Cavani: por que sou contra

Ninguém me perguntou e, muito menos, irá me consultar. Mas aqui da minha trincheira, que logo será de áudio e vídeo, não posso evitar de emitir minha opinião sobre a (im) possível contratação de Cavani pelo Grêmio.

Sou contra. Muito contra.

Além do mais, custo a crer que o presidente Romildo, tão equilibrado e parcimonioso com o dinheiro do clube, vá se meter nessa aventura.

E poderia encerrar por aqui este texto. Tanto faz se tem investidores para bancar esse delírio. Quando vejo esses lances midiáticos entro em pânico. Lembro de Kleber, o Gladiador, uma das contratações mais caras da história do Grêmio, com o pior retorno possível.

Outro caso, este mais recente, é Diego Tardelli, que veio, viu e foi embora com as malas cheias de dinheiro.

São inúmeros os exemplos, inclusive do lado do Inter. Forlan. Eleito o melhor jogador da Copa de 2014 acabou contratado pelo rival. Salário altíssimo. Disseram que investidores bancariam. O uruguaio saiu do Inter e entrou na Justiça para receber valores da rescisão e de atrasos salariais.

Esses negócios mirabolantes nunca deram certo. E o custo deles muitas vezes ultrapassa os limites da tesouraria e invade o vestiário, um ambiente muito sensível principalmente quando se trata de dinheiro.

A atuação do time contra o Atlético de Goiás, a pior do Grêmio nos últimos tempos, não terá sido em consequência desses rumores com números estratosféricos?

Até acredito que não. Foi por ruindade geral mesmo, do comando até o ponta-esquerda.

Cavani, é claro, acrescenta tecnicamente, não seria apenas uma jogada de marketing, mas o Grêmio, pelo que se tem visto, precisa mais do que um reforço para qualificar o time.

Seria muito melhor, mais inteligente e racional, pegar parte desse dinheiro e contratar mais uns dois ou três jogadores para titularidade. Afinal, uma andorinha só não faz verão.

Sobre os tais investidores, quem seria capaz de aplicar em torno de 5 milhões de reais por mês para ter um jogador com 33 anos. Mesmo que ele dê um desconto de 50%, ainda assim será absurdamente caro.

Já imagino esse pessoal, os investidores, fatiando contratos com jovens talentos da base. Comprometer percentuais de passes da gurizada é uma política danosa para o clube.

Um clube próximo abusou de fazer isso e se deu muito mal.

Para finalizar, só meto meu nariz nesse caso porque os boatos continuam, apesar dos desmentidos. Virou uma histeria.

O melhor que o Grêmio tem a fazer agora é buscar reforços que possam manter a esperança dos torcedores no título do Brasileirão.

E focar também no jogo desta quinta contra o Bahia. O Grêmio não terá pelo menos cinco titulares. Medo!

Novo empate e atuação ruim. A direção precisa (re)agir

Depois de novo empate e de uma atuação pra lá de preocupante, chegou a hora de agir. Discursos e explicações são dispensáveis, especialmente manifestações que buscam mascarar a realidade. É o que tem saído do vestiário gremista ultimamente, e voltou a acontecer neste domingo, em Goiânia, onde o Grêmio ficou no 1 a 1 contra o Atlético Goianiense.

Lembrar que o Atlético venceu o Flamengo por 3 a 0 na primeira rodada do Campeonato Brasileiro como uma tentativa de valorizar o empate, o quinto em sete jogos, não serve como justificativa para mais uma atuação pobre, medíocre e preocupante.

Por momentos, entre inúmeros passes errados, dificuldades da defesa e falta de criatividade na frente, cheguei a pensar que a continuar assim o Grêmio, tão aclamado nos últimos anos como praticante do melhor futebol do país, sobre o risco de rebaixamento.

O gol de Isaque, aos 40 minutos, depois de um passe preciso de Alisson, reacendeu a esperança de uma reação. Acreditei que aquele primeiro tempo não se repetiria, e fiquei mais tranquilo. O segundo tempo foi igualmente assustador.

Está claro pra mim que a direção precisa agir rápida e firmemente. Acredito que o presidente Romildo Bolzan já tenha o diagnóstico do que está acontecendo.

Por exemplo, a lentidão do time, a falta de uma pegada mais forte e de envolvimento com o jogo. Qual a causa, ou as causas. A preparação física está adequada, é satisfatória? E a parte médica?

E o trabalho de Renato como treinador?

Diferente do que leio nas redes, com boa parte de torcedores querendo a cabeça de Renato, não concordo em trocar de técnico. Poucos dias atrás o Grêmio, este mesmo, teve duas atuações de gala, empatando com Flamengo e Corinthians, mas jogando bem e merecendo a vitória.

O que aconteceu de lá para cá? A resposta deve estar com os dirigentes e a comissão técnica.

Eles têm obrigação de saber o que está levando o time ao abismo.

De fora, a gente percebe que a saída de Éverton reduziu muito o poder de fogo do time, e isto é incontestável.

Assim como é fato que o time cai de rendimento sem Maicon.

Tem ainda a resposta até agora insuficiente de algumas contratações.

São apenas alguns aspectos visíveis desse iceberg.

Por fim, acredito que esse mesmo grupo, com mais uns dois ou três reforços, tem condições de reagir na competição e brigar pelo título, até porque ninguém realmente está jogando um futebol diferenciado.

Presidente Romildo chuta o balde e rompe contrato com TN

O presidente Romildo Bolzan entrou em sua sala, ontem, já determinado a romper o contrato com Thiago Neves, após consultar os advogados do clube.

-Vou botar ordem nesse galinheiro -, declarou, não exatamente com essas palavras porque Bolzan é um sujeito bem educado. Mas acredito que não ficou muito longe disso.

O fato é que o presidente tricolor chutou o balde.

A decisão foi oportuna, porque com mais três jogos haveria aumento de salário do jogador – de R$ 400 mil para 600 mil – e o alongamento do prazo de seu vínculo. Um péssimo negócio.

A lamentar que o Grêmio o contratou, mesmo depois de uma temporada de ex-jogador pelo Cruzeiro, além de outras questões.

Nove entre dez gremistas foram para as redes sociais – eu aqui no meu cantinho baixei a lenha nessa contratação, efetivada no final de janeiro.

Penso que a direção dos clubes e seus treinadores deveriam prestar mais atenção o que dizem os torcedores. Se tivessem feito isso TN não seria contratado, ainda mais por essa fortuna que na relação custo/benefício chega a ser um negócio trágico. Essa contratação entra no rol das piores e mais caras na história do Grêmio.

Dizem que o pai da criança é o Renato. Pode ser, mas isso não isenta os dirigentes do futebol e muito menos o presidente.

Ainda bem que RB se tocou e decidiu agir, já que começava a ser criticado por omissão neste momento crítico do clube, talvez o pior desde sua posse.

Essa ação rápida, enérgica e exemplar me fez lembrar um episódio ocorrido lá pelos anos 90.

Koff presidente, Felipão treinador. Felipão insistia em escalar um volante quebrador de bola. Koff insistia contra o aproveitamento desse jogador.

Num belo dia, koff decidiu colocar um fim no assunto. Raposa velha, negociou o tal volante com o Botafogo.

A situação é diferente, mas o efeito é igual: Thiago Neves não joga mais com a camisa do Grêmio, para alegria dos gremistas de todas as querências.

TN

O jogador emitiu nota no final desta tarde dizendo que não foi informado da decisão do Grêmio. Está muito irritado e revoltado.

Temo que o caso termine em pendenga judicial.

CAVANI

O nome do uruguaio atiçou os gremistas. TN saindo, Cavani chegando. Bom demais pra ser verdade. Foi uma meia verdade.

Parece mais a tática do quero-quero: canta aqui e põe o ovo lá.

O BLOG NA HISTÓRIA

TEXTO PUBLICADO DIA 22 DE JANEIRO CONTRA A CONTRATAÇÃO DE TIAGO NEVES:

Grêmio perde invencibilidade em casa e assusta a torcida

Quando se começa o jogo levando um gol daqueles improváveis, raros mesmo, de um time da zona de rebaixamento, eu não posso evitar. Um pensamento me aflige na hora: esse gol é prenúncio de uma noite de terror.

Não deu outra. O Grêmio jogou uma partida ruim – vou evitar adjetivos mais pesados – e conseguiu, com muito esforço, ser batido dentro de casa pelo Sport, por 2 a 1. O segundo gol foi de pênalti cometido por um jogador de armação, Jean Pierre. Aliás, o segundo pênalti por ele cometido em poucos dias, sinal que ele deve ficar longe da área defensiva.

Já se sabe que o Grêmio é Maicon-dependente. Mas agora, sem Éverton, para resolver as encrencas a dribles, ficou ainda mais nítido que o Grêmio sem Maicon é inconfiável.

Já vai longe o tempo em que eu ia para a Arena tranquilo, sabendo que veria uma grande atuação e provavelmente um resultado positivo. Poderia até perder ou empatar, o que é de futebol e a gente sabe o quanto a bola é caprichosa. Restava, de qualquer modo, a convicção de que no jogo seguinte a vitória viria junto de uma atuação de gala, que me deixava orgulhoso.

O que se viu na Arena nesta noite de 3 de setembro de 2020 é a confirmação de que entramos numa nova era. O técnico Renato Portaluppi, principal responsável por esse Grêmio que deixou este sobrevivente da década de 70 muito feliz, tem agora a missão de reorganizar o time.

Não será fácil, a mão de obra não é das melhores, e isso muito por responsabilidade do treinador – e também da diretoria, claro – avalista de algumas contratações que nada acrescentam, a não ser mais peso na folha de pagamento.

No segundo tempo, com Pepê e Jean Pierre, o Grêmio foi agudo, mais agressivo, mas só conseguiu descontar aos 31 do segundo tempo, um golaço de Pepê após lançamento de Robinho, que entrou bem no jogo. Cinco minutos antes o Sport havia feito 2 a 0.

Domingo, Maicon deve voltar, e com ele o bom futebol. Ainda acredito na capacidade de Renato, que desde 2017/2018 vem tentando manter uma equipe competitiva mesmo perdendo jogadores importantes ao longo do caminho. O último deles, Éverton, dos gols e das jogadas improváveis, fruto de muito talento.

Grêmio em processo de medianização e veteranização de seu grupo

Se o Grêmio quer mesmo o volante Wellington, do Atlético PR (sou antigo, escrevo sem o ‘agá’ porque não simpatizo com esse clube), e o centroavante Gilberto, do Bahia, estamos a caminho de um processo de medianização e veteranização do grupo de jogadores.

É uma política perigosa que até pode levar a algum título de maior expressão, mas a tendência é outra: uma derrocada e o fim de um projeto vitorioso arquitetado pelo presidente Romildo Bolzan, executado por Adalberto Preis e Odorico Roman, e colocado em prática pelo técnico Renato Portaluppi.

Os últimos movimentos da direção e do treinador são preocupantes. Festejei a conquista do TRICAMPEONATO regional, mas meu nível de ambição ultrapassa a divisa do rio Mampituba e as fronteiras das Américas, almejando o mundo.

O que fazer? Os títulos de 2016 e 2017 me tornaram mais exigente. Quero conquistar de novo o Brasil, a Libertadores e, claro, o Brasileirão, mas já não tenho a pretensão de imaginar que verei tão cedo o Grêmio jogar aquele futebol que encantou o país e causou profunda inveja nos colorados da mídia e fora dela, como provam alguns vídeos que rodam pela internet.

Posso dizer, sobre esse time: “Meninos, eu vi”, usando fecho do poema I- Juca Pirama, de Gonçalves Dias.

Voltando à realidade atual. Não vou nem entrar no mérito do nível dos reforços que chegaram recentemente e que estão sendo especulados. Pelo currículo de cada um se percebe que será difícil até para o vitorioso Renato armar um time realmente em condições de brigar com boas chances de sucesso pela Copa do Brasil, Campeonato Brasileiro e Libertadores. Sem Éverton tudo fica mais complicado. Renato parece estar montando uma cilada para ele mesmo.

É claro que Renato já provou que consegue alguns milagres, mas se a gente for rigoroso verá que não são poucas as apostas que não deram certo. Acredito na capacidade de Renato, mas ele não é milagreiro, embora ele até possa acreditar que faz milagres, como apontam algumas de suas indicações para o time e iniciativas.

Não gosto da política de contratar veteranos para grupo, que é o que está acontecendo. Alguma contratação pontual, sim, mas não no atacado como está acontecendo.

Se não há dinheiro para contratar jogadores que realmente façam a diferença, é preciso olhar com mais carinho e atenção para a base. Investir na gurizada é o melhor caminho.

Primeiro, porque pode dar certo, com retorno técnico para o time; segundo, ainda podem resultar em ganho financeiro para o clube; e terceiro, custam muito mais barato.

Então, não se justifica pagar para liberar jogadores do porte de Gilberto e Welington. Ambos, curiosamente, com passagem pelo clube que afundou ao deixar de revelar jogadores de alto nível.

Por fim, essa política de gastar com veteranos médios em lugar de investir nos jovens formados no clube já se comprovou ser suicida.

Grêmio é TRI, mas atuação na final acende o sinal de alerta

A conquista de qualquer título deve ser festejada, mesmo que seja o de campeão de uma competição sem o brilho de outros tempos, como é o campeonato regional, o Gauchão.

A derrota por 2 a 1 para o Caxias, na silenciosa Arena retira um pouco do brilho da conquista do TRI campeonato e até causa um certo constrangimento aos vencedores.

O torcedor esperava uma vitória tranquila depois dos 2 a 0 no Centenário, mas deparou com um jogo que iniciou dentro do previsto, com o time de Renato pressionando e dominando as ações, e terminou de forma surpreendente, com o Grêmio acuado pelo time muito bem organizado por Rafael Lacerda.

Realmente, o time foi mal, muito mal. Nada justifica, porém, a revolta e a fúria de parte da torcida TRI campeã gaúcha, esquecida de que para chegar à decisão do campeonato eliminou seu maior rival no Estado para alegria incontida até desses gremistas mais raivosos e agressivos.

São gremistas (?) que infestam as redes sociais para destilar sua raiva em vez de usar o espaço para comemorar e fustigar os colorados, que mais uma vez ficaram de fora de uma decisão de Gauchão.

Bem, isto não interessa aos rabugentos, cujo maior prazer parece ser o Grêmio não ir tão bem para fazer terra arrasada, com a confirmação de uma ou outra de suas teses.

Se eu gostei do Grêmio? Não, não gostei. Fiquei satisfeito até 30, 35 minutos, quando vi o Caxias crescer, ganhar corpo ofensivamente.

Quando fez seu gol aos 13 minutos, com Diego Souza pegando rebote que veio da trave após uma bela conclusão de Éverton, o Grêmio tinha o controle do jogo. Com o gol, o time, como tem ocorrido ultimamente, achou que o segundo gol viria ao natural.

No final do primeiro tempo, torcia para que o Grêmio fosse para o intervalo com a vantagem. Divagava sobre isso quando o Caxias empatou, através de Laércio, um zagueiro goleador. O gol deu novo ânimo ao adversário, que veio para o segundo tempo decidido a fazer ‘terrorismo’ na área do Grêmio com seus atacantes rápidos e dribladores.

Sobre o gol, Geromel estava marcando Laércio, que se antecipou e cabeceou dois passos dentro da pequena área, uma bola que talvez o goleiro Vanderlei pudesse ter interceptado. Laércio merece ser observado mais de perto.

No segundo tempo, o time do Grêmio se perdeu antes de perder. O meio de campo se esfarelou, a defesa se perturbou e o ataque desapareceu. Claro que o segundo gol do Caxias ajudou. Aos 9 minutos, Bruninho chutou e a bola desviou em Kannemann, sem qualquer chance para Vanderlei.

Renato tentou acertar a marcação e ao mesmo tempo não perder força ofensiva. Suas substituições não deram certo. Maicon, poupado, talvez pudesse ter entrado antes para comandar o time, mas não sei se ele teria condições de jogar mais do que alguns minutos. Aos torcedores mais exaltados, lembro que o Grêmio jogou sem Pepê e Matheus Henrique.

O que importa é que o objetivo foi alcançado: o Grêmio voltou a ser TRI. E Renato é agora o segundo treinador a alcançar o tricampeonato gaúcho de forma consecutiva, conquistado antes por Osvaldo Rolla, em 1956, 57, 58 e 59.

Mas fica o alerta. O Grêmio precisa melhorar se quiser algo maior nesta temporada.

INDIVIDUALIDADES

VANDERLEI – fez defesas e intervenções importante. 8

VICTOR FERRAZ – Outra atuação insuficiente. 6

GEROMEL – Vacilou no primeiro gol do Caxias. 7

KANNEMANN – Muita bravura. Infeliz no lance do segundo gol. 8

CORTEZ – Sofreu com os habilidosos do Caxias. 7

DARLAN – Parece ter sentido o peso da responsabilidade. 6

LUCAS SILVA – Muito esforçado, mas pouco lúcido na saída de bola. 7

JEAN PYERRE – Revezou bons lances e apagões. Cansou de novo. 7

ALISSON – Não achou seu lugar no jogo, dispersivo. 6

ÉVERTON – Um início promissor e depois muita luta. 7

DIEGO SOUZA – Um gol de centroavante e muita entrega. 8

Renato une o “meu grupo” para a decisão do Gauchão

O técnico Renato Portaluppi convocou todos os jogadores do grupo para o jogo contra o Caxias neste domingo. Aparentemente é um exagero, porque está em jogo “apenas” um título regional e o Grêmio tem amplo favoritismo depois de vencer o jogo de ida, em Caxias do Sul. Bastaria convocar os titulares e alguns reservas para compor o banco. Por que, então, lotar a concentração?

Esse tipo de iniciativa de um treinador, no caso o melhor do Brasil (JJ foi embora e devolveu o bastão ao técnico gremista), tem um objetivo que muitos podem considerar bobagem: a união do grupo. É uma tentativa de formar um grupo homogêneo, no qual todos disputam em igualdade por um lugar entre aqueles que mais seguidamente são chamados a jogar.

Qualquer treinador de sucesso busca atingir esse objetivo. Algo como formar uma família, mas com o mínimo de ranços que existem na maioria das famílias. Seria algo como a Família Scolari. No caso, é Renato querendo manter a sua, a Família Portaluppi, algo que ele iniciou em 2016 e consegue manter, apesar das dificuldades.

Lembro que Ênio Andrade, treinador vitorioso que deixou Renato amargando o banco de reservas porque havia Tarciso em grande forma, fechava um grupo tipo ninguém entra, ninguém sai. “Seu” Ênio, com quem tive a graça de conviver, transmitiu alguns ensinamentos ao Renato. Um deles, blindar e defender sempre o grupo contra as intempéries do tempo.

Credito boa parte do sucesso de Renato a esse trabalho com os jogadores. Quem presta atenção aos treinadores mais renomados, com longa história, como Luxemburgo e Muricy, sabe o que eles pensam: o sucesso de um time depende dos jogadores. Um pequeno percentual vem da parte técnica e tática. “São eles que resolvem dentro de campo”, declarou Luxemburgo recentemente. Mais ou menos o que disse Muricy semanas atrás.

Outro aspecto a considerar: quando o grupo é muito grande e existem jogadores com faixa etária bem diferenciada, não é incomum a formação de grupinhos. Por exemplo: o grupo dos veteranos, o grupo dos formados na base e o grupo dos que estão se incorporando agora.

Renato, que conhece as manhas do vestiário como poucos, está atento. Ele quer o grupo unido, até porque a caminhada é longa. É por isso que ele costuma falar “meu grupo”, passando a mensagem de que não existe um time, existe um grupo, e que portanto todos podem entrar no jogo a qualquer hora.

É com esse espírito de união que Renato vai para o jogo em busca do tri do Gauchão. Os colorados, que não quiseram abrir mão da disputa diante da pandemia, hoje desdenham a competição.

Estranhamente, alguns gremistas também fazem pouco caso. Esses seriam os primeiros a protestar se o título caísse no colo dos rival maior, abatido pelo Grêmio no meio do caminho. E serão os primeiros a invadir as redes sociais em caso de derrota para o Caxias.

O ‘técnico de rachão’ encaminha mais um título

O Grêmio encaminhou a conquista do TRI campeonato gaúcho ao vencer o Caxias por 2 a 0, no Centenário. Domingo, ao que tudo indica, teremos uma comemoração de título com estádio vazio, sem o calor da torcida, sem ‘avalanche’. Triste, mas é o que nos resta.

A vitória começou nos pés de Pepê, logo no começo da partida. Como é bom fazer gol sem a figura do centroavante, do “fazedor de gol”. O primeiro gol gremista, o gol que deu tranquilidade ao time e perturbou o adversário, foi um gol em que Pepê entrou em diagonal na área e, da posição tradicional do camisa 9 tradicional, desviou do goleiro com habilidade.

E a bola que foi parar nos pés de Pepê partiu de um falso centroavante, o meia Isaque, que saiu da área para meter uma bola ‘maiconeana’ para o companheiro. Um passe na medida para o toque final, uma punhalada no sistema defensivo.

Saúdo esse gol porque hoje não lerei nem ouvirei o choro das viúvas dos aipins, os gigolôs de pontas e meias, que ficam na área parados esperando a bola que os irá consagrar e renovar seus contratos. Quando essa bola não vem, ele é incapaz de criar e buscar soluções.

Depois, no segundo tempo, o Caxias marcou um gol, o que seria de empate naquele momento. O VAR foi acionado e o gol foi anulado. Havia dois jogadores em impedimento. Quer dizer, nem o bandeirinha nem o juiz Jean Pierre viram a irregularidade. Foram salvos pelo VAR.

O gol que consolidou a vitória e permitiu que o time terminasse o jogo sem maiores atropelos foi muito bonito. O novato Éverton, que substituiu Pepê, lesionado, aparou a bola de fora da área e acertou o canto esquerdo, tocando na trave. Um chute indefensável para o goleiro Marcelo Pitol.

Agora, o Grêmio joga pela vitória simples por 1 a 0 ou empate. Não há gol qualificado. Se vencer por 3 a 0, o Caxias será campeão. Aí, nem com reforço do Messi, que anda procurando clube.

Se alguém tem alguma dúvida sobre a importância do Gauchão basta observar a reação dos colorados. Eles tentam disfarçar, mas não há como esconder a dor de ver o Grêmio comemorando mais um título.

Tem gremista que não gosta de festejar o título regional, nem tanto pelo título em si, mas porque ele está sendo conquistado pelo técnico Renato, o “entregador de camiseta” e “treinador da rachão”.

Renato comete erros, alguns inexplicáveis e difíceis de aceitar, mas é inegável que ele tem qualidades. Por isso acumula títulos e desconcerta seus críticos.

INDIVIDUALIDADES

Vanderlei – Fez uma grande defesa, mas trabalhou pouco. 8

Victor Ferraz – Sentiu o tempo parado. 6

Geromel – A segurança de sempre. 9

Braz – Deu conta do recado, simplificou. 8

Cortez -Ficou mais na marcação. Apoiou pouco. 7

Matheus Henrique – Mais recuado ele cresce no jogo. 8

Maicon – O maestro arruma a casa com sua serenidade para jogar. 8

Jean Pyerre – Melhorou em relação ao jogo anterior. Muito participativo. 8

Alisson – Sempre aplicado taticamente. E só. 7

Pepê – Fez o gol que abriu o caminho para a vitória. Saiu lesionado. 8

Isaque – Fez a jogada do gol. Rende mais vindo de trás. 8

Éverton – Substituiu Pepê, fez um gol e mostrou que será muito útil. 8

Ex-jogador da Seleção vê mercado para Renato na Europa

O técnico Renato tem sido o centro de um tiroteio de críticas, que atinge também a direção – e não poderia ser de outra forma. ‘Noves fora’ alguns excessos daqueles torcedores de si mesmos, que se deleitam, crescem e reaparecem nas crises eventuais, boa parte das críticas são justas.

De minha parte, o que mais me perturba e irrita é a política de contratações, o que, obviamente, repercute no trabalho em campo. Não tem explicação contratar um Thiago Neves que vem de um ano ruim, já na idade de aposentadoria.

O que temos hoje é um time envelhecido, experiente, cascudo, mas velho. O agravante é que esse pessoal geriátrico acaba prejudicando a ascensão de jovens. É o caso, por exemplo, do Jean Pyerre, que tem sido substituído com frequência revoltante pelo vizinho do Renato (moram no mesmo condomínio no Rio).

O excelente colunista David Coimbra escreveu sobre Renato/TN dois dias atrás:

“Renato acredita que, para voltar a jogar bem, Thiago Neves tem que entrar no time. Seguindo esse raciocínio, Renato coloca Thiago Neves no time.

Só que, entrando em campo, Thiago Neves joga mal, o time cai de produção e o adversário cresce. Isso aconteceu TODAS as vezes em que Thiago Neves entrou.

Como Thiago Neves joga mal, Renato conclui que precisa colocá-lo de novo em campo, até que jogue bem.

Assim, cada vez que Thiago Neves jogar mal, ele estará assegurando sua entrada no time na partida seguinte. Porque, para Renato, se Thiago Neves jogou mal é sinal de que ele precisa jogar mais vezes.

Ou seja: Thiago Neves continuará entrando no time e entrando e entrando e entrando e entrando… “

Então, este parece ser o maior erro de Renato. Ele abusa na arte de apostar. Acertou na indicação de Diego Souza, sob protesto de 9 entre 10 gremistas. Deu certo.

Aí Renato se acha no direito de apostar de novo, como aquele jogador que não não sabe a hora de parar no cassino.

Quando vê perdeu tudo o que aplicou e conquistou.

RENATO NA EUROPA

Agora, Renato ainda tem muito crédito junto à imensa maioria dos gremistas. Seu trabalho, iniciado em 2016, ainda é consistente, merece apoio e até hoje repercute de maneira positiva, principalmente quando se cruza as fronteiras com Argentina e Uruguai e a divisa com Santa Catarina.

Aqui nem tanto, porque tem os colorados invejosos e os gremistas rabugentos, na mídia e fora dela.

Por isso, faço questão de provocar essa turma reproduzindo parte de uma reportagem com Júlio Batista, ex-seleção brasileira, hoje radicado na Europa.

Renato, segundo ele, teria mercado no futebol europeu. Confira:

        

Mesmo com time titular Grêmio só empata com o Vasco

A mobilização da torcida nas redes sociais por um time mais próximo do titular possível contra o Vasco deu certo. O que não estava nos planos é que o Grêmio fosse sentir tanto a falta de Diego Souza, Geromel e, principalmente, Maicon, seu grande maestro.

O que jogou no São Januário neste domingo, e ficou num sonolento e irritante 0 a 0, foi uma caricatura do time que bateu o Fluminense na estreia e empatou com Corinthians e Flamengo, este favorito ao título. Nesses três jogos o Grêmio dominou, criou chances de gol e deu pouco espaço aos adversários. O goleiro Vanderlei praticamente apenas assistiu aos jogos.

O Grêmio venceu apenas o Fluminense, mas deixou a torcida – com exceção dos eternos insatisfeitos – feliz, não plenamente porque foi incompetente para traduzir sua superioridade nos outros jogos em mais gols, mas segura do potencial para brigar pelo título.

Bem, essa impressão positiva desabou no jogo contra o Vasco. A maioria dos jogadores foi de regular pra mal. Foi um bom início, com o time dominando o adversário. Mas apenas em dois lances o Grêmio levou perigo, ambos em chutes de Alisson, com o goleiro Fernando Miguel salvando. No segundo tempo, o time caiu demais. O Vasco criou duas ou três chances de gol. Numa delas, Paulo Victor fez uma defesa muito difícil.

A queda de rendimento do Grêmio foi técnica e tática. No meio do segundo tempo Renato tentou melhorar a equipe, mas, diferente de outras tantas vezes, conseguiu piorar o que já estava ruim.

A substituição de ]eanPyerre, aos 19 minutos, por Thiago Neves, foi desastrosa. Minutos depois, nova tentativa. Entraram Éverton, novo contratado, e Thaciano. Nada acrescentaram de positivo. O garoto Guilherme Azevedo entrou a poucos minutos do final.

Em resumo, o Grêmio ficou só no empate por falta de qualidade e objetividade na frente. Foi irritante a insistência em tentar furar o bloqueio defensivo com troca de passes curtos na entrada da área, e a falta de arremates a gol. O técnico Renato errou feio no segundo tempo. Tentou melhorar, mas apenas agravou o quadro do paciente, que está sofrendo de ‘empatite’ em alto grau. Mais um pouco vai pra UTI.

INDIVIDUALIDADES

Paulo Victor – Fez duas boas defesas. 8

Orejuela – Ineficiente no apoio, bem na marcação. 7

Brás – Substituiu o titular com competência. 8

Kannemann – Anulou o goleador Cano. 8

Cortez – Valeu por sua combatividade. 7

Lucas Silva – Marcou bem e arriscou alguns chutes. 7

Matheus Henrique – Valeu pelo esforço. Tecnicamente foi mal. 6

Jean Pyerre – Alguns lances no primeiro tempo. Caiu no segundo, como todo time. 6

Thiago Neves – Entrou no lugar de JP. Sem comentários. 5

Alisson – O melhor do setor ofensivo. 7

Pepê – Irreconhecível. Tomou muitas decisões equivocadas. 6

Isaque – Perdido entre os zagueiros. Foi pro sacrifício. 6

Éverton, Thaciano e Gilherme Azevedo – pouco tempo, sem nota