À espera de um milagre

O futebol é assim:

a direção contrata;

os jogadores jogam;

e o torcedor torce e acredita.

É um triângulo. As três pontas devem estar no mesmo nível. Se uma delas falha, acontece o desequilíbrio.

O vértice que falhou, e tenho escrito isso há muito tempo, é o da direção.

Comecei assim o meu comentário anterior:

“A competição que interessa é a Libertadores. Infelizmente, mais uma vez, dirigentes do Grêmio não tiveram capacidade para armar um time compatível com o nível de exigência do torneio. Não percebi nenhum esforço para suprir a ausência de Jonas, goleador do clube nas duas últimas temporadas”.

Não é por nada que o alvo da ira, da revolta e da indignação da torcida nesta noite no Olímpico foi a direção.

A anterior fracassou. Venceu a atual na eleição de 2008. Depois, na hora de fazer time para a Libertadores, fracassou.

A direção atual venceu o grupo para o qual havia perdido. Mas também fracassou. E escrevo no pretérito porque a Libertadores para o Grêmio terminou.

O Grêmio não tem time para ser campeão. A direção não fez time para conquistar o tri. Por que?

Se avaliarmos com frieza, veremos que já na sua gestão anterior, com Mano Menezes de técnico, o presidente Paulo Odone armou um time pífio. Tuta era o centroavante. Éverton o seu reserva.

Olha aí, de novo a ausência de um grande centroavante.

Quando a gente torce pela volta de André Lima, e vê nele a salvação, é porque a coisa está mesmo muito feia.

Borges, cansei de escrever, é um centroavante bom para ganhar Gauchão. E olhe lá.

Hoje, Borges se superou: conseguiu ser expulso por agressão sem bola.

Eu esperava tudo de Borges, até que desencantasse, mas nunca imaginei que ele fosse capaz de tal desatino.

Um pouco antes de ser expulso, Borges fez uma bela jogada. Eram 25 minutos. Ele dribou dois como se fosse Romário, e concluiu a jogada como o Borges que é.

No tópico anterior citei Borges. E também Gilson. Disse que a torcida tinha que torcer, acreditar neles. Os dois fracassaram. Deu a lógica.

A derrota por 2 a 1 para esse time muito bom do Universidad tornou tudo ainda mais difícil.

Mas é preciso acreditar. E ninguém acredita mais que o torcedor de futebol, em especial o torcedor gremista, que está sempre à espera de um milagre.

A torcida é o ponto mais forte desse triângulo que tem uma direção inepta e um grupo de jogadores, em sua maioria, bravos e heróicos.

Por isso, é preciso continuar acreditando.

É hora de acreditar e apoiar

A competição que interessa é a Libertadores. Infelizmente, mais uma vez, dirigentes do Grêmio não tiveram capacidade para armar um time compatível com o nível de exigência do torneio.

Não percebi nenhum esforço para suprir a ausência de Jonas, goleador do clube nas duas últimas temporadas.

Como se não bastasse, acontecem desfalques que fragilizam ainda mais o time. Perder Victor nesta hora é trágico.

É a mão do destino. A mão que afaga com o surgimento luminoso de Leandro é a mesma que apedreja lesionando Victor.

Agora, sãos as mãos de Marcelo Grohe que podem manter a esperança de tri na Libertadores.

A situação é parecida com uma festa que a gente promove. Alguns convidados não aparecem. Em vez de lamentar ausências, devemos exaltar e valorizar quem veio, quem está presente.

Portanto, o momento é de fechar em torno do time que entra em campo hoje à noite.

Gilson é insuficiente? Era. Hoje ele deve ser visto como um novo Roger: forte na marcação, atento e eficiente no ataque. Mágicas acontecem.

Borges não é o camisa 9 dos sonhos de um torcedor que já teve Jardel? Sem dúvida, mas quem  sabe ele não tem uma noite de um baixinho mais talentoso, o Romário? Quem sabe? É hora de acreditar em milagres.

É hora de acreditar na energia positiva do Olímpico, na força da torcida.

Não é hora de dúvidas, desconfianças, rancores.

É hora de acreditar, de torcer, de incentivar os mais fracos. É hora de ter fé.

Pelo menos durante os 90 minutos.

Aviso aos cervejeiros

Quando Damião pegou a bola na linha de fundo, marcado pelo zagueiro Fred – não foi este que falhou no primeiro gol colorado? -, eu pensei com os meus botões:

– Daí não sai nada. O Damião vai perder a bola.

Bem, aí o Damião fez aquilo, lembrando o … Baiano, aquele meia que jogou no Grêmio.

Quer dizer, confirmei uma velha fama: tudo, ou quase tudo, o que eu digo durante um jogo dá o contrário. 

O Inter mereceu. O Juventude quase não entrou na área colorada. Nunca vi um Juventude assim no Jaconi.

Um Gre-Nal agora, em plena disputa da Libertadores, não é bom pra ninguém.

Agora, um aviso:

aqueles que chegaram tarde e não conseguiram a Kidiaba, aviso que saiu uma nova ‘safra’. São apenas 20 unidades. O mesmo em relação a Mazembier e a 1983. No máximo três unidades de cada por pessoa.

Com ajuda dos deuses do futebol

A imortalidade gremista tem agora a ajuda dos deuses do futebol.

Renato negou o nome de Neuton duas vezes. A primeira quando Bruno Colaço se lesionou; depois quando Gilson se lesionou. Agora, tem a lesão de Lúcio.

Queira ou não queira, Renato terá de escalar o melhor deles: Neuton.

É claro que aceito Lúcio na lateral-esquerda. Afinal, ele tem sido titular e fica chato tirá-lo do meio e colocá-lo na reserva. É sensato investir nele em sua posição antiga.

A mim ficou evidente depois da convincente vitória por 3 a 2 sobre o Cruzeiro que Lúcio finaliza mal suas jogadas. Ele não acertou um cruzamento sequer, o que o iguala a Gilson nesse quesito. Parece que falta ao Lúcio, além de precisão, força para cruzar. E força é o que sobra em Neuton.

Estou apostando minhas fichas no Neuton há tempo. No ano passado, quando foi lançado ali, ele foi espetacular. Depois, se lesionou e ficou nesse entra e sai, mais sai do que entra. Neuton, além de porte para ajudar no cabeceio na defesa – que está precisando -, dá melhor acabamento às jogadas de ataque.

Por isso, a lesão de Lúcio não me preocupa.

Preocupação mesmo é com a lesão de Victor. Ouvi o WC dizer que Marcelo Grohe é um reserva de luxo para Victor. Pode ser, mas é um reserva. E Victor é muito superior. Então, perder Victor neste momento é péssimo.

Sobre a zona franca que virou a área gremista nas bolas pelo alto: no começo do jogo o zagueiro Claudinho cabeceou livre e só não fez o gol porque a bola foi nas mãos de Victor. Depois, Claudinho marcou um golaço, seguido de outro gol de cabeça, agora do Maringá. Não vi culpa de Marcelo nos dois lances.

No primeiro, Claudinho saltou demais, e nenhum zagueiro chegou no corpo dele. No segundo, Maringá se projetou e apareceu na pequena área para marcar. Faltou o acompanhamento de um meio-campista. Aí, foi erro de entrosamento, negligência de quem viu o Maringá se projetando para esperar o cabeceio às costas da zaga – um lance que lembra o gol de R. Marques, que também apareceu por trás de todos num cruzamento de FR.

O Grêmio foi muito superior ao Cruzeiro. A vitória poderia ser mais tranquila, sem sustos. O problema é que qualquer time pequeno incomoda por causa desse detalhe: a bola lançada para a área onde aparece alguém para cabecear sem ser importunado. Pelo chão, o Cruzeiro quase não incomodou.

O ataque do Grêmio melhorou com o Leandro. O guri não se assusta e é ousado. No primeiro gol, numa bola excelente do Borges, Leandro teve a calma de um veterano -se bem que tem uns veteranos aí que se assustam quando chegam na cara do goleiro. Leandro agiu como um matador frio e cruel.

Leandro pode ser o Jonas, mas Borges não pode ser o André Lima. Impossível. Resta esperar que Borges cresça na Libertadores. Ontem, ele até jogou relativamente bem, mas foi contra o modesto Cruzeiro. Na Libertadores, o pau come solto e Borges não me parece ter o temperamento para enfrentar esse tipo de adversidade.

Ah, e o pênalti sobre o Borges. Ele foi valente, guerreiro, roubou a bola do zagueiro, invadiu e área e foi empurrado violentamente. O juiz não viu ou não quis ver. E era um momento tenso do jogo.

Gostei demais do Adilson. Ele está evoluindo. Avança com mais segurança e personalidade, e ontem mostrou que está chutando melhor. Quase fez um gol. Não teve a sorte do Magrão, por exemplo, que chutou e a bola desviou na zaga, tirando o goleiro da jogada.

O deslocamento de Lúcio para a laterar ajudou Renato a acertar o meio de campo. Tudo graças ao Gilson que se lesionou no gramado sintético durante um treino.

Não é a primeira nem a última vez que os deuses do futebol ajudam um treinador teimoso a arrumar um time.

Uma mãozinha da grama sintética

Futebol na grama sintética só é bom para quem fabrica e/ou comercializa grama sintética.

Mas o carpete implantado pelo presidente da FGF no estádio de um de seus clubes pode servir para Renato resolver o problema da lateral-esquerda.

Gilson se lesionou durante o treino no carpete e está fora do jogo contra o Cruzeiro. Com isso, abre uma oportunidade para Neuton.

Mais uma vez o acaso contribuindo para ajustar equipes. Neuton é o melhor dos laterais esquerdos do clube. É um jogador que, se tiver sequencia como titular, vai se firmar e chamar a atenção do futebol europeu.

Só espero que ele não seja mais uma vítima do gramado sintético, que ameaça desfalcar o time para uma eventual decisão do returno do Gauchão e também na Libertadores.

Sei que tem muita gente com essa expectativa.

Então, além de torcer por uma vitória sobre o bom time do Cruzeiro, é preciso rezar para que ninguém se machuque, frustrando planos diabólicos.

SAIDEIRA

Mário Fernandes faltou ao treino. Dizem que ele anda exagerando no consumo de etílicos. Se for verdade, é uma pena.

Cabe ao seu empresário, Jorge Machado, ficar em cima. Mais ainda a direção do Grêmio, porque se trata de um jogador de enorme potencial. Merece, portanto, atenção redobrada.

Libertadores mais difícil

Ontem à noite, enquanto estraçalhava um assado de tira num pequeno restaurante uruguaio, em Rio Branco, froneira de Jaguarão, onde vim comprar uns vinhos, vi o Cerro Porteno bater o Colo colo. Os uruguaios torciam pelo Cerro. Cheguei a ficar em dúvida se o Cerro era mesmo paraguaio.

Foi uma grande vitória dos paraguaios, num jogo em que o pau comeu solto.

Mas o mais impressionante, e preocupante, é que o Santos e o Fluminense que pareciam zumbis na Libertadores, garantiram classificação.

Quer dizer, se a Libertadores já estava difícil, ficou ainda mais complicada. Santos e Fluminense, crescendo, são candidatos ao título.

Se o sr Paulo Odone não se mexer e trazer um centroavante imediatamente vejo um futuro sombrio para o Grêmio.

Dificuldades enormes já agora contra o Universidad.

O Inter pega o Peñarol. Não sei qual dos dois times é mais difícil.

Sei apenas que tanto Grêmio como Inter não estão jogando um futebol que justifique manter esperança de título.

Cai o nível de tolerância dos torcedores

Este é um momento raro. Gremistas e colorados estão desconfiados e insatisfeitos com suas equipes. O nível de tolerância baixou muito desde o começo do ano.

Os resultados e as atuações de Grêmio e Inter são preocupantes. Na vitória por 2 a 0 contra o Emelec, parte da torcida vaiou o time em algumas jogadas erradas. Poupou o técnico Falcão.

O presidente Luigi criticou esse comportamento. O vice de futebol elogiou a torcida. Vá entender.

Eu não vi o primeiro tempo do jogo no Beira-Rio. Soube que foi terrível. A torcida, com razão, demonstrou sua irritação. Afinal, a direção colorada vendeu a esperança de que com Falcão tudo seria diferente.

O time continua jogando o mesmo futebol de antes, apesar de alguns comentaristas, na ânsia de elogiar Falcão, vejam algo de novo, de inovador, etc.

Os que hoje elogiam mudanças táticas, posicionamentos diferentes, são os mesmos que vão dizer, em caso de derrota para o Juventude, por exemplo, que o técnico Falcão não tem culpa porque recém assumiu. “O time ainda não assimilou o estilo do Falcão”, vão repetir quase que em coro. O fato é que qualquer análise séria neste momento é prematura.

Falcão praticamente não tem responsabilidade sobre o futebol que o Inter jogou no final de semana e nesta terça-feira.

O fato é que o Inter, assim como o Grêmio, está decepcionando neste começo de temporada.

A diferença é que o Inter ganhou um goleador, Leandro Damião, enquanto o Grêmio perdeu o seu, Jonas.

Por isso é que a campanha colorada na Libertadores nesta fase foi superior. Simples. O Inter tem um goleador. No mais, os dois times se merecem e se não jogarem mais, vão cair muito antes da fase final.

SAIDEIRA

O primeiro gol colorado foi em impedimento. As pessoas falam pouco sobre isso. Houve um registro rápido na hora. Sobis estava impedido quando fez 1 a 0. O Ernani Campello, da Guaíba, constatou isso meio que constrangido.  Não ouvi os outros comentaristas. O gol deu tranquilidade ao time e acalmou a torcida.

Grêmio, Cruzeiro e a grama sintética

Leandro era o atacante mais eficiente do Grêmio quando foi substituído. Sob o olhar conivente da arbitragem, apanhou muito. Leandro Vuaden gosta de ver o pau comer, principalmente contra os mais talentosos como Leandro, D’Alessandro, Oscar, Douglas e outros.

Aos 5 minutos do segundo tempo, leandro invadiu a área pela esquerda a drible. foi derrubado pelo zagueiro que já estava batido no lance. Leandro caiu. Ele não se atirou. foi falta, pênalti.

O comentarista da RBS TV viu o lance repetido pelo monitor e continuou dizendo que não foi falta. Outros comentaristas, os de rádio, viram o pênalti.

O pipoqueiro de fora do estádio viu que foi pênalti.

Depois desse lance de talento, de brilho individual, Leandro se apagou no jogo. Aos 20 mais ou menos foi substituído. Renato foi chamado de burro por parte da torcida. Eu mesmo estranhei.

Um comentarista de rádio chegou a dizer que tirar Douglas e Leandro era um erro enorme e que mesmo se o Grêmio vencesse ele continuaria a dizer que Renato havia errado. Um absurdo. Pura vontade de bater em Renato. 

Renato é debochado, irônico, fala demais. Há quem coloque isso acima de suas qualidades como treinador.

Os dois que entraram foram muito bem. Gostei do Carlos alberto. ele é brigão, mas tem capacidade de indignação, e isso me agrada. Apanha e encara os zagueiros. Por pouco não fez um gol, o zagueiro tirou de cabeça de cima da risca. Esse é o C. Alberto que eu conheço e que será útil mna Libertadores. gostei também da forma como ele vibrou quando marcou o gol de pênalti. 

Gostei do Lins. Ele vai pra cima do adversário, não se intimida. E tem qualidades. tem potencial. Fez mais em 20 minutos que o Borges nos tres ultimos jogos. Lins é um segundo atacante, mas acho que já merece ser testado no lugar de Borges. Pior não vai ser.

Pela primeira vez o volante Fernando me agradou. Jogou muito. Distribuiu o jogo com bons passes e lançamentos. e foi bem na marcação.

O Ipiranga tem um time forte, inclusive fisicamente. E tem bons jogadores.

No final do jogo, Antônio vicente Martins abafou a fofoca e a intriga ao declarar que ele e Renato trabalham em harmonia atualmente, e, ao contrário do que esperavam alguns, elogiou as substituições do técnico.

SAIDEIRA

Renato não vive sem uma confusão. Não tinha nada que afirmar que não joga no Passo d’Areia. ele poderia opinar, mas não ser tão enfático. Pronto, já veio o presidente da FGF rebater. Idem o do Cruzeiro.

O jogo contra o Cruzeiro deve ser mesmo na grama sintética, uma praga que a Fifa aprovou. Os fabricantes adoraram essa decisão dos velhinhos suíços.

O Cruzeiro tem direito de querer jogar ali. Mas poderia jogar em Canoas. seria bom para os dois times, especialmente para o grêmio que está envolvido  com a Libertadores e precisa cuidar para não ter mais lesionados.

O jogo na grama sintética é ruim para os dois. Mas quem mais perde é o Grêmio, que já está também na final do Gauchão.

Duvido que por trás disso exista uma conspiração contra o Grêmio. Duvido, mas não duvido muito.

A estreia de Falcão e o declínio do Grêmio

O agora técnico Falcão vai ter muito trabalho para fazer o time colorado jogar como ele quer, e como a torcida quer: com velocidade, objetividade, eficiência ofensiva e segurança atrás.

Esse time do Santa Cruz que perdeu por 1 a 0 no Beira-Rio é muito fraco. E jogando com um atleta a menos, então, é presa fácil.

Eu vi apenas o primeiro tempo. Estava ocupado fazendo cerveja para atender pedidos que chegam a mais de 1.500 unidades.

Vi o Inter mais compactado atrás, mas ainda assim com pontos vulneráveis. Vi o Inter esperando o Santa Cruz perto da linha do meio campo, em vez de dar um abafa na saída de bola. Vi o Inter sair de trás com muita lentidão – tem muitos condutores de bola.

É claro que ainda não é o Inter de Falcão. O Inter de Falcão vai jogar com mais alegria ainda, é o que diz o técnico. Ontem, ele já jogou com alegria. Falcão por enquanto imita o discurso do RG, que costuma dizer que gosta de jogar com alegria. Ele entraria como uma luva nesse projeto do Falcão.

Ainda dos discursos pós-jogo, percebi que havia satisfação porque o Inter criou inúmeras situações de gol, uma oito. Realmente isso deve ser destacado. Cabe ao treinador criar condições para que seu time chega à área adversária. Técnico não faz gol.

Isso vale para Santa Cruz x Grêmio, nos Plátanos.

O que o pessoal colorado coloca para debaixo do tapete é que essas chances de gol ocorreram quando o Santa Cruz estava com dez em campo.

É preciso registrar, também, que o Santa Cruz teve um pênalti a seu favor sonegado pela arbitragem. Foi do Bolívar. Os comentaristas de arbitragens da Guaíba e da Gaúcha confirmaram a penalidade.

Se a fala do vestiário foi para efeito externo – afinal era a estreia do técnico-ídolo -, tudo bem. Mas se é isso mesmo que o pessoal do futebol colorado está pensando e acreditando, então o jogo contra o Emelec começa a ficar perigoso. Só não passa a ser de alto risco porque o Emelec é fraco.

SAIDEIRA

Ouvi de um repórter, ontem, que o Grêmio está interessado no Eduardo, atacante do São Caetano que citei aqui dia desses, repicando indicação do Cacalo, que, como eu, gosta de centroavante com tamanho de centroavante.

FECHANDO A CONTA

Li uma análise bem estruturada sobre o por que da queda do Grêmio. Foi num blog indicado pelo botequeiro Francisco no post anterior. É um artigo com quadros, indicativos, etc.

Dados quantitativos, relevando o aspecto qualitativo dos jogadores que sairam e foram contratados.

Tudo perfeito. A conclusão, porém, é equivocada. Parece o Grêmio hoje: faz tudo certinho, chega na cara do goleiro, e bota pra fora. Erro na conclusão da jogada.

O articulista, como Borges ultimamente, chuta para fora ao desprezar o mais importante de tudo o quanto escreveu: o Grêmio perdeu APENAS seu goleador. SÓ ISSO. Para o articulista, isso é um detalhe.

O gol é um detalhe, já disse alguém. O gol é tudo, digo eu. Sem gol, apenas se perde e se empata.

Sem Jonas, além de perder seu goleador, o Grêmio perdeu o cara que fazia o time jogar na frente e colocar companheiros cara a cara com o goleiro.

Querer analisar a situação do Grêmio diminuindo a importância de Jonas – ou de alguém semelhante no ataque – é…

Bem, deixa pra lá.

O Idolômetro e a desconstrução de Renato

Há processo de desconstrução de Renato Portaluppi em andamento. Começa pela própria direção, que não deu um time à altura da importância da Libertadores ao seu treinador.

Em tem seguimento na mídia. Quem acompanha programas de rádio, textos de jornal e de internet, já percebeu que algumas pessoas não perdem uma chance para atingir o treinador do Grêmio.

A idolatria de Renato incomoda muita gente. Incomoda tanto que rapidamente houve uma mobilização para colocar um ídolo também no Beira-Rio.

Algo assim: se eles têm um ídolo, e deu certo, nós também temos um ídolo.

Aí, veio Falcão.

Em seguida, criou-se uma disputa, talvez até por falta de assunto. Quem foi mais ídolo? Quem foi melhor? Quem foi mais importante?

Um monte de baboseira que não leva a lugar algum.

Todos sabem que o que importa no futebol é o presente, o agora. O título conquistado semana passada é comemorado e depois arquivado.

Não há idolatria que mantenha alguém no posto de treinador se os resultados não forem os melhores.

Mas aqui, onde a rivalidade é exacerbada, existe até disputa de ídolo.

Houvesse um idolômetro, Renato hoje estaria em queda. Falcão, mais idolatrado por veteranos da mídia e antigos torcedores – os jovens vêem nele muito mais um famoso comentarista de TV, sempre engravatado – está em alta, mesmo sem ter comandado o time em algum jogo.

O Idolômetro marca a queda de Renato também entre torcedores. Adianto que Renato não é meu ídolo, porque não tenho ídolo. Não sou de idolatrar alguém. O mais próximo que cheguei disso foi com Leonel de Moura Brizola.

É muita responsabilidade ser ídolo. É muita temeridade idolatrar alguém. Somos todos humanos, e um dia iremos decepcionar alguém; e um dia irenos nos decepcionar com alguém. É inevitável.

O Traíra era ídolo. Até que um dia mostrou sua verdadeira face.

Dunga era ídolo no Inter, até que um dia – depois de impedir o rebaixamento colorado com um gol quase sobrenatural – processou o clube para ser pago.

O futebol é assim, a vida é assim.

Mas escrevo sobre esse processo de desconstrução em função de um email que recebi de um torcedor que participa do blogremio, em que ele coloca um post publicado por um conceituado jornalista. No post, há uma entrevista do Renato, garotão, no Flamengo, à jornalista Gloria Maria, também guriazinha.

Ali, Renato se declara torcedor do Flamengo. Quer dizer, coisa que um torcedor resgatou do fundo do baú.

Até aí, tudo bem. O problema é um jornalista de respeito e sério dar vazão a esse tipo de coisa.

Seria o mesmo que um jornalista, usando espaço dos mais lidos, repicar os absurdos que se tem dito contra Falcão. 

Renato e Falcão são ídolos, mas nenhum deles resiste aos resultados negativos que um dia, mais cedo ou mais tarde, irão ocorrer.

Até lá, essas tentativas de desconstruir Renato cheiram mal. Como dizia o Lupicínio, ‘Eu não sei se o que trago no peito. É ciúme, despeito, amizade ou horror”.

SAIDEIRA

Por favor, como é que alguém pode minimizar a responsabilidade da direção que entrou numa Libertadores com apenas três atacantes de qualidade, sendo que um deles – o melhor, Jonas – saiu antes?

E nada foi feito para consertar isso.