Do tempo em que a gente era feliz

O pessoal do www.gremiolibertador.com prestou bela homenagem ao Mazaropi, um multicampeão gremista.

Ah, foi destaque também no Vasco, de onde veio.

Eu era setorista do Grêmio na época. Inclusive apareço no vídeo, logo no início, no dia da chegada dele.

Estou ‘irreconhecível’: barbudo, cabeludo, de jaqueta clara. Quando o Maza sobe a escada pra entrar em campo, eu estou logo atrás, a direita dele.

Bons tempos. Eu era feliz e não sabia.

Confiram o vídeo. Podem chorar (de saudade e de tristeza pelos dias atuais), não é proibido.

http://grem.io/O8b

Grêmio desaba diante do Vasco

O Vasco estava num dia iluminado. Teve um aproveitamento de quase 100% nas situações de gol, enquanto o Grêmio voltou a apresentar seu maior problema neste ano: a falta de um ataque mais criativo, mais agudo, mais eficiente.

No primeiro tempo, o Grêmio até que chegou com perigo. Criou algumas situações, manteve uma disputa equilibrada no São Januário. Mas, ao final de dolorosos 90 minutos, só o Vasco fez gol: quatro gols.

Foi um balde de água fria na ascensão gremista no Brasileirão.

Sinceramente, eu esperava um time mais fechado atrás para enfrentar esse time do Vasco, que é muito bom. E que fica melhor ainda se o seu adversário ataca e dá espaço para os contra-ataque. Éder Luís, um velocista, agradece. Foi dele, aliás, o cruzamento para o primeiro gol. Diego Souza, outro que rende mais com espaço e marcação distraída, também gostou. Gostou tanto que quase entrou com bola e tudo no segundo gol vascaíno.

A linha de três meias que vinha dando certo sucumbiu. É preciso reconhecer que o Vasco fez uma marcação perfeita, muita aplicação de todos os jogadores. Um time solidário, combativo e com alguns jogadores de boa qualidade.

O Vasco estava iluminado. Mas o Grêmio contribui com toda essa luz ao pretender jogar de igual para igual.

O Vasco, no Olímpico, seria muito mais cauteloso. Jogaria atrás e exploraria contra-ataque, até porque tem jogadores para isso. É assim que eu esperava o Grêmio, ainda mais sob o comando de Celso Roth.

Roth armou e time como se fosse Renato, de maneira ousada, atrevida. Poderia dar certo, claro. No futebol, tudo é possível.

Mas o mais sensato seria Roth agir como Roth.

Não gostei das alterações. O time perdendo por 3 a 0 e ele coloca mais um volante. Deveria ter feito isso antes de começar a partida. Não depois de estar com dois gols no lombo. Entraram Adilson e Leandro, que, decididamente, parece ter desaprendido.

Douglas e Escudero não estavam bem, a exemplo da maioria da equipe. Acho que ele deveria ter mantido Douglas. Roth talvez só quisesse não levar mais gol.

Como castigo, o Grêmio levou mais um gol, pra cair de quatro. Quer dizer, Roth não melhorou a marcação e conseguiu piorar o que parecia impossível, o ataque.

A entrada de Gabriel, então, entra na galeria dos absurdos que podem sair da cabeça de um técnico.

ATENÇÃO – WINK BEER INFORMA:

Saiu novo lote da 1983. Corram, porque com o calor não há cerveja que chegue, ainda mais uma tão especial.

Reféns da Copa

Vocês pensam que é só gente graúda quer quer faturar com a Copa do Mundo?

Que nada. Os miseráveis também querem a sua parte, que é infinitamente inferior ao que estão embolsando e ainda vão embolsar os patrões das empreiteiras e políticos, num primeiro plano, e, mais abaixo, em alguns casos nem tanto, barões da imprensa e das agências de propaganda, entre outros.

Todo esse pessoal contratado para erguer estádios, que em alguns casos ficarão vazios depois, quer entrar na festa. E com toda a razão. São carpinteiros, pedreiros, ajudantes de pedreiros, ajudantes de ajudantes. Enfim, esse pessoal que fica no máximo com as migalhas do banquete.

Na Arena do Grêmio eles chegaram a paralisar. Em outros estádios ocorreu a mesma coisa. Em Minas, os operários decidiram parar nas obras do Mineirão, justo no dia da visita da presidente Dilma. Quer dizer, ela que já anda muito ocupada em afastar os ratões que recebeu de herança de seu antecessor ainda tem que passar por isso.

Aliás, a Copa é outra herança maldita do falastrão.  Milhões de reais estão sendo subtraídos da saúde, da educação, da segurança para ajudar a financiar estádio de futebol por todo o País. O dinheiro público colocado pra erguer o estádio do Corinthians é um acinte, uma afronta.

Então, os caras que trabalham de sol a sol, que fazem o trabalho sujo e pesado, também querem um dinheirinho a mais. Eles observam os patrões falando em milhões pra cá, milhões pra lá, e pensam que uma parcela dessa montanha de dinheiro possa respingar em seus minguados bolsos.

E vai ser assim até 2014. O governo federal ficou recém das empreiteiras. Alguns clubes também.

Não tem como interromper obras agora. È preciso terminar o que começou. Por isso, a qualquer momento a empreiteira pode pedir mais um aditivo, um complemente nos recursos. E sempre coisa de milhões. Na ponta de baixo, bem de baixo, os operários da construção civil se perguntando: ‘E o nosso?’

Estamos a mil dias da Copa.

A farra recém começou.

Os matemáticos e os favoritos do Brasileirão

Os matemáticos do futebol estão com as calculadoras, digo, as barbas, de molho. Andam cabisbaixos, tristões.

O Brasileirão despreza a matemática. O virtual campeão de hoje, com 90% de chances de título, pode ficar até sem vaga na Libertadores.

O virtual rebaixado de repente renasce e acaba ficando até com vaga na Sul-Americana.

No Brasileirão vale a velha máxima gaudéria: não tá morto quem peleia.

Os exemplos são muitos. O Grêmio do ano passado lutava para não cair. Aí, despencou do céu o São Renato, que não apenas tirou o Grêmio do poço da desmoralização eterna como o colocou na Libertadores. Tivesse chegado três ou quatro rodadas antes perigava ficar com o título.

São Renato. Hoje, não são poucos os que o apedrejam. Futebol é assim. A santidade não resiste a resultados ruins.

O futebol, por outro lado, é capaz de santificar o demo, o mais horrível dos seres. Odiado por todas as torcidas. Alvo de chacota e ovos podres.

Celso Roth é um exemplo. No ano passado, levou o Inter ao título da Libertadores. Depois, mergulhou o clube nas profundezas do inferno ao ser eliminado pelo Todo Poderoso Mazembe.

A torcida gremista que gritava ‘fica Roth’ para provocar os colorados, hoje não aceita perder Roth, o santo da hora.

Futebol é assim. Tem sua lógica ilógica.

Dentro desse raciocínio, que pode ser resumido na antológica e definitiva frase ‘futebol é dinâmico’, ouso afirmar que até o Grêmio tem chance de conquistar uma vaga na Libertadores – não que isso signifique grande coisa a julgar pelo que tem feito dela seus dirigentes.

Teoricamente, o Grêmio, com um jogo a menos, poderia estar com 33 pontos (tem 30), à frente do Coritiba e atrás do Palmeiras, que tem 34. E a apenas 4 pontos do Fluminense, o quinto colocado.

Hoje, vejo apenas dois clubes como praticamente garantidos no grupo que irá disputar a Libertadores: Corinthians e São Paulo. Os dois figuram desde o início no G-4. O Time do Tite ficou de fora apenas na primeira rodada. Depois, assumiu a liderança, que mantém há bastante tempo. O SP nunca saiu do G-4.

Esses dois estão na Libertadores de 2012, não tenho dúvida disso. O SP ainda tem a vantagem de contar em breve com Luís Fabiano.

Todos os demais não conseguem manter-se muito tempo. O Flamengo do ‘disque-dentuço’, por exemplo, chegou a brigar pela liderança e agora soma derrotas.

O Botafogo teve seu momento, mas caiu na real quando levou 5 do Coritiba. Já o Fluminense entrou numa fase de vitórias. O ameaçado Abel começa a mostrar serviço. O Vasco anda assanhado, mas já tem lugar garantido na Libertadores porque é o atual campeão da Copa do Brasil.

Considerando o potencial dos times, com uma pitada do meu desejo, constato que as vagas restantes (duas ou três) vão ficar, pela ordem de favoritismo, com:

Flamengo, Fluminense, Inter e Grêmio. Não levo fé no Botafogo nem no Palmeiras.

O Gre-Nal da última rodada pode decidir quem vai e quem fica.

E o título? Acho que fica com o Corínthians. Afinal, quem ganha um estádio do ‘presidente’ Lula pode ganhar tudo o mais que vier pela frente.

Dupla entra de vez no campeonato

O Grêmio finalmente entrou no campeonato. Com a vitória sobre o São Paulo por 1 a 0, o time mostrou maturidade. Foi bem demais na marcação, quase não deu chances de gols para o adversário, e teve controle do jogo a maior parte do tempo. Só faltou mais qualidade na frente.

Fico pensando o que não faria esse time que o Professor Celso Roth ajeitou se tivesse um cara como Leandro Damião, o Jardel colorado, que liquidou o Palmeiras por 3 a 0. André Lima é esforçado, mas é muito dependente de uma bola trabalhada pra ele. Não tem luz própria como tem o centroavante colorado. Inveja.

Com um jogo a menos, o Grêmio encostou no G-10 e agora, para entrar no G-5, é só um pulo, ainda mais que os times de cima estão vacilando. O Corinthians, que era apontado como virtual campeão pelos apressadinhos e matemáticos de plantão, já pode até perder vaga na grupo da Libertadores, se continuar nesse ritmo.

Sem dúvida esse crescimento do Grêmio se deve ao Professor Roth. Só quem tem muita má vontade com ele é que não admite isso. E Roth mudou.

Hoje, vencendo por 1 a 0, ele sacou um meia, Marquinhos, e colocou um atacante, Miralles. O natural, partindo dele, seria colocar um volante de contenção ou um zagueiro a mais para garantir o empate.

Roth mudou, e para melhor. Já não tem medo de ser feliz.

E, com isso, está fazendo a torcida feliz. Recuperou a auto-estima gremista.

Agora, em relação à excelente vitória por 1 a 0 sobre o SP, é importante destacar um nome: Douglas. Que atuação! Soberba, magnífica. Um maestro conduzindo uma orquestra. Um maestro que quando foi necessário, como nos minutos finais, se apresentou para carregar o piano. Recuou até quase a risca da grande área para marcar, combater e lutar pela bola.

Foi quase um jogo de xadrez no Olímpico. Poucas situações de gol. Os dois goleiros não fizeram nenhuma defesa realmente difícil, salvo engano.

O gol só poderia sair com uma falha defensiva ou com a presença de um jogador-surpresa, vindo de trás.

Júlio César, a melhor contratação do clube neste ano (obra de Paulo Pelaipe, é preciso enfatizar), estava meio retraído, com pouca iniciativa de drible. Estava mais contido. Faltava a jogada dele. E ela veio sensacional. Ele apareceu pelo franco esquerdo, escapou da marcação com força e técnica, e aí teve calma, ergueu a cabeça e encostou para Douglas, que vinha na corrida, mandar para a rede.

Júlio César uma presença na área, um gol.

No mais, todo o time foi bem. Ed Carlos foi discreto e eficiente. Idem o Saimon. Mário Fernandes fez ótimas investidas. No segundo tempo foi menos porque Dagoberto jogou muito pelo seu setor.

Eu havia previsto no twitter que o Grêmio teria dois grandes problemas, dois obstáculos, a superar para conseguir somar três pontos:  Dagoberto, que sempre faz gol no Grêmio, e o juiz Heber R. Lopes.

Heber bem que tentou ao não marcar o pênalti sobre Marquinhos no primeiro tempo. Mas depois ficou mais comportado. Dagoberto lutou muito, é um grande atacante. Dessa vez, porém, fracassou. O técnico Adilson ainda deu uma mãozinha ao trocar o sempre perigoso Dagoberto pelo lento e decadente Rivaldo. Grato Adilson.

Damião, o matador

O Inter é um time do nível dos demais, mas tem uma diferença que pode levá-lo inclusive ao título do Brasileirão: Leandro Damião.

Damião é o Jardel colorado. No começo do ano escrevi que Damião fazia a diferença. Quando o goleiro falha, a defesa vacila e o meio campo não se acerta, o Inter tem Damião.

Pra ele não tem bola difícil, jogada perdida. Damião no ataque gremista na Libertadores teria o levado o time a disputar o título.

O Inter sem Damião é um time comum. Com Damião, o céu é o limite.

Hoje, além desse goleador que não cansa de fazer gols, o Inter contou com a sorte.

O Palmeiras poderia ter definido o jogo no primeiro tempo. Teve boas chances de gol através dos pés de Marcos Assunção. Muriel foi o salvador.

A defesa colorada, de novo com os noviços, vazou muito. Mas quem não faz leva.

O Inter goleou (3 a 0) e, com os líderes patinando, já pode até sonhar com o título.

É difícil, mas com Damião tudo é possível.

Primeiro tempo de campeão

Depois de um primeiro tempo de candidato ao título do Brasileirão, o Grêmio voltou à sua rotina neste campeonato e fez um jogo de quem se esforça para ser rebaixado.

Qual é o Grêmio de Celso Roth? Eis a questão. Arrisco dizer que é o do primeiro tempo. Se conseguiu atingir esse nível é porque tem potencial para repetir.

O Grêmio jogou com autoridade, deu poucas chances ao adversário (não devemos ignorar que o Bahia vem de aplicar uma goleada no Flamengo, no Rio) e chegou com perigo várias vezes na área do time baiano.

O mais importante: chegou sempre com jogadas trabalhadas, não aquela bola alçada, lotérica, que serve muito mais aos zagueiros do que aos atacantes.

Então, o Grêmio que o Professor Roth está ajustando aos poucos é o do primeiro tempo. E este Grêmio é o que me importa.

O do segundo tempo se resume a um jogador: Victor. Não fosse ele, o empate estaria registrado no placar agora, ou até mesmo uma derrota.

Imagino que o ‘esquadrão de caça ao Victor’ esteja agora amargando um arrependimento que corrói as entranhas. É claro que estará de volta com a primeira falha. Faz parte da vida do torcedor.

De minha parte, começo a acreditar que errei feio ao sentenciar que Escudero, se falasse português, poderia disputar um lugar no time do Avaí, nunca num time de ponta. O argentino está me surpreendendo.

O golaço que marcou que foi apenas a cereja do bolo, porque ele foi de novo participativo, interessado e muitas vezes eficiente. Outra coisa: ele vai pra cima, não tem medo de ser feliz.

Agora, quem encheu as medidas no primeiro tempo foi Douglas. Ele aplicou um desconcertante drible do elástico. Um drible perfeito, mágico, que seria aplaudido de pé por seu criador, o Rivelino. Na sequencia, um cruzamento na medida, de pé direito, para Brandão cabecear na trave. No rebote, outro lance belíssimo: o torpedo de primeira de Escudero.

Gostei de novo do Júlio César. No lance do primeiro gol ele matou minha saudade de ver um lateral driblar seu marcador, chegar ao fundo e cruzar como se colocasse com as mãos na cabeça de Brandão, que mostrou que pode ser muito útil nessa arrancada rumo a uma vaga no grupo da Libertadores.

Sim, eu acredito. O Grêmio do primeiro tempo pode tudo. O do segundo… Bem, melhor nem imaginar.

Zaga caçula repete os cascudos

Quando Roth escalava apenas um atacante de ofício (Leandro Damião) e três meias chegando de trás, era alvo de uma saraivada de críticas de alguns setores da mídia e boa parte da torcida. Jogar dentro do Beira-Rio, então, com esse formação era um acinte, um sacrilégio.

Eu tenho preferência por um esquema dois atacantes, mas em alguns casos, na falta de um segundo atacante de qualidade, sou favorável ao esquema com dois volantes, três meias e um atacante, que pode ser um mais posicionado ou mesmo um de movimentação.

Neste dia 7, Dorival Jr veio com a mesma proposta de jogo que Roth implanta no Grêmio, repetindo o que fez muitas vezes no Inter.

Ninguém ergueu a voz para contestar Dorival, ao menos que eu tenha lido e ouvido. Jogo em casa, adversário fraco e ainda assim apenas um atacante. Fosse Roth o treinador, levaria muito pau.

Da mesma forma em relação a Bolívar. Ele facilitou a vida de Dorival e pediu pra ficar de fora. Parece que ele sabia o que iria acontecer. A jovem zaga falhou como os cascudos já falharam.

O Inter chegou fácil aos 3 a 0, com o ataque de ‘um atacante só’ funcionando como nunca aproveitamento 100 por cento. O problema é que a defesa voltou a falhar, quase repetindo o que houve contra o Santos.

O Inter levou dois gols de cabeça. Dois gols de cabeça do lanterna do campeonato, dentro do Beira-Rio.

Fico imaginando o que não fariam com Bolívar no intervalo do jogo, logo após os dois gols do América Mineiro. Bolívar parece ter pressentido o desastre, que só não foi maior porque o América é mesmo muito fraco e o sistema ofensivo funcionou a pleno.

O importante é que o Inter fez a sua parte e voltou a vencer em casa.

Mas que a defesa tem sido um problema, tem. Dorival Jr minimiza e diz que gosta de time ofensivo.

Fernando Carvalho, retranqueiro de carteirinha, não vai gostar.

SAIDEIRA

Grêmio precisa vencer o Bahia. Nem o empate basta. Com uma campanha ridícula fora de casa, o Grêmio está obrigado a somar pontos longe do seu aconchego. O Bahia vem uma bela vitória e tem Joel Santana estreando. Jogo difícil.

Roth ainda não confirmou quem começa no lugar de André Lima. Miralles viajou e passa a ser uma alternativa interessante, ainda mais agora que Roth o colocou nos trilhos.

Brandão deve começar a partida. É um bom centroavante. Está sem ritmo. Talvez deslanche hoje. O Grêmio vai precisar.

Se correr o bicho pega…

O técnico Dorival Jr está encrencado.

A torcida e os cronistas esportivos, em especial os colorados, querem a cabeça de Bolívar. Há um movimento forte nas redes sociais contra o capitão colorado, herói de tantas conquistas e vilão de alguns jogos.

A gênese dessa situação em que um jogador se torna inimigo número 1 a de sua própria torcida está no simples fato de que a auto-estima colorada inflou demais nos últimos anos. O Inter já conquistou dois títulos neste ano, ambos com Bolívar. Mas o torcedor colorado quer mais, não há limites. Então, a qualquer tropeço, são eleitos culpados. A bola da vez é Bolívar.

O torcedor direciona o fogo contra um jogador, mas ele sabe que tem outros jogando até pior que o zagueiro. Mas sobrou para Bolívar, principalmente depois dos três sofridos em 10 minutos contra o Santos.

O fogo amigo pode chamuscar o recém chegado Dorival Jr.

Dorival está na seguinte situação: se escalar Bolívar, vai ficar mal com a torcida e com alguns cronistas esportivos. A escalação de Bolívar vai significar que Dorival cedeu ao poder de comando do zagueiro, apontado como principal liderança dentro do grupo.

Se Dorival deixar de fora o capitão, passará a impressão de que cedeu à pressão da torcida e de parcela da mídia. Levará a pecha de ser um treinador suscetível ao clamor dos torcedores, que, como todos sabem, são movidos à paixão, e nós sabemos que a paixão é uma coisa maravilhosa, mas não é uma boa conselheira.

O ideal para o técnico, que agora está vendo onde veio parar (aqui no futebol gaúcho o furo é mais embaixo), seria que acontecesse um milagre, uma ajuda dos deuses do futebol, do santo protetos dos técnicos, se é que ele existe. Por exemplo, uma providencial lesão, ou como está na moda, um desconforto muscular de Bolívar. Seria o fim do problema, ou melhor, a transferência do problema.

Há outra possibilidade: Bolívar pedir para ficar fora do jogo contra o América Mineiro.

Por enquanto, estamos assim: se escalar Bolívar, Dorival terá se acovardado diante do líder do vestiário; se deixar Bolívar fora, Dorival terá cedido à pressão da torcida, que assim se sentirá no direito de mais adiante eleger outra vítima. Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come.

Em pouco tempo teremos a torcida escalando o time inteiro. E aí, pra que treinador?

Pelo menos será uma baita economia.

SAIDEIRA

Bolívar realmente caiu de produção. O mesmo acontece com Índio. Mas Índio tem mais prestígio junto aos torcedores.

Não concordo que essa queda seja resultado apenas da idade dos dois. Há outro componente: a marcação no meio de campo.

Se Bolívar e Índio estão numa curva descendente, a mesma coisa ocorre com Guinazu e Tinga. O argentino não é mais aquele jogador vibrante, pelo menos o tempo todo. Ele tem cansado mais rapidamente. Tinga já entra com as meias arriadas. Bolatti nem levo em consideração.

A marcação no meio de campo está mais frágil, sobra para a zaga.

E os laterais? Nei até que melhorou, mas sua inteligência para jogar não acompanha a vitalidade. Kleber parece um cavalo cansado. Tem muita técnica, bom posicionamento, por isso resiste.

Resultado: estoura na zaga. E quem salva? Muriel.

Bem, Bolívar é a bola da vez. Vamos ver quem será o próximo eleito.

Grêmio lava a alma e Inter padece

Mesmo considerando que o Atlético Paranaense está mesmo com um time ruim – Renato fazia milagre e estava certo em cobrar reforços da direção – e é forte candidato ao rebaixamento, o Grêmio fez mais do que a obrigação, que era vencer em casa.

Construiu uma goleada com firmeza defensiva, rapidez no meio de campo e, finalmente, eficiência no ataque. Os 4 a 0 têm importante reflexo na tabela de classificação e inevitável conseqüência no ânimo e no moral dos jogadores. O time vai para os próximos jogos mais confiante, mais seguro de si. Pelo menos essa é a tendência.

André Lima, que escalei no meu time, o Alfredo, no Cartola, vai crescer. Marcou três gols e participou de boas jogadas ofensivas. Mostrou que recebendo a bola em condições de concluir, ele faz. Ninguém precisa sentir saudade do Centroavante Pigmeu. Basta abastecer André Lima, o que não vinha acontecendo há tempo. Ele já está longe de ser um virtuose na área, e sem jogadas, então, nada lhe resta.

O que também não acontecia há tempo é gol com bola trabalhada, tabelas, aproximações, velocidade. Confesso que isso é o que mais chamou minha atenção. No primeiro gol, Escudero puxou o contra-ataque, Douglas recebeu e enfiou uma bola na medida para o argentino concluir com muita frieza e categoria, algo que eu pensei que ele jamais faria. Ou então pegou mal no pé.

Escudero me surpreendeu. Ele havia perdido uma chance muito boa de marcar, chutando para fora, quando André Lima estava livre ao seu lado. Além disso, estava errando passes, driblando mal, mas aí veio o gol. Logo depois, Escudero deixou André Lima livre para fazer 2 a 0. A jogada iniciou com Marquinhos, outro que começa a mostrar serviço. Sempre considerando a fragilidade técnica e emocional do adversário.

O Professor Celso Roth (confirmo minha rendição e agora espero a do Francisco, ácido crítico do Mestre Roth) está mesmo acertando o time.

Para concluir, quem realmente está enchendo as medidas, mantendo um bom padrão durante os 90 minutos, é o lateral Júlio César. Ele se mostra atento na marcação e ataca com muita rapidez, tem ótimo controle da bola, cruza bem e não é daquele tipo de lateral ‘porraloca’, muito comum hoje. É magnífico o lance dele logo no início em que venceu uma disputa pela esquerda, junto à linha de fundo, e cruzou rasteiro com muita lucidez para André Lima. O goleiro salvou. Enfim, um lateral-esquerdo.

No outro lado, Mário Fernandes, que em breve estará na seleção brasileira.

Grêmio sobe para 24 pontos e se distancia da zona de rebaixamento. Já pode habilitar-se a uma vaga na Sul-Americana, por enquanto seu limite máximo no Campeonato Brasileiro.

Algo mais vai depender de uma campanha fantástica do Grêmio e de uma derrocada de alguns dos líderes.

INTER ESCAPA DA DERROTA

Se no meio da semana, o empate com o Santos teve um sabor amargo de derrota, o 1 a 1 deste domingo com o Ceará desde redondo, foi quase uma vitória. O time misto colorado pode festejar o empate. O goleiro Muriel fez grandes defesas. O Inter padeceu em Fortaleza. Guinazu chegou a sentir -se mal, e quando isso acontece é porque o clima era mesmo de terror em campo. Claro, havia também o calor. O atacante Osvaldo, endiabrado, tonteou o argentino, que pediu pra sair.

A informação é de que esse jogador, Osvaldo, está sendo contratado pelo Grêmio.

A bem da verdade, o Inter também criou boas chances de gol, apesar da pressão terrível que sofreu durante a maior parte do tempo. Nos minutos finais, o Inter por pouco não fez o gol da vitória, o que seria um crime pelo que jogou o Ceará.

Se tivesse Leandro Damião – extraído do Inter pelo técnico Mano para um amistoso inútil contra Gana -, o Inter talvez até vencesse o time nordestino, que, aliás, anda fazendo um estrago danado nesse Brasileirão.

Caso ISL: sujeira pra baixo do tapete

O arquivamento do processo de expulsão do ex-presidente José Guerreiro, ocorrido ontem à noite, dia 1, em reunião do Conselho Deliberativo do Grêmio,  é uma vitória daqueles que preferem varrer a sujeira pra baixo do tapete a fazer a faxina necessária e exemplar para que os deploráveis fatos ocorridos na gestão 2000/2001 nunca mais aconteçam.

Se o grupo que fez prevalecer o corporativismo ganha, perde a instituição. Os conselheiros desperdiçaram uma grande oportunidade de mostrar que realmente estão atentos e interessados em punir todos aqueles que de uma forma ou de outra não honram os cargos que possam ocupar na diretoria do clube.

Permanece aberta a porta para que eventos como os ocorridos durante a parceria com a ISL voltem a acontecer. A impunidade atiça e atrai os mal-intencionados.

Fosse realmente um um gremista que acima de tudo pensa no clube que diz amar, o ex-presidente teria renunciado assim que saiu a condenação judicial, que acabou prescrita como deverão prescrever os delitos registrados no caso Mensalão e no caso Detran, onde – que coincidência! – aparecem citados outros gremistas de ‘estirpe’. Tivesse renunciado, o ex-dirigente teria poupado o clube, seus familiares e seus amigos de todo esse processo desgastante e humilhante, tanto para o próprio denunciado como para o Grêmio.

O ex-presidente José Guerreiro mantém todas as suas prerrogativas formais no clube. É possível que volte a circular lépido e faceiro pelos gabinetes do Olímpico e até que volta a ocupar cargo no clube, quem duvida? O caminho para isso foi aberto pelos votos de 101 conselheiros – algum desavisado os comparou aos 101 dálmatas, o que os  simpáticos cãezinhos decididamente não merecem.

O que eu não acredito é que ele um dia recupere a confiança dos torcedores.

Se o tempo é capaz de fechar todas as feridas, não existe o que apague as cicatrizes dos ferimentos mais profundos e dolorosos.

CASO ISL (texto extraído do site do Correio do Povo)


O Caso ISL trata do sumiço de três cheques, totalizando 310 mil dólares, enviados pela empresa ISL ao Grêmio em agosto de 2000. O dinheiro não entrou na contabilidade do clube, sendo depositado em contas de doleiros de Brasília e Santa Catarina.

Denunciado pelo Ministério Público na ocasião, José Alberto Guerreiro foi condenado a dois anos e dois meses pela 1ª Vara Criminal de Porto Alegre. Por atender os requisitos legais, o ex-dirigente teve a pena convertida em prestação de serviços comunitários.

Ao apelarem da sentença de Primeiro Grau à 7ª Câmara Criminal, os acusados tiveram as penas reduzidas em dois meses e, de ofício, foram beneficiados pela prescrição.