Sobrou bravura, faltou futebol

Sobrou bravura, dedicação, empenho. Faltou mais uma vez só o principal, futebol.

O Grêmio foi absolutamente incompetente no primeiro jogo, ao perder por 2 a 0 praticamente sem criar situação de gol, e hoje, em Barueri, foi valente e interessado, talvez com estímulo de um gordo prêmio extra, mas para reverter uma vantagem tão significativa na casa do adversário é preciso mais do que vontade, é preciso qualidade.

O Palmeiras foi mais competente. Os dois times se equivalem, foi um duelo de iguais conforme defini antes do primeiro confronto, quando só destaquei que um jogador poderia fazer a diferença: o Valdivia.

O chileno não jogou no Olímpico. E hoje entrou na metade do segundo. Não precisou mais do que isso para ele ensinar como deve jogar um articulador de verdade, talentoso.

Valdívia fez toda a jogada e marcou o gol que colocou um freio no ímpeto gremista, que recém havia feito 1 a 0, gol de Fernando, apavorando a torcida palmeirense e deixando Felipão ainda mais agitado.

O empate tranquilizou o Palmeiras, e perturbou o Grêmio. A classificação ficou mais distante.

Foi um jogo de superação, dos dois times. Difícil analisar tecnicamente cada jogador. Melhor destacar o empenho, a vontade. Pará foi o mesmo de sempre, só mais guerreiro. O mesmo em relação ao Léo Gago. Nem critico também o Marco Antônio. Eles fizeram o que estava ao alcance deles: correr, lutar, brigar pela bola.

A bem da verdade, nesse jogo eles não comprometeram mais do que alguns medalhões. Eles estiveram, por exemplo, ao nível de Kleber e Marcelo Moreno, que juntos devem ganhar perto de um milhão de reais. E isso é o que mais me preocupa, porque o Brasileirão está aí e o ataque vai ter que jogar mais do que vem jogando. Claro que com Zé Roberto a coisa já melhora, mas pelo que tenho visto os dois atacantes titulares terão que mostrar mais futebol.

Tanto bateram nessa história de Batalha de Barueri que por pouco o jogo não terminou em pancadaria. Rondinelly foi expulso  e Edilson, que acertou um soco em Henrique, também. Por momentos, foi inevitável pensar na Batalha dos Aflitos. Dois jogadores a menos – Henrique levou o vermelho antes de o jogo recomeçar -, chuva desabando e uma fumaça encobrindo o gramado.

Mas seria impossível reviver o jogo épico contra o Náutico. O Grêmio já não tem nada parecido com o moleque Anderson na equipe. Foi o que pensei por instantes.

O Grêmio estava perdendo a vaga na final de uma Copa do Brasil que estava até fácil de ser vencida. Bastava um pouco mais de qualidade, um simples articulador de verdade já seria suficiente.

Fiquei imaginando um Valdivia no lugar do Marco Antônio. Ou um Andrezinho.

A direção não soube montar uma equipe verdadeiramente capaz. Apostou suas fichas no craque da Lusa. O preço é esse, a eliminação de uma final contra o Coritiba, que não tem a mesma tradição, a mesma camisa.

Quer dizer, não será tão difícil ser campeão nacional de novo, depois de onze anos.

Sobrou bravura, faltou futebol.

LIBERTADORES

Enquanto isso, o meu treinador preferido, o Tite, vai disputar a final da Libertadores. O Corinthians vai pegar o Boca, que eliminou o Universidad com o empate por  0 a 0.

Com um time sem estrelas, mas sem nenhum jogador que realmente comprometa, Tite está chegando lá.

Estarei torcendo por ele, o treinador que levou o Grêmio ao seu último título nacional.

Arena e grenalização

Pode ser apenas coincidência, mas parece haver grenalização no Ministério Público. Existe uma ação questionando aspectos ambientais da área (e valores pagos em compensação pelos eventuais danos)  onde está sendo erguida a majestosa Arena. E existe outra questionando a presença de público nos jogos durante as obras no Beira-Rio.

Independente disso, a Arena cresce a cada dia, deslumbrando a todos, inclusive a torcedores moderados do Inter, e causando inveja e olho grande em uns e outros.

Então, como o futebol vai mal, melhor falar da Arena. Confiram:

http://arenadogremio.blogspot.com.br/2012/06/obras-da-arena-maio2012.html

Ah, estão plantando a notícia de que o Grêmio quer Sobis. Não sou contra, mas antes dele

precisa vir um grande articulador. Melhor investir num meia criativo do que em outro atacante.

Se é para trazer um ex-colorado, então que se busque o Alex, que está no Corinthians.

A arte de 'matar' Kleber e Moreno

Kleber e Marcelo Moreno estão virando atacantes comuns nesse time sem meio de campo e sem laterais que cheguem com alguma qualidade e eficiência.

Luxemburgo tem sua responsabilidade, mas o principal é que o time possui carências técnicas gravíssimas, principalmente no setor mais vital, decisivo, fundamental e todos os adjetivos nessa linha, que é o meio de campo.

Como agravante, a ausência de Fernando, que, diante de incompetência na articulação, está se tornando absolutamente imprescindível, e não apenas para destruir, mas também para armar, fazendo a função do fantasminha Marco Antônio, que parece não ter sangue nas veias. Um carimbador de bola sem talento e criatividade é titular do Grêmio desde o começo do ano. E desde o começo do ano eu critico esse jogador, que, repito o que venho dizendo, não tem culpa de estar no Grêmio.

Léo Gago é outra figura inaceitável como titular. Até admito que esse jogador esforçado, que tem como principal atributo a vocação para mandar a bola para fora do estádio, renderia mais se tivesse um ala esquerdo de verdade e não o pobre do Pará, que já não é bom na sua posição que dirá na lateral esquerda.

Voltando ao ataque: alguém pode dizer quantas situações claras, reais e inquestionáveis de gol o Grêmio criou nos dois últimos jogos? Nos últimos 180 minutos? CENTO E OITENTA MINUTOS.

Assim, de cabeça, arrisco dizer que foi zero. ZERO.

Hoje, Luxemburgo quase acertou o time. Ele sacou um volante, e isso foi um erro. Deveria manter a estrutura que melhor funcionou até agora, mas colocar o Miralles, como fez. Só que no lugar de MA.

Antes disso, eu colocaria o Rondinelly, não o Miralles. O guri tem entrado bem, mas está mais do que evidente que ele precisa pegar ritmo, começar uma partida, até para que possa ser avaliado corretamente.

Então, sem dúvida, MA vai começar contra o Palmeiras. Só com lesão o MA sai do time. Mas como ele não segura a bola, não dribla, dificilmente levará uma chegada mais forte. Lesão só se for muscular.

Como castigo por tanta incompetência, o Grêmio voltou a perder no finalzinho. Mereceu levar o gol.

A arbitragem foi dura com o Grêmio. Cartões amarelos foram dados com muita facilidade. O primeiro cartão do Grolli, por exemplo, foi um exagero. Depois, ele levou outro e foi expulso. Já os do Náutico bateram, até por trás, e ficaram impunes.

Assim, a dupla Gre-Nal, que havia largado bem, deu uma de cavalo paraguaio muito antes da reta final, empacando no campeonato.

O Inter, mesmo com a tão aguardada volta dos titulares pelo técnico Dorival, foi mal e mereceu a derrota. Vi apenas o segundo tempo. Achei o time desinteressado, quase negligente. Salários atrasados?

Afinal, como se sabe, o Inter precisa vender um grande jogador por ano, dito por seus dirigentes.

Dorival Jr foi afrontado de novo pelo lateral Fabricio, um jogador razoável que mal chegou e já está querendo botar banca. Parece que não se enxerga.

Dorival disse que iria conversar com ele no vestiário. O vice de futebol considerou a atitude de Fabrício, que saiu de campo lentamente na substituição e o time já perdia por 2 a 1, normal. Humm…

Show de Andrezinho. Está aí um articulador de verdade. Imagino Andrezinho no lugar de MA. O título da Copa do Brasil então sim seria possível.

Aflitos: recordar é viver

A Batalha dos Aflitos foi um momento único na história do futebol mundial. Um feito destacado em todo o mundo.

Eu estava sozinho em casa na hora do jogo, ainda bem. Tenso. Muito tenso. O time jogava mal, pessimamente, e eu tentava me conformar em ficar mais um ano na segundona, culpava todo mundo, queria a cabeça de dirigentes, treinador, etc.

Aí, São Patrício arrumou aquele bendita confusão após a marcação de um pênalti inexistente. Se São Patrício não tivesse feito aquilo, criado aquele clima explosivo, talvez São Galatto não tivesse defendido, e a história seria outra.

Mano Menezes, por exemplo, não estaria na Seleção.

O jogo foi num sábado. Domingo à noite escrevi o texto abaixo para um caderno especial que o Correio do Povo publicou encartado na edição do dia seguinte.

Eu havia esquecido completamente disso, mas fui lembrado por um torcedor no twitter, ontem ou sexta-feira.

Ele me elogiou, disse que eu escrevi com o coração, e que havia chorado ao ler o texto. Bem, era essa a intenção.

Curioso, fui atrás do texto e o encontrei. Espero que provoque ao menos uma lagrimazinha.

Recordar é viver:

PORTO ALEGRE, SEGUNDA-FEIRA, 28 DE NOVEMBRO DE 2005

Nada pode ser melhor

Ilgo Wink

Quando Lupicínio Rodrigues compôs o hino do Grêmio, não imaginava que a expressão ‘imortal tricolor’ acabaria por integrar-se à trajetória do clube. Nos anos que se sucederam, não foram poucas as vezes em que o Tricolor, aparentemente exaurido e batido, foi além de suas forças, superou limites e, por acreditar que não era impossível, venceu.

O que aconteceu sábado, dia 26 de novembro de 2005, em Recife, marca um desses momentos, se não o maior de todos, o mais dramático, o que mais contribui para reforçar a lenda da imortalidade. O Náutico tinha um pênalti a seu favor e enfrentava um grupo de sete jogadores acuados em um ambiente adverso e hostil. Nas arquibancadas lotadas, a torcida do time pernambucano lembrava os romanos no Coliseu. Só faltava sinalizar com o polegar para baixo para decretar o fim do sonho gremista de voltar à Primeira Divisão.

Foi a partir desse momento que o Grêmio começou a escrever dez minutos rutilantes, que entram para a história como um dos mais belos momentos do futebol. O jovem Galatto defendeu o pênalti. Era o segundo que os pernambucanos desperdiçavam. O estádio ficou em silêncio. Jogadores do Náutico desabaram no gramado.

De repente, o pequeno grupo cresceu, tornou-se um gigante no gramado. Outro garoto, Anderson, transformou-se em um veterano de espírito travesso e atrevido. Foi para cima do rival atordoado e, por não duvidar que era possível, fez o inimaginável àquela altura: o gol.

O Grêmio realizava um feito homérico, construído por sete ‘ulisses’, que não esmoreceram quando até os mais fanáticos gremistas já haviam desistido. O Grêmio sai das profundezas da Segunda Divisão iluminado pelos deuses do futebol. Volta ao seu lugar, porque nada pode ser melhor do que estar entre os grandes e seguir buscando o impossível.

Correio do Povo

Porto Alegre – RS – Brasil

O torcedor antes de tudo é um forte

Acordei com uma dúvida me atormentando: eu sou um homem ou sou um rato? Passei o dia refletindo. Li e ouvi alguns torcedores do Grêmio e fiquei com a sensação de que estou mais pra rato.

Ainda mais depois que soube que alguns companheiros do blogremio – briosa corporação de blogueiros gremistas – já compraram passagem e ingresso para ir a São Paulo no jogo da volta contra o Palmeiras.

Vergonha. Eu aqui afundado, trabalhando como um louco para afastar a depressão, evitando noticiário e debates esportivos, e os caras prontos pra luta, acreditando ainda na classificação.

Parodiando o Euclides da Cunha, ‘o torcedor antes de tudo é um forte’.

Eu ainda tenho uma desculpa: sou aquele tipo de torcedor chato, forjado nos duros anos 70. Fico apontando defeitos, analisando. Um cara que não consegue disfarçar seu desconforto quando vê que seu time se encaminha rumo ao precipício, e que, na verdade, se esquece de torcer. Confesso, sou um mala.

Mas, decididamente, não sou um rato. Cheguei à essa conclusão no começo da noite, depois de degustar uma Mazembier gelada no ponto.

Por que será que fico com moral elevado, mais animado, mais confiante, mais feliz sempre que bebo a Mazembier? A cerveja desce redonda, espuma cremosa.

O torcedor é mesmo um forte. O torcedor do Inter também. Levou aquela paulada humilhante de um modesto time africano, ficou todo desconjuntado, mas está aí de novo nos escombros do Coliseu gaudério vibrando como um desvairado, como fez contra o Fluminense para desabar mais uma vez.

Não adianta, é assim mesmo. É um perde-ganha sem fim.

No futebol se ganha, se empata e se perde como dizia o filósofo Dino Sani.

No meu caso, mais perdendo do que ganhando.

A Copa do Brasil já foi, é passado, embora respeite quem pense o contrário – a diversidade de opinião também faz parte do universo do futebol, mesmo entre torcedores do mesmo time.

O torcedor também essa característica: a de acreditar sempre, até o último minuto. Afinal, se o Palmeiras fez dois gols aqui, por que o Grêmio não pode fazer o mesmo lá em Barueri?

Eu poderia responder essa pergunta, mas ficaria muito tempo escrevendo. Mas resumo: o Grêmio não tem capacidade de criação ofensiva para reverter os 2 a 0.

Neste domingo, tem o Náutico. O Grêmio vai com força máxima, de acordo com o que eu penso: foco agora é o Brasileirão.

Eu não sei bem o que é força máxima do Grêmio. Em princípio é o time eleito por Luxemburgo como titular.

Mas uma força máxima que tem Marco Antônio como titular realmente é mínima, porque, como tenho escrito há tempo,deixa o time com um jogador a menos.

Luxemburgo poderia começar o jogo contra o Náutico com o Rondinelly, ao menos a gente saberia se pode realmente contar com o guri.

Até o Miralles na meia faria mais que o MA.

Bem, estou pronto pra outra.

Brasileirão passa a ser prioridade

Tem vezes em que eu detesto e lamento acertar nas minhas análises.

Esta é uma delas. O que eu escrevi antes do jogo continua valendo.

É difícil um clube ser campeão tendo três jogadores de nota no máximo 5 ou 6 juntos ao mesmo tempo numa equipe.

Citei os três: Léo Gato – que incrivelmente tem alguns admiradores -, Pará e Marco Antônio. E observei que se eles tivessem uma atuação que ao menos não fosse comprometedora o Grêmio teria mais chances de vencer, e citei o placar de 1 a 0 com equivalente a uma goleada dependendo de como estivesse o jogo.

A vitória por 1 a 0 teria sabor de goleada, porque a produção ofensiva do Grêmio, que jogava em casa com sua torcida, foi pífia, abaixo da crítica. Por isso, 1 a 0 seria mágico.

Acrescente-se aos três jogadores de time de série B o Gabriel e temos aí quatro jogadores comprometendo, sem falar nos atacantes, completamente sem criatividade, sem brilho individual, com exceção de Miralles em alguns lances.

Adicione-se a tudo isso a demora do Luxemburgo em sacar o MA para colocar Rondinelly, que não fez muito, mas fez o suficiente para mostrar que é melhor que MA, o que também não significa grande coisa. O guri ao menos arrisca o drible e sai da mesmice do toque de primeira pro lado e pra trás.

Léo Gago abusou de chutar mirando as estrelas. Na verdade, ele quando chuta de longe é porque não sabe o que fazer com a bola. E há quem o elogie.

Pará tem a seu favor o fato de jogar improvisado na esquerda, mas ele não precisava recuar, recuar e recuar para que Cicinho avançasse e metesse a bola para o primeiro gol do Palmeiras.

Gol marcado por um jogador que Felipão recém havia colocado em campo. Felipão, aliás, foi melhor que Luxemburgo nesse duelo particular. Repetiu, aliás, o que aconteceu na década de 9.

Luxa errou ao sacar Kleber e Miralles ao mesmo tempo. Ao colocar dois grandalhões ele confessou que não tem time para trabalhar a bola e facilitou tudo para o trio de zagueiros.

Enfim, o Grêmio está eliminado. É claro que o jogo só acaba quando termina, como dizem nos botecos da vida depois de uma dúzia de cerveja.

Enquanto há vida há esperança. E a esperança é a última que morre.

É claro que vou torcer até o fim, como fiz até agora, mesmo tendo previsto há muito tempo que o  Grêmio talvez nem chegasse à semifinal, e chegou.

Eu que sugeri time misto para enfrentar o Náutico, agora retifico: força máxima.

O Brasileirão passar a ser o principal objetivo, a prioridade.

A Copa do Brasil terminou, ao menos pra mim.

Para concluir, repito o título do comentário anterior, e pelo qual fui criticado:

Jogo de iguais no Olímpico.

A diferença foi o técnico, porque os dois times são precários tecnicamente.

Jogos de iguais no Olímpico

Confesso que fico preocupado quando começo a ler e a ouvir que o Grêmio tem um time superior ao do Palmeiras e que por isso é favorito.

Parte de quem se manifesta assim é torcedor colorado querendo minimizar uma eventual vitória gremista, diminuindo o valor do adversário.

Outra parcela são de gremistas confiantes demais, quase eufóricos, que já começam a achar jogadores ‘bola 5 ou 6″ como superiores aos dos rivais. Não os critico, porque onze anos de espera não é pouco tempo.

Dá, por exemplo, pra concluir duas faculdades e encaminhar uma terceira. Dá pra fazer meia dúzia de filhos. Dá pra cair de novo pra segundona e voltar. Dá pra ver o Inter ser campeão do mundo após 23 anos de inveja mortal.

Há onze anos eu não tinha tantos cabelos brancos e minhas rugas eram mais suaves. Há onze anos, não existia este blog, eu ainda não pensava em sair do Correio do Povo. Lula ainda não havia assumido a presidência. Quer dizer, 2001 até que foi um bom ano em comparação com 2002 quando a onda petista  se avolumou, tomou o poder e de lá não quer sair de ‘jeito maneira’.

O que eu quero dizer é que Grêmio e Palmeiras são iguais, gêmeos siameses. O Palmeiras vai mal no Brasileirão. E daí? O Palmeiras está em crise, e daí?

Há boatos de que os jogadores querem derrubar Felipão. E daí? Se é verdade, eles farão isso depois da Copa do Brasil, que podem ter problemas de caráter, mas não rasgam dinheiro.

Então, meus amigos, todo o respeito é pouco.

Nesse sentido, gosto do discurso do Luxemburgo. Ele conhece Felipão, nós conhecemos Felipão. E ele, como Luxemburgo, não está superado.

No jogo desta quarta, o Grêmio tem a vantagem de jogar com o peso de sua torcida, e a ausência de Valdívia, principal jogador do Palmeiras. Então, é preciso fazer vantagem. A vitória por 1 a 0 é boa, mas talvez não seja suficiente. Melhor é uns 2 ou 3 a zero.

É claro que dependendo do que acontecer no jogo, o minguado 1 a 0 talvez seja motivo para soltar foguetes.

Sobre o time: acho que Luxemburgo vai com Moreno e Kleber. Este é o tipo de jogo que se decide com um começo avassalador, pressão total, sem deixar o adversário respirar.

André Lima e Miralles que esperem.

No mais, é preciso acreditar que os nota 5 ou 6 do time (Pará, Gabriel, MA e Gago) tenham uma noite de um futebol que, se não for deslumbrante, ao menos não comprometa.

CONTRATAÇÕES

A direção está se mexendo pra reforçar o time. Mas o momento é de silêncio total. É preciso prestigiar os jogadores que aqui estão, não de ficar anunciando interesse para esta ou aquela posição. Pra mim, o que importa agora é apenas uma coisa: a Copa do Brasil.

O resto a gente vê depois. Ah, time misto ou reserva contra o Náutico, por favor.

Agora, os titulares do Palmeiras

O Grêmio fez o dever de casa: venceu o time reserva do Corinthians. Com isso, assumiu o terceiro lugar no Brasileirão, e, de quebra, ultrapassou o Inter, o que aqui na aldeia tem grande significado, mesmo que nada signifique porque o campeonato é longo e o caminho rumo ao título é tortuoso, tão difícil que até hoje um clube gaúcho não chegou lá dentro da fórmula dos pontos corridos.

Mas a vantagem de um ou de outro, no caso gremista, na terra da grenalização sempre apimenta os debates no escritório, nos bares, nas ruas.

Agora, o que interessa mesmo é a Copa do Brasil. É ótimo estar bem posicionado no Brasileiro, mas nada que se comparece a vencer o duelo contra o Palmeiras. Nós já vimos que o Palmeiras está com uma equipe modesta, num nível até inferior ao do Grêmio, até porque não terá Valdivia, seu maior destaque, no primeiro jogo.

O técnico Luxemburgo tem razão ao alertar para o poder de reação e de indignação que Felipão consegue incutir em seus jogadores. Portanto, todo o cuidado é pouco.

Independente disso, mais do que fazer o dever de casa, o Grêmio precisa vencer bem. E isso significa vencer pelo menos com dois gols de diferença, de preferência sem sofrer gol.

Assim, o placar deste domingo contra o Corinthians estará de bom tamanho. O problema é que o Palmeiras vem com tudo e com seus titulares, diferente do Corinthians.

O futebol que o Grêmio jogou hoje será insuficiente para uma vitória com placar tranquilizador na quarta-feira.

O Grêmio teve muita dificuldade para furar o bloqueio armado por Tite, um retrancão de respeito. Felizmente, achou um gol no chute de Marco Antônio, que de vez em quando mostra que existe, contando com a colaboração do goleiro.

Depois, o lance com Souza, que teve outra grande atuação, no gol de André Lima, que bem ou mal está sempre pronto para mandar para a rede, desde que armem situações para isso.

No segundo tempo, o Corinthians se abriu mais, e chegou a ter uma grande chance de gol, que Victor, mantendo a rotina, salvou.

A melhor chance do jogo foi de Kleber, que pegou um rebote na marca do pênalti e chutou desviado. Na hora eu pensei: melhor guardar para quarta-feira.

Sobre MA, que eu tanto critico: escrevi no tópico anterior que não duvidava que diante de um time reserva ele até tivesse uma atuação satisfatória. E teve. MA deu dois ou três passes de qualidade para conclusão e fez o gol. Bom demais pra ele, mas pouco para um clube que almeja grandes títulos e que precisa alguém com maior qualidade para uma função tão importante.

Na comparação com o ex-titular Douglas, que também foi substituído no segundo tempo depois de uma atuação digna de ex-jogador, MA até foi melhor, ou menos mal.

O fato é que Douglas não servia mais, e MA não serve agora.

Que bom que Zé Roberto já está contratado.

O negócio é somar pontos

Se o Corinthians vem mesmo com time reserva o negócio é aproveitar e somar três pontos.

O problema é que talvez na intenção de deixar o jogo mais equilibrado, o que sempre proporciona mais emoção e roer de unhas, o técnico Luxemburgo insista em começar com dez jogadores.

O carimbador, o burocrático Marco Antônio está confirmado para começar. Sei que ele está nos últimos suspiros como titular, porque Rondinelly já começa a partida aquecendo na beira do campo.

Depois, com a estreia de Zé Roberto, MA cairá em esquecimento, ou irá brilhar de volta na Portuguesa, que está precisando do seu talento. Escrevo talento sem aspas porque lá na modesta Lusa, MA está na sua família, junto aos seus iguais ou semelhantes. Agora, talvez contra um time de reservas, MA até dê uma resposta satisfatória, o que poderá fazer alguns leitores apontarem o dedo pra mim. ‘Viu?????”.

Ainda sobre MA, no primeiro tempo do jogo contra o Atlético-GO eu vi um momento raro, talvez único de MA no Grêmio, quando ele avançou pela esquerda e arriscou um drible. Sim, ele driblou. Eu quase não acreditei, duvidei que fosse ele, mas era. Ele passou mas sofreu falta. Depois, voltou à sua rotina apagada e inexpressiva.

Pior que eu perder meu tempo com ele, é o Grêmio perder seu tempo com ele quando poderia estar preparando Rondinelly para ser titular contra o que realmente interessa: o Palmeiras pela Copa do Brasil.

Não quero o mal de ninguém, mas com tanta gente sentindo lesão muscular, um por jogo, por que o MA não pode sofrer um estiramentozinho, coisa leve, só para ficar fora uns 20 dias?

Por outro lado, os caminhos começam a se abrir. Luxemburgo conseguiu armar uma equipe competitiva com a mão de obra que tem.

Edilson está voltando, Werley também. Kleber está a mil e aí está um cara que pode fazer a diferença nesses jogos decisivos da CB. Espero que Marcelo Moreno em condições plenas.

Acompanho com atenção um jogador em especial. Num passado recente eu cheguei a escrever que esse jogador tinha potencial para ser um novo Roberto Carlos, o lateral, não o cantor.

Estou me referindo a Anderson Pico. Ele parece mais interessado, Luxemburgo conversa com ele porque sabe que ali está um diamante em estado bruto.

Até que enfim um técnico que dedica atenção individual aos jogadores. Ele tem feito isso com o Fernando, que está cada vez melhor. A continuar assim, Fernando vira craque. Pena que isso vai significar sua convocação à Seleção.

Voltando ao Anderson Pico: se ele colocar a cabeça no lugar, for persistente, logo será titular do Grêmio.

Sobre técnico conversar com jogador: o Cláudio Winck (craqueza genética na família) no programa Cadeira Cativa comentou sua chance no time titular do Inter, foi contra o Avenida em Santa Cruz. Cláudio, que tem 18 anos, fez um primeiro tempo excelente. No segundo, caiu como todo o time.

Depois disso, ele não foi mais aproveitado. Até hoje ele não sabe por que. Aí, eu perguntei ao guri se o Dorival tinha conversado com ele sobre sua atuação e também por que ele não continuaria no grupo principal. Cláudio respondeu que não.

Quer dizer, o técnico chama o guri para um jogo, o guri vai bem e depois é largado sem uma conversa, uma explicação?

Fiquei surpreso com essa revelação. Imaginava que Dorival fosse diferente.

Eu, se fosse técnico, acompanharia os treinos da base. Telê Santana fazia isso. De vez em quando chamaria um ou outro para treinar e conversaria com ele.

Mas hoje isso é mais complicado, há tantos interesses em jogo.

Mesmo assim, não custa dar atenção aos mais jovens.

Grêmio: crescimento na hora certa

O que é o preconceito, hein? Quando Luxemburgo foi contratado eu escrevi que era uma calamidade. Puro preconceito.

Hoje, depois da convincente atuação contra o Atlético Goianiense, no Serra Dourada, na estreia do Helio dos Anjos – três elementos que sempre foram um tormento para o Grêmio -, e a vitória por 1 a 0, o Grêmio mostrou consistência, personalidade e consolidou um padrão de jogo que se desenhava há alguns jogos.

E tudo isso apesar de algumas individualidades apenas esforçadas, mas que a partir de um esquema bem estruturado, conseguem render o suficiente para ajudarem a vencer adversários desse porte.

Então, não há como negar que aí tem a mão do treinador.

O jogo estava no 0 a 0, e se encaminhava para um empate frustrante, porque o Atlético estava pedindo para perder, mas por falta de qualidade ofensiva o gol não saía, e não aconteceria se Luxemburgo não colocasse em campo Rondinelly e Kleber.

Os dois entraram e deram mais velocidade e movimentação na frente, confundindo a marcação.

Aí, o volante Souza, criticado por alguns afoitos, cruzou na medida para Miralles. O argentino que já havia desperdiçado duas boas chances, limpou a jogada e mandou para a rede.

Saúdo a entrada de Rondinelly, que aos poucos vai ganhar a posição, e, principalmente, de Kleber, que voltou jogando com naturalidade, sem fugir do confronto, do corpo a corpo. Fiquei impressionado com a disposição e a valentia dele, que volta depois de uma contusão muito grave.

Com Kleber, o Grêmio fica melhor, muito melhor.

Marcelo Moreno, por sua vez, terá de jogar muito mais do que vinha jogando para ganhar a posição de Miralles. Acredito que Moreno é melhor, mas terá de mostrar isso em campo. Sem carteiraço.

Não faltarão aqueles que irão desmerecer a vitória, mas o Atlético em sua casa é sempre muito perigoso. O Grêmio mesmo não o vencia no Serra Dourada há mais de duas décadas.

O Grêmio, portanto, cresce na hora certa. Se vai ser campeão da Copa do Brasil é outra história, mas que já mostra mais futebol pra chegar lá, mostra.

INTER

A fábula da raposa e as uvas me veio à mente esta semana. Foi quando li e ouvi alguns cronistas esportivos, colorados, comentando a notícia de que D’Ale estaria indo para o futebol chinês. Diziam que ele não faria falta, que Oscar ou Datolo seriam substitutos à altura. Já se preparavam para a perda.

Contra o SP, D’Alessandro, que voltava de lesão, foi decisivo. Marcou o gol da vitória e provou que será uma perda muito grande para o Inter se realmente decidir ir embora. Oscar e Datolo não são páreo para esse argentino.

Ao final dos jogos desta quarta-feira, tivemos, portanto, dois argentinos decidindo para Grêmio e Inter.

Será um prenúncio do que pode acontecer entre as seleções do Brasil e da Argentina? Ou seja, os argentinos fazendo a festa?

De minha parte, vejo a seleção argentina melhor que a do Brasil.