Uma atuação envolta por cinza vulcânica

A rodada do final de semana começou com um desastre. Perder para o São Paulo não é desonra, vergonhoso é perder da forma como o Grêmio perdeu.

Antes a delegação não tivesse viajado por causa das cinzas do vulcão. O futebol que o time apresentou no Morumbi parecia envolto por uma nuvem de fumaça vulcânica. 

Os jogadores atuaram como se tivessem sido apresentados no vestiário, enquanto o time de Carpegianni exibia entrosamento, dinâmica e afinidade com a bola, errando poucos passes.

Já o time que Renato colocou em campo dentro da política de acomodação que destaquei no comentário anterior, abusou da arte de entregar a bola para o adversário.

Todos erraram, e erraram muito.

Mas há um jogador nesse time que quando erra, enterra. Afunda o time, cava a sepultura da derrota.

Douglas é quase um virtuose com a bola nos pés. Quase. Mas ele crê firmemente que é um craque, que faz com a bola o que quer. Alguém precisa chegar no ouvido dele e dizer, num grito sussurrante, ‘cai na real, Douglas’.

Li que ele, depois do jogo, cobrou mais bola nos pés. Ele quer bolinha no pé.

Pra quê? Pra fazer o que fez aos 18 minutos do segundo tempo, quando o Grêmio recém havia empatado e começava a manter uma disputa digna contra o São Paulo?

Ele recebeu a bola no grande círculo. Ele, o articulador do time, deveria recolher a bola e puxar o contra-ataque, talvez lançando um dos dois ‘atacantes’ de segunda divisão que o Grêmio tinha em campo.

Mas o que fez o ‘craque da bolinha no pé’? deu um toquezinho de primeira para trás, no contra-pé de FR, que corria em direção ao campo ofensivo.

A bola, essa mesma que estava nos pés do ‘craque’, caiu nos pés do adversário, que chegou aos 2 a 1 brincando.

Douglas mais uma vez havia armado um contra-ataque mortífero, um contra-ataque daqueles. Mas para o adversário, como de costume.

Se ele armasse contra-ataques a favor do Grêmio com a qualidade e quantidade com que o faz para o inimigo, seria imprescindível.

Mas isso não acontece. Eu sempre defendi o Douglas, apesar de tudo. Mas entendo que chegou o momento de ele esfregar as nádegas no banco de reservas.

Marquinhos foi contratado justamente para disputar posição com Douglas, e eventualmente jogar ao seu lado. Mas o fato é que ambos executam a mesma função, embora Marquinhos não seja conhecido como articulador de contra-ataques para o adversário.

Então, cabe a Renato, agora, impor-se como treinador, mostrar autoridade e decidir quem são os titulares, porque acomodar interesses e vaidades só leva a um caminho: a derrota, a humilhação.

O Grêmio, ontem, perdeu e foi humilhado. 

Não vou fazer como muitos que agora jogam pedra no Renato pela experiência que fez. Foi uma tentativa válida. Não deu certo.

Renato corrigiu no intervalo – só acho que quem deveria ter saído seria o Lúcio, que estava deixando a bola escapar sob seus pés, e não o Neuton.

O fato é que a mudança melhorou um pouco o time, que buscou o empate e começava a equilibrar a partida.

Mas aí havia um Douglas no meio do caminho.

E como se não bastasse, um bandeirinha incompetente que não marcou impedimento no terceiro gol.

O aspecto positivo é que o jogo trouxe algumas lições. Cabe agora ao Renato mostrar que é um bom aluno, fazendo o dever de casa com coragem e sabedoria.

FUMAÇA DO VULCÃO PAIROU SOBRE O BEIRA-RIO

O Inter continua sem vencer em sua própria casa. Saiu vencendo por 1 a 0, mas permitiu a virada do Palmeiras. Depois, no finalzinho, Damião, sempre ele, foi lá e salvou o pescoço de Falcão.

Fico imaginando o que seria do Inter se Mano Menezes tivesse convocado Damião para disputar a Copa América.

Falcão foi chamado de burro quando sacou Oscar. Aliás, Oscar é sempre o primeiro da lista de Falcão para sair do time. O Tinga se arrasta, mas quem sai é o Oscar. Treinadores, treinadores…

A realidade é que a dupla Gre-Nal foi mal na rodada. O Grêmio foi pior, claro. Mas o Inter, jogando em casa, tinha a obrigação de somar três pontos. O Palmeiras não é mais aquele faz tempo.

Do jeito que vai a coisa, a dupla se encaminha para ser figurante no Brasileirão.

A esperteza dos técnicos e os livros 'didáticos'

Os treinadores são uns espertalhões. Primeiro, que ganham muita grana passando por grandes especialistas; segundo, porque acham que nós somos bobos.

Falcão não é diferente. Tampouco o Renato.

Falcão precisa encontrar um lugar pro Oscar. Mas tem o Bolatti voltando. Quem sai? Um problemão, mas um problemão daqueles bons, porque é melhor administrar excesso de bons jogadores do que um amontoado de jogadores razoáveis.

Agora, é preciso saber lidar com a qualidade, porque boleiro quanto melhor  e valorizado mais determinado a não abrir mão do espaço conquistado, ou ganho de bandeja por ser de fora, não prata da casa.

O que fez Falcão diante do dilema: eliminou o problema. Ou seja, Bolatti, com seus 26 aninhos, apareceu com overtraining -sim, na hora de inventar desculpa esse pessoal é criativo. Nem o falecido criador do overlappin, o Cláudio Coutinho, faria melhor.

Traduzindo antes que o Carrião apareça, o argentino está com fadiga por excesso de jogos. Uma fadiga providencial que requer afastamento da equipe por alguns jogos. Depois, quando um dos volantes titulares – Tinga ou Guinazu – se lesionar ou for impedido de jogar por alguma outra razão, Bolatti volta lépido e faceiro.

Da mesma forma se o esquema com dois meias ‘criativos’ não funcionar como funcionou contra o modesto América Mineiro. Falcão, queira ou não, é obrigado a jogar com dois meias. A mídia quer, a torcida exige.

Já o Renato sai por outro lado. Não criou nenhuma lesão. O que ele fez: tratou de acomodar os melhores.

Mário Fernandes, que está arrebentando como lateral-direito, continua na equipe. Gabriel, o titular, teria que entrar no time ou ficar no banco. Mas a lógica dos técnicos passa pela acomodação.

O que faz Renato? Escala Gabriel no meio-campo. Teremos, então, dois laterais-direitos. Ah, e dois esquerdos, porque Lúcio vai jogar ali ao lado do Neuton, que também está merecendo continuar na equipe.

Como não tem nenhum atacante que possa entrar no carteiraço, Renato vai começar com apenas um, o Viçosa, que realmente merece continuidade pelo menos enquanto não aparecer alguém melhor e mais experiente.

Os treinadores são espertos, mas a gente ‘estamos ligado’, conforme escreveria um sujeito depois de ter aulas com os livros do Mec. O mesmo sujeito, aprendendo pela cartilha de matemática da casa do ministro Haddad – essa cria do Genro está batendo todos os recordes de besteira desde o governo anterior, e com o nosso dinheiro – poderia finalizar este texto sobre a esperteza dos treinadores dizendo:

– Afinal, 2 mais 2 não são 5?

SAIDEIRA

Agora, sobre o esquema que o Renato está improvisando: acho que ele está certo em começar com um atacante de ofício. A alternativa seria o Lins. Aí não dá, não é mesmo?

Se o Leandro estivesse em condições de jogo, aí Renato poderia ser criticado. Mas o guri sofreu lesão muscular -mais um. Esse negócio não acaba nunca no Olímpico. Quem será o próximo a ter estiramento?

Renato aproveita e reforça o meio para enfrentar o líder São Paulo. 

FECHANDO A CONTA

Grande rodada: Falcão x Felipão e Renato x Carpegiani.

GORJETA

Atenção: saiu mais um lote da 1983, tipo Pilsen. Faça como Renato e Falcão e se agilize. Estoque limitado.

A 'engorda' do Oscar e o caso Luxa

Depois dos dois gols contra o América Mineiro, Oscar não precisa mais ir para ‘engorda’.

O técnico Falcão recuou. Oscar não precisa mais ganhar corpo para enfrentar a dureza dos adversários.

O Neymar está aí pra desmentir essa bobagem que Falcão falou. Falcão, que era tão magro quanto Oscar quando foi campeão brasileiro em 1976, estava, na verdade, querendo acomodar as coisas.

Oscar obriga o técnico a abrir mão de um volante. E isso dói na maioria dos técnicos.

O fato é que dois meias como Oscar e D’Alessandro tornam o time colorado mais agressivo, mais ofensivo, e também mais vulnerável.

Tem muita gente defendendo que Oscar deve seguir no time com base no jogo contra o modesto time mineiro.

Se Falcão realmente está falando sério, Oscar começa contra o Palmeiras ao lado do argentino D’Ale. E contra o Palmeiras o furo é mais embaixo.

Quem gosta de um esquema mais atrevido é o Renato Portaluppi, que chega a beirar à irresponsabilidades algumas vezes no decorrer dos jogos.

Na real, eu gosto de um esquema mais fechadinho, explorando o erro do adversário. Mas reconheço que Renato tem conseguido bons resultados com suas convicções, em especial no Brasileirão do ano passado.

Agora, quem não gosta de futebol ofensivo, com muitos gols, lá e cá? De preferência mais lá do que cá.

O ideal mesmo é o equilíbrio. Quem ganha títulos são os times mais equilibrados. E estes na maiorias das vezes não jogam um futebol daqueles de umedecer os olhos de felicidade.

FALCATRUA

Não, não vou escrever sobre determinados políticos. Continuo no futebol, se bem que o caso envolvendo Luxemburdo e Edmundo é mais para as páginas policiais.

Edmundo emprestou uma grana ao Luxa em 1999, 40o mil reais. Luxa teria pago com cheques sem futebol.

Edmundo ganhou na Justiça, em todas as instâncias, e a dívida chegou a 1,9 milhão de reais. Luxa parece que não vai pagar.

A Justiça está indo atrás dos bens do técnico, que, aliás, está em decadência há tempo. O problema é que está difícil de achar o que está em nome do Luxa e o que já não está penhorado.

Agora, os dois batem boca pelo twitter. Luxa escreveu que tudo é invenção do Animal -a Justiça diz o contrário-. Aí o Edmundo respondeu bem-humorado:

– Tem que ver se o blog é mesmo do Vanderlei, porque ele não tem nada no nome dele hahaha.

Agora, o que mais chama a atenção é que Luxemburgo ainda é um dos treinadores com melhor remuneração no País. Talvez nem um outro ganhe tanto. Dizem que ganhava no Atlético Mineiro cerca de um milhão de reais por mês.

E por que ele pediu dinheiro ao Edmundo em 1999, quando estava no auge?

A continuar assim, Luxa pode seguir o caminho de outros profissionais do futebol que acabaram no fundo do poço.

Enquanto os cascudos não chegam…

Com Renato não tem lero-lero. Sobre Douglas ter proporcionado dois contra-ataques perigosos do Bahia, Renato revelou o que diz aos jogadores a esse respeito.

– O Douglas tem muita qualidade. Sempre digo pro pessoal ficar ligado quando ele está com a bola porque alguma coisa vai sair, inclusive contra-ataque.

E é a mais pura verdade. Se Douglas abusa do toquezinho de calcanhar quando o jogo está encrespado, imagine vencendo o Bahia no Olímpico. É mais forte do que ele essa tendência a dar uma enfeitada.

Sou admirador do Douglas. Sem ele, o time perde muito. Agora, com a chegada de Marquinhos ele tem uma sombra. Vacilou, tem substituto à altura, sem a mesma técnica, mas com outras qualidades, como maior disposição para a marcação, o combate.

O mais importante da tarde no Olímpico foi a vitória. Esse time do Bahia não é bobo. Ameaçou fazer gol várias vezes. Numa delas, Jobson ,um jogador habilidoso e rápido, deixou o Souza livre para marcar. Souza foi lento, tentou driblar em vez de chutar e acabou desarmado quase dentro da pequena área.

Se Souza foi vacilão, a zaga gremista foi esperta, atenta. E esteve assim durante a maior parte do tempo. Gostei da gurizada na defesa, com destaque para o Mário Fernandes, jogador de seleção brasileira, que o Mano não me leia ou que não fique olhando muito aqui pro Sul.

Neuton está confirmando o que eu sempre vi nele: lateral-esquerdo dos melhores. Bem trabalhado, é outro que será convocado pelo Mano, infelizmente. Saimon esteve em bom nível ao lado do Rafael Marques, também de boa atuação.

FR foi de novo exuberante. Gostei do Escudero. É uma opção interessante. Mas ainda precisa jogar muito mais para ser titular.

Na frente, o Lins me surpreendeu com o passe para Viçosa fazer o segundo gol. De resto, é um atacante limitado. Já o Viçosa tem muito potencial. Com tranquilidade e auto-confiança, pode se tornar um goleador.

Enfim, Renato está conseguindo somar pontos mesmo sem uma dupla de ataque realmente confiável e uma zaga de maior respeito.

E tudo isso sem todos os cascudos.

SAIDEIRA

Falcão perdeu o medo e armou um Inter mais agressivo, com Oscar e DAlessandro juntos no meio de campo.

O time jogou mais solto. Zé Roberto, pelas boas jogadas, Oscar, pelos dois gols, foram o destaque dos 4 a 2 sobre o América Mineiro.

O Inter soube aproveitar bem o fato de o jogo ter sido em campo neutro, sem aquela pressão da torcida adversária.

É claro que Falcão não irá repetir essa formação contra adversários de maior porte, porque os técnicos de modo geral são medrosos

Falcão poderia seguir o exemplo de Renato, que é mais ousado e atrevido, independente do adversário.

Falcão tem o que aprender com Renato

Falcão, com toda a sua experiência como comentarista de futebol, deveria ser mais habilidoso que o Renato no trato com a imprensa.

Os dois são afáveis com a imprensa. Tratam os jornalistas com respeito, com consideração. E não fazem mais do que a obrigação, mesmo que um ou outro possa fazer perguntas mais embaraçosas, maliciosas ou repletas de terceiras e quartas intenções.

Cabe ao entrevistado mostrar jogo de cintura para sair das enrascadas.

Por exemplo, Falcão foi ingênuo ao afirmar que o atual time colorado não tem condições de brigar pelo título. Ele não disse nada de mais, falou a verdade, mas falou uma verdade que deve ficar restrita ao vestiário.

A meu ver, pegaram pesado demais com Falcão.

Hoje, na coletiva de imprensa, Falcão mudou seu modo de tratar os ex-colegas, que em breve voltarão a ser colegas de novo. Foi mais lacônico nas respostas. Antes falava como se estivesse ainda na Globo, mas sem o Galvão Bueno do lado, porque este não deixa ninguém falar muito.

O Falcão de hoje quase me lembrou o Chico Spina. Eu era setorista do Inter em 1979. Os repórteres detestavam entrevistar o Chico. Ele respondia sim, não, talvez, quem sabe. E o repórter ficava ali com o microfone na mão esperando que o Chico desenvolvesse mais.

Falcão não chegou a tanto, claro. Essa fase dele passa, porque está na natureza do Falcão ser assim verborrágico. Ele sempre foi bom de entrevistas como jogador, e aperfeiçoou esse dom na imprensa.

Enquanto isso, o Renato mantém o seu estilo, meio brincalhão, meio sério, tanto nas horas boas como nas ruins. 

Falcão parece sempre mais racional, Renato mais emotivo.

Hoje, ao ser questionado sobre as chances do Grêmio no Brasileirão, Renato, com a vantagem de conhecer o que houve com seu colega, foi esperto, deu um drible na imprensa.

– Isso é vocês que podem dizer.

Eu não estava lá, mas se o Renato me perguntasse o que eu penso, responderia que as chances do Grêmio estão aumentando consideravelmente.

Primeiro, porque não há nenhum grande time despontando. O Santos é o melhorzinho, mas se vencer a Libertadores terá outras preocupações.

Segundo, porque a direção gremista está reforçando o time. Deveria ter feito isso em janeiro para a Libertadores, mas, enfim, nada é perfeito.

Victor; Gabriel, Mário Fernandes, um xerifão castelhano e Neuton (Lúcio;

Gilberto Silva, F. Rochemback, Marquinhos e Douglas;

Leandro e Miralles – ou Miralles e André Lima –

Temos aí um time capaz de brigar pelo título. É claro que Miralles ainda precisa confirmar, e há necessidade de mais um atacante de muita qualidade.

Se Renato escorregasse na casca de banana como Falcão, ele com certeza responderia que é preciso qualificar mais o time.

E, a exemplo de Falcão, estaria absolutamente certo.

Mas isso não é coisa que um treinador possa dizer publicamente sem que o mundo caia sobre sua cabeça.

Pelo menos é assim aqui nesta terra onde tudo é tratado na ponta da faca.

Pelo visto, Renato tem o que ensinar a Falcão.

Dagoberto: boato agita meio esportivo

A notícia de que o Inter estaria tentando contratar Dagoberto causou alvoroço. Ninguém sabe de onde saiu a informação, mas o fato é que mexeu com colorados e gremistas.

Dagoberto é sonho antigo de nove entre dez gremistas e colorados. Eu mesmo sugeri sua contratação quando o Grêmio perdeu Jonas.

Com o Grêmio o São Paulo até negociaria, mas duvido que faça negócio tão cedo com o Inter.

Afinal, como negociar com um clube que tirou do Morumbi uma das maiores promessas do SP, o jovem Oscar?

Então, quando ouvi que o Inter estaria mesmo tentando Dagoberto, ainda por cima em alta no SP, duvidei. Para reforçar a onda alguém divulgou que um dirigente, Chumbinho, teria viajado à capital paulista.

Para dar mais credibilidade à ‘informação’, lembraram de um velho interesse do SP pelo Guinazu, que inclusive chegou a assinar um pré-c0ntrato com o clube paulista.

Dizem ainda que o SP teria proposto, no começo deste ano, a troca pura e simples de Dagoberto pelo volante argentino. Fosse verdade, seria uma insanidade da direção paulista. Um crime contra o patrimônio. E pior: que o Inter teria rejeitado a troca.

Quer dizer, absurdo dos absurdos.  Mas a onda virou marola.

No final da tarde um dirigente do São Paulo colocou um ponto final na história. A negativa foi enfática. Nada de negociar Dagoberto, principalmente com o Inter.

O dirigente fez uma revelação: o Grêmio também havia tentado Dagoberto, isso há uns três meses.

Essa informação mostra que a direção tricolor não estava tão distraída e sonolenta quanto se imaginava. Se Dagoberto, naquele momento brigado com o técnico Carpegiani, viesse, a campanha gremista na Libertadores seria outra, muito diferente.

Agora, assim como o Grêmio, se o Inter realmente investiu na contratação de Dagoberto, agiu corretamente, porque é o jogador que completaria o ataque colorado.

Assim, gremistas e colorados seguem sonhando com Dagoberto. Quem sabe no final de carreira…

SAIDEIRA

O advogado Carlos Josias, ex- dirigente e ex-c0nselheiro do Grêmio, ingressou com uma petição no TJD gaúcho sobre racismo no Beira-Rio. A ação é fundamentada num texto do Siegman em seu blog, há uns dez dias.

Siegman, como se sabe, denunciou o Grêmio por racismo recentemente. Uma denúncia feita em termos muito agressivos, conforme escrevi aqui.

Vejam o que escreveu o dirigente colorado, comprovando que manifestações racistas acontecem em todos os lugares:

Tenho orgulho de ser gaúcho, mas não há dúvidas de que o nosso estado convive com uma banalização do racismo. Já vi manifestações racistas até mesmo nas cadeiras do Beira-Rio. Algo tem que ser feito. Um cidadão que assiste a uma manifestação racista deveria chamar um policial, denunciar e exigir a prisão em flagrante do ofensor.

O golfe de Alice e os ídolos do futebol

O astro do rock, o homem que parecia ter pacto com o demo, que fazia shows com sangue, cobra, e tudo mais que pudesse impactar e chocar o público, foi flagrado nesta terça-feira jogando golfe no requintado Country Club, junto das ‘elite’, como diria um certo ex-presidente.

Alica Cooper é mais uma prova do quanto as pessoas podem mudar com o tempo. O roqueiro ‘maldito’ é hoje um senhor de 63 anos, que talvez faça shows com pinceladas de terror, mas já não assusta ninguém, não escandaliza, ainda mais aqui neste Brasil de tantos escândalos.

Mas Alice Cooper sempre será um símbolo, uma legenda, um ícone, com admiradores por todo o planeta.

Fosse ele um ex-jogador de futebol, consagrado e festejado, talvez passasse por situações desconfortáveis como as que assombraram Renato recentemente e Falcão agora.

Renato, o ídolo, o craque da maior conquista tricolor, foi vaiado e, dizem, até chamado de burro. Poucos dias depois chegou a vez de Falcão, o craque dos anos 70, o Rei de Roma. O ídolo que a direção colorada na ânsia de imitar a experiência gremista tirou das cabines dos estádios para a beira do campo, onde as emoções são mais agudas e a remuneração robusta, mas onde se paga um preço alto em caso de fracasso.

Renato vive essa realidade há mais tempo, de modo contínuo. Falcão retoma a carreira de técnico depois de longo tempo.

Renato está com ritmo de jogo, conhece as manhas do vestiário no futebol do século 21; Falcão perdeu a embocadura. Tenta adequar-se à rotina pantanosa do vestiário, onde tem mais gente querendo puxar o tapete do que nas equipes de transmissões esportivas.

Quando ele foi contratado escrevi que era um equívoco. Um equívoco dele e do Inter. Falcão é inteligente e ainda pode dar a volta por cima, mas acho que entrou em contagem regressiva.

Em breve deverá juntar-se a ‘los invictos’, forma como o técnico campeão do mundo pela Argentina, Cesar Menotti, se referia aos cronistas esportivos. Já não será vaiado e, talvez, nem chamado de burro.

Falcão poderá, então, praticarem paz o seu esporte preferido, que não é o golfe do vovô roqueiro, mas o tênis.

A resposta da gurizada gremista

Uma das coisas que me gratificam no futebol é ver os guris da base entrando no time e correspondendo.

O Grêmio conseguiu uma vitória muito importante hoje em Curitiba. Venceu o Atlético Paranaense na Arena, onde é sempre muito difícil o resultado positivo, com Mário Fernandes, Saimon, Neuton e Fernando.

São quatro jovens buscando seu espaço. Além deles, mais Lins e Viçosa. Quer dizer, o time começou com seis garotos, provando que o discurso de ter jogadores experientes aos quilos é pura conversa. É preciso talento, e, em igual proporção, bravura, determinação, vergonha na cara.

O Grêmio mais uma vez fez uma partida triste ofensivamente, mas alguém realmente esperava mais desse ataque que Renato foi obrigado a escalar? 

Renato finalmente descobriu que não adianta ter um esquema ofensivo sem atacantes. Então, tratou de se resguardar, marcar forte, para não tomar gol. E só então especular um golzinho. É o que venho escrevendo há tempos: se é difícil fazer gol, que sejam aumentados os cuidados defensivos. Renato demorou a entender isso.

A vitória por 1 a 0, gol contra, soa como goleada diante do que se projetava diante dos desfalques. Renato foi obrigado a trazer de volta Rafael Marques, que não sei por que estava afastado.

Victor voltou a ser o grande goleiro que todos nós conhecemos.

É evidente que o time precisa de qualidade, e de experiência, mas como é bom saber que a gurizada quando chamada dá uma resposta tão positiva.

SAIDEIRA

Na gangorra que move o nosso futebol, o Grêmio começa a ficar por cima do Inter.

A derrota em casa para o Ceará não tem explicação. Falcão foi vaiado, o time não jogou bem. E era o time titular.

O argentino D’Alessandro jogou pouco, segundo li e ouvi. Dirigentes do Inter disseram que ele poderia jogar mais.

Não esperem isso depois do castigo e da humilhação imposta por Falcão ao argentino num treinamento na semana passada.

D’Ale não perdoa. Tite que o diga.

Quando Falcão foi contratado eu escrevi que era e um erro, e dei minhas razões. É só conferir no arquivo do boteco.

Mais do que entender de futebol, táticas, estratégias e tudo mais, é preciso ser um especialista em relações humanas. Lidar com jogador de futebol não é fácil. Administrar um grupo de boleiros é complicado.

A meu ver Falcão não tem essa condição.

Depois que eu soube que ele estava ensinando o beabá do futebol nos treinamentos da semana a cobras criadas como Guinazu, Bolívar e outros, senti que o fim está próximo. Boleiro velho não suporta isso.

Falcão entrou em contagem regressiva.

Preparação física e seus mistérios

De preparação física só conheço, e malimal, a que diz respeito a mim. Sei meus limites no levantamento de copos, por exemplo.

Sobre futebol, vejo só o resultado do trabalho que é feito. Não adianta o time correr 90 minutos se a cada jogo aparece alguém com lesão muscular.

São muitos os jogadores lesionados no Olímpico.

Culpa da preparação física? Imagino que sim. Pode ser trabalho em excesso. Muita exigência. Talvez aqueles que sentem dor muscular não se treinem adequadamente, não fazem os exercícios como manda o figurino.

Romário, por exemplo, era displicente nos treinos. Mas estava quase sempre em campo, fazendo gols e se lesionando pouco.

Cada jogador tem o seu limite, mínimo e máximo. Cabe ao preparador físico definir isso.

O Flávio Oliveira fez um excelente trabalho no Brasileiro de 2008, quando o Grêmio fez aquela campanha fantástica, especialmente no primeiro turno. No segundo turno caiu. Teve a preparação física responsabilidade nessa queda, ou foi apenas questão técnica, tática?

Sinceramente, não sei.

Só sei que quando um guri como o Leandro aparece com lesão muscular juntando-se aos mais velhos, que se revezam no departamento médico, minha preocupação aumenta.

Algo precisa ser feito. As causas de tantas lesões precisam ser encontradas.

A comparação com o Inter não vale. O Inter jogou algumas partidas com seu time B ou C no Gauchão. Os titulares treinaram mais tempo antes de entrar na roda-vida dos jogos.

SAIDEIRA

Carlos Alberto treina afastado grupo. Nessa inhaca, não seria o caso de conversar com ele? O clube está pagando os salários, e não é pouco dinheiro.

FECHANDO A CONTA

Por falar em conta, o Conselho Fiscal colorado não aprovou as da direção anterior. Pelo que soube, a rubrica ‘diversos’ só perde para as despesas com o futebol, há detalhes que precisam ser explicados.

No fim, não vai dar em nada. Assim como vai acontecer em mais esse escândalo envolvendo um integrante do alto escalão do partido que um dia se arvorou de detentor da ética, detratando todos os outros, os mesmos aos quais hoje está aliado.

Sobre o caso Palocci, parte 2, vale a pena ler artigo do Augusto Nunes, no qual ele faz um paralelo entre o ex-presidente do FMI e o petista.

Mapa astral e a reação dos cartolas

Crescem os rumores de que o Grêmio está acertando a contratação do Ibson. Se for confirmada, será um grande reforço, uma grande jogada da direção.

Além de qualificar o time, será um golpe no guru colorado, Fernando Carvalho, um apaixonado pelo ex-jogador do Flamengo.

Confesso que sou fã do Ibson, um jogador de múltiplas qualidades. Mas é melhor não sonhar, porque a realidade é outra, e tem sido cruel nesta década.

Sempre que falo nesta década, me lembro de uma previsão do astrólogo Bruno Vasconcelos, a quem eu consultava a cada final de ano sobre como seria a temporada seguinte para a dupla.

Fiz isso durante uns 15 anos no Correio do Povo. Alguns coleguinhas chegaram a cogitar, venenosamente, que eu mesmo é quem fazia as previsões, já que conheço um pouco de astrologia.

O Bruno, que faleceu há três anos, previu que o Inter reviveria a partir de 2005 o mesmo período de vitórias da década de 70. E citava um fenômeno astrológico que ocorre a cada 30 anos e que aparecia forte no mapa astral colorado.

Acertou na cabeça. É só conferir nas páginas do CP, sempre na virada de cada ano.

Já o Grêmio segue seu inferno astral. Culpa dos astros? Os astros têm influência, mas não tanta.

A responsabilidade maior é dos homens que ano após ano dirigem o Grêmio sem o devido cuidado, sem a competência necessária.

Não podemos ignorar o passado, mas acho que está na hora de dar um voto de confiança à essa direção. Pode não ser a melhor – como não foram quase todas desde 1996-, mas é o que temos para o momento.

Eu percebo uma movimentação interessante dos dirigentes nessa hora de renovação do time. Houve sabedoria no caso Borges, buscando preservar o jogador para um negociação.

Gosto dos nomes contratados e ou cogitados. Sou favorável ao aproveitamento da gurizada da base, mas depois de mais um fracasso rotundo na Libertadores, é preciso armar um time com qualidade e experiência para brigar pelo título do brasileirão, mas sempre aproveitando os jogadores criados no Olímpico.

Se não veio o tri da Libertadores, que venha o tri do Brasileirão.

SAIDEIRA

CBF parece que vai mesmo abrir a janela já no dia 15 de junho. Corrige assim essa bobagem de janela em primeiro de agosto. Sempre tem um idiota de plantão para azucrinar a paciência da gente. Felizmente, prevalece o bom senso.

SAIDEIRA 2

Lucas eleito o melhor jogador do Liverpool na temporada. Quando ele começou a aparecer no Grêmio escrevi uma coluna no CP, na condição de reserva que assume a posição do titular Hiltor, definindo o Lucas como craque. O conceito de craque pra mim é amplo, envolve marcação, combatividade, força, velocidade, além de técnica refinada. Posso ter exagerado, mas Lucas é uma estrela do futebol mundial. Fico feliz com essa escolha e com o seu sucesso no exterior.