Grêmio dá susto na torcida, mas confirma classificação

O Grêmio jogo estava 3 a 2 quando deu um escanteio para o Novo Hamburgo. Na beira do gramado, Luciano (execrado por uma parcela expressiva de gremistas) se preparava para entrar, ele e o Pepê, que alguns apressadinhos consideram ser um substituto à altura de Éverton.

“Renato, espera a cobrança de escanteio acontecer para substituir”, Pensei cá com meus botões, acreditando que Diego Souza sairia para entrar Luciano, o que seria uma temeridade no caso de empate naquele lance, a poucos minutos do final. E não é que deu pênalti mesmo. Um erro de Jean Pierre, uma infantilidade.

Não deu outra. O pênalti foi muito bem batido por Zé Mário, que já havia marcado numa cobrança de falta, ainda no primeiro tempo, iniciando a reação do esforçado time de Novo Hamburgo.

O Grêmio havia feito 2 a 0 ao natural e tudo indicava que haveria uma goleada. Mas o Grêmio começou a jogar de salto alto. O jogo parecia fácil demais. O Grêmio poderia repetir o Inter, que havia goleado o Esportivo à tarde. Mas a coisa desandou. NH descontou em dois lances com erros do time gremista. No gol 2 a 2, Guilherme Guedes não acompanhou Juba, pela direita. O jovem lateral estava desatento na jogada, que resultou em cruzamento para o gol de Kayron. No outro, uma cobrança de falta. Chute muito forte, mas no canto onde estava Vanderlei. O comentarista Paulo Nunes também viu nesse lance a falha do goleiro.

Bem, a vaga que parecia tão fácil se tornou um pesadelo. Com o empate por 3 a 3 o jogo seria decidido nos pênaltis. Restavam poucos minutos para fazer um gol e confirmar a classificação. Aí, Renato tira o goleador Diego Souza, que havia marcado dois gols no jogo, além de mais um, que o juiz anulou equivocadamente.

Vale destacar o segundo gol de DS, que saiu de um cruzamento preciso de Guilherme Guedes.

Renato teve mais sorte que juízo. Aos 45, a zaga do NH bateu cabeça na área, a bola caiu nos pés de Luciano, que teve tranquilidade para desviar do goleiro e fazer 4 a 3, garantindo a vaga tricolor, que agora decide o título do segundo turno com o Inter.

Gostei de ver a vibração de Luciano. Uma vibração de quem estava se sentindo mal diante das críticas e tem confiança em seu potencial.

Sobre a atuação do time: será preciso uma marcação mais forte no meio de campo. Posicionar melhor a dupla de volantes (no clássico Maicon não poderá subir tanto quanto ontem), e os meias Alison e Jean Pyerre. Ou então começar com Lucas Silva no lugar de Alison, liberando mais MH e o próprio Maicon.

Grêmio dá sinais de que vai qualificar o time para o Brasileiro

O Grêmio escala seu time reserva para enfrentar um adversário modesto, mas motivadíssimo para conquistar vaga na fase semifinal do Gauchão, e, de quebra, num campo muito irregular, um potreiro, na verdade, que me fez lembrar o velho ‘gramado’ do estádio Florestal da minha infância e adolescência em Lajeado.

Assisti ao jogo consciente de que veria uma pelada, pouca bola rolando, muitos lançamentos longos, chutes e passes errados em função do piso, poucos dribles, chutes a gol risíveis, como dois do Luciano, que deixou o campo como a nova Geni do grupo.

Enfim, um jogo para olvidar, como muitos outros jogos do time reserva nos últimos dois anos.

A crítica ao que se viu é válida e quase obrigatória. Pela amostra, muito prejudicada pelo estado do gramado e pelo longo tempo de parada e preparação insuficiente, é prematuro, e cruel, sentenciar que este ou aquele jogador não pode jogar nem no time B, como ouvi e li nas redes sociais, o que dirá no time titular.

Eu li, incrédulo, alguns gremistas afirmarem com a autoridade de quem não tem qualquer compromisso, a não ser destilar ódio, veneno e desconhecimento de futebol, que Paulo Victor não poderia mais vestir a camisa tricolor. Isso que, naquele momento, PV praticamente não havia tocado na bola.

Pelo que se viu em Lajeado, contra o adversário da etapa semifinal, nem Pepê poderia ser titular. Ninguém se salvou plenamente. Talvez o Lucas Silva.

DIOGO BARBOSA

O que resultou de positivo é que o Grêmio vai em busca de um lateral esquerdo de qualidade. Diogo Barbosa é um nome cogitado. Sou admirador desse jogador desde seu tempo de Cruzeiro. No Palmeiras, ele não conseguiu repetir o mesmo futebol, e isso pode contribuir para sua saída. Guilherme Guedes é bom, mas não para ser titular.

Mas ao mesmo tempo em que cogita em reforços cirúrgicos para titularidade, o Grêmio lembra de André como alternativa já que Luciano não agradou até agora. Por favor, arrumem um time para André antes que ele saia do arquivo morto para nos irritar mais um pouco. Melhor investir em Luciano e sair em busca de um atacante de movimentação como opção ao Diego Souza. André entra para a história do tricolor como uma grande decepção, pior até que Diego Tardelli.

ÉVERTON

Sobre o Éverton, tenho lido tantos absurdos que estou até preocupado. Inúmeros gremistas achando que o ciclo de Éverton terminou. Torcem para que o jogador seja negociado. Ora, o Benfica não tem bala na agulha para comprar Éverton, a não ser que o Grêmio tenha colocado seu melhor jogador no balaio de ofertas, o que não consigo acreditar, mesmo em função dos danos causados pela quarentena.

Pepê não tem bola para substituir Éverton sem deixar saudade. Fora isso, ele sofrerá com a comparação e terá de ter muita personalidade, e futebol, para enfrentar esse desafio.

O ‘Departamento de Lapidação’ e a lição do caso Diego Rosa

Muito do sucesso do Grêmio nos últimos anos se deve ao seu “Departamento de Lapidação” que coloca o Grêmio como o clube que melhor tem aproveitado os jogadores da base, ganhando títulos e consolidando sua hegemonia no Estado.

Como se não bastasse, esse departamento, que é uma brincadeira provocativa, porque na realidade não existe no organograma do clube, ainda ajuda a fazer muito dinheiro para manter a roda girando, além de projetar o nome do clube.

O sucesso desse trabalho é tanto que até clubes milionários como o Manchester City nele se inspiram. Um exemplo é o procedimento do clube inglês, que está levando o promissor Diego Rosa, de apenas 17 anos, não para entrar direto no grupo principal por entender que o guri ainda não está pronto para o desafio.

Então, o que faz o Manchester City, que investiu uns 10 milhões de dólares, pelo menos, para contar com esse jovem atleta? Faz praticamente o que costuma fazer o Grêmio: segue a cartilha do coordenador da lapidação tricolor e o escala numa equipe de transição.

A diferença, neste caso, é que a transição será feita em outro clube, um clube belga, onde o nível de exigência é menor, permitindo que o jogador seja lapidado sem pressa, com toda a atenção (talvez não a mesma que ele receberia se continuasse no Grêmio), para ser lançado no momento que a comissão técnica considerar o mais adequado.

É o ‘Departamento de Lapidação’ fazendo escola.

CADA CASO É UM CASO

Estou exagerando, claro. Um exemplo oposto: Vinicius Jr, então com 18 anos, trocou o Flamengo pelo Real Madrid, um negócio milionário. Já houve casos em que o clube espanhol contratou e logo emprestou para uma agremiação parceira. Normal.

Cada caso é um caso. O fato é que todo jogador passa por uma lapidação. Breve ou prolongada. São muitos os exemplos de que a pressa prejudicou o jogador lançado prematuramente, e também o clube que nele aplicou dinheiro e tempo. Lincoln é um exemplo.

No caso do Grêmio, diante da celeridade dos agentes do futebol em fazer fortuna com jogadores ainda em formação, como atletas e cidadãos, percebo aqui de fora, sem conhecer o que rola nos bastidores, que já passou da hora de acelerar o processo de transição da base para os profissionais.

MAIS AGILIDADE NA AVALIAÇÃO

Para isso, é fundamental que os homens que comandam a base tenham capacidade de apontar com grande percentual de acerto quais os jogadores que merecem mais atenção, mais carinho, mais dinheiro, mais ou menos como fazem os agentes em seu processo de sedução.

Até mesmo o perfil dos agentes mudou: no passado eram senhores com aspecto respeitável, boa formação e com preocupação não apenas de ganhar dinheiro; hoje, pelo que vi, são jovens, alguns quase da idade de seus representados, falando a linguagem desta geração, e muitas vezes esbanjando arrogância porque contam com uma legislação cruel com os clubes e generosa com o profissional. Urge uma mudança na chamada Lei Pelé.

O fato é que o clube terá de investir valores mais elevados em jogadores com 16 ou 17 anos, sem a certeza de que haverá o retorno esperado. E sabe-se que a maioria não passa pelo funil. Mas é um risco que o Grêmio terá de correr para reduzir o número de jovens que deixam o clube de forma precoce (caso do Diego Rosa, entre outros), sem dar o retorno financeiro projetado pela direção.

No futebol, como em outras atividades, a fila anda.

Mas é sempre bom ratificar: mesmo diante dessa dificuldade, que só existe porque o trabalho de formação na base é exemplar, o Grêmio na atual gestão segue fazendo dinheiro com seus jovens, o que não se vê na maioria dos outros clubes de ponta no país.

A rodada do Gauchão e o ultimato do técnico Coudet

Quando Vanderlei sofreu o gol logo após Diego Souza ter feito 1 a 0, aos 37 do primeiro tempo, pensei, maldosamente, que algum gremista naquele momento poderia estar começando a contagem regressiva para rotular o experiente goleiro tricolor de ‘braço curto’ ou ‘braço de motorista de kombi’. Fosse outro goleiro, Paulo Victor, por exemplo, já seria jogado para arder nas chamas do inferno. Mas foi um belo chute, um belo gol de Muriel.

Vanderlei ainda tem muito crédito. Não é o goleiro que eu queria, e escrevi a respeito, mas é um jogador com boa bagagem e, com sua experiência, inspira segurança e dá tranquilidade aos sistema defensivo, em especial à melhor dupla de área do país, a muralha Geromel/Kennemann. Aliás, depois do Grenal alguns parceiros aqui no blog frisaram exatamente isso.

Portanto, vamos em frente. O Grêmio ficou no empate por 1 a 1 com o Ypiranga (nome que dei ao meu time de botão na década de 60, quando eu raramente era derrotado). Era jogo para vencer, porque o time de Renato dominou, pressionou, mas criou poucas chances de gol.

Depois do jogo, Renato disse que os demais atacantes deveria se aproximar mais de Diego Souza, que me pareceu pesado, o que é natural em função de seus 35 anos e da pausa nas atividades. Bem, cabe a ele como treinador criar condições para que isso aconteça.

Faltou alguém para pifar Éverton, Alisson, os laterais, etc. Sim, faltou Maicon. Mas o Grêmio precisa aprender a jogar sem seu maestro, ainda o melhor pifador em atuação no país. Talvez ele perca para o Éverton Ribeiro, talvez.

LATERAL

Sei que está todo mundo empolgado com o Guilherme Guedes. Eu estou gostando dele, mas ele precisa mostrar mais futebol para ser titular, desbancar o Bruno Cortêz, sonho de parte da torcida. Eu também acho que o time precisa de mais qualidade na esquerda, só entendo que é muito cedo, muito prematuro, jogar esse fardo sobre as costas do jovem. Por enquanto, pelo que vi, Cortêz, assim que for liberado, voltará naturalmente ao time, dando um tempo para Guedes evoluir.

Gostei do Lucas Silva, que forma uma boa dupla de volantes com Matheus Henrique. Mas ele precisa mostrar mais qualidade na saída de bola e aproximação ao ataque, revezando com MH.

LA BARCA

O técnico Eduardo Coudet lembrou aquela declaração de Dalessandro, uns três anos atrás, quando ele disse que poderia ‘sair da barca’, ou seja, ir embora do Inter de tão desgostoso com as críticas.

Pois Coudet, ao cobrar gramados melhores, colocou a direção colorada na parede: ou arruma gramados em melhores condições, ou ele vai embora, como se na Argentina os campos sejam uma maravilha.

Foi um ultimato, sem dúvida.

É o tipo de afirmação que dá a entender que ele até já tem uma ‘barca’ em vista, está com as costas quentes para jogar a responsabilidade pelo mau futebol do time sobre a direção.

Então, pra mim, Coudet já está com um pé fora do clube. O ‘amor’ acabou.

Lembrando sempre que Celso Roth continua desempregado.

LA BARCA 2

“…Hoy mi playa se viste de amargura
Porque tu barca tiene que partir
A cruzar otros mares de locura
Cuida que no naufrague en tu vivir…”.

Os alvos principais da parte mais rabugenta da torcida gremista

Dois jogadores são os alvos preferidos de boa parte da torcida, pelo menos aquela que atua forte nas redes sociais e que está sempre buscando algo negativo mesmo nas vitórias. E não importa se é um clássico, como foi este de quarta-feira, quando o time venceu por 1 a 0. Há sempre um resmungo, um ‘venceu, mas…’.

É um torcedor que raramente esboça um sorriso de satisfação, um olhar de aprovação. Nada contra, o torcedor de futebol é assim: pensa que sabe mais que o treinador (ah, Renato também não escapa), mesmo sem ter qualquer proximidade com o vestiário e seus mistérios. “Se o meu vestiário falasse”, referência nada sutil ao filme “Se meu apartamento falasse”. Aliás, recomendo com entusiasmo. O filme é dos anos 60 e tem o fantástico Jack Lemmon como protagonista.

Pois é, o pessoal, do alto de sua soberba, se considera com autoridade para questionar qualquer decisão do técnico Renato. Cria-se todo um clima negativo antes das partidas e depois, as vezes, mesmo com vitória, a turma raivosa sempre encontra o que criticar.

O alvo principal já há algum tempo é Maicon, o grande capitão do time que fez história: o Grêmio campeão da Copa do Brasil de 2016.

É inegável que Maicon não é mesmo jogador de dois, três anos atrás. A idade pesa pra todo mundo, como acontece também com o ídolo colorado, com a diferença que Maicon não dá chilique e mantém uma postura altiva mesmo nas derrotas ou nas más atuações. Enfim, Maicon não paga mico.

Qualquer um pode perceber que Maicon está saindo de cena. A fila anda. Jovens talentosos estão surgindo. Maicon teve grandeza quando viu Arthur surgindo como um meteoro, e saiu do caminho com elegância. Agora, ele parece esperar a hora certa, talvez quando alguém afirmar-se em seu lugar no meio de campo.

Por enquanto, Maicon ainda é o maestro, um jogador diferenciado, que faz a leitura do jogo como poucos jogadores, e ajuda Renato dentro de campo. Ele será treinador quando largar a bola.

O outro jogador muito questionado é Bruno Cortez. Ele é irregular, apoia com ímpeto e velocidade, mas seu acabamento nas jogadas é precário. É difícil sair algum gol dos seus pés. Mesmo assim, tem qualidades e não é pior que a imensa maioria dos laterais. Concordo que está na hora de buscar uma alternativa, mas não vejo nisso motivo para desespero.

A ânsia de mandar embora jogadores como Maicon e Cortêz é tão grande que Guilherme Guedes, que recém fez uma partida, e foi muito bem, já está sendo alçado a titular pelos mais apressados, os mesmo que serão os primeiros a pedir sua cabeça em caso de insucesso.

Eu gostaria que houvesse mais respeito com jogadores que honraram, e ainda honram, a camisa tricolor. Por isso, estarei sempre aqui em defesa desses profissionais, que ainda podem ser muito úteis.

DIEGO ROSA

Aos 18 anos, Diego Rosa está negociado para o exterior. Está ai um jogador que poderia substituir Maicon. Pena. A legislação prejudica demais os clubes, favorecendo empresários/procuradores apressados que nem sempre buscam o que é melhor para seus clientes, na maioria jovens igualmente apressados.

Grêmio vence o ‘Clássico da Peste’ e lidera seu grupo no Gauchão

No Gre-Nal da peste, com estádio vazio e painéis substituindo torcedores colorados, voltou a dar a lógica: vitória do Grêmio, que atinge a marca de oito jogos sem perder para seu maior rival no Estado.

Realizado no Centenário, em Caxias do Sul, o jogo reafirmou a superioridade técnica do Grêmio sobre o Inter.

No primeiro tempo, Éverton desperdiçou um pênalti cometido por Musto em Kannemann. O volante argentino, que recém havia recebido cartão amarelo, deveria ter recebido outro cartão, mas o juiz Daniel Bins deixou por isso mesmo, num erro absurdo que deixaria o Inter com um jogador a menos.

O pênalti foi cobrado por Éverton, quando se esperava que Diego Souza fizesse a cobrança. Marcelo Lomba salvou.

No segundo tempo, aos 17 minutos, Jean Pyerre cobrou falta sofrida por Alisson e marcou o único gol do jogo, contando com a sorte, porque a bola bateu em Moisés e deixou Lomba sem reação.

Como se esperava foi um jogo sem muito brilho técnico, mas também sem jogadas violentas ou desleais. Os dois times pareciam sentir o peso de jogar em meio a uma pandemia que já matou milhares de pessoas, desempregou outras tantas e fechou inúmeras empresas.

Foi um jogo morno. Faltou ânimo até para brigar, como se viu em dois ou três lances mais ríspidos.

O Grêmio foi superior e mereceu a vitória por 1 a 0. Mas o empate não seria um resultado injusto.

Destaque para Matheus Henrique, o melhor em campo, e a dupla de zaga que não perde Gre-Nal. Gostei também de Victor Ferraz e de Guilherme Guedes, jogador da base que mostrou personalidade e futebol para merecer outras oportunidades.

No mais, cabe exaltar o trabalho do técnico Renato Portaluppi, que calou os incansáveis ‘Fiscais do Leblon’com outra vitória em Gre-Nal.

Gauchão encara o vírus e Gre-Nal é confirmado. Grêmio favorito

Com o Grenal confirmado, temos de volta o futebol. Sei que parte da torcida despreza o Gauchão e torcia contra sua retomada, mas a realidade é que nem o vírus chinês atinge mais nosso campeonato depois de quatro meses de confinamento exagerado, que provocou o fechamento de centenas de empresas e desempregou milhares de trabalhadores.

O Gauchão, que já passou por tudo que é dificuldade ao longo de décadas, não se mixa mais, vai encarar o bicho e conta até com o clima a seu favor. O tempo gelado e úmido deu lugar ao sol e ao calor.

Então, se nada mais acontecer de negativo, o clássico será nesta quarta mesmo, às 21h30. E espero que seja uma noite quente, sem chuva, com o gramado seco, favorável ao time melhor tecnicamente. O Grêmio, claro.

Ah, importante: Vuaden não será o juiz. Se fosse no tempo do Noveletto a gente sabe quem seria escalado. Ele foi anunciado, gerando preocupação dos gremistas nas redes sociais, mas não se confirmou. Sem Var e com Vuaden tudo seria mais difícil.

Agora só tem uma coisa a superar ainda: a onda negativa de boa parcela da nação tricolor. É impressionante como tem que gente querendo Maicon fora, e não apenas do time, mas do clube. Fora o que torcem pela queda do técnico multicampeão. Uns pelo ‘crime’ de ter desfrutado as areias do Leblon durante a prisão domiciliar a que somos submetidos.

Perdoai-os Senhor, eles não sabem o que fazem. Ou, o que é pior, sabem muito bem.

O Grêmio é o favorito. Não importa se o rival treinou taticamente fora do prazo, enquanto o Grêmio cumpriu a orientação da prefeitura. O Grêmio é superior, seu time mais entrosado. Os jogadores poderiam até ir de carro, cada um, se encontrando no vestiário a tempo de se fardarem. Situação muito comum na várzea e nos meus tempos de pelada, em que o jogador mais importante é o que levava a bola.

Ahhhh (suspiro), saudade dos tempos que não voltam mais…

No último Gre-Nal, diz 12 de março,deu 0 a 0. O Inter resistiu bravamente e escapou da derrota.

Hoje a situação é melhor para o tricolor, que terá o reforço de três titulares que não jogaram o clássico anterior (pela Libertadores). Jogam Kannemann, Cortez e o craque Jean Pyerre, jogador que pode fazer a diferença.

O time deve ter, então: Vanderlei; Victor Ferraz, Geromel, Kannemann e Cortez; Matheus Henrique e Maicon; Alisson, Jean Pyerre e Everton; Diego Souza.

Uma escalação inteligente, sensata.

Se tudo ocorrer dentro da normalidade, com a arbitragem marcando as faltas mais duras que Éverton e Jean Pyerre irão sofrer, o Grêmio vence. Não será fácil, mas a tendência é essa mesmo.

Prefeito veta Grenal no Beira-Rio, mesmo sem público

Sem querer ser pessimista, continuo acreditando que não haverá Grenal na quarta-feira, agora em Caxias. O prefeito de Porto Alegre, o cara que, entre outras medidas no mínimo discutíveis, fechou o Mercado Público – caso único no país, pelo que sei – decidiu por impedir a realização do jogo no reinício do Gauchão no Beira-Rio.

Na semana passada quando escrevi que duvidava que saísse jogo, sequer imaginei que o clássico poderia ser transferido para alguma cidade do interior, até porque praticamente todo o Estado está, digamos, contaminado. Sobrou para Caxias, igualmente atingida pelo vírus chinês.

Sinceramente, não entendo por que o Grenal não pode ser disputado na Capital. Se fosse com portões abertos, tudo bem, mas sem público, e com aglomero restrito ao campo de jogo entre os profissionais, eu entenderia.

Bem, na aparente disputa entre Marchezan e Eduardo Leite para ver quem conquista o troféu tirano do ano no Estado, penso que o governador ‘dos gaúchos’ é capaz de trabalhar para que o GreNal não se realize. Com pressão sobre o prefeito de Caxias (terra do Ivo Sartori, que já deixou saudade) com alguma outra prerrogativa.

É importante frisar que o Inter é quem sai perdendo mais, já que o jogo seria em sua casa. Talvez seja castigo divino por ter burlado a proibição de realizar treino técnico, coletivos, conforme protocolo.

Vou aguardar os próximos movimentos da dupla, não a Grêmio e Inter, mas Leite/Marchezan. Eles é que decidem o que podemos ou não fazer. A bola está com Leite.

De minha parte, lamento que a ameaça do Grêmio em transferir-se para Santa Catarina não tenha se concretizado, deixando um odor de blefe no ar.

Dependendo do que ocorrer nas próximas horas, quem sabe não se marca o Grenal para Florianópolis, ou até mesmo Criciúma?

Fla encaminha título e reinício do Gauchão não é certo

Conforme previsto, o Flamengo venceu o Fluminense no jogo da volta, mesmo sem jogar uma grande partida, e agora decide o título do Campeonato Carioca precisando apenas de um empate. O jogo será no Maracanã, quarta-feira, e a receita de TV fica para o novo clube inimigo número 1 das demais torcidas. Tudo dentro do ‘planejamento’.

Foi bom ver o modesto (na comparação) time do Odair Hellmann vencer o primeiro jogo e conquistar a Taça Rio. Mas em nenhum momento imaginei que o Fluminense resistiria ao milionário time do JJ na briga pelo título.

Deu a lógica. Falta só confirmar no terceiro jogo.

Importante registrar a absurda expulsão do Gabigol, nos segundos finais do jogo. O juiz considerou que ele demorou demais (não mais do que meio minuto) para deixar o campo. No momento seguinte, o juiz encerrou o jogo, quando deveria ter dado pelo menos uns 2 minutos de acréscimo, segundo o comentarista de arbitragem, o Paulo César.

Quer dizer, causou uma lambança desnecessária, como reclamações dos dois lados.

GAUCHÃO

A reinício do campeonato gaúcho tem data definida, dia 23 de julho. O problema é que não combinaram com o corona vírus. Em Santa Catarina, depois da rodada inicial, os jogos foram suspenso. A Chapecoense tem uns 15 jogadores contaminados, e por aí vai.

Se tudo der certo, o que eu duvido em função do nosso clima que decididamente não é para os fracos, haverá Gre-Nal no dia 23, no Beira-Rio.

Sinceramente, com o frio que chega chegando a partir desta segunda-feira, devendo superlotar hospitais, duvido que saia jogo tão cedo.

Jogos, aliás, que poderiam ter sido disputados em março e abril sem maiores problemas.

Quem não sabia que o pico no RS seria no inverno?

Ah, cadê os hospitais de campanha?

ALERTA

Existem muitos espaços para a politicalha.

Este blog é para tratar de futebol.

Não quero suprimir comentários. Mas isso será feito se necessário.

Agradeço a colaboração.

Peppa Pig e outros personagens da minha quarentena

O texto abaixo foi publicado na revista Quarentena, do Júlio Ribeiro, incansável empreendedor na área da comunicação. A revista está na terceira edição.

‘Se eu cheguei até aqui depois de três meses de quarentena com boa saúde física e – desconfio – também mental devo basicamente ao meu filho de quatro anos, um moleque esperto que tomou posse do meu celular e, claro, do meu coração. Ele faz de mim o que quer: sou sua montaria, seu rival em lutinhas que me deixam exausto e “vítima” de outras brincadeiras.

Ócio neste período não faz parte do meu vocabulário, não sei o que é isso que aflige  tanta gente, pelo que leio e ouço.

O moleque estabelece o roteiro de “brigas” em que eu sempre sou o vilão, incorporando seres malignos como certos indivíduos com elevado poder destrutivo que ocupam o noticiário mórbido e assustador desses tempos de pandemia. Na imaginação dele, somos protagonistas de “filmes” em que os vilões, lógico, representados por mim, sempre são derrotados – o que, infelizmente, só acontece mesmo na ficção, salvo exceções.

Uma criança nessa idade é incansável. É preciso ser criativo para amenizar ou suprir a falta das atividades lúdicas e educativas da escolinha, além do convívio com os coleguinhas. Mas o manancial de ideias se esgota rapidamente. Chega o momento em que é preciso recorrer à tecnologia, não tem como escapar, desafiando orientação de pediatras, oftalmologistas e psicólogos.

No começo, fui mais comedido, mais contido na liberação dos vídeos infantis e jogos. Apelei para os livros, as revistas da turma da Mônica e do Mickey, os quebra-cabeças, estes sempre com super-heróis como o Homem-Aranha (o preferido dele) e os Guardiões da Galáxia que, como se não bastassem os criminosos de todos os níveis que nos saqueiam aqui, ainda encontram tempo para viajar pelo espaço para enfrentar  alienígenas, alguns tão assustadores que causam pesadelo nos inocentes.

Foi a partir da fase tecnológica de entretenimento que eu descobri umas figurinhas simpáticas, personagens de desenhos de excelente nível técnico e conteúdo aparentemente saudável, sem mensagens subliminares negativas. Digo aparentemente porque sempre pode aparecer alguém como aquela criatura que tempos atrás atacou o escritor Monteiro Lobato, cuja obra me acompanhou na infância.

Foi durante a clausura que conheci personagens como a Peppa Pig, uma porquinha meiga, capaz de reter meu filho por uns 30 ou 40 minutos, se eu estiver junto. Se me afasto, logo ele me chama. Há outros que figuram no pódio das preferências: o Pocoyo e sua turma, figuras animadas que se movimentam tendo como cenário um fundo branco. Outro que ele adora é o seriado Patrulha Canina, formada por filhotes de cães que vivem salvando alguém em apuros. Parece inacreditável, mas o seriado foi atacado duramente em meio aos protestos pela morte de George Floyd. Não quero me estender sobre isto, é demais pra minha cabeça.

Não vejo maldade nesses desenhos. Pelo contrário. Devo muito a esses programas. A Peppa e os demais personagens são meus companheiros em várias partes do dia. Por exemplo, faz dois meses que troquei o Jornal Nacional e seu irritante e revoltante noticiário necrológico por essas figurinhas amigas e alegres. Garanto que está me fazendo muito bem.

O fato é que esses desenhos ajudam a aliviar a mente.

Não dá pra esquecer os desenhos “raiz”, elaborados sem a tecnologia atual e talvez por isso não despertem tanto a atenção das crianças de hoje. Fiz questão de apresentar ao meu guri os desenhos animados da “minha época”, como Pernalonga, Pica-pau e Tom & Jerry, o que ele mais gosta entre os antigos. Ah, ele torce pelo camundongo na eterna luta contra o gato.

Às vezes, quando o flagro apertando os olhos diante da telinha do celular fico irritado. E reclamo forte. Ele rebate dando um passo para trás, erguendo os braços calmamente e com um sorriso maroto: “Calma, pai, calma; calminha, calmiiinha…”.

Como manter a brabeza? Estou aprendendo com ele. Outro dia, no almoço, ele comentou, do nada: “Pai, você é um sortudo”. Fiquei intrigado. “Por que você (ele gosta de usar este pronome) diz isso”, perguntei. Ele respondeu de pronto: “Porque sim, ora”.

Sim, eu sou um sortudo’.