A noite em que deu saudade de Felipão

O Grêmio mereceu a classificação.

Luxemburgo não.

Confesso que senti saudade de Felipão. Nem no pior dos pesadelos Felipão entregaria o jogo no segundo tempo como fez o técnico do Grêmio.

Nem vou entrar no mérito das substituições de Gilberto Silva e Elano no intervalo. Dois dos melhores jogadores do time saindo ao mesmo tempo, tendo 45 minutos para evitar que o Coritiba marcasse dois gols.

Com Felipão à beira do campo, o Coritiba jogaria até a meia-noite e não faria os dois gols, correndo o risco de levar mais um.

Lembrei de Felipão quando vi um atacante descontado, mancando, receber a bola livre na grande área e desviar de Marcelo Grohe para fazer 2 a 1.

Inadmissível. Um time com a vantagem que o Grêmio tinha naquele momento não poderia nunca tamanha liberdade para o ataque inimigo.

Felipão teria erguido uma muralha diante da área, não esse queijo suíço armado por Luxemburgo, cheio de furos.

É evidente que o Grêmio perdeu qualidade sem Elano e Gilberto Silva, mas Luxemburgo poderia ter posicionado o time de maneira mais cautelosa, congestionando o meio de campo e explorando contra-ataques.

Depois, o terceiro gol do Coritiba. Pereirão cabeceou livre, parecia um treino recreativo. Ninguém chegou nele, encostou nele.

Com os 3 a 1, o Coritiba tinha tudo para eliminar o Grêmio.

Mas se Luxemburgo não sabe jogar mata-mata, está claro que o técnico rival, Marcelo Oliveira sabe menos ainda.

Os dois poderia frequentar a escolinha do professor Felipão, que provou na Copa do Brasil que é mestre na matéria, é doutor em mata-mata.

Aliás, dois, Luxemburgo e Marcelo Oliveira, são as vítimas mais recentes de Felipão.

Luxemburgo ao menos mostrou que é mais iluminado que o técnico do Coritiba.

No último minuto, quando tudo parecia perdido, Souza errou um rebote e a bola sobrou para Marcelo Moreno, que mostrou a importância de ter um jogador de área de qualidade.

O Grêmio garantiu a vaga e manteve a auto-estima elevada para o Gre-Nal.

Apesar de Luxemburgo.

Beira-Rio e a escolha de Vuaden

Agora sim. A direção colorada apeou do pedestal, afastou a capa da arrogância e da soberba, e decidiu negociar com o Grêmio o número de gremistas para o Gre-Nal.

Essa de empurrar goela abaixo os 750 definidos pela empreiteira, com apoio mais do que imediato da Brigada Militar, não colou.

Um pouco de humildade faz bem. Decidir unilateralmente, descumprindo o regulamento e impondo um número tirado da cartola, foi demais.

O Grêmio, então, exigiu o cumprimento do regulamento, 10% de torcedores rivais, para forçar a negociação.

Se o Inter ceder os 10% vai querer o mesmo percentual no clássico da última rodada. O melhor, para o Grêmio, é mesmo um acordo, fixando em mil ou 1.200 torcedores do Grêmio, domingo.

O mesmo número deverá ser concedido ao Inter no returno. É por aí.

ARBITRAGEM

Mas enquanto o Grêmio se preocupava com a questão do público, tranquilo porque o presidente da FGF pregava a indicação de árbitro de fora, eis que de repente, não mais do que de repente, surge o nome de LEANDRO VUADEN para apitar o Gre-Nal.

O Grêmio NUNCA venceu Gre-Nal com esse juiz. Pior: Mário Fernandes restou hospitalizado e nunca mais vestiu a camisa tricolor por causa de uma entrada criminosa do zagueiro Jackson num Gre-Nal, na cara do Vuaden. Foi marcada a falta, mas o zagueiro não levou sequer o amarelo.

Tem ainda a agressão que afastou Kleber, o melhor do time então, e prejudicou a campanha no Gauchão e a copa do Brasil. O juiz era ele, Vuaden.

Decididamente, está um juiz que não dá sorte para o Grêmio.

Com ele, teremos salvo-c0nduto para Guinazu bater, cansar de bater e reclamar com as veias estourando no pescoço, e no finalzinho levar um amarelo.

Elano, cuidado!

SUL-AMERICANA

O Grêmio está certo em jogar com time completo contra o Coritiba. A Sul-Americana é o caminho mais fácil para a Libertadores.

Até porque não há risco de Vuaden apitar jogo do Grêmio nessa competição.

Quanto vale a vida de um torcedor?

Presidente Luigi afirmou na Rd Gaúcha hoje, final da tarde, que ‘segurança é a preocupação número 1 ”, defendendo a decisão de limitar em 750  o número de gremistas no Beira-Rio.

Presidente Odone, agora à noite, na Rd Guaíba, declarou que se não for cumprido ou não ocorrer um acordo sobre a presença maior de gremistas no estádio não sai Gre-Nal.

Sobre a primeira frase, digo apenas que se ele, Luigi, tivesse mesmo preocupação verdadeira com a segurança já teria tomado a iniciativa de interditar o Beira-Rio.

Já o presidente Odone quer, na verdade, participar da decisão sobre o público no clássico. Lembrou que há alguns anos vigora um acordo de 2.800 torcedores de cada clube no estádio rival no clássicos. Defende, portanto, um acordo para decidir em cima da atual situação do estádio. Não aceita uma decisão imposta por um lado.

O Inter tem um laudo de sua parceira, a AG, que limitar em 18.200 o público do Beira-Rio, com 750 ingressos para a torcida do Grêmio.

Odone, com razão, não admite que uma empreiteira decida isso. Claramente, o Grêmio quer participar dessa definição, querendo elevar o número de gremistas no Beira-Rio e fixando a mesma quantidade para o jogo da volta.

O Grêmio força com o cumprimento do regulamento, que prevê 10% pelo menos de torcedores adversários em cada jogo. Lembra inclusive o Estatuto do Torcedor, que todo mundo repete e ninguém respeita muito.

Acho que o Grêmio quer fechar em algo em torno de 1.200 gremistas no clássico, número igual para o jogo da volta.

O que não é admissível é limitar sem ouvir o Grêmio, a outra parte interessada. Para romper o regulamento, só com unanimidade. Fora isso, é imposição e o Grêmio está certo em rejeitar.

De minha parte, continuo defendendo a interdição do estádio. Disse isso hoje no Cadeira Cativa, da Ulbra, ao tenente coronel Vasconcelos, quando ele apresentou o laudo da AG. Questionei por que a BM considera o laudo de parte interessada e não apela para entidades neutras como o Crea ou a Ufrgs. Perguntei também se a BM tem um laudo estrutural do estádio. Não, foi a resposta do oficial.

O representante da BM falou ainda de estimular a paz, promover uma cultura de paz. Realmente, isso se faz necessário. Agora, para começar, a direção do Inter teria de descer do seu pedestal e convidar o Grêmio para negociar o número de gremistas no clássico. A imposição de 750 torcedores, ou qualquer número que for, é uma violência, que gera reações violentas. A cultura de paz pode começar por aí, pelo diálogo.

Lembrei da tragédia na Fonte Nova, em 2007. Um ano antes, o MP baiano havia pedido a interdição do estádio baiano. O judiciário demorou para decidir e o resultado foram 7 mortos e dezenas de feridos. Cada família das vítimas fatais passou a receber 453 reais, fora um seguro de vida de 25 mil, da CBF.

É isso o que vale a vida de um torcedor?

Grêmio lidera Brasileirão paralelo

Concluída a rodada, o Grêmio segue vencendo o campeonato paralelo com o Inter, que empatou por 1 a 1 com a Portuguesa. Aliás, a Lusa, que era um time sofrível segundo alguns setores mesmo depois da vitória sobre o Grêmio, deve aumentar sua cotação por ter tirado um ponto do Inter.

Realmente, a Lusa não é lá essas coisas, e eu pensei que o Inter com Damião, Forlan e Kleber conseguiria um resultado melhor, à altura do grande time que realmente possui no papel, mas que não se viu na prática neste domingo.

Já o Grêmio aproveitou a fragilidade do Figueirense, lanterna do campeonato, e fez o que deveria ter feito com a Portuguesa: aplicado uma surra. Os gols que faltaram na derrota por 2 a 1 em pleno Olímpico, sobraram hoje.

O melhor da tarde, depois dos três pontos, foi a certeza de que Leandro e Anderson Pico estão voltando a jogar o bom futebol que mostraram logo que foram lançados. Um futebol que eles perderam pelo caminho e que Luxemburgo está conseguindo habilidosamente recuperar.

Pico chegou a ter seu nome gritado no Olímpico. O potencial desse jogador é enorme. O mesmo vale para Leandro, que marcou dois gols e fez belas jogadas. É só colocar a cabeça no lugar e aproveitar o dom que receberam.

No campeonato paralelo, disputado aqui no Rio Grande, o Grêmio livrou três pontos de vantagem sobre o seu grande e milionário rival.

Mesmo que perca o Gre-Nal, o Grêmio ainda estará acima do Inter na classificação em função do número de vitórias.

Eu, particularmente, não ligo para esse campeonato caseiro. Mas sei que essa vantagem incomoda muita gente boa.

Pra mim, o campeonato que interessa é esse que tem o Atlético na liderança. O time mineiro está jogando com pinta de campeão. Mas isso já aconteceu outras vezes no brasileirão, que é longo e traiçoeiro.

Fernandão e o amargo sabor da derrota

Grêmio e Inter estão como irmãos siameses, coladinhos. Se um empate, o outro empata; se vence, o outro também vence; e se perde, não dá outra: é derrota certa do outro. Assim, ou morrem abraçados, ou se lambuzam juntos com uma vaga na Libertadores 2013.

Título mesmo, que é bom, fica para a próxima temporada.

O Inter, com seu time misto, perdeu por 1 a 0, um resultado aceitável, normal. Ruim mesmo é empatar ou perder em casa para equipes modestas. É ruim, mas faz parte do mundo do futebol.

Se acontecesse só com os nossos clubes, seria preocupante. Mas acontece com todo mundo. O líder Atlético Mineiro não conseguiu vencer o Goianiense, que jogou boa parte com um jogador a menos.

A gurizada colorada, tão festejada pelos ufanistas de plantão, não soube o que fazer diante de uma equipe mais gabaritada.

São uns legítimos flanelinhas. Cumpriram honrosamente seu papel. O Inter vai crescer no campeonato, sem dúvida.

Ao contrário do Grêmio, o Inter tem como reforçar sua equipe. O Grêmio tem apenas o Facundo, que está fazendo falta, e o Júlio César, que ainda vai demorar para voltar, mas quando isso acontecer será recebido com um tapete azul.

Mas há um porém, o Inter ainda vai perder jogadores importantes para as seleções.

Nesse aspecto, o risco do Grêmio é menor. Problema mesmo são os cartões amarelos que o Kleber ainda pedindo pra receber. O ataque do Grêmio sem o Kleber, único que dribla e ousa, fica reduzido a chutões para a área.

A rodada termina com o quarteto de ouro do Grêmio sofrendo sua primeira derrota. E com Fernandão experimentando pela primeira vez o sabor de uma derrota como treinador.

Dos dois resultados, o pior foi o do Grêmio, porque ser batido pela Portuguesa, que dói de ruim, é lamentável.

GROHE

Marcelo Grohe foi atacado duramente pelo Paulo Sant’Ana mais uma vez. Como já fez outras vezes, Sant’ana pegou o Marcelo para Cristo. Não importa que o Gilberto Silva perdeu um gol feito ou que o Grêmio pouco exigiu de verdade do goleiro Dida, apesar de amplo domínio.

Estoura no goleiro. Antes, sobrava para o Victor. Boa parte da torcida ficou feliz de ver o Victor pelas costas, inclusive o Sant’Ana. Estão em boa companhia.

Grohe, já escrevi aqui há tempo, é um bom goleiro. Se tiver paz e sequencia, poderá um dia ser um grande goleiro. Mas se continuar essa perseguição, ele cai no meio do caminho.

Se Victor que é o Victor, não tinha unanimidade, não será o Marcelo Grohe que a terá.

Faz parte do futebol. Alguns esqueceram, mas Danrlei não era do agrado de parte da torcida.

O importante, agora, é dar tranquilidade ao Grohe para que ele cresça, assim como Muriel vem crescendo.

Goleiro é normalmente mais sensível, precisa de afeto, compreensão.

Contra o SP Grohe foi destaque. Salvei meu time , o Alfredo, no Cartola graças a ele. Depois, o mantive contra a Portuguesa. Aí, me quebrei.

Mas vou seguir dando força ao Grohe. Até porque as opções são uma incógnita.

VIAGEM

Estou seguindo na manhã desta sexta-feira para o oeste catarinense. Por isso, devo ficar ausente do boteco. Deixo a chave com vocês. Comportem-se.

Fim do encanto do quadrado mágico

O quadrado mágico resistiu menos tempo do que a gente pensava. O quarteto individual havia vencido todos os jogos e indicava que o Grêmio até pudesse brigar pelo título caso não sofresse muito com lesões dos titulares e suspensões.

A derrota por 2 a 1, dentro de casa, contra o time aquele em que Marco Antônio era craque, foi um balde de água gelada no sonho de terminar o ano festejando um título.

Nenhum time que ambicione título e investiu uma fortuna em reforços pode perder em sua própria casa para um time tão modesto quanto esse da Lusa.

Nem o fato de o Grêmio ter jogado praticamente todos os 90 minutos no campo do adversário serve como atenuante. Ao contrário, é inaceitável jogar tão próximo da área inimiga quase todo o tempo e marcar apenas um gol.

Kleber e Elano foram os únicos que tentaram, e conseguiram, vitórias pessoais no drible. No mais, tapinha na bola pra cá, tapinha pra lá, e bolas alçadas pra área. Poucas vezes aquela bola mais pesada, em curva, que dificulta para a zaga e para o goleiro.

Não é por nada que os dois zagueiros da Portuguesa estão entre os melhores em campo, assim como o veterano Dida.

Aliás, parece que os jogadores gremistas fizeram um pacto no vestiário talvez para homenagear o goleiro de três Copas do Mundo. Era um tal de levantar a bola e bater escanteio na pequena área, onde Dida, por sua altura e experiência, é quase imbatível.

Então, o Grêmio foi insistente, buscou o gol, mesmo de forma errada, mas buscou, e merecer vencer. Contra o São Paulo, a vitória foi coisa dos deuses do futebol, porque o Grêmio pouco fez para voltar com três pontos do Morumbi.

Hoje, o Grêmio mereceu vencer, apesar da insistência em consagrar Dida e seus zagueiros com bolas pelo alto, e acabou derrotado.

A Portuguesa tem todos os méritos pelo esforço, aplicação tática, e felicidade nas poucas vezes que conseguiu ingressar na área gremista. Mas é preciso destacar o trabalho do árbitro, que deixou de marcar um pênalti, talvez até dois, sobre André Lima.

Tem ainda o lance da mão num cruzamento pela esquerda, em que o zagueiro saltou com os braços abertos e a bola bateu em sua mão. Questão de interpretação. O problema é que na dúvida esse juiz pouca prática sinalizou sempre contra o Grêmio.

Temos então que houve o encontro da arbitragem incompetente com o time incompetente, e isso nunca termina bem.

Guardiola, a piada do dia

A piada do dia vem da Espanha. Com apoio de Ronaldo, que anda metendo o nariz em tudo que é negócio, a CBF estaria tentando a contratação de Guardiola para a seleção no lugar de Mano.

É uma piada sem graça, mas eu não duvido de mais nada no futebol. De repente, tem gente pensando mesmo nisso, conforme informa o jornal Sport, que inclusive publica comentários de Guardiola sobre o assunto. Ele também trata o assunto sem seriedade, ao menos por enquanto.

Não vejo chance de Guardiola dar certo aqui: primeiro, porque para implantar o estilo de jogo do Barcelona demora muito tempo e tempo aqui no Brasil é algo raro para os treinadores; segundo, ele teria de trazer junto o Messi e o Iniesta pelo menos; por fim, seria difícil para a turma fazer esquema com um técnico vindo do exterior e que talvez não esteja acostumado com certas coisas.

Portanto, sigo rindo dessa notícia.

BEIRA-RIO

Só não dá pra rir da decisão de manter o estádio colorado aberto para jogos. É uma temeridade. Se acontecer uma tragédia, todos os que aprovaram essa aberração vão tirar o corpo fora.

A começar pelos jornalistas que apoiam escancaradamente a decisão e a maioria que fica em silêncio, um silêncio conivente, cúmplice, mas que os deixa numa posição confortável para criticar depois se for o caso.

FERNANDO

O melhor jogador do Grêmio, na média, tem sido Fernando. Eu que não dava um tostão por ele quando o vi jogar no junior, hoje me penitencio com toda a humildade. Trata-se de um grande jogador. O melhor volante do futebol brasileiro.

Agora, ele não foi bem nos dois ou três últimos jogos. Quer dizer, não jogou todo o futebol que vinha jogando e foi substituído. Ainda assim, jogou mais do que alguns dos seus colegas de time, a começar pelos dois laterais.

Mas já tem gente dizendo que ele não pode ser titular. Um absurdo.

O Grêmio hoje tem alguns jogadores incontestáveis: Fernando, Souza, Kleber, Moreno, Zé Roberto, Elano, Gilberto Silva, que está me surpreendendo, Werley e Marcelo Grohe.

Quer dizer, nada menos do que 9 jogadores. Isso significa que o Grêmio está podendo.

Só não aguento ouvir gente questionando o Fernando. Só pode ser piada.

ou sacanagem pra enfraquecer o time.

Salvação no finalzinho

Uma vitória quando tudo se encaminha para derrota ou empate é bom demais.

Sensação comparável a essa só as que senti muitas vezes no século passado quando saía à noite qual um vampiro em busca de sangue. No fim da balada – naquela tempo a gente dizia festa -, quando eu estava ali no zero a zero, comemorando o empate com a frase ‘empate fora de casa é vitória’, eis que surgia uma ovelha desgarrada, solitária, louca por um aconchego, lançando um olhar convidativo ou até intimativo, quase uma ordem.

Claro que nunca era a gata dos sonhos, mas um gol quando o garçom começa a colocar as cadeiras sobre as mesas é vitória de goleada.

Foi o que senti quando André Lima fez 2 a 1 no finalzinho do jogo contra o São Paulo. Foi o que sentiram os colorados, imagino, com o gol de Mike no final, sufocando as vaias que explodiriam se o time ficasse no 1 a 1 com a Ponte Preta.

Foram gols de fim de festa. Gols valiosos que acrescentam três pontos aos dois clubes, que continuam colados um no outro como irmãos siameses.

Se o Inter cumpriu sua obrigação, o Grêmio conseguiu quase um milagre.

Um milagre que começou com a decisão de Luxemburgo colocar Marquinhos na meia, sacando Fernando e posicionando Zé Roberto mais atrás.

Era metade do segundo tempo, e o Grêmio que até ali era presa fácil para o apenas esforçado time do São Paulo, começou a ganhar corpo no jogo. Mas ainda assim parecia impossível reverter o resultado. Imaginava que um empate já estaria de bom tamanho.

Kleber, o melhor jogador em campo disparado, cavou um escanteio. Marquinhos cobrou e Werley, a descoberta de Luxemburgo, desviou de Ceni.

O empate assustou o adversário. O Grêmio ganhou personalidade. Mas o jogo se encaminhava para o empate. Até que Zé Roberto, que não foi tão bem dessa vez, cruzou na medida para Kleber cabecear nos pés de André Lima, sempre tão criticado, mas sempre útil. Milagre! O Grêmio estava vencendo o SP.

Curioso é que Grêmio e Inter fizeram seus gols finais quase ao mesmo tempo.

Devo reconhecer que Marquinhos mais uma vez entrou muito bem. Foi com a sua entrada na equipe que o time começou a ganhar o meio de campo.

O ponto fraco continua sendo as laterais. Os dois até marcam bem, mas ofensivamente, quando o time precisa de uma jogada pelas pontas, Edilson e Pará ficam devendo. Até acertam um ou outro lance, mas é pouco.

LIDERANÇA

Enquanto isso, o Atlético Mineiro superou um começo de crise entre o presidente do clube e RG e bateu o Vasco, livrando quatro pontos de diferença. O gol da vitória foi de Jô. RG foi o melhor campo. O Atlético tem sete pontos a mais que o Grêmio, e oito de diferença sobre o Inter.

O time está acertado, quase não tem problemas com lesões e cartões.

A continuar assim, tem tudo para ser campeão.

TEQUILA

Mano Menezes não vai resistir. A seleção chegou à final das Olimpíadas sem convencer, ao menos a mim. A vitória sobre Honduras foi um crime, parecia Robin Hood roubando dos pobres.

Sábado, o castigo. O time da tequila venceu o da terra da cachaça.

Os falsos brilhantes ficaram ofuscados com o futebol eficiente e objetivo dos mexicanos.

Mano vai cair. Não sei se é justo ou não, mas é assim que funciona.

Seu sucessor não escapa desta lista: Luxemburgo, Felipão, Muricy e Tite.

Vai pesar muito as influências políticas de cada um.

Os falsos brilhantes de Mano

Sempre que paira no ar esse clima de euforia que envolve a seleção brasileira, dá nisso. Frustração.

Houve algo parecido quando o Inter foi para o mundial de clubes pensando em decidir o título com a Inter, ignorando que havia um Mazembe no meio do caminho.

Confesso que pouco vi das olimpíadas até agora. Pelo pouco que assisti, percebi o entusiasmo com a seleção armada por Mano Menezes era exagerado, coisa típica de ufanistas.

Os colorados, então, com o desprezado Juan, Sandro, Oscar, Damião e Pato – será que esqueci algum ex-colorado? – estavam no céu, já vislumbrando o inédito ouro olímpico no futebol com meio time colorado.

Em função disso, muitos gremistas estavam indiferentes ou secavam o Brasil. Gre-Nal também na Olimpíada.

Lembro que véspera do jogo contra Honduas participei de um programa de debate na rádio Guaíba. Os outros participantes, os colorados da mesa em especial, previam vitória fácil.

Eu questionei sobre esse entusiasmo. Também acreditava que o Brasil venceria, mas não com aquele espírito de ‘já ganhou’ que havia no programa.

– Não vi futebol para tanta certeza na vitória -, enfatizei.

No dia seguinte, o Brasil precisou da ajuda da arbitragem para vencer Honduras.

Era para ter caído ali, longe das medalhas.

A seleção é boa, mas tem alguns nomes que comprometem. O goleiro, o zagueiro Juan e o lateral Rafael, tão confiável quanto o Gabriel, ou o Nei.

Do meio pra frente, só vejo um jogador inquestionável: Neymar.

Os demais são bons ou muito bons, mas diante de uma marcação mais firme e contra um adversário de um nível superior a Honduras, por exemplo, já não brilham tanto.

Mostram que são, na realidade, falsos brilhantes.

Foi o que aconteceu nesta manhã de verão, digo, de inverno em Porto Alegre, onde a temperatura gira em torno dos 30 graus.

O time mexicano é compenetrado, aplicado e eficiente. Nada mais do que isso.

Mas bastou para ofuscar os falsos brilhantes brasileiros.

No final das contas, a medalha de prata ficou de bom tamanho.

Mas duvido que o comando da CBF concorde comigo: sem a medalha de ouro, cai o Mano.

Muricy, que desprezou a seleção antes pode mudar de ideia se receber o convite de outro são-paulino, o Marins.

Depois, Felipão, Luxemburgo e Tite.

GRENALIZAÇÃO NO MPE

De um lado, promotores complicando a Arena, questionando as obras do entorno e, acreditem, o seu custo.

De outro, promotores defendendo a interdição do Beira-Rio.

Há empates e empates

Há empates e empates. Empatar em casa, ainda por cima com o Náutico, é ruim, e só não é pior quando a arbitragem anula um gol legítimo do modesto adversário, tão modesto que ninguém houve seu berro e a imprensa silencia cumpliciada.

Já o empate fora, num campo que mais parece um potreiro, e contra uma Ponte Preta motivada, até pode ser bom.

No caso do Grêmio, que ficou no 0 a 0 com o time de Campinas, seu primeiro empate no Brasileirão, o resultado não chega a ser ruim, mas também não pode ser comemorado.

Afinal, o Grêmio foi melhor, criou situações de gol suficientes para fazer ao menos um gol, um mísero golzinho que o levaria a encostar no Fluminense e a ficar a apenas 5 pontos do líder Atlético Mineiro.

O empate, pelo que houve no primeiro tempo, até seria saudado como vitória, mas o segundo tempo deixou a sensação de que poderia ser melhor, que os três pontos eram possíveis. E justos. Merecidos.

Está aí o melhor da noite: o Grêmio fez, talvez, o seu melhor segundo tempo desde que a dupla Elano/Zé Roberto foi formada. Pela segunda vez seguida, os dois terminaram o jogo. E terminaram correndo e jogando como guris em começo de carreira. Deu gosto de ver Zé Roberto correndo como um moleque pela lado esquerdo. Até o gol que perdeu deve ser desculpado.

E o que dizer de Elano, o melhor negócio do Grêmio nos últimos tempos? Aquele drible desconcertante que ele deu quase no final – repito, quase no final, quando as pernas normalmente se fazem de desentendidas diante das ordens do cérebro -, e depois cruzando uma bola suave e precisa para o cabeceio de Kleber.

Parecia um sonho, que virou pesadelo quando o goleiro insensível à beleza da jogada mandou a bola pra longe, impedindo o gol que seria o complemento ideal ao lance.

O jogo mostrou outras coisas positivas: por exemplo, Pará mostrou que na direita rende mais, talvez o suficiente para ser titular. Marquinhos, que eu já quis ver pelas costas, tem dado sinais de vida. Está mostrando que pode ser uma alternativa para o segundo tempo. E só para o segundo tempo.

Enfim, o Grêmio está mostrando que pode realmente brigar pelo quarto, ou no máximo, terceiro lugar do Brasileirão.

Imaginar que pode algo mais do que isso com esse grupo, é sinal de fanatismo cego ou otimismo delirante e febril.

Por favor, não esqueçam de me cobrar.