Grêmio confirma vaga com seu consistente time reserva

O Grêmio começou o jogo com apenas dois titulares indiscutíveis (JP e Vanderlei), o que até bem pouco tempo geraria protestos de gremistas nas redes sociais. Venceu por 2 a 0 – resultado que poderia ser mais elástico – e confirmou sua classificação às quartas de final, contra o Santos.

Se em temporadas recentes, o time reserva provocava calafrios e ranger de dentes, nesta é diferente. Por que? O grupo é mais qualificado, muito mais qualificado, tanto que tem vários reservas que poderiam ser titulares. Estão, portanto, à altura dos titulares.

Por exemplo, tem gente que considera Orejuela superior a Victor Ferraz. Eu penso o contrário. Gosto mais do Ferraz, jogador mais lúcido e inteligente. Orejuela é bom, tem estilo diferente, mas espero que o Grêmio não o contrate, que invista na base. É um jogador imprevisível, inconfiável defensivamente. Tem um lance emblemático: ele afasta a bola com o peito, lance de alto risco. A bola cai nos pés de um paraguaio que chuta e Vanderlei salva. Como confiar num jogador que faz esse tipo de coisa?

Mas ele pode ser eventualmente titular, até dependendo do adversário. Renato saberá quem escolher entre os dois para cada jogo. O mesmo na lateral esquerda, embora ali Diogo está provando a cada jogo que é bem melhor que o ex-titular. Mas os quatro se equivalem. Bom para o treinador.

Na zaga, temos enfim um zagueiro novo subindo. Rodrigues, que até fez um gol, o segundo, já nos acréscimos, está evoluindo, e tudo indica que ainda tem jogo pra mostrar. Brás é outro zagueiro que pode ser alternativa a Geromel e Kannemann, mas alguns degraus abaixo na escala.

No meio de campo, além de Jean Pyerre de titular, temos Darlan, que no momento é titular inquestionável. Mas tem o Maicon na fila e também o Pinares. Mais abaixo na hierarquia técnica, o Lucas Silva (foi muito bem neste jogo) e o Isaque, mais o Thaciano. Matheus Henrique, então, faz a diferença no meio de campo.

Na frente, Ferreira, que fez o gol de abertura (vejam só, cruzamento perfeito do Cortez), logo no começo do jogo, está melhorando gradativamente sob a orientação do Mestre Renato. Aliás, Ferreira comemorou nos braços do treinador, que, para alguns corneteiros que ouvem o galo cantar e não sabem onde, seria seu algoz. Espero que algum repórter pergunte ao Ferreira o por que dessa comemoração tão efusiva.

Renato está bem servido também de atacantes: além do Ferreira, tem Diego Souza, Churin, Luiz Fernando, Alison e Pepê, o melhor deles. Para o meu gosto, falta um atacante mais centralizado, mas com maior movimentação, se revezando com os pontas e os meias.

Enfim, é possível dizer que hoje o Grêmio tem um grupo de 16 ou 17 ‘titulares’, o que dá ao treinador algo que ele não tinha no passado e que viabiliza o rodízio de escalações sem que o time tenha maiores prejuízos.

Libertadores da América é para os fortes

Torci muito pela eliminação do Flamengo. Pensei em largar porque senti que a secação era inútil. Era um vareio do Flamengo. Mas resisti até o gol de empate. Não quis esperar pelos pênaltis, até porque um dos quesitos para minhas secações malignas é não assistir. E deu certo mais uma vez.

Durante o jogo eu só pensava numa coisa: o time do Flamengo é muito bom. Foi uma injustiça não ter vencido e se classificado. E isso que não tinha o Gabigol, e o Pedro no banco. O problema do Flamengo ontem foi seu treinador, que errou ao sacar Éverton e Arrascaeta. Ceni, que muitos gremistas queriam para o lugar de Renato Portaluppi, tem sua responsabilidade nessa eliminação, mais uma vez em pouco tempo.

O lado bom (para os flamenguistas), imitando a crônica esportiva gaúcha que sempre busca amenizar a dor dos colorados, é que Flamengo agora vai dedicar-se exclusivamente ao Brasileirão, a exemplo do Atlético Mineiro. Antes de começar a competição apontei o Flamengo como campeão, não apenas favorito ao título, mas que ele seria campeão de novo, tal a qualidade do seu grupo. Agora, o caminho está livre para chegar lá.

Comparando com o Grêmio, que também tem um bom grupo, é que além do Brasileiro, tem ainda a CB e a Libertadores. O Grêmio seguirá disputando as três competições, e com chances de título nas três (sim, só os eleitos podem ainda brigar pelos três troféus, não é pra qualquer um). Mas o Brasileiro vai ficar nas mãos do Flamengo, talvez não nas do Rogério Ceni, treinador que precisa de um cursinho com o Mestre Renato.

ZEBRA

Sempre frisando que antes o Grêmio precisa superar o Guarani, amanhã, na Arena. As zebras acontecem. Quem diria que o Flamengo seria eliminado em casa?

SANTOS

Sobre os possíveis rivais na Libertadores, prioridade das prioridades, gostei de pegar o Santos. Foge da altitude e pega um adversário conhecido, um time pouco mais que mediano. Acho que o Santos não é páreo para o Grêmio, dentro da normalidade, sem influência dos homens de preto e desfalques por lesão e/ou vírus.

BOCA

Bem, hoje tem Inter x Boca. O ‘politicamente correto’ seria torcer pela eliminação do clube argentino. O problema é que isso significa torcer pelo nosso maior rival em Porto Alegre. Ou seja, foda-se, que venha o Boca.

Libertadores é para os fortes.

Grêmio dá show e sinaliza que quer o título do Brasileiro

O Goiás escapou de levar a maior goleada do campeonato brasileiro, mas por momentos chegou a preocupar com bolas lançadas para a área – recurso dos times menos qualificados. Ali estava, no segundo tempo, o aipim Rafael Moura, homenageado por um candidato a prefeito de Porto Alegre durante a campanha eleitoral. O He Man, como é conhecido e pra quem não sabe, é ‘useiro e vezeiro’ em fazer gol no Grêmio. Mas dessa vez parou na dupla Geromel/Rodrigues, este evoluindo a cada jogo, apesar de ter vacilado no gol dos goianos.

Com o resultado, o Grêmio sobe para 37 pontos, iguala-se ao Inter e sinaliza que entrou com tudo, corpo e alma, na disputa pelo título.

O placar da vitória por um minguado 2 a 1 não expressa os acontecimentos. O Grêmio criou muitas situações de gol, e, vejam só, precisou de um gol que nasceu de uma ‘assistência’ milimétrica do goleiro Tadeu, que rolou a bola para Jean Pyerre agradecer o presente com um chute certeiro. Mas esse gol não bastaria para somar os três pontos.

Ao ver que a gurizada perdia gol atrás de gol, desperdiçava jogadas que morriam no penúltimo passe, má pontaria e também por opções erradas na área do rival, o capitão Maicon esqueceu que é um ‘cavalo cansado’, conforme alguns ingratos o definem, e deu um pique até a pequena área para mandar a bola para as redes, no cruzamento perfeito de Luiz Fernando, outro que cresceu uma enormidade depois de umas aulas de lapidação.

Sério, ninguém dava nada por ele, seria outra ‘indicação errada’ do treinador brasileiro salivavam as hienas. E agora estamos todos vendo o surgimento de um atacante que faz jogadas pelas duas pontas. Hoje, LF está mais pronto, embora Ferreira tenha ainda um espaço para evoluir e assumir no futuro o lugar de Pepê. Por enquanto, Ferreira fica bem entrando nos jogos.

Ainda sobre o gol de Maicon, que realmente não aguenta mais o ritmo intenso de 90 minutos, a metida de bola de JP para LF é um lance marca registrada de Maicon. Pensei que ele tinha enfiado a bola para LF, quando vi que Maicon estava entrando para fazer o gol. Só aí que me dei conta que JP havia feito a jogada, mostrando que Maicon já tem um sucessor, e que baita sucessor.

Para concluir, aqueles que esperam por um teste mais forte, quero lembrar que o Grêmio passou com louvor em jogos contra alguns grandes e que só não venceu por imperícia nas conclusões ou erros da arbitragem e/ou VAR, que hoje ratificou o gol de Maicon. Contra o SP, que avança sob a chancela do presidente da CBF, o Grêmio foi vítima de um ato criminoso oficializado.

Bem, importante destacar nesse jogo a eficiente atuação de Victor Ferraz, que a meu vez é superior a Orejuela pelo tipo de jogo do time, mais cerebral. No outro lado, Diogo merece a titularidade, sem dúvida, mas é outro que não acerta um cruzamento, lembrando irritantemente o Cortez.

O Grêmio agora enfrenta o Guarani e deve ir com força máxima. No domingo, tem o Vasco, 16h, na Arena. Quer dizer, tudo para o comandante Renato garantir mais dois jogos sem derrota.

Ah, para mágoa de alguns gremistas ou supostos gremistas que destilam ódio e inveja nas redes sociais, Renato é o treinador que mais comandou o Grêmio (384 jogos, superando o mito Osvaldo Rolla), e se encaminha para se tornar o treinador mais vitorioso não apenas do clube, mas do futebol gaúcho.

Deve estar doendo muito em alguns, especialmente naqueles que por qualquer coisinha saem por aí pedindo a cabeça do maior ídolo do clube.

Onde andam vocês?

Grêmio vence e encaminha classificação na Libertadores

Jean Pyerre não deve ter tirado a sesta da tarde. Só isso explica sua sonolência no primeiro tempo do jogo contra o Guarani, no Defensores del Chaco, que realmente sem torcida perde um pouco sua alma e praticamente se transforma num amistoso parque de diversões.

Quando o meia gremista, o farol que clareia o jogo do Grêmio, acordou no intervalo e entrou em campo, a vitória passou a ser uma questão de tempo.

Foi dele o primeiro gol, concluindo com elegância uma jogada criada por Pepê, a partir de uma ligação direta de David Brás, de grande atuação. Pepê, talvez o melhor do time nesta noite em Assunção, invadiu a área pela esquerda e rolou pra trás, onde estava JP, que bateu com precisão no canto direito.

Eram 12 minutos do segundo tempo. Segundo antes o goleiro Vanderlei havia salvado o time defendendo uma conclusão à queima-roupa. Em seguida, Vanderlei, que parece incorporar Marcelo Grohe na Libertadores, fez outra defesa estupenda.

Nitidamente, o Grêmio deu espaço ao adversário e tratou de administrar a vantagem, mas sempre com boas alternativas de contra-ataque. O segundo gol foi do inquieto Pepê, que recebeu um lançamento de cabeça de Chorín, depois de um chutão do goleiro gremista.

Foi uma atuação segura de um time que sabe o que quer e o que fazer para atingir seu objetivo. Por mais que boa parte da torcida se incomode com o excesso de passes laterais, para trás e com pouco profundidade, o fato é que esse tipo de jogo tem funcionado.

No jogo desta quinta, quando o Grêmio encaminhou sua classificação na Libertadores (joga por empate na Arena e até por derrota de 1 a 0) o bom futebol só apareceu mesmo no segundo tempo.

Todos os jogadores foram relativamente bem. A defesa esteve firme, apesar de algumas dificuldades; o meio cumpriu bem sua missão e o ataque sim poderia ser mais efetivo.

Luiz Fernando fez duas belas jogadas, vencendo a drible a marcação, mas na hora de cruzar foi afoito, não olhou se vinha algum companheiro. No final, perdeu ótima chance após passe açucarado de JP. Penso que no próximo jogo Renato poderia lançar Ferreira, até para dar moral para o guri.

Com esse jogo, Renato iguala-se a Osvaldo Rolla, o lendário Foguinho, com 383 jogos no comando do time tricolor.

Meu encontro com Maradona antes de sua consagração mundial

Fazia frio e chovia muito, muito mesmo. Um narrador de futebol de antigamente diria que ‘chovia a cântaros’ quando eu e o fotógrafo (esqueci o nome, mas fico devendo) descemos de um taxi dos anos 50 ou 60 diante do estádio do Argentinos Juniors, no bairro La Paternal, em Buenos Aires.

Eu havia combinado na véspera uma entrevista com aquele que era considerado pela imprensa local a maior revelação do futebol argentino, um fenômeno. O taxista, ao saber que iríamos nos encontrar com o jovem ídolo do Argentinos Juniors, encheu a boca para dizer “es un fenôooooomeno”. E acrescentou, sorrindo: “Logo, logo ele estará no Boca”.

Naquele ano, 1981, os meios de comunicação do país só falavam disso: Maradona no Boca. Maradona estava com 20 anos. Em cinco anos de profissional, havia marcado 149 gols em 166 jogos por seu clube. O Barcelona também demonstrava interesse no craque.

Imaginei que haveria algum esquema de segurança especial na porta de acesso ao estádio que hoje leva o nome de Diego Maradona. Que nada! Pelo contrário. Havia apenas um porteiro, um senhor de cabelos grisalhos, lambidos como os de Carlos Gardel ou de qualquer cantor de tango que se preze.

Era um lugar simples, modesto, semelhante a muitos pequenos estádios do interior gaúcho. Lembrei-me logo do estádio do Zequinha, principalmente pelo vestiário, pequeno e sem qualquer sinal de luxo. Hoje, deve estar diferente, porque Maradona, pelo que soube, investiu no local onde nasceu para o futebol.

Maradona ainda não havia chegado. Mas seus companheiros treinavam debaixo da chuva. Pensei, ele vai chegar atrasado e não me dará a entrevista. Eu tinha menos de três anos de profissão. Mas já sabia como as coisas funcionam. Dito e feito.

O jovem craque chegou já trajando um abrigo impermeável, pronto para participar do treinamento. “Tô fudido”, pensei, olhando pra aquele pequeno gardelon de 1m65, cabeleira preta. Maradona sentara num banco do vestiário para calçar as chuteiras.

Foi aí que perguntei sobre sua saída do Argentinos e seus futuro. Ele respondeu que nada estava decidido, mas que era muito provável que trocasse de clube em breve. Questão de semanas. Fez mistério sobre qual clube seria. Mas deu uma dica aquele jovem repórter brasileiro, todo molhado, desesperado por uma declaração, uma informação exclusiva, algo que justificasse tanto esforço.

Acho que ele ficou penalizado com a minha cara de cachorro sem dono. Ele se levantou, apertamos as mãos – as que no futuro seriam “las manos de dios”.

Foi aí, nos acréscimos, no ‘apagar das luzes’, que ele revelou, depois de ser questionado sobre se iria para o Boca ou para o Barça:

-Nada está decidido, mas meu grande sonho é vestir a camisa do Boca -, e saiu apressado rumo ao gramado. Duas semanas depois ele foi anunciado no La Bombonera.

Foi assim meu encontro relâmpago com Maradona, um dos grandes craques do futebol mundial, que será sempre lembrado por sua arte, seu talento.

No mais viveu ao seu jeito. A canção consagrada por Frank Sinatra, My Way, poderia ficar de pano de fundo no seu adeus. Ou um tango, por exemplo: o genial Por Una Cabeza. Ou ainda No llores por mil Argentina.

Grêmio: agora foco total na Libertadores da América

Com Renato garantido até fevereiro, até para neutralizar a turma que defende a saída do técnico nas redes sociais, o Grêmio retoma o foco na Libertadores, a competição preferida por 9 entre 10 gremistas – na estimativa mais pessimista.

Enfrenta nesta quinta-feira , às 21h30, o Guarani, que não mete medo em ninguém, mas pelo fato de jogar no Defensores del Chaco, cenário de confrontos históricos, peleados, com muita pegada e árbitros, digamos, ‘paraguaios’.

O Defensores me assusta, me dá calafrios, quase tanto quanto La Bombonera. Qualquer jogo ali pode virar um duelo épico.

Posso estar exagerando, mas alguns jogos da Libertadores me deixaram traumatizado. Lembro de um jogo decisivo contra o Olimpia, com a arbitragem roubando sem pudor. Foi em 2002, na fase semifinal. O Olímpia foi campeão vencendo o São Caetano, na final. Era o centenário do clube paraguaio. Sempre desconfiei que foi tudo arranjado.

Então, quando o jogo é contra paraguaios, no habitat deles, sempre fico nervoso e preocupado. O Guarani, aparentemente, não vai exigir muito do Grêmio, que tem a vantagem de decidir na Arena.

Confio no Renato, tão apaixonado por Libertadores quanto a torcida. A Libertadores projeta seu campeão para o mundo. Eleva seu status. É por isso que hoje o Grêmio é o adversário brasileiro mais temido por nossos vizinhos. O Grêmio tem alma castelhana, como definiu Pedro Ernesto na década de 90.

Sobre o jogo contra o Guarani, que talvez não conte com seu goleador, o Bobadilla, penso que o Renato deveria começar com Orejuela, que tem mais vigor físico que o Victor Ferraz, que é o mais cotado segundo a imprensa. Orejuela tem ainda o idioma a ser favor. Os dois laterais se equivalem, mas na Libertadores qualquer detalhe pode ser decisivo, como ter mais jogadores que falam espanhol. Pena que Kanneman não possa jogar.

Na outra lateral, se fala no Cortêz, mas eu prefiro Diogo Barbosa, que aparece com mais qualidade na frente e trabalha melhor a bola.

No mais, fecho com o time ‘da imprensa’. O time teria para começar:

Vanderlei; Orejuela, Geromel, David Brás e Diogo; Matheus Henrique, Darlan e Jean Pyerre; Luiz Fernando, Diego Souza e Pepê.

É um time que tem condições de voltar com 3 pontos na bagagem. Desde que não se intimide no caldeirão do Defensores del Chaco. Felizmente não teremos torcida para pressionar a arbitragem.

Grêmio frustra a torcida ao empatar mesmo com 2 jogadores a mais

Sabe aquele jogo em que dá uma vontade quase incontrolável de dispensar meia dúzia de jogadores? É uma vontade que dá e passa, mas a minha ainda não passou. Difícil pensar diferente depois de uma atuação como a desta noite no empate por 0 a 0 contra o Corinthians, um Corinthians que terminou o jogo com dois jogadores a menos.

Quer dizer, o Grêmio tinha em suas mãos – por falar em mãos, as de Vanderlei evitaram o vexame de ser derrotado mesmo com dois jogadores a mais, fazendo uma defesa digna de Marcelo Grohe – a chance de ouro de somar três pontos e entrar definitivamente na briga pelo inédito título de campeão do Brasileiro de pontos corridos.

Bem, por absoluta incompetência tática, técnica e até falta de uma maior volúpia, maior determinação, para encaixotar um adversário fragilizado, que rezava para o tempo passar, o Grêmio conseguiu apenas um ponto. O resultado o mantém na disputa, mas tudo ficou mais complicado. Na realidade, é grande a frustração da nação gremista, que, em condições normais, não veria nada de mal em empatar fora de casa com um clube do seu tamanho. Mas do jeito como tudo se passou, só resta lamentar e torcer para que esse tipo de atuação não se repita.

Há méritos no adversário. O treinador Vágner Mancini armou bem seu time. Primeiro para empatar, depois especular uma vitória. Bloqueou as duas laterais, dificultando jogadas de linha fundo e obrigando o time de Renato a insistir na penetração pelo meio, forçando passes e jogadas. Ele manteve o time estruturado dessa forma. Foi encurralado, mas conseguiu algumas investidas de risco para Vanderlei.

O jogador que mais me decepcionou é aquele de quem espero muito. É o Jean Pyerre. Não acertou nenhuma bola enfiada, nenhum lance de superioridade individual. Forçou demais o passe pelo meio, para alegria de Mancini e seus defensores, que se anteciparam na maioria das vezes.

Não entendi por que Renato não colocou Ferreira. Luiz Fernando era figura decorativa até fazer aquele jogada de técnica e criatividade que resultou na expulsão de Otero. Mesmo assim, Ferreira deveria ter entrado. Os laterais foram horrorosos. O pior foi Cortês, que saiu no intervalo. Em seu lugar entrou Diogo, que não fez nenhum cruzamento decente, e olha que ele jogou umas 15 bolas para a área.

Sobre o estreante Pinares: estava curioso para ver esse jogador em ação. Ele, como a maioria dos jogadores, não foi bem. Deve jogar mais do que isso. Por supuesto.

Foi uma partida para ser esquecida, ou melhor, para ser lembrada de como não se joga contra um time com nove jogadores.

Ah, heroica a atuação dos jogadores do Corinthians.

As frases de Renato e o foco na ponta de cima do Brasileirão

O futebol é mesmo uma ‘caixinha de surpresas’, como dizia o ‘filósofo’ Dino Sani na terrível década de 70. Quem diria que o técnico que era debochado e ironizado por suas frases tão criativas quanto à lembrada na primeira linha deste parágrafo.

Realmente, o ‘futebol é dinâmico’, lembrando outro pensador, o ex-dirigente Rafael Bandeira dos Santos, aquele que um diretor do Inter chegou a cogitar de contratar para dar um jeito no futebol do clube. Não se sabe se é lenda ou não, o fato é que o assunto não evoluiu.

Hoje, a situação está até pior no rival que diminui de tamanho a cada tentativa de igualar-se ao Grêmio, engordando sua dívida e inviabilizando o clube. No caso atual, a solução seria fazer uma proposta ao presidente Romildo Bolzan, o dirigente do futebol gaúcho melhor sucedido na década.

Voltando às frases, o marketing tricolor foi ágil. O projeto estava engavetado, e só foi resgatado porque enfim o time decolou, como prometeu o comandante Renato. O clube lançou camisas com as tais frases. Uma delas, como todos já sabem é “Eu confio no meu grupo”, até pouco tempo alvo de crítica e deboche.

As camisas custam 59 reais. O problema é que logo poderão entrar em liquidação se o time sofrer uma queda. Perder para o Corinthians, domingo, por exemplo, vai abalar as vendas. Então, uma boa ideia, mas com prazo de validade em aberto.

E aí eu entro num assunto que está ocupando bom espaço nas redes sociais: qual o time que irá enfrentar o Corinthians, domingo, 20h? A maioria defende um misto quente, que teria os principais jogadores do time, a espinha dorsal. Outros aceitam um misto morno. Poucos querem um misto frio para jogar com força máxima quarta-feira contra o Guarani, pela Libertadores, prioridade das prioridades da maioria dos gremistas.

Vejo, com surpresa, que, diferente do ano passado, ninguém agora está cobrando força máxima contra o Corinthians. O que o Renato ouviu de bronca por ter ousado poupar no Brasileirão em detrimento da Copa do Brasil e das Libertadores…

Deixa pra lá. Novos tempos.

TIME TITULAR

Bem, arrisco um palpite sobre o time que joga contra o time do Luan, que, aliás, está começando a jogar aquele futebol que o consagrou. Espero que isso não ocorra contra o tricolor.

Acho que o time será o titular, ou quase isso, até para que a linha de camisas continue vendendo:

Vanderlei; Orejuela, Geromel, kanneman e Cortêz; Darlan, Matheus Henrique e Jean Pyerre; Piñares (Éverton), Diego Souza (este não quer ficar de fora porque briga pela artilharia do campeonato) e Pepê (Ferreira)

Grêmio nas semifinais da competição mais democrática do país

Quando o Inter fez seu gol na ‘última volta do ponteiro’, como diziam os locutores dos tempos gloriosos do rádio, imaginei, como muitos torcedores e secadores, que nada mais poderia tirar a classificação vermelha. Mas o Inter se deu mal nos pênaltis, inclusive com um erro do seu goleador, o Galhardo, cuja presença no jogo decisivo contra o América, em MG, só foi possível porque o clube fretou um avião. O esforço da direção foi inútil. Galhardo não jogou nada e ainda desperdiçou um pênalti. No final, um episódio lamentável, com jogadores e agregados dos dois clubes se pegando a socos.

Além do time do técnico Lisca, se classificaram também Grêmio, Palmeiras e São Paulo. O Grêmio bateu o Cuiabá por 2 a 0, com novo show do meio-campo da gurizada e gols do volante/meia/centroavante, o veterano Diego Souza, que alguns apressadinhos até poucos dias queriam longe da Arena.

O time do técnico Renato vai enfrentar o São Paulo. Torci pelo SP, porque considero, ainda, o Flamengo o melhor grupo do país, e tem o trauma dos 5 a 0. O SP encaixou o time e tem um forte protetor, o presidente da CBF. O último confronto entre Grêmio e SP foi ficou claro o que pode fazer uma arbitragem condicionada. Mesmo assim, preferia mesmo pegar o tricolor paulista.

No outro jogo das semifinais, Palmeiras x América. O Palmeiras se classificou com alguma tranquilidade ao eliminar o Ceará, mesmo com os 2 a 2 desta tarde. O América é o estranho no ninho. Um clube médio em meio aos grandes. Mas tem futebol para superar o clube paulista.

As semifinais serão disputadas no final do ano, em meio aos festejos de Natal e Ano Novo. Aposto numa final Grêmio x Palmeiras.

GREMIO X CUIABÁ

Sabiamente, o técnico Renato não foi na conversa da turminha do ‘já ganhou’ e escalou o melhor time possível para garantir a vaga e evitar alguma surpresa desagradável, coisa comum no futebol.

Diego Souza, em dois passes do elétrico Pepê, marcou os gols na vitória por 2 a 0. No segundo tempo, o Grêmio administrou a vantagem e até poderia ter ampliado. Exagerou no toque de bola diante e dentro da área. Muitos erros no penúltimo e último passes contribuíram.

Além do meio de campo com MH, Darlan e JP, se destacaram o zagueiro Geromel, os dois laterais e DS. Éverton e Ferreira estão esquentando lugar para a volta de Alisson. Nenhum dos dois mostrou que pode assumir a titularidade num curto prazo.

O importante é que o Grêmio ganhou corpo nos últimos jogos com a afirmação de Darlan e o renascimento de JP, um jogador que pode marcar história no futebol.

Hoje, é possível afirmar que o Grêmio é o favorito ao título da competição mais democrática do país, e que tem chances reais no Brasileirão e na Libertadores.