A rodada do final de semana começou com um desastre. Perder para o São Paulo não é desonra, vergonhoso é perder da forma como o Grêmio perdeu.
Antes a delegação não tivesse viajado por causa das cinzas do vulcão. O futebol que o time apresentou no Morumbi parecia envolto por uma nuvem de fumaça vulcânica.
Os jogadores atuaram como se tivessem sido apresentados no vestiário, enquanto o time de Carpegianni exibia entrosamento, dinâmica e afinidade com a bola, errando poucos passes.
Já o time que Renato colocou em campo dentro da política de acomodação que destaquei no comentário anterior, abusou da arte de entregar a bola para o adversário.
Todos erraram, e erraram muito.
Mas há um jogador nesse time que quando erra, enterra. Afunda o time, cava a sepultura da derrota.
Douglas é quase um virtuose com a bola nos pés. Quase. Mas ele crê firmemente que é um craque, que faz com a bola o que quer. Alguém precisa chegar no ouvido dele e dizer, num grito sussurrante, ‘cai na real, Douglas’.
Li que ele, depois do jogo, cobrou mais bola nos pés. Ele quer bolinha no pé.
Pra quê? Pra fazer o que fez aos 18 minutos do segundo tempo, quando o Grêmio recém havia empatado e começava a manter uma disputa digna contra o São Paulo?
Ele recebeu a bola no grande círculo. Ele, o articulador do time, deveria recolher a bola e puxar o contra-ataque, talvez lançando um dos dois ‘atacantes’ de segunda divisão que o Grêmio tinha em campo.
Mas o que fez o ‘craque da bolinha no pé’? deu um toquezinho de primeira para trás, no contra-pé de FR, que corria em direção ao campo ofensivo.
A bola, essa mesma que estava nos pés do ‘craque’, caiu nos pés do adversário, que chegou aos 2 a 1 brincando.
Douglas mais uma vez havia armado um contra-ataque mortífero, um contra-ataque daqueles. Mas para o adversário, como de costume.
Se ele armasse contra-ataques a favor do Grêmio com a qualidade e quantidade com que o faz para o inimigo, seria imprescindível.
Mas isso não acontece. Eu sempre defendi o Douglas, apesar de tudo. Mas entendo que chegou o momento de ele esfregar as nádegas no banco de reservas.
Marquinhos foi contratado justamente para disputar posição com Douglas, e eventualmente jogar ao seu lado. Mas o fato é que ambos executam a mesma função, embora Marquinhos não seja conhecido como articulador de contra-ataques para o adversário.
Então, cabe a Renato, agora, impor-se como treinador, mostrar autoridade e decidir quem são os titulares, porque acomodar interesses e vaidades só leva a um caminho: a derrota, a humilhação.
O Grêmio, ontem, perdeu e foi humilhado.
Não vou fazer como muitos que agora jogam pedra no Renato pela experiência que fez. Foi uma tentativa válida. Não deu certo.
Renato corrigiu no intervalo – só acho que quem deveria ter saído seria o Lúcio, que estava deixando a bola escapar sob seus pés, e não o Neuton.
O fato é que a mudança melhorou um pouco o time, que buscou o empate e começava a equilibrar a partida.
Mas aí havia um Douglas no meio do caminho.
E como se não bastasse, um bandeirinha incompetente que não marcou impedimento no terceiro gol.
O aspecto positivo é que o jogo trouxe algumas lições. Cabe agora ao Renato mostrar que é um bom aluno, fazendo o dever de casa com coragem e sabedoria.
FUMAÇA DO VULCÃO PAIROU SOBRE O BEIRA-RIO
O Inter continua sem vencer em sua própria casa. Saiu vencendo por 1 a 0, mas permitiu a virada do Palmeiras. Depois, no finalzinho, Damião, sempre ele, foi lá e salvou o pescoço de Falcão.
Fico imaginando o que seria do Inter se Mano Menezes tivesse convocado Damião para disputar a Copa América.
Falcão foi chamado de burro quando sacou Oscar. Aliás, Oscar é sempre o primeiro da lista de Falcão para sair do time. O Tinga se arrasta, mas quem sai é o Oscar. Treinadores, treinadores…
A realidade é que a dupla Gre-Nal foi mal na rodada. O Grêmio foi pior, claro. Mas o Inter, jogando em casa, tinha a obrigação de somar três pontos. O Palmeiras não é mais aquele faz tempo.
Do jeito que vai a coisa, a dupla se encaminha para ser figurante no Brasileirão.