A vingança de Mancini

A vingança é um prato que se come frio. É o que pensei quando vi o Vágner Mancini à beira do campo saboreando os 3 a 0 sobre o Grêmio, um clube do Sul que um dia foi poderoso, impunha respeito e conquistava títulos de grande porte.

Mancini estava goleando o sujeito que o demitiu há três anos, o Paulo Pelaipe, e o técnico que o substituiu. Celso Roth.

Deve ter sido uma noitada de muito chá (e otras cositas más) na noite cearense, quem sabe com a voz de Fagner ao fundo cantando ‘as velas do Mucuripe’.

O Grêmio que levou três do Ceará (do Ceará, não do Barcelona) repetiu o que tem feito em toda essa temporada. Uma defesa vulnerável (antes diziam que o Renato Portaluppi era ofensivista e por isso o time tomava tanto gol); um meio de campo confuso, que não marca com eficiência e que tem dificuldade para armar jogadas ofensivas; e um ataque que, na verdade, não existe desde a saída de Jonas.

A goleada só não foi maior porque Victor evitou mais gols com defesas quase milagrosas. Ouvi o narrador e comentarista, gente que não é daqui, dizer que Victor foi o melhor jogador do Grêmio.

Já os colorados daqui e os gremistas desesperados culpam o Victor de todos os males. Desprezam coisas simples como o fato de o time ter criado apenas duas ou três situações claras de gol contra mais de uma dezena do adversário.

Victor não teve culpa alguma no primeiro gol, um chute lotérico e mágico. Depois, foi vítima de um zagueiro vacilão, que no meu tempo de guri em Lajeado a gente chamada de ‘moscão’.

Mas Victor é o grande culpado. Se isso os deixa felizes. Com Marcelo Grohe o time vai vencer todas e pode até ser campeão. Quando o time é ruim, quado Clementino entra pra resolver e, pior, ainda joga mais que o promissor Leandro, não tem goleiro que salve.

Time sem ataque, sem jogadores capazes de reter a bola na frente pra defesa respirar e sem capacidade para armar jogadas, é um time capenga. Vejo outros jogos, com outros times, e deparo com atacantes criativos, gols saindo com facilidade. No Grêmio, cada gol é um parto. Como é difícil o Grêmio criar jogadas e fazer gols!

O Grêmio até teve uma melhora no segundo tempo com Marquinhos e Clementino no lugar de Lúcio e Leandro.

Outra coisa: Adilson ou joga no meio ou fica no banco. Ele não tem flexibilidade para enfrentar atacante habilidoso no mano a mano na lateral. Quem jogar em cima dele acaba se sentindo um Garrincha, tamanha a facilidade com que o dribla. Fora isso, Adilson não tem qualidade técnica para atacar. Ruim na defesa, pior no apoio.

Roth terá muito trabalho para consertar o estrago feito por uma direção absolutamente incompetente para armar uma equipe com qualidade.

DAMIÃO

No Beira-Rio, o Inter penou, mas venceu. E isso é o que importa. Mais uma vez Leandro Damião. Muito tempo atrás escrevi que todos os problemas do Grêmio acabariam se tivesse um jogador com a qualidade de Damião. Admito que exagerei, porque Damião, ao contrário de André Lima, não sofre de solidão e de desamparo.

Dorival Jr estreou com vitória por 1 a sobre o Botafogo. Tem na mão um time com potencial para crescer e brigar até pelo título, algo que considero muito difícil, mas não impossível.

Já o Grêmio deve festejar se não cair pra segundona. Com Victor ou Marcelo, tanto faz. Isso não vai alterar nada. O time continuará sendo ruim.

O paraíso vermelho e o inferno de Victor

O Beira-Rio em pleno agosto, o ‘mês do desgosto’ segundo os mais antigos, virou o paraíso na face da Terra nesta terça-feira.

Assumiu o novo treinador, finalmente; oposicionistas apareceram na ‘posse’ sinalizando talvez a pacificação interna; Andrezinho foi reintegrado após seu ato de indisciplina, o que é uma conquista da direção; e Ilsinho, um ala/meia de alta qualidade, está chegando.

Como há murmúrios de que nem no paraíso tudo é total harmonia e paz, restam algumas arestas, como o fato de Dorival Jr ter trazido seu ‘núcleo duro’, para usar uma expressão comum à política, do qual faz parte seu preparador físico de confiança. O que é curioso porque o Inter possui um preparador de seleção brasileira, nome complicado, mas cuja competência é inquestionável.

Nesse aspecto, fico com o exemplo do São Paulo, que mantém uma comissão técnica permanente. Treinador que for pra lá vai trabalhar com os profissionais do clube. No máximo, o sujeito pode levar um auxiliar para fazer não se sabe exatamente o quê.

E Dorival Jr já chega mexendo no time. Sacou Tinga logo no primeiro treino. Mas não mexeu no Bolívar, aí o furo é mais embaixo. O atento repórter Fabrício Falkowski relatou que vozes oriundas da arquibancada pediram a saída de Bolívar, mas não levaram.

Pediram a cabeça do ‘espetacular’ Mathias. Essa é mais fácil de entregar de bandeja, pelo menos até a próxima intervenção do guru do presidente Giovani Luigi, o Fernando Carvalho.

Dorival Jr já adiantou que seu time joga com dois volantes, dois meias e dois atacantes, ou até três, sacando um volante. Pelo discurso de que preza acima de tudo a qualidade técnica, sem abrir mão de força e marcação, claro, ele me lembrou o técnico Silas e suas preferências.

Agora, com a contratação de Ilsinho, o Inter tem tudo para resolver o problema da lateral-direita. Ilsinho diz que prefere jogar no meio de campo, mas bem conversado ele vai ocupar o lugar de Nei. E aí sim o Inter vai ganhar uma jogada muito forte pela direita.

Ilsinho eleva o status colorado no Brasileirão. A lateral é o calcanhar de Aquiles do Inter há algum anos. Aumentam as possibilidades de o Inter ganhar uma vaga na Libertadores e talvez brigar pelo título.

Só vai depender de Dorival Jr. Isso se um diabinho não invadir o paraíso e levar São Damião embora.

FIM DA UNANIMIDADE

O Grêmio até pouco tempo tinha em seu grupo apenas uma unanimidade: Victor. Única unanimidade. 

Os colorados invejavam o Grêmio por ter um goleiraço. Invejavam. Especialmente os da mídia. Todos muito bem identificados pelos torcedores mais atentos.

Bem, Victor vacilou aqui e ali, e isso abriu a brecha que eles esperavam para detonar o motivo da inveja.

É assim aqui na província azul e vermelha. Agora, o pior é que gremistas normalmente espertos entraram nessa lenga-lenga.

Li um cronista colorado defendendo a entrada imediata de Marcelo Grohe, Quanta preocupação com o Grêmio…

Gremistas fizeram e fazem coro pedindo por Marcelo.

Desprezam o histórico de Victor, e enaltecem uma série (curta) de boas atuações de Marcelo.

Ignoram que Marcelo, porque é goleiro, simplesmente, vai falhar. Todos os goleiros falham. E aí? Vão pedir Victor? 

Não importa. O estrago está feito. O Grêmio não tem mais em seu time uma só unanimidade, ou algo perto disso. E isso é preocupante.

Reserva de Douglas salva o Grêmio

Neste campeonato de perde-ganha, em que uns mais perdem do que ganham, o importante é somar pontos.

O Grêmio fez o que não conseguia há bastante tempo: vencer uma partida.

E isso merece ser saudado efusivamente. Não importa como a vitória aconteceu, isso é um mero detalhe.

Não importa se Victor deu mais uma vacilada. Alguns dizem que foi erro grosseiro, não concordo. Foi um bola venenosa, cruzada com carinho pelo excelente lateral do Fluminense. Vejo mais méritos do adversário nesse lance. Ainda assim, Victor deu mais munição aos seus críticos.

Sigo com meu pensamento: Victor é titular.

Depois do gol, a reação do time. Mas antes da virada, vaias de torcedores. Vaias para Leandro, Lúcio, Marquinhos, Adilson e sei lá mais para quem.

Alguns torcedores deveriam ficar em casa. Ou então ruminar sua raiva em silêncio. Vaiar jogador que não se esforça é uma coisa, vaiar quem tenta superar sua limitações técnicas com muita disposição é outra.

Adilson é um acerto de Roth em termos defensivos. Um grande acerto. Mas Adilson quando se projeta tem dificuldades. Coitado do centroavante.

O André Lima é limitado. Depende de jogadas. Imagino a inveja que ele deve ter sentido quando Fred recebeu aquele merengue na cabeça para fazer 1 a 0. André Lima não foi agraciado com nada parecido desde que voltou ao time.

Lúcio é outro esforçado. Merece aplauso, não vaia. Ele se entrega, mas ele tem o seu limite técnico e diria até intelectual. Não é um jogador inteligente, longe disso, mas é aplicado.

Então, lá pelas tantas, na garra, ele livrou-se do marcador e encostou para Marquinhos, que também sofria com vaias. Marquinhos chutou meio desajeitado e, felizmente, apareceu um zagueiro no meio do caminho para ajudar a enganar o goleiro: 1 a 1.

Mais adiante, agora com moral e mais confiança, ele fez 2 a 1. Parte gol ele deve a mim. Quem me conhece melhor sabe que no decorrer de um jogo eu afirmo certas coisas e dá justamente o oposto.

No caso de Marquinhos, eu fiz de propósito, usando esse meu poder. Afirmei: “O Grêmio não faz gol de falta a horas, não vai ser agora que fará um gol”.

Não deu outra: gol do Marquinhos.

Aliás, Marquinhos é um jogador que sugeri há um ano, antes de ele ser contratado pelo Santos. Gostava dele no Avaí, um articulador de boa técnica e com aplicação tática, diferente do Douglas, que tem muito mais qualidade, mas que joga futebol como se estivesse num mundo à parte.

Confesso que prefiro jogadores que se dediquem mais, que marquem, aos que só jogam com a bola nos pés, mesmo que algumas vezes sejam brilhantes. Agora, se forem geniais quase sempre, aí realmente não precisam marcar. Não é o caso de Douglas.

Ah, alguém sentiu a falta de Douglas? Talvez o Fluminense.

Então, Douglas pra mim é reserva de Marquinhos, que merece uma sequencia de jogos como titular. Lúcio, apesar dos pesares, ainda é o mais eficiente pela meia esquerda.

O ataque. Esse é um caso sério, grave mesmo. De que adianta ter um centroavante cabeceador se a bola de linha de fundo quase não existe?

Se André Lima estivesse no Santos, onde Borges recebe papinha a toda hora, seria goleador do Brasileirão. São dois atacantes sanguessugas. Diferentes, mas iguais na essência.

Vamos ver se Brandão será a solução. Como rima deu certo, mas desconfio que ele é da família de André Lima.

O Grêmio somou três pontos e isso é o que importa. Mas há outro ponto a ser considerado: o time quase não deu chances de gol ao adversário. E este sim é um fato novo, e altamente positivo.

INTER

Osmar Loss cumpriu seu dever. lançou alguns jovens promissores. Dorival Jr  recebe uma boa herança.

Fora isso, Loss não venceu o Bahia por detalhe. O Inter foi superior e mereceu vencer.

É claro que a arbitragem ajudou ao anular o gol de Carlos Alberto ainda no primeiro tempo. Os colorados já não podem mais reclamar que só o Corinthians é beneficiado.

O fato é que o Inter segue na briga por vaga na Libertadores.

SAIDEIRA

Sugestão de leitura: artigo do empresário (não de futebol) José Gallo, pagina 11 de Zero Hora dominical. Ele explica com poucas palavras por que o Grêmio está nesta pindaíba e por que vai continuar padecendo se não houver uma mudança radical no clube. É um texto para ser lido numa sessão do conselho deliberativo do clube.

Mano, o reabilitador de Dunga

A cada jogo da Seleção, melhora a imagem de Dunga. Mais um pouco e Dunga subirá ao patamar dos grandes treinadores. Vão chover convites com propostas milionárias, e tudo graças ao festejado Mano Menezes.

Aquelas vozes que detonaram Dunga depois da eliminação na Copa do Mundo, hoje defendem Mano sem pudor. Argumentam que o futebol brasileiro vive uma transição, que existem poucos grandes jogadores.

Mas isso já era visível no ano passado. Só agora esses especialistas perceberam a transição?

Se Dunga errou na convocação foi no excesso de volantes e na qualidade duvidosa de alguns deles. Está confirmado que a lateral-esquerda continua sendo um grave problema. A carência técnica também em outras posições.

E por que Dunga conseguiu melhores resultados que o Mano? Porque Dunga, ao contrário de Mano, armou o time de acordo com suas convicções, valorizando o aspecto defensivo, enquanto Mano faz o contrário.

Quem conhece o Mano sabe que ele costuma armar suas equipes a partir da defesa. Na seleção, pra agradar paulistas e cariocas, ele entra com três atacantes, desguarnecendo o meio, fragilizando o sistema defensivo, enquanto seus atacantes não resolvem na frente.

Mano vai dançar logo, logo.

Muricy, mais esperto do que parece, rejeitou o convite pra treinar a Seleção após a queda de Dunga. Percebeu que era uma canoa furada. Mas não tenho dúvida de que ele não entraria nessa de armar um time faceiro. E aí desagradaria interesses.

E assim vão os treinadores brasileiros. Quanto mais perdem, mais se valorizam.

COMO NOS VELHOS TEMPOS

O Inter vai acabar ficando com Dorival Jr, outro que ainda precisa provar que vale o quanto cobra. Mas como há quem pague mesmo sem que ele prove sua competência, vai levando, engordando sua conta bancária, a sua e de uns e outros que tiram fatia desses salários que soam como um deboche aos verdadeiros trabalhadores, gente que durante toda uma existência não vão ganhar o que ganham esses privilegiados em poucos meses.

Para sorte do Inter, os árabes não querem liberar Paulo Autuori. Quando ele veio para o Grêmio foi a mesma lenga lenga. No final, ele veio, infelizmente. Mas agora parece que ele não vem mesmo, infelizmente.

Agora, o Inter está me lembrando aquele Inter pré-Fernando Carvalho. Aquele clube que amontoava treinadores e perdia quase tudo.

Começou a temporada com Roth, seguiu com Falcão e agora está com m jovem promissor. Em seguida, terá outro, provavelmente com remuneração milionária para que todos fiquem felizes. Será, portanto, o quarto técnico em nove meses.

A continuar nesse ritmo, não será o último. Por favor, anotem esta frase e me cobrem.

O problema do Inter não é o treinador. O time tem velhos demais em campo. Jogadores que vão sair da equipe diretamente para o museu do Beira-Rio.

Se Leandro Damião for negociado, o time vai desandar e tudo pode acontecer.

DIFERENÇA É O GOLEADOR

A principal diferença entre Grêmio e Inter é que um deles tem centroavante, tem um goleador. Já escrevi isso lá por fevereiro e março. Renato foi vitimado muito em função dessa carência.

Paulo Pelaipe percebeu isso e trouxe Brandão. Se Brandão não corresponder, Roth também irá dançar. Nenhum treinador sobrevive sem um goleador.

Pelaipe percebeu mais. Percebeu,aliás, aquilo que escrevi várias vezes (será que ele anda me lendo?) e repeti após o jogo contra o Palmeiras. Lúcio malimal quebra um galho na meia esquerda; e na lateral simplesmente não funciona. Seu reserva Escudero aciona uma usina nuclear para dar um passe certo. Bruno Colaço é apenas razoável. Por isso, Pelaipe busca dois jogadores para essas posições. Pelaipe conhece. O problema é o mercado. Pelaipe chegou tarde para corrigir as mancadas de seus antecessores.

A principal delas: acreditar que se pode vencer no futebol sem um goleador.

SAIDEIRA

Essa de o Grêmio contratar um sujeito de fora para comandar as categorias de base é de lascar. E não deve ser baratinho, não. Se ainda fosse um profissional com histórico de sucesso, que realmente justificasse o gasto. Mas não parece ser este o caso.

Duvido que se o dinheiro saísse do bolso desses dirigentes eles cometeriam tais desatinos.

A imitação continua

Quando eu penso que essa história de que o Inter imita o Grêmio vai terminar, mais ela se robustece.

O Inter quer Autuori. Assim como fez o Grêmio dois anos atrás, o Inter aceita esperar pelo técnico que já fracassou no Beira-Rio, sendo responsável por uma das minhas grandes alegrias no futebol, aquela goleada do Juventude com o estádio lotadíssimo.

Vários colorados que hoje trabalham na imprensa ficaram marcados por aquele jogo e desde então consideram o Juventude o inimigo público número 2, logo atrás do Grêmio, claro. Sei o quanto sofreram naquela noite, 4 a 0.

Foi um ensaio para o vexame contra o Mazembe.

Autuori vem aí. De novo, Autuori precisa sair numa boa lá do clube árabe, repetindo o que aconteceu quando veio para o Olímpico.

Naquela ocasião, ele estava com vontade de voltar ao futebol brasileiro, muita vontade. Saudoso. Só que ficou aqui uns poucos meses – felizmente – e logo se mandou de volta, justo quando fazia todo o planejamento no Grêmio.

Autuori, o filósofo. O Iura faz uma imitação hilária do Autuori. Num programa do Reche, na Ulbra TV, o Iura imitou a postura do treinador à beira do campo. Contemplativo, vendo o time desmoronar na Libertadores, testa franzida e, o principal, o dedo indicador da mão direita na vertical sobre a boca, como quem pede silêncio.

Sinceramente, não sei o que esses dirigentes da dupla enxergam no Autuori. Está certo, é um cavalheiro, parece gente boa, mas largou todo um projeto no Grêmio ao primeiro aceno árabe. Na verdade, foi o que melhor poderia ter acontecido na gestão Duda Kroef. Mesmo assim, não me parece uma atitude correta de um profissional com a fama de ético, etc.

Então, ficamos assim: Grêmio contrata um ídolo; Inter contrata um ídolo; Grêmio demite um ídolo injustamente; Inter faz o mesmo; Grêmio aposta num ‘novato’; Inter segue o exemplo; Grêmio traz um medalhão; Inter ainda busca um.

Só falta uma imitação, a cereja do bolo: a queda pra segundona. Desse jeito não vai demorar muito.

Agora, falando sério: Osmar Loss está fazendo bom trabalho. Me lembra o Marcelo Rospide na Libertadores de 2009, tipo flanelinha esperando Autuori chegar. Entre pagar milhões para um treinador como o Autuori, não é melhor ficar com um baratinho e competente?

Talvez o problema seja esse: ele é baratinho.

SAIDEIRA

Olha a sacanagem com o meu amigo Zini. Ainda bem que no meu tempo de ‘barrigada’ (notícia que não se concretiza) não existiam essas ferramentas hoje tão fáceis e abundantes pra fazer brincadeiras. Êta gente criativa!

O autor é o ducker, do site www.ducker.com.br

confiram:

http://grem.io/MT7

Dr. Roth e o paciente na UTI

Com a chegada do ‘dr Roth’, o Grêmio deixou de respirar por aparelhos.

Com um ou dois treinos, muitos palavrões e xingamentos, e alguns ajustes no posicionamento e na postura, o novo técnico gremista deu nova cara ao time. O empate com o Palmeiras é um resultado para ser comemorado, sem muita euforia, mas um paciente de UTI precisa acima de tudo de contar com o tempo a seu favor para recuperar a vitalidade, a energia.

É importante registrar que o Grêmio manteve uma disputa equilibrada com o time de Felipão. Roth acertou a marcação, e para isso Adilson foi fundamental. Grande atuação desse jogador tão depreciado por boa parte da torcida. Se Adilson tivesse um pouco mais de técnica estaria na Europa, não aqui num time que entra ano passa ano namora a segundona. Então, Adilson merece, isso sim, todo apoio, até porque é um dos raros que realmente parece jogar por amor ao clube.

O jogo mostrou que o maior problema continua sendo o ataque. Talvez Brandão ajude a melhor a coisa, talvez. O goleiro Marcos praticamente não trabalhou. No lance mais perigoso do ataque, Leandro tentou encobrir o experiente goleiro, que defendeu brincando.

Agora, o time tem uma deficiência crônica no setor esquerdo. Lúcio, para mim, é um jogador que quebra o galho na meia, e que não pode ser titular da lateral-esquerda. Quando vejo Lúcio sempre imagino o que não seria o Grêmio com um jogador mais lúcido e inteligente nessa função. Lúcio tem a seu favor a velocidade, a aplicação tática, mas joga pouco para ser titular de uma posição tão importante num time que em tese sempre briga pelo título.

Já a lateral-esquerda merece um tratado. O último que deu uma resposta positiva, sem contestação, foi Roger. Faz tempo… Bruno Colaço é um lateral razoável, quebra o galho, mas quando o nível de exigência aumenta ele parece diminuir de tamanho. O mesmo se dá com Lúcio.

É possível que Roth consiga fazer com que esses jogadores, num esquema mais organizado, com funções bem definidas, rendam mais, subindo de produção com o restante da equipe. Mas insisto que falta qualidade por ali. Agora, melhor Lúcio na meia do que o Escudero, ótimo para entrar no final e agitar na frente. E só.

Agora, Douglas. Ele fez um bom primeiro tempo. Parecia mais ligado, mais interessado. No segundo, quase não foi visto. Pegou pouco na bola, parecia se esconder. Errou passes. Mas é possível que Roth faça com que ele repita o futebol dos últimos meses do ano passado.

Dr Roth não é milagreiro, mas ele sabe curar preguicite aguda.

CRUZEIRO E A ARBITRAGEM

O Inter, mesmo com um time misto, conseguiu somar três pontos. A vitória por 3 a 2 chegou em boa hora, porque mantém o time perto da zona da Libertadores.

Agora, não tem como sonegar o fato de que a arbitragem foi cruel com o time do Joel, que, aliás, mantém o veterano e cansado Gilberto trocando passes numa zona morta de campo, praticamente deixando o time com um a menos em campo.

No último lance em que correu mais, Gilberto, do alto de sua experiência, fez falta em D’Alessandro, e o juiz deu pênalti. A falta foi fora da área, mas o argentino acabou desabando dentro da área com o experiente Gilberto sobre suas costas. Mal colocado, o juiz deu pênalti, que até é discutível.

O Inter foi melhor no primeiro tempo. No segundo, o Cruzeiro foi superior, mas sem muita objetividade. O time mineiro marcou um gol em bela jogada tramada. Mas o bandeirinha conseguiu ver impedimento e anulou o gol. Um erro grave.

Depois, pênalti claro pela direita na área do Inter, que o juiz ignorou solenemente. Bom para o Inter, que outras vezes foi prejudicado. Quando o juiz erra a favor, o costuma acontecer mais  com Corinthians e Flamengo, é preciso desfrutar o momento, porque logo ali adiante pode vir a conta.

O Interino Osmar Loss foi criticado pela torcida no final.

Tudo indica que o Inter vai apressar a contratação de um novo treinador, que deve mesmo ser Dorival Jr, finalmente demitido do Atlético Mineiro.

Boa essa profissão de treinador de ponta. Quando mais fracassa, mais ganha dinheiro, com a indenização e com o novo contrato.

GORJETA

Celso roth, diferente de outros tempos, mudou o time no segundo tempo não para se resguardar, mas para tentar surpreender o Palmeiras. Será influência de Renato Portaluppi? Só acho que ele poderia ter colocado Miralles mais cedo, mas não no lugar de Leandro, e sim no de André Lima. Talvez com maior movimentação na frente o time conseguisse criar mais jogadas de gol.

Roth, primeiro acerto da direção

Com a autoridade – que outorgo a mim mesmo – de quem antecipou tudo o que aconteceu com o Grêmio nos últimos anos contando apenas com um profundo conhecimento de futebol e inigualável capacidade de análise – e nenhuma modéstia -, é que venho declarar que a contratação de Celso Roth é o primeiro acerto da atual direção.

Eu, um crítico ferrenho do referido treinador, devo reconhecer que o momento do time exigia um treinador com o perfil de Roth. Antes dele, claro, eu preferiria Felipão, Muricy ou Tite, mas como isso hoje é impossível, me conformo com Roth.

O que se quer de Roth é o mesmo que era cobrado de Renato Portaluppi no ano passado: escapar da segundona. O que vier a mais, é lucro. E isso Roth, com esse grupo de jogadores, tem condições de atingir.

Com Julinho Camargo o time seguiria ladeira abaixo, como um carrinho de lomba dos meus tempos de guri, sem freio.

Se a diretoria capitaneada pelo sr Odone se precipitou ao demitir Renato, errou ao contratar Julinho, acertou agora com Celso Roth.

Aliás, a contratação de Pelaipe seguida da contratação de Roth é algo que antecipei aqui há meses, ao perceber que estava em andamento um processo de fritura, lento e gradual, de Renato e dos homens do futebol. 

Hoje, o presidente do clube trabalha com quem sempre quis trabalhar desde que se candidatou.  E quero frisar que é assim que deve ser: o presidente (no futebol, na política, etc) trabalhar com quem tem afinidade e em quem confia, caso contrário acontece o que acabou de ocorrer no Grêmio.

Portanto, Celso Roth chega em boa hora. Ele, Pelaipe e o onipresente empresário Jorge Machado, agora com força total, para o bem e para mal. Espero que mais para o bem.

Sei que há muita rejeição ainda ao Roth, mas muito inferior ao que se percebia nas outras vezes em que foi contratado. Tanto é verdade que o próprio treinador destacou isso na entrevista de retorno ao clube.

Roth manifestou sua alegria ao verificar que na internet e nos programas de rádio havia muita gente elogiando sua contratação, ao contrário de situações anteriores. Roth ficou feliz, e até sorriu, sinal de que todos, mesmo os de coração mais duro e de carranca permanente, querem mesmo é ser amados.

SAIDEIRA

No treino desta manhã no Olímpico, Mário Fernandes se lesionou. Adilson vai jogar em seu lugar. No meio, FR, GS, Lúcio, Leandro (numa função parecida com aquela que defendi aqui e que remete para Taison) e a volta de Douglas. Na frente, o lobo solitário André Lima. Esquema parecido com o que utilizava no Inter.

Concordo com a proposta de Roth para enfrentar Felipão e cia. Concordo também com a permanência de Victor, contrariando alguns botequeiros precipitados.

SAIDEIRA

Inter também segue mal no Brasileiro. A derrota para o Fluminense escancarou de novo os problemas do time, a começar pelo isolamento de Damião. Aliás, Damião, sempre tão humilde, mostrou as unhas depois do jogo ao criticar a falta de jogadas pra ele. O correto seria conversar sobre isso no vestiário. Mas agora ele é um cara valorizado, um jogador ambicionado por grande clubes do planeta.

A derrota vai resultar no retorno do técnico Loss ao quase anonimato no clube. Loss teve sua chance, e assim como Julinho, a deixou escapar.

Acho que agora o Inter imita o Grêmio, de novo, e traz um técnico rejeitado, Cuca.

PROVOCAÇÃO

Para evitar o rebaixamento do Grêmio o ideal seria mesmo é repatriar Renato. Mas Renato está muito ocupado em salvar o Atlético Paranaense, e está conseguindo para desespero de seus corneteiros.

Grêmio jogou no seu limite

A torcida do Grêmio vaiou e protestou após o empate com o Atlético Mineiro. Se a vaia foi dirigida ao time, foi uma baita injustiça.

O time correu, se entregou, mostrou aquela velha garra. Jogou no seu limite. Mas no futebol é preciso também qualidade.

Não se pode exigir que alguns jogadores joguem aquilo que não conseguem por absoluta incapacidade. Neste jogo não houve má vontade, mas apenas incapacidade.

Então, se há alguém a ser vaiado, este é quem fez as contratações.

Concordo com vaias para a direção, mas não para o time. O Grêmio jogou no seu limite. Não tem como jogar mais do que jogou esta noite no Olímpico.

O torcedor precisa aceitar que este é o time do Grêmio que o sr Paulo Odone e seus companheiros montaram.

Paulo Pelaipe chegou querendo dar uma melhorada. É difícil, o mercado está restrito. Brandão é a alternativa que ele encontrou. Não dá mais pra esperar. Que venha o Brandão.

André Lima vai perder o lugar. Ele não consegue ganhar uma bola nem pelo alto e muito menos pelo chão. Quando a bola é cruzada, ele está em outro lugar. Sempre.

Jonas é tão bom que conseguiu fazer de André Lima um goleador, um jogador querido pela torcida. Sem Jonas, ele voltou ao normal. Um atacante limitado, muito dependente.

Miralles corre muito, alterna bons lances com jogadas bisonhas. Ele está começando, se adaptando. Merece crédito. Mas pra mim é um clone do Herrera. Uma contratação equivocada, mais uma.

Escudero aciona uma usina nuclear para acender um palito de fósforo. E pensar que tinha gente criticando o Renato por não escalar esse jogador…

Aliás, a cada jogo que passa fica comprovado que Renato era o menos culpado pela campanha ridículo do time. Mas seus críticos não se manifestam agora. Ficam em silêncio.

Com Renato, o Grêmio estava a oito pontos do líder e a 12 pontos da zona de rebaixamento. Mais ou menos isso. Como é que está agora, sem ele?

Repito o que escrevi quando ele saiu: ruim com Renato, pior sem ele.

Julinho Camargo: critiquei sua contratação. Mas torci e torço por ele. Um sujeito trabalhador, conhecedor de futebol. O desafio é grande demais para quem nunca treinou um time de ponta. Minha previsão é de que ele não fecharia agosto. Acho que mais uma vez vou acertar, infelizmente.

Enquanto isso, com tantos erros acumulados, o Grêmio se encontra de novo diante do fantasma do rebaixamento. Já virou hábito, rotina.

O bode está no meio da sala. Agora, até Celso Roth será aceito, ainda com rejeição, mas já nem tanta.

Outra coisa: vamos parar de detonar o Victor. Ouvi um comentarista gritar que Victor mais uma vez falhava, referindo-se ao segundo gol do Atlético. O mesmo comentarista silenciou diante de defesas salvadoras de Victor.

É preciso respeitar o histórico desse jogador. Victor é um dos poucos que se salvam nesse time. Vamos garantir os bons e detonar os ruins. Não fosse Victor, o Atlético teria vencido.

O Grêmio pouco criou em termos ofensivos. Já o Atlético entrou fácil na área gremista. Rafael Marques e Lúcio tiraram duas bolas de cima da linha. Só esse dado já mostra como o time está ruim. Falho na defesa e absolutamente incompetente no ataque.

Lamento pelo Julinho, que está recebendo a grande oportunidade de sua vida profissional, e que largou um bom emprego no Inter. Ele arriscou, tentou. Confiou demais no seu taco. Não analisou direito o time que ele ele treinar. Infelizmente, não deve resistir muito tempo.

E o pior de tudo, é que duvido que outro treinador possa fazer muito mais. A não ser que Pelaipe reforce o time com pelo menos dois titulares.

Mas seja quem for (e deve ser o Roth), já será lucro se evitar o rebaixamento. A história se repete.

Pelaipe, o salvador

Começou bem o Pelaipe. Começou prometendo um centroavante, um atacante de área, um goleador. Desde fevereiro alerto sobre a falta de qualidade no ataque gremista, e aí está a raiz do fracasso na Libertadores e agora no Brasileiro.

É intrigante o fato de os homens do futebol não tenham visto isso, ou se viram, inaceitável a omissão.

O futebol é para quem é do ramo. Pelaipe já mostrou que conhece. Foi ele quem trouxe Jonas, por exemplo.

Pelaipe chega para consertar o estrago. Se conseguir, será o Renato Portaluppi de 2011. Com ele, Julinho Camargo tem mais condições de dar certo.

É claro que o resultado precisa vir já contra o Atlético Mineiro. Caso contrário, volta Roth (eta filme que não sai de cartaz).

Sei de muita gente que não gosta de Pelaipe. Há boatos de que ele é desonesto. Ninguém prova, são acusações vazias, difamações. Muitos dos boatos surgem do nada, não tem origem. Ninguém assume. Mas muitos levam adiante de forma irresponsável e cruel.

No passado ele teve problemas com a Justiça, mas pagou sua conta. Sei de alguns que tiveram problemas até mais graves e continuam impunes.

O passado do cidadão Pelaipe, portanto, não está em discussão.

O que interessa é o dirigente Pelaipe, um sujeito acostumado a lidar com os boleiros.

Pelaipe chegou para arrumar a casa e evitar o rebaixamento do Grêmio.

Se ele também fracassar, o que é possível diante da herança que herdou, temo pelo pior.

Mas gostei do discurso inicial de Pelaipe. Levo fé.