A decisão que terminou aos 11 segundos

O que esperar de um time que aos 11 segundos sofre um gol em jogo decisivo da Libertadores após um erro inaceitável, por soberba e negligência, do seu mais festejado jogador, o meia Jean Pyerre?

Eu pergunto e respondo: que reaja. Mas o Santos não deu tempo. Foi um tiroteio na área do Grêmio. Quando a situação ficou mais administrável, com o time chegando com perigo à área do excelente goleiro John, saiu o segundo gol, aos 16 minutos. Nesse momento, apavorado, pensei nos 5 a 0 do Flamengo.

O Grêmio até deu sinal de vida após a porrada inicial (o gol brasileiro mais rápido da Libertadores em todos os tempos). Jean Pyerre perdeu um gol na cara do goleiro. Depois, Matheus Henrique acertou um belo chute para cinematográfica defesa do santista.

A tentativa de reação do tricolor foi comandada por alguns minutos por JP e MH no meio de campo. Cuca sentiu que o Grêmio dava sinais de vida e escalou um volante para grudar em JP.

Craque que é craque consegue superar esse tipo de situação, não foi o caso de JP nesta noite. Ele acabou se submetendo facilmente à marcação. Aí eu lembro que craque mesmo sabe como livrar-se de uma sombra, movimentando-se mais por setores do campo.

Ficou claro que o gol abalou JP, um jogador realmente diferenciado, mas que para ostentar o título de Craque precisará ter uma postura de maior comprometimento, o que nem sempre acontece.

No segundo tempo, o Grêmio melhorou com “o inútil” Thaciano e Ferreira. Thaciano trouxe mais vibração e competitividade ao meio de campo e Ferreira infernizou a marcação. Curiosamente, os dois participaram do gol. Ferreira cruzou e Thaciano completou de cabeça, um belo gol.

ÚLTIMA ESPERANÇA

Resta agora a Copa do Brasil (o Brasileirão é quase um delírio). Dia 23 o Grêmio enfrenta o amiguinho da CBF, o SP, dia 23, 21h3o, na Arena. Dia 30, no Morumbi, mesmo horário.

Dez anos do mazembaço

O texto abaixo encontra-se no arquivo ao lado, onde encontro, modestamente, algumas pérolas. Temos ali panorama da trajetória do Grêmio desde 2010. Mas estou intrigado porque não encontrei post de dezembro de 2010 com a vitória do Mazembe 2 a 0. Achei o post abaixo, publicado um ano depois do maior fiasco do futebol brasileiro.

Na época, fiquei tão feliz com a derrota do coirmão que lancei um livro com depoimentos emocionados de inúmeros gremistas. No final das contas ficou apenas a capa, que mostrei em primeira mão no programa do Reche na TV. Foi muito divertido. Saiu matéria até na ZH/Clicrbs.

Lembro que, junto de meus filhos, criei o #Mazembe Day, que lançamos no extinto (lamentavelmente) bar Box 21, do gremista Fernando Brandão. O evento foi divulgado e reuniu duas dezenas de gremistas. Repetiu-se por mais dois ou trs anos.

O #mazembe day está no Facebook e tem milhares de seguidores. Até gente do Congo entrou no grupo. Recebi mensagens emocionadas de torcedores do glorioso Mazembe.

Esse pessoal ficou enlouquecido quando lancei as cervejas Mazembier e Kidiaba.

Bem, é uma história rica da qual me orgulho de ser protagonista.

A gente vivia numa seca de títulos. Até que em 2016 apareceu Renato…

E tudo mudou.

O texto abaixo foi publicado no blog em 15/12/2011, e tem um tanto a ver com o momento atual, onde muita gente parece se divertir mais secando o próprio clube.

MELHOR QUE SECAR É FESTEJAR TÍTULOS

O melhor do futebol é festejar títulos, de preferência títulos daqueles que causam comoção pública, tanto em vencedores como em vencidos e/ou secadores.

O Grêmio conquistou seu último título de expressão há dez anos. É uma década de expectativas, de esperanças e de sonhos frustrados.

O que restou foi esse outro aspecto do futebol apimentado pelo rivalidade: a desgraça do rival.

Uma derrota para um modesto e desconhecido clube africano, considerado galinha morta, jogo jogado, no caminho para o topo do universo é algo para não se esquecer.

No caso, os vencidos, os colorados, em especial aqueles que gastaram uma grana para ver o seu time conquistar o bi mundial em cima da Inter de Milão, querem esquecer a qualquer custo.

Assim como os gremistas, que não gostam de lembrar das passagens pela segundona.

Mas ‘tragédias’ desse tipo ficam marcadas para sempre, como uma tatuagem feita no capricho.

Prato cheio para os rivais. Confesso que me empanturrei de Mazembe. Tomei um porre de Mazembier nas últimas semanas. Estou de ressaca.

O que eu quero agora é título. E não é qualquer título,não. Brincadeiras ficam para mais tarde, ficam em segundo plano a partir de agora.

Afinal, temos um ano inteiro pela frente. Bem, ao menos espero que 2012 tenha doze meses, que não termine como aconteceu neste ano em julho ou agosto, quando o Grêmio afundou tanto que passou a ter como objetivo máximo uma vaga para a Libertadores, prêmio consolação do Brasileiro.

É triste e doloroso chegar ao meio do ano sem perspectivas maiores.

Em 2012, mais do que secar e festejar derrotas do rival, quero comemorar títulos que estejam de acordo com a grandeza do Grêmio.

Espero chegar no próximo 14 de dezembro sem lembrar que é mais um Mazembe Day.

É o que eu quero. Mas se não for possível…

Grêmio repete erros e perde dois pontos no Brasileiro

O Grêmio voltou a jogar um futebol que está longe de ser o melhor do país, como garganteou o técnico Renato Portaluppi na semana passada, e ficou apenas no empate por 0 a 0 com o lanterna Goiás. Dois pontos perdidos.

Contra o Santos o time foi muito mal especialmente no primeiro tempo, recuperando-se nos 20 minutos finais. Neste sábado, o time foi bem no primeiro tempo e caiu no segundo, com o time goiano equilibrando um pouco o jogo e até levando perigo.

Por momentos, vendo a dificuldade do time pensei naquele jogo contra o Corinthians, com o Grêmio com dois jogadores a mais em campo e mesmo assim com enorme dificuldade para se impor e transformar em gol as poucas chances criadas. Bateu um desânimo.

Senti que o Grêmio não faria gol quando vi a bola cruzar a pequena área por uma meia dúzia de vezes sem que aparecesse uma chuteira para fazer o gol. Eram bolas para um centroavante aipim mandar para a rede. No caso, o argentino Churin.

Seria diferente com Diego Souza em campo? Acredito que sim. DS é um goleador, ele chama e a bola vem. Foi assim em dois gols de cabeça que ele fez. Quantas bolas foram parar na cabeça de Churin desde sua chegada?

Churin tem virtudes. Ele cruzou duas dessas bolas para o ‘centroavante’ marcar, ou seja, para ele mesmo. Em outros lances, ele chegou atrasado. Mas ao longo do jogo fez umas três ou quatro boas jogadas. Quer dizer, há alguma esperança. Fico, por enquanto, com a minha primeira impressão: é um Jael que habla espanhol. Não esperem muito mais do que isso. Diego Souza, que muitos querem ou queriam longe, segue sendo a melhor alternativa.

O jogo contra o Goiás mostrou, ao menos para mim, que Matheus Henrique dificilmente será protagonista. Ele tem qualidades, sem dúvida, é um baita jogador, mas não pode assumir, como neste jogo, a função de meia, de articulador. Seu rendimento cai muito.

O Grêmio tem hoje um problema importante: sem Jean Pyerre, quem faz a articulação? Thaciano? Robinho?

A entrada de Patrick, fisgado do grupo grupo de transição, é uma boa. O guri tem ido bem. Mas é curioso ele ter sido chamado agora, logo após a lesão de JP, e já ter entrado no decorrer da partida. Patrick está sendo preparado para substituir JP no caso de uma emergência? Se for, adeus Libertadores.

Robinho e Thaciano nem pensar. Resta Maicon, mas o capitão não é propriamente um articulador. No entanto, numa eventualidade, parece ser a melhor solução.

Sobre os dois laterais: Cortez estava apático, sem iniciativa. Já Orejuela confirmou o que penso dele: muita força, muito empenho, e lucidez quase zero. Ele joga por instinto. Se eu fosse dirigente só o contrataria por uma valor bem abaixo do que está sendo pedido. Já achei um absurdo o que foi gasto com Diogo.

Outra polêmica: Ferreira ou Luiz Fernando? Prefiro o Ferreira, mas entendo o treinador ao optar pelo segundo. Ferreira encanta com seus dribles, mas quantos desses dribles tem resultado em algo efetivo? Mas depois desse jogo contra o Goiás, Renato tem obrigação de colocar Ferreira desde o começo, deixando LF no banco.

A propósito, Maicon é o culpado dessa segunda atuação frustrante em poucos dias? Ah, mas ele não jogou. Não importa, para um certo tipo de torcedor Maicon é sempre o culpado, mesmo não jogando.

Como diz o agente policial no final de Casablanca: “Tragam os culpados de sempre”. Não lembro a frase exata, mas é por aí.

Quando a torcida elege seu culpado, não importa se ele jogou ou não. Ele será sempre o culpado.

Bem, lá se vão dois pontos obrigatórios. É assim que se deixa de ganhar um campeonato de pontos corridos, perdendo pontos para times fracos.

Prioridade hoje é o Brasileirão. Grêmio focado na busca de mais três pontos

Não dizem que cada jogo do Brasileiro é decisivo? Sim, e é verdade. Mas o que se observa é que até os meios de comunicação em geral e boa parte da torcida gremista colocam a competição em segundo plano. A prioridade, também para eles, é a Libertadores, o mata-mata.

O Grêmio tem um jogo decisivo contra o Goiás, neste sábado à noite, mas o assunto do momento é se Jean Pyerre joga ou não joga contra o Santos.

Mas se tem um jogo que pode decidir ao final dessa longa estrada que é o Brasileirão por que pouco se fala sobre o confronto com o Goiás?

Se o Grêmio somar três pontos vai subir ainda mais e encostar no líder São Paulo, o clube mais favorecido até agora em todas as instâncias.

Aí, se escala um time misto, e perde, desaba o mundo sobre a comissão técnica e a direção gremista, que, assim como a mídia e a torcida (como se observa no momento), privilegiam as competições mata-mata.

Os oportunistas, e eles são maioria nas redes sociais, caem de pau sem pudor. Eles atacam no momento em que o time – treinador e principalmente atletas – mais precisa de apoio e incentivo.

Alguns atacam como se fosse algo pessoal, com raiva, com obsessão. Esses normalmente o fazem porque tem uma tese a defender, uma tese que, por vezes, eles colocam acima do clube.

Mas assim como existem torcedores da ‘hora boa’, existe na imprensa um pessoal que mal disfarça sua intenção de tumultuar. O site da RBS está publicando uma entrevista do Thiago Neves, cuja contratação foi talvez o maior erro da gestão atual.

O meia aparece ali se fazendo de vítima, dizendo que teria alterado a cláusula de renovação automática de contrato, e que foi injustiçado em sua passagem pelo Grêmio.

É o tipo de matéria garimpada para atingir o clube. TN já está em outro clube, onde parece que não vai bem.

Parece coisa pensada assim na redação: pessoal, vamos criar algo negativo no lado do Grêmio para aliviar um pouco a pressão sobre o Inter. Como se sabe, o rival anda mal dentro de campo e pior fora dele.

PATRICK

Tem um jogador que anda arrebentando no time de transição. É o Patrick. Há quem o compare com Rivaldo. Ele teve oportunidades no time principal, mas não chegou a receber sequência. Nas poucas vezes em que jogou mostrou qualidades, mas também timidez. Voltou ao ‘Departamento de Lapidação’ e agora está sendo liberado para brigar por um lugar no grupo de cima.

Patrick é apontado como um eventual sucessor de JP.

Sobre o jogo desta noite em Goiânia espero que o time entre focado, determinado, sem esperar que a vitória caia do céu.

Gol no finalzinho atenua frustração com atuação do time

Foi a pior partida do Grêmio nesta série de 17 jogos de invencibilidade. Vários jogadores foram mal ou estiveram abaixo do que podem jogar. Além disso, não é uma injustiça dizer que Renato perdeu o duelo tático com Cuca, ao menos até a metade do segundo tempo. O empate por 1 a 1 diante do Santos acabou sendo um resultado a ser comemorado, mas foi um placar frustrante diante da expectativa criada a partir das atuações recentes do Grêmio.

Na próxima quarta-feira os dois times voltam a se enfrentar para decidir quem vai para a semifinal da Libertadores.

Desde já, mesmo abalado com o desempenho do time, considero que são muito boas as chances de passar, mesmo na Vila Belmiro, onde o Santos é quase imbatível.

Meu otimismo é baseado exatamente no que aconteceu em campo nesta noite na Arena. A atuação do time gremista foi fora da curva, e isso não pode ser desprezado.

Logo a 1 minuto, um zagueiro experiente como Kannemann leva um cartão amarelo e por pouco não lesiona um companheiro de time. Um lance absurdo, sinalizando que as coisas não seriam tranquilas, dentro da normalidade.

Depois, aos 35min, bola cruzada para a área, o goleiro Vanderlei, normalmente discreto e contido, saiu da goleira de forma estabanada para soquear uma bola cruzada por Pará, sim, ele mesmo. Saiu um chute que foi desviado no meio do caminho pelo Kaio Jorge.

Quer dizer, o goleiro que conquistava a torcida com defesas salvadoras deu uma entregada atípica, porque raramente ele sai da pequena área nos cruzamentos. Ele deveria conversar com o Émerson Leão (não saia debaixo do travessão nem por decreto) a respeito.

O Santos até que mereceu esse gol. Estava melhor. O Grêmio parecia perdido, quase não levou perigo ao goleiro John, que estava louquinho para dar uma entregada na saída de bola.

A que eu atribuo a superioridade tática do Santos em termos de chegadas com perigo. Posso estar enganado, mas eu acho que Cuca mandou o time picotar o jogo com pequenas faltas e confrontos físicos, o que acabou contribuindo para neutralizar o conhecido toque de bola da equipe. Chamou a atenção a forma como o Santos marcou no primeiro tempo. Sempre havia 3 ou 4 santistas em cada disputa de bola. Um time de muita pegada.

No segundo tempo, talvez pela vantagem ou por falta de preparo físico, o Santos diminuiu seu ritmo e aos poucos foi recuando para garantir a vitória. Com Darlan no lugar de Maicon, que não conseguiu jogar seu futebol, e Ferreira no de Luiz Fernando, o Grêmio ficou mais próximo do Grêmio desta fase vitoriosa.

Mesmo acuado, o Santos ainda deu duas ou três escapadas e poderia ter ampliado o placar.

O gol de empate saiu de um cruzamento de Ferreira, já nos acréscimos. A bola bateu no braço de Vinicius. Um lance polêmico. O árbitro acabou marcando pênalti após conferir o VAR. Diego Souza cobrou e empatou o jogo.

O VAR foi importante também num lance em que o juiz deu cartão vermelho para Pinares, numa disputa de bola no meio de campo. Ele foi acionado pelo VAR. Retirou o cartão de Pinares e deu um amarelo para Diego Pituca, que nos minutos finais levou o segundo amarelo e não joga na próxima semana.

Sobre as atuações: praticamente todos estiveram abaixo do que podem jogar. Única exceção: Geromel. Mas é importante registrar que Darlan merece começar o próximo jogo.

Um aspecto preocupante: o time sentiu muito a falta de Jean Pyerre. Seu substituto neste jogo, Pinares, também ficou devendo. Um meio com Maicon, Darlan e MH funcionaria melhor. Voltando JP, deve sair Maicon. Fica o meio de campo da gurizada.

Grêmio x Santos: um duelo digno do velho Canal 100

Eu era um piá solto pelas ruas de Lajeado quando comecei a gostar de futebol. Eu dizia que era gremista, muito por causa do meu avô, Alfredo, e um tanto porque o Grêmio era hegemônico naquele tempo (assim como é hoje no Estado). Foram 12 títulos do Gauchão em 13 disputados entre os anos 50 e 60, com jogadores como Alcindo, que jogou a Copa de 66 ao lado de Pelé), Airton, João Severiano e Sérgio Lopes, que teria um futebol parecido com o de Jean Pyerre.

Agora, uma confissão: eu dizia que era gremista, mas era fascinado pelo Santos. Gostava de ler a Gazeta Esportiva, um jornal paulista de sucesso na época. Ali eu curtia Pelé, Coutinho, Pepe, Mengálvio, Dorval, etc.

Fui fisgado pelo ‘peixe’ graças ao Canal 100, um noticiário que era exibido nos cinemas do país. Chegavam nas cidades do interior com meses e até anos de atraso.

Mas era bonito de se ver. A tela que me parecia imensa me fascinava. Foi ali que eu descobri o Santos. Foi ali que eu ouvi pela primeira vez falar em Pelé.

Santos x Benfica, decisão do mundial de 1962. Santos venceu por 5 a 2 e conquistou o título. Pelé deu um show vestindo a camisa branca, reluzente, e sem a poluição visual dos anúncios. Saí do cinema extasiado. Virei santista, dividindo minha paixão de menino com o Grêmio e o Avenida de Santa Cruz (meu avô era Avenida também).

Com o passar dos anos fui me distanciando emocionalmente do time paulista, e estreitando fortemente minha relação com o Grêmio.

Meu afeto pelo Santos foi pro saco naquele episódio do Aranha. Sei, Pelé, Coutinho e cia. nada têm a ver com esse episódio revoltante. Mas minha camisa do Santos foi jogada para o fundo do armário, servindo de alimento para as traças.

É com esse espírito que encaro o jogo desta quarta-feira, na Arena. Antes cada confronto com os santistas eu via como uma chance de vingança.

Não é mais assim. Se não fosse um duelo que vale classificação na Libertadores seria apenas mais um jogo.

Nem penso em vingar a derrota sofrida dois meses atrás na Vila Belmiro, 2 a 1. Jogo em que Renato e Maicon tiveram um desentendimento público. Desde então são 16 jogos sem perder.

Com todo o respeito ao Santos, o Grêmio tem plenas condições de vencer, e vencer bem, sem espírito vingativo ou coisa parecida.

Penso que o Grêmio pode encaminhar sua classificação ao natural, desde que o jogo flua normalmente, sem influência de fatores externos.

JEAN PYERRE

Ao que tudo indica o time terá Jean Pyerre, que está conquistando o país. No Bem Amigos de segunda-feira o guri impressionou pela segurança, maturidade e clareza de pensamento, detonando com a imagem que quiseram fazer dele.

JP colocou abaixo também a história de que ele e Renato não se dão. Muito pelo contrário.

O que importa, agora, é o jogo contra o Santos, às 19h15.

O técnico Renato Portaluppi não definiu o time, mas deve ser o que ele considera titular no momento:

Vanderlei, Victor Ferraz, Geromel, Brás e Diogo Barbosa; Maicon, Matheus Henrique, Jean Pyerre, Luiz Fernando, Diego Souza e Pepê.

É uma formação bem diferente daquela do jogo anterior, na Vila, pelo Brasileiro. Começaram o jogo na ocasião apenas Vanderlei, Luiz Fernando, Pepê e Diego Souza.

É, portanto, uma diferença considerável, que só aumenta minha confiança numa vitória sem maiores percalços.

Ah, e o Grêmio terá o seu camisa 10: JP, que está honrando o número consagrado por Pelé.

O Grêmio chegou: está no G-4 e agora tudo é possível

Uma brincadeira entre Renato e Pepê, na saída do atacante no segundo tempo após perder um gol ‘feito’, além de mostrar o ambiente de harmonia e camaradagem existente no vestiário do Grêmio – o oposto do que diziam nas redes sociais os semeadores da cizânia -, reforçou a importância do trabalho do técnico também na formação dos jovens jogadores.

-O Renato tem me ajudado bastante. Sem dúvida, o crescimento que tenho aqui é graças a ele.

Faço questão de registrar essa declaração do Pepê, que não está deixando ninguém sentir saudade do Èverton tal a sua evolução, para provocar os detratores do Renato, gremistas amargos e azedos, que vicejam na torcida e que, em alguns casos, preferem a vitória de suas ‘teses’ ao sucesso do time sob o comando do treinador multicampeão, o cara que ajudou a tirar o clube de uma fila de 15 anos sem grandes títulos.

Bem, os cães ladram e a caravana tricolor vai em frente. Neste domingo, o Grêmio aplicou uma goleada de 4 a 0 no Vasco, coitado, que não teve a sorte de outros clubes que também foram amplamente dominados, mas não sofreram tantos gols.

Diego Souza marcou os dois primeiros gols. O veterano atacante segue calando seus críticos. Ele teve a felicidade de receber dois cruzamentos preciosos, na medida. E não desperdiçou. Saiu de campo com um troféu de melhor da partida.

Outro veterano, Maicon, não fez gol, mas voltou a mostrar que pode ser muito útil, tanto começando os jogos como entrando no segundo tempo. É um jogador a ser respeitado e valorizado. Mas a exemplo de outros é motivo de ódio e paixão. Teve um que publicou antes do jogo que o Grêmio, com Maicon começando de titular, o time tomaria sufoco do adversário.

É o tipo de previsão sem fundamento, que não leva a nada. E há vários comentários desse tipo e não apenas com o grande capitão de grandes conquistas. São previsões que só servem pro sujeito cobrar depois, no caso de acertar, claro: Eu não disse?

Eu sei que muitas dessas previsões são uma vacina para o caso de uma derrota. O cara está temendo um resultado negativo e fica se vacinando antes dos jogos. Faz parte. Eu mesmo tomo minhas vacinas. Mas evito divulgar projeções carregadas de pessimismo. Até porque o futebol é muito imprevisível. Aquele que não serve hoje amanhã pode dar um título, pode ser decisivo.

Sobre o jogo contra esse Vasco desesperado para não ser rebaixado, o que temos é que o Grêmio está unido e o time encaixou. Renato, ao contrário do ano passado, por exemplo, tem várias alternativas de qualidade. É o caso de Pinares, um meia que combate, articula e ataca. Ele ainda está se adaptando, mas tem um potencial interessante. Para ajudar na adaptação nada melhor que um gol, e que belo gol, o terceiro.

Por falar em gol, Lucas Silva marcou o seu primeiro. Foi numa cobrança de pênalti, que ele mesmo sofreu fazendo algo pouco comum nele até agora: pisou na área. Renato cobra muito isso de seus jogadores. O elemento surpresa é fundamental contra defesas muito fechadas.

Agora, tem um jogador que cresce a cada jogo: Ferreira. Ele ainda se mostra afoito em algumas jogadas e faz opções equivocadas, mas estamos diante de um atacante raro. Da escola do Éverton e do Pepê. Jogadores de drible fácil e muita velocidade. Na hora certa ele assume a titularidade.

Com a vitória sobre o Vasco o Grêmio chegou ao ponto onde Renato disse que chegaria assim que tivesse todos os jogadores à disposição. Eu não acreditei, como muitos. Mas o Grêmio chegou. E agora ninguém o segura.

Luan, símbolo de uma fase inesquecível

O texto abaixo, com o título acima, foi publicado há um ano, dia 14 de dezembro. Precisei prestar essa modesta homenagem. Torço por ele, espero que supere suas dificuldades e tenha sucesso no Corinthians, menos nos jogos contra o Grêmio, claro. Felizmente, em poucos meses o clube encontrou um substituto em genialidade e técnica. Senti saudade do Luan (aquele Luan de 2016 e 2017) até pouco tempo atrás. Felizmente, apareceu Jean Pyerre, que supriu essa lacuna e se encaminha para também marcar seu nome na história do Grêmio.

Nos posts de dezembro há também comentários sobre os jovens da base que estavam aparecendo, Ferreira, entre eles, e textos repudiando a vinda de Thiago Neves, um grave erro da direção de tantos acertos.

HOMENAGEM

Luan não chegou ao status de estátua, mas é um símbolo. Um símbolo dos melhores momentos do Grêmio neste século.

Para alguns, que desprezam a arte e valorizam a força, Luan já vai tarde. Tenho pena de quem pensa assim.

Luan simbolizou a arte, a magia, o encanto, e me convenceu que é possível ser campeão jogando bonito, por vezes dando show.

A saída de Luan também é um símbolo. A meu ver, um símbolo, um marco, de que o período mágico terminou. É difícil no futebol brasileiro algum clube superar a barreira dos três anos de vitórias e conquistas.

Não condeno a direção pelo negócio em si, condeno por ter deixado a situação chegar a um ponto em que a venda se tornasse a menos ruim das alternativas.

Obrigado, Luan.

VASCO

Além de compenetração total para vencer o Vasco, que está mal mas não está morto, o Grêmio trabalha com resultados paralelos para subir e quem sabe em breve assumir a ponta.

Um jogo que merece atenção é Atlético x Inter. Difícil pedir que um gremista torça pelo Inter. Mas uma derrota dos mineiros viria a calhar. Quem sabe um empate?

Na verdade, o Atlético é favoritaço.

Eu já decidi: não vou assistir ao jogo ‘deles’.

Grêmio confirma vaga com seu consistente time reserva

O Grêmio começou o jogo com apenas dois titulares indiscutíveis (JP e Vanderlei), o que até bem pouco tempo geraria protestos de gremistas nas redes sociais. Venceu por 2 a 0 – resultado que poderia ser mais elástico – e confirmou sua classificação às quartas de final, contra o Santos.

Se em temporadas recentes, o time reserva provocava calafrios e ranger de dentes, nesta é diferente. Por que? O grupo é mais qualificado, muito mais qualificado, tanto que tem vários reservas que poderiam ser titulares. Estão, portanto, à altura dos titulares.

Por exemplo, tem gente que considera Orejuela superior a Victor Ferraz. Eu penso o contrário. Gosto mais do Ferraz, jogador mais lúcido e inteligente. Orejuela é bom, tem estilo diferente, mas espero que o Grêmio não o contrate, que invista na base. É um jogador imprevisível, inconfiável defensivamente. Tem um lance emblemático: ele afasta a bola com o peito, lance de alto risco. A bola cai nos pés de um paraguaio que chuta e Vanderlei salva. Como confiar num jogador que faz esse tipo de coisa?

Mas ele pode ser eventualmente titular, até dependendo do adversário. Renato saberá quem escolher entre os dois para cada jogo. O mesmo na lateral esquerda, embora ali Diogo está provando a cada jogo que é bem melhor que o ex-titular. Mas os quatro se equivalem. Bom para o treinador.

Na zaga, temos enfim um zagueiro novo subindo. Rodrigues, que até fez um gol, o segundo, já nos acréscimos, está evoluindo, e tudo indica que ainda tem jogo pra mostrar. Brás é outro zagueiro que pode ser alternativa a Geromel e Kannemann, mas alguns degraus abaixo na escala.

No meio de campo, além de Jean Pyerre de titular, temos Darlan, que no momento é titular inquestionável. Mas tem o Maicon na fila e também o Pinares. Mais abaixo na hierarquia técnica, o Lucas Silva (foi muito bem neste jogo) e o Isaque, mais o Thaciano. Matheus Henrique, então, faz a diferença no meio de campo.

Na frente, Ferreira, que fez o gol de abertura (vejam só, cruzamento perfeito do Cortez), logo no começo do jogo, está melhorando gradativamente sob a orientação do Mestre Renato. Aliás, Ferreira comemorou nos braços do treinador, que, para alguns corneteiros que ouvem o galo cantar e não sabem onde, seria seu algoz. Espero que algum repórter pergunte ao Ferreira o por que dessa comemoração tão efusiva.

Renato está bem servido também de atacantes: além do Ferreira, tem Diego Souza, Churin, Luiz Fernando, Alison e Pepê, o melhor deles. Para o meu gosto, falta um atacante mais centralizado, mas com maior movimentação, se revezando com os pontas e os meias.

Enfim, é possível dizer que hoje o Grêmio tem um grupo de 16 ou 17 ‘titulares’, o que dá ao treinador algo que ele não tinha no passado e que viabiliza o rodízio de escalações sem que o time tenha maiores prejuízos.