Ronaldinho e seu amor pelo Grêmio

Ronaldinho não consegue conviver com a rejeição de quem ele mais ama: o Grêmio.

É a avaliação que faço de Ronaldinho e suas circunstâncias, remetendo para Ortega y Gasset – ‘Eu sou eu e minhas circunstâncias’ -, filósofo que pode ser confundido por alguém distraído com uma dupla de atacantes da Espanha.

Ronaldinho tem em sua sala, em destaque, uma foto sua, em preto e branco, com a camisa do Grêmio. Por que em preto e branco, quando há dezenas de belas fotos suas coloridas? Talvez porque essa foto simbolize o passado feliz que ele deixou pra trás em troca de muitos dinheiros.

Ninguém vai me convencer de que aquele menino que engatinhou nas arquibancadas carcomidas  do Olímpico e de onde saiu para encantar o futebol com seu talento e sua arte, mantendo com a bola uma rara relação de intimidade, estava mentindo quando jurava amor ao clube.

Não tenho dúvida de que aquele momento, enquanto Assis esboçava os rumos de sua carreira depois da estrondosa estreia na Seleção Brasileira, foi o da maior verdade de Ronaldinho. Foi quando ele jogava com alegria genuína, quase amadorística, porque vestia a camisa do clube que amava.

Depois, conduzido pelo irmão/pai, Ronaldinho gradativamente deixou de ser ele mesmo. Deixou de ser aquele guri simples e sincero, para repetir frases feitas, vazias, sem qualquer conteúdo, proferidas com olhar se afastando de seus interlocutores, para que seu tormento interior não fosse desnudado. Para que não descobrissem que aquele Ronaldinho era uma farsa, um alterego do irmão/pai.

O verdadeiro Ronaldinho nunca deixou o Grêmio. Quem abandonou o clube e trocou pelo Paris Saint Germain foi a criatura sem alma e sem vontade própria moldada por Assis.

Já contei aqui, tempos atrás, uma conversa que tive com Assis, final dos anos 90, no pátio do Olímpico. Ele projetava o futuro de seu irmão mais novo, que era mais ou menos o seguinte:

– Primeiro, o futebol francês, que é mais light, menos violento, ideal para abrir as portas do futebol italiano ou espanhol. Inglaterra não, porque é um futebol mais de chutões, menos técnica -, analisava Assis naquela época.

Dois ou três anos depois disso, Assis executava seu plano, levando o irmão/filho para o PSG, o futebol francês.

Quer dizer, Assis foi o estrategista e o executor. Ronaldinho, seu boneco, sua marionete, seu instrumento.

Sua máquina de ganhar dinheiro.

A criatura, aos poucos, começou a voltar-se contra o criador. E o fez ao seu jeito, sem afrontar diretamente o pai/irmão, protetor. Ronaldinho passou a ‘viver a vida’, dedicando-se mais aos prazeres mundanos e relegando a profissão a um segundo plano.

Foi a maneira que Ronaldinho encontrou para rebelar-se, protestar, escapar de alguma forma do controle do seu guia.

Foi também uma forma de fugir da realidade incômoda que era continuar jogando futebol sem a alegria pura e profunda dos tempos em que amava e era amado verdadeiramente pela torcida do clube que o encaminhou para o reconhecimento mundial e à fortuna.

Foi, ainda, uma forma de disfarçar a dor lancinante que passou a atormentá-lo quando descobriu que, ao abandonar o lar quente de afeto e carinho, passou a ser odiado e desprezado por aqueles que antes o amavam.

Ronaldinho teve uma oportunidade de reconquistar a paz interior quando seu pai/irmão/procurador negociou sua volta ao Grêmio.

Mas era tarde. A Criatura já não ouvia o Criador. No Grêmio, ele teria de exercer a profissão na plenitude – o que agradaria seu tutor. Ao mesmo tempo, Ronaldinho temia esse reencontro com o passado, com a sua história. Por isso, melhor o clima festivo, mais liberal e descompromissado do Rio.

Agora, esse ser em que Ronaldinho se transformou está em Minas Gerais. Amanhã, estará em qualquer outro lugar.

Mas nunca mais no lugar em que ele sempre quis estar, e nunca mais com a paz interior que perdeu ao tomar o rumo apontado pelo chefe da família Assis Moreira.

A propósito, aqui cai bem Ortega y Gasset:

“Não são as Circunstâncias que Decidem a Nossa Vida…. É, pois, falso dizer que na vida «decidem as circunstâncias». Pelo contrário: as circunstâncias são o dilema, sempre novo, ante o qual temos de nos decidir. Mas quem decide é o nosso caráter”.

Arena: cartão postal e o espaço tricolor

Sábado, dando uma de guia turístico para um amigo norte-americano, jornalista em Ohio, fui conhecer a Arena do Grêmio. Quer dizer, eu pensava que indo ao espaço do torcedor, teria uma visão melhor daquele que será o melhor estádio de futebol das Américas. O máximo que vi foi uma paredão de concreto.

Eu acreditava que haveria um mirante em que se pudesse ter uma vista mais adequada da grandiosidade da obra. Não tenho dúvida de que o espaço dedicado ao torcedor para conferir o andamento da construção foi mais útil quando o paredão começava a ser erguido e se podia, então, visualizar melhor o que será a Arena.

Hoje, o que se enxerga mesmo, é esse paredão. Então, de consolo, resta a maquete, realmente um espetáculo, e um vídeo, muito bem feito.

Eu fiquei frustrado. Como sou sócio tive acesso franqueado, mas paguei para os meus convidados, 10 reais, muito para o pouco que é oferecido. Continuo sem conhecer a Arena.

Meu amigo jornalista, Robbie, apesar de tudo, ficou deslumbrado.

– Por que esse não é o estádio da Copa do Mundo?, perguntou-me espantado, já que na véspera havia passado em frente ao Beira-Rio em reformas.

Comecei dizendo que na hora da escolha a Arena era um projeto, enquanto o Beira-Rio já estava ali consolidado, vistoriado pela Fifa.

Aí ele questionou o fato de que a realidade agora é que Porto Alegre em poucos meses terá um dos estádios mais modernos do mundo, mas que não irá sediar os jogos da Copa em detrimento de outro que está sendo reformado. Acrescentei que havia também interesses políticos, interesses dos gestores do Estado e de Porto Alegre, talvez mais preocupados em obter investimentos para uma área mais nobre da cidade do que para o Humaitá.

Concluí dizendo que, no final das contas, o Beira-Rio irá atender plenamente as exigências da Fifa.

Ele não ficou muito convencido. Imagino que vai acontecer o mesmo com a maioria dos visitantes, que ficarão com dificuldade para entender, e aceitar, como o melhor e mais vistoso estádio de futebol do país ficará fora da Copa do Mundo.

De minha parte, tanto faz o local dos jogos, porque não irei a nenhum. Mas para a Arena, novo cartão postal de Porto Alegre, seria bom estar no esquema, porque aí as verbas para o entorno já teriam sido liberadas.

Não tenho dúvidas, ainda, que aqueles mesmos que sempre defenderam o Beira-Rio como estádio da Copa, mesmo com o impasse ocorrido, serão os primeiros a utilizar imagens da Arena no material de divulgação.

Só espero que tenham a honestidade de colocar a legenda:

‘Arena do Grêmio: aqui não serão disputados os jogos da Copa’.

Um sonho: Ronaldinho no Inter

Quando alguém inteligente se aproxima propondo ‘trocar uma ideia’, eu topo na hora. Sei que vou sair ganhando. Minhas ideias normalmente são pouco luminosas. De vez em quando ainda tenho uma ideia legal, como as cervejas 1983, a cerveja campea, a Kidiaba e a Mazembier.

Não ganhei dinheiro com elas, nem vou ganhar, mas o que me deu de satisfação, de alegria, não tem como avaliar. Conheci muitos gremistas, gente que veio aqui em casa buscar umas garrafas. E confesso que vibrei com cada colorado que me escrevia irritado, me ofendendo.

Não há nada pior que a indiferença.

Pois, meus amigos, tive uma ideia coruscante -li esta palavra numa coluna de um amigo, fui no dicionário.

Uma ideia que repasso de graça.

É o seguinte:

O Inter, que aproveitou uma decisão de primeira instância no tribunal do trabalho de SP para trazer Oscar pensando que ficaria com ele praticamente sem pagar nada, poderia agora repetir a jogada.

Contratar Ronaldinho.

O ex-craque e pagodeiro de segunda categoria – nem sei se existe pagodeiro de primeira linha – ganhou na justiça trabalhista liberdade para acertar com outro clube. Igual ao Oscar, dois anos atrás.

Fico imaginando Ronaldinho Carioca com a camisa vermelha, beijando o distintivo, sorridente ao lado do irmão Assis, ainda mais sorridente. Ambos declarando amor eterno ao Inter. Que momento!

No negócio, para estimular ainda mais o Luigi, Assis poderia ceder por empréstimo, gratuitamente, aquela ampla área da Fundação que está sendo alvo de CPI na Câmara de Vereadores.

Seria um negócio ótimo para as duas partes.

Quero dizer, para as três partes.

A torcida do Grêmio festejaria esse negócio.

Agora, falando sério.

Ronaldinho só não vai terminar do jeito que era antes de Assis começar a ganhar dinheiro no Grêmio porque amealhou uma fortuna imensa.

Caso contrário, terminaria como muitos jogadores que hoje estão passando dificuldades, gente que um dia também já esteve lá em cima, cercado de mulheres, pagando festa para os ‘amigos’, etc.

Cada um é responsável por suas escolhas.

ADEUS

Soube agora há pouco da morte de um velho companheiro, o Carlos Alberto Fruet. Grande jornalista, grande figura humana, um sujeito ético, íntegro. Que vá em paz, com muita luz, amigo. Vai demorar muito, se Deus quiser, mas um dia a gente se vê de novo.

Quem precisa de zagueiro?

Quem ainda sonha com um grande zagueiro no Grêmio neste ano, pode acordar.

O presidente Paulo Odone, durante recepção à delegação juvenil que conquistou um importante título na Alemanha, afirmou no final da manhã que o clube descarta a contratação de zagueiro, defendendo que o grupo já dispõe de bons jogadores para a zaga.

Até umas duas ou três semanas, essa declaração soaria como uma agressão, uma afronta ao bom senso, um absurdo. Hoje, já me inclino a concordar com a decisão da direção, com aval, por certo, do técnico Luxemburgo.

Não tenho dúvida de que se não houvesse tantas carências na equipe, o Grêmio buscaria um zagueiraço, talvez voltasse a insistir com Lugano. Ou mesmo o Naldo legítimo.

Ficou mais uma vez comprovado que um zagueiro razoável cresce se houver um sistema defensivo eficiente. Vale também o contrário: não há zagueiro bom que resista a uma proteção ineficaz, vulnerável.

No Inter, Moledo e Índio sem a blindagem de sempre penaram contra o Flamengo, e o time levou três gols, com participação decisiva dos dois zagueiros. Índio cometeu um pênalti após um lance ridículo, e Moledo conseguiu perder uma dividida para Vágner Love no lance do terceiro gol.

Com a proteção de Fernando, Souza e Léo Gago, que não joga grande coisa, mas se posiciona bem defensivamente, a dupla de zaga está indo bem, e não importa quem jogue. Isso é fundamental. Não importa quem jogue. Até Naldo cresceu. Soube que Grolli está se destacando nos treinos – é um baita zagueiro em formação – e o Saimon está pronto para entrar e não sair mais.

Diante disso, o Grêmio prioriza a contratação de dois laterais, mais um ou dois meio-campistas e um atacante de velocidade. Palavra de Odone. E aí o grupo do Brasileirão estará completo.

Já o grupo da Copa do Brasil é o que está aí. Felizmente, Kleber está voltando. Se Júlio César também retornar para enfrentar o Palmeiras, e MA finalmente for para a reserva, começarei a considerar o Grêmio favorito.

TÍTULO

A gurizada do juvenil voltou com um caneco da Alemanha. Venceu de forma invicta a Raiffeisenbank Vorallgäu Cup, torneio disputado na cidade de Amtzell. Grêmio foi o único representante brasileiro convidado para participar da competição que reuniu os clubes Hannover/ALE, Fortuna Düsseldorf/ALE, Rapid Viena/AUS, Legia Varsóvia/POL, Borussia Mönchengladbach/ALE, Memmingen/ALE e FC Saint Gallen/SUI.

Yuri Mamute foi o goleador gremista, com cinco gols. Espero estar enganado na avaliação que fiz dele até agora.

NILMAR

Não tenho dúvida de que o Inter vai contratar Nilmar. Durante o Cadeira Cativa, com a participação do Luigi, há uns 20 dias, senti que o presidente colorado estava determinado a contratar o atacante. Sabia detalhes do negócio e das intenções do jogador. No mesmo programa, ele praticamente descartou Lúcio, e também o Neto, do Guarani. O Inter vai pagar 8 milhões de euros, número divulgado por Luigi na ocasião.

Resta saber se o dinheiro virá da venda de Damião, ou se vai aparecer de novo um investidor amigo.

Exclusivo: apresentamos o Zé Esquilo

Élvio "Zé Esquilo" Silveira

Quem frequenta o boteco há mais tempo vai lembrar – e como esquecer? – do Zé Esquilo, a alcunha de um velho parceiro, o Élvio Silveira.

O Élvio é o algoz da crônica esportiva. Seguidamente, ele manda mensagens desaforadas – muitas recheadas de palavrões – para o pessoal da mídia. Odeia a TV Globo, a CBF, a Fifa, etc.

Aqui no boteco, felizmente, faz tempo que ele não comparece. Colorado doente e fanático, mas conhecedor de futebol, já comprou briga com vários botequeiros. E confesso que me irritou muitas vezes.

Ontem, eu o encontrei na Justiça do Trabalho, onde eu cuidava de uma ação trabalhistas contra a Caldas Jr (grupo Record) e cujo resultado foi de empate. Para mim com sabor de derrota. Mas isso é outra história.

Menti que estava com saudade dele aqui no boteco. Aproveitei para tirar uma foto para provar que ele existe.

Está aí, com exclusividade, o Zé Esquilo.

Bergson: inscrito na CB e esquecido

A respeito do Bergson, um atacante de qualidade que nunca teve continuidade no time principal, recebi um email do sempre atento assessor de imprensa Bruno Junqueira, que esclarece a situação do jogador.

“Estava lendo seu blog, como costumeiramente o faço, e vi noscomentários que surgiu uma dúvida sobre o Bergson, atacante do Grêmio. Elerealmente estava voltando de uma lesão muscular, como você respondeu ao torcedor,mas já está em condições de jogo. Seguem algumas informações que constaram nonosso último release sobre o atleta.

Situação atual de Bergson:

Tão logo foi encerrada a participação do Ypiranga na Taça Farroupilha,Bergson retornou a Porto Alegre já em fase final de recuperação de uma lesãomuscular e concluiu o tratamento no departamento médico do Estádio Olímpico. Há quase um mês, já reúne condições físicas e legais de jogo, está inscrito naCopa do Brasil, e treina diariamente em uma academia na Capital. O contrato como Grêmio se estende até outubro de 2014.

O jogador de 21 anos e 1,81m foi cedido em fevereiro para a disputa do Campeonato Gaúcho e iniciou bem a trajetória no time de Erechim. Na estreia,pela 7ª rodada da Taça Piratini, o primeiro turno do estadual, marcou um belo gol ao aplicar um chapéu no adversário antes de concluir de pé esquerdo,cruzado. Na partida seguinte, também balançou a rede. Com dois gols em doisjogos, confirmava a condição de destaque no setor ofensivo, mas sofreu duaslesões musculares de grau dois em sequência na coxa direita e acabou ficando fora do restante da competição.

Natural de Alegrete, no Rio Grande do Sul, Bergson fez o processo de formaçãonas categorias de base da dupla Grenal, sendo artilheiro do Grêmio na conquistado Campeonato Brasileiro Sub-20 no final de 2009. No início da temporada seguinte,subiu em definitivo para o grupo profissional. Ainda em 2010, foi convocadopela Seleção Brasileira Sub-19 para um período de treinamentos e para a disputa do Torneio da Amizade, no Paraguai. Desde lá, viveu uma experiência internacional, passou pelo Suwon Bluewings da Coreia do Sul no segundo semestre da temporada passada, e ainda defendeu o Vila Nova, de Goiás”.

Quer dizer, o Bergson, patrimônio do clube, e o que é o principal para esse momento decisivo em que todo mundo se lesiona no Olímpico, um atleta inscrito na Copa do Brasil, está ali, esquecido, ignorado, e o time precisando de atacantes de qualidade.

O Grêmio, que insiste tanto com Leandro, não poderia dar uma olhada com um pouco de atenção e carinho no Bergson?

A diferença que Rondinelly faz

O Grêmio alcançou o que precisava depois de sair perdendo no Brasileiro: uma vitória, os três pontos em casa. Em consequência, mais moral e mais confiança ao time para aquilo que realmente interessa no momento: a Copa do Brasil.

O que se viu no Olímpico é o que vai se ver nos dois jogos entre Grêmio e Palmeiras: muita vontade, muita determinação, e pouca qualidade técnica.

Não por culpa dos treinadores, mas porque realmente há poucos jogadores nos dois times que tratam a bola com carinho e criatividade.

Um deles, é Rondinelli, que entrou quando o Palmeiras era melhor. Foi ele quem sofreu a falta que resultou no gol de André Lima. Ele consegue algo raro nesse time: reter a bola, dar o drible curto, partir pra cima do adversário. Não é muito, mas já muda o modo burocrático de o time jogar. Facundo Bertoglio também consegue fazer isso. Miralles é outro que arrisca. E só. Ah, sim, o Kleber.

Mas como diz o Luxemburgo, que reconhece as limitações de seu grupo, os jogadores que estão aí agora é o que temos para a Copa do Brasil. É preciso, portanto, dar moral para esses jogadores. E Luxa faz isso.

Como exigir que o Pará acerte um cruzamento? Ou que Léo Gago consiga dar continuidade a uma jogada com um passe superior a dez metros? É o que temos.

Para um time que mais uma vez começou com dez jogadores, foi um grande resultado.

Agora, será que esse mesmo placar, na Copa do Brasil, é bom? O jogo da volta é em São Paulo.

Depois do que vi hoje, eu acredito que o Grêmio repita e vença aqui, e pode até conseguir um resultado mais elástico se Luxemburgo contar com um ou dois reforços, como o Kleber por exemplo, mesmo num segundo tempo tempo, e começar o jogo com onze em campo.

O Felipão não merece tanta gentileza, ele agora está do outro lado.

Agora, quebrando uma tradição, aqui vai a minha cotação. Antecipo que não esqueci nada.

As notas do Ilgo:

Victor – firme como sempre, evitou o gol de Barcos no segundo tempo – 8

Gabriel – jogou mais sério, mais interessado, não enfeitou – 7

Naldo – zagueiro que vai bem quando não inventa, está crescendo – 8

Gilberto Silva – conhece os atalhos e as manhas do setor defensivo – 8

Pará – quanto menos dele se espera, menos ele decepciona – 5

Fernando – é simplesmente o melhor volante do sul do Brasil, talvez do campeonato – 10

Souza – grande atuação, para calar corneteiro – 9

Léo Gago – e pensar que tem gente que tiraria o Souza e ficaria com ele. pelo esforço:  5

Marcelo Moreno – outra atuação decepcionante, parece ter desaprendido. Mas este tem cura – 5

Miralles – estava bem, mas sentiu lesão muscular. é um dodói – 6

Depois, entraram:

André Lima – fez o gol e mostrou, que apesar de tudo, é um jogador útil – 7

Rondinelly – o guri entra e o time cresce. Coincidência? 8

Wilson – se é pra segurar vantagem, é com ele mesmo – 7

SABEDORIA

A torcida, em conjunto, é sábia: quando o serviço de alto-falante do estádio anunciou o time, Victor e Fernando foram os mais ovacionados. Sabedoria.

Destaque também para a forma bonita e generosa como Felipão foi recebido. Ele merece.

SÁBADO

O Inter levou um susto daqueles. Saiu perdendo por 2 a 0 desse time inconfiável do Flamengo. Índio deu uma entregada de estreante no lance do pênalti. Espero que isso não complique sua renovação de contrato por mais um ano. Sabem por que Índio empurrou o atacante na jogada do pênalti? Porque ele está acostumado com o Gauchão. Aqui não dá nada.

O Inter estava com um time misto. Estivesse completo, massacraria o time do pagodeiro.

Valdívia e o mistério das camisas

A última vez que vi Grêmio x Palmeiras, no Olímpico, Valdívia, então cabeludo e sem bigode, acabou com o jogo. Desde então, sou fã desse chileno.

Estou pensando se vou ao estádio neste domingo rever Valdívia e, de quebra, o Marcos Assunção. Se eu for serei forçado a ver de perto o burocrata Marco Antônio, o dispersivo Pará, o indolente Gabriel. Enfim…

É claro que o jogo tem outro atrativo: vale 3 pontos pelo Brasileirão. O Grêmio perdeu na estreia e o Palmeiras empatou com a Portuguesa. Perder no São Januário está dentro de uma normalidade, empatar com a Lusa é como uma derrota.

O jogo vale também para avaliar qual dos dois times é melhor, ou está melhor, já projetando as duas decisões pela Copa do Brasil.

Conferi há pouco a escalação do Palmeiras que venceu o Atlético Paranaense por 2 a 0 nesta semana. Firmei convicção de que os dois times se equivalem.

Por isso, cresce a importância do treinador.

O Palmeiras jogou assim:

Bruno; Cicinho, Henrique, Leandro Amaro e Juninho; Márcio Araújo, Marcos Assunção, João Vítor (Patrik) e Valdivia; Mazinho (Maikon Leite) e Betinho (Luan).

Vi que o Palmeiras explora muito seu lado direito ofensivo. Luxemburgo deve blindar o Pará. O jogo servirá para avaliar se Pará tem condições de ser titular nos jogos que realmente interessam no momento. Se ele for mal amanhã – e tudo indica que irá -, será mais adequado escalar um marcador melhor por ali.

Agora, além do trabalho dos treinadores, o que irá pesar muito é o desequilíbrio que há numa posição fundamental: a do articulador.

Enquanto o Palmeiras tem Valdívia – felizmente ele não jogará o primeiro jogo pela Copa do Brasil -, o Grêmio (não) tem Marco Antônio.

A comparação é desastrosa e humilhante para MA.

Minha esperança é que isso fique muito claro para Luxemburgo nessa prévia, nesse ensaio para aquilo que interessa.

E que a partir daí ele busque outra solução para completar seu meio de campo.

A classificação à semifinal passa, portanto, pelo que irá acontecer neste domingo.

SELEÇÃO

Que o Mano não nos ouça, ou leia: mas pelo que vi do Sandro na vitória sobre a Dinamarca, Fernando é melhor.

MISTÉRIO

Até a polícia federal e a CIA já foram acionadas para desvendar o que está sendo chamado de ‘o caso das camisas desaparecidas’.

Há rumores de que técnicos da Nasa estão vindo para Porto Alegre.

Camisas do Palmeiras, antes abundantes, desapareceram das prateleiras das lojas nos últimos dias.

Especialistas desconfiam que o mesmo começa a acontecer com as camisas do São Paulo.

ARENA

Estou pensando em visitar a Arena na tarde deste sábado.

BEIRA-RIO

Outro fato intrigante: a interdição do estádio colorado ainda não resultou em grenalização.

O silêncio dos secadores

Quando terminou o jogo, vitória de 2 a 0 sobre o Bahia, fiquei com a mesma sensação que tenho quando saio do consultório do dentista sem ter sentido toda a dor que eu projetava. Não é que não doeu?, pergunto a mim mesmo, ainda incrédulo.

Foi assim que me senti. Imaginava uma noite de sofrimento. O silêncio de Falcão me incomodava, me preocupava. Acho que superestimei o treinador Falcão, e seu time, claro. Ao mesmo tempo, talvez tenha subestimado demais o time de Luxemburgo.

O fato é que um outro silêncio me deixou confortado, feliz mesmo. Não ouvi o foguetório dos meus vizinhos colorados, que podem não ser maioria na zona, mas são mais ruidosos, mais espalhafatosos. Hoje, silêncio total.

A vitória silenciou os secadores.

A classificação do Grêmio à semifinal da Copa do Brasil é algo que merece ser comemorado. Que venha o Palmeiras, que venha o Felipão, que venha o Valdívia com aquele bigodinho que me faz lembrar o amigo Alfredo Possas, lá do Correio do Povo.

Quem chega à semifinal de uma Copa do Brasil com um time tão limitado quanto esse do Grêmio é capaz de tudo. É capaz até de ser campeão. Alguém duvida? Eu duvido, mas não aposto uma Mazembier nessa minha dúvida.

O Grêmio está crescendo como equipe, como conjunto, apesar de individualidades absurdamente insuficientes como o ‘articulador’ Marco Antônio e o lateral Pará. Um lateral com tamanha limitação – o Maikon Leite vai fazer festa por ali – ainda é suportável, mas um meia, um cara que tem a missão de armar jogadas, precisa ser mais talentoso, mais criativo, mais eficiente.

Enquanto o Grêmio tem Marco Antônio, o Palmeiras vem com Valdívia. No restante, os dois times se equivalem. Será um jogo difícil, tudo pode acontecer.

Resta torcer para que ninguém mais se lesione, que a lesão de Edilson não o impeça de continuar na Copa do Brasil, e que Kléber ainda possa enfrentar o Palmeiras.

Se o Grêmio está crescendo, o Palmeiras também está. Se o Grêmio tem Luxemburgo, o Palmeiras tem Felipão.

Os dois times precisam de um título nacional. Os dois treinadores precisam provar que continuam vencedores, que não estão superados, como dizem alguns apressadinhos.

No jogo contra o Bahia, não vi ninguém se destacando muito individualmente. Se eu tivesse que destacar alguém, seria o Miralles. Fez um gol e deu um passe preciso para Moreno.

Mas o ponto forte, sem dúvida, é a equipe como um todo. E aí, mérito do Luxemburgo.

Falta qualidade na equipe, mas sobra aplicação e vontade.

Mas pelo que vi até agora, o Palmeiras não está muito diferente, embora tenha um articulador de verdade.

O silêncio de Falcão e o vatapá

Confesso que me incomoda o silêncio de Falcão. Ficaria mais tranquilo se Falcão estivesse por aí dando entrevistas, participando de programas esportivos. Enfim, deitando falação, fazendo projeções e repetindo mil vezes que o Grêmio é favorito, que o Bahia tem uma missão impossível.

Mas Falcão está em silêncio. Não me assusta, mas me incomoda.

Falcão está focando seu time exclusivamente no jogo desta noite no Olímpico.

Não tenho dúvida que ele e seu fiel escudeiro, o Julinho, recolheram textos e gravações dos cronistas esportivos gaúchos em que o Grêmio já estaria classificado e que o jogo é mera formalidade.

Com certeza, a dupla, que conhece a aldeia como poucos, já gravou a chamada da rádio Gaúcha, que são normalmente bem-humoradas e criativas.

A chamada que ouvi hoje, porém, não tem graça. Tenta fazer um trocadilho com um prato típico baiano, o vatapá, e conclui com ‘… vatapá a cova do Bahia’.

Parece que estou ouvindo o Falcão, com cara de indignado, gritando na concentração:

– Olha aqui os que os gaúchos estão dizendo de nós. Estão dizendo que nós já estamos mortos, estamos na cova, e que só falta o Grêmio tapar a nossa cova.

Pode ser que Falcão não faça nada disso. Pode ser que ele nem tenha tomado conhecimento dessa chamada ou de outras manifestações que já colocam o Grêmio na semifinal contra o Palmeiras.

Pode ser que ele despreze o fato de há alguns dias se fala no confronto Luxemburgo x Felipão, ignorando que ainda há um Falcão a ser transposto. Pode ser, mas eu duvido que ele não vá usar esse material todo para incendiar o vestiário.

Se o Grêmio ainda tivesse um time mais confiável, sem carências importantes na lateral-esquerda, na meia e no ataque, eu ficaria mais tranquilo.

Todo confiante, provocaria: “Não adianta, o Bahia vai perder motivado”.

Mas não é assim.

Por isso, o silêncio de Falcão me incomoda.