

O jornalista David Coimbra, um cara que admiro e considero muito, está duelando contra o seu Golias, um inimigo ameaçador.

Mas não invencível.

Já superei situação parecida, um Golias talvez menos perverso, mas também preocupante.

Nesses momentos, além de confiar na ciência, é preciso acreditar em forças superiores, ter fé.

David da bíblia teve fé e derrubou o poderoso gigante Golias com uma singela funda.

Para isso, o pequeno David contou com a torcida, a reza, a energia positiva de muita gente.

Acho que o mesmo pode acontecer agora.

Até porque estou louco pra ver o que ele vai escrever depois de passar por essa.

Vamos lá, força David.

Precisamos de ti, cara.

Meu encontro mais recente com David Coimbra. Ele parecia tão radiante quanto eu, que não conseguia tirar o sorriso do rosto: