Grenal: Renato sem muita chance de fazer mistério

Diferente do seu adversário, Renato Portaluppi não tem muita margem para fazer mistério sobre o time que começa o Grenal deste sábado, 16h30.

O técnico argentino, ao contrário, conta com três possibilidades: time reserva, time titular ou time misto. Eu aposto que Eduardo Coudet vai com força máxima, talvez poupando somente um ou outro jogador.

Não tenho dúvida, também, que ele começará com quatro volantes, mesmo jogando em casa, perante sua torcida. Coudet já deixou bem claro que curte um ferrolho, e, apesar disso, é aceito pela mídia vermelha, que nunca deu descanso do Odair e seu esquema igualmente defensivo.

Agora, imagino o Inter começando com marcação forte no campo do Grêmio, tentando a roubada de bola e não dando descanso para a dupla Matheus Henrique e Maicon ditarem o ritmo do jogo.

Para dar um reforço na qualidade do toque de bola e na saída de trás, não duvido que Renato comece com Thiago Neves, deixando Luciano no banco. Isso se TN já estiver com um bom ritmo de jogo.

Luciano, se sabe, é uma incógnita. Acho que ele pode crescer ainda, mas por enquanto não vi bola para ele ser titular.

Será o confronto do time melhor constituído, organizado e entrosado, contra um futebol de pegada, intensidade e imposição física, que tem sido a proposta de Coudet até agora. Sim, fundamental, muita bola pelo alto.

Eis aí um problema, a dupla de área reserva não sem se mostrado muito eficiente, jogando num nível bem inferior ao da dupla titular. Outra preocupação minha é o goleiro Vanderlei, mas ele é muito experiente e pode dar a resposta que aqueles que detonaram Paulo Victor esperam.

Portanto, Renato deve cobrar que façam o mínimo possível de faltas nas imediações da área gremista.

Se quiser, Renato pode fazer um mistério na lateral-esquerda. Caio Henrique faria sua estréia. Foi bem na seleção brasileira olímpica, enquanto Cortez vem de uma atuação preocupante contra o Aimoré.

Caio Henrique pode dar um sangue novo ao setor, e, por ser volante de origem, ajudar a compor o meio de campo com naturalidade. Mas quem pode avaliar essa alternativa com propriedade é o Renato.

O time deve ter, então: Vanderlei; Victor Ferraz, David Braz, Paulo Miranda e Cortez (Caio Henrique); Matheus Henrique, Maicon (o maestro do time), Alisson, Luciano (Thiago Neves) e Éverton; e Diego Souza.

Em resumo, Renato começa com um time mais experiente e envergadura técnica, deixando a gurizada para o segundo tempo. A ideia é marcar o primeiro gol do jogo e deixar o Inter correr atrás, pressionado por sua torcida.

Ah, faltou citar a preocupação de sempre: a arbitragem gaúcha.

Os árbitros de vídeo são de fora.

Derrota gremista antecipa Grenal no Gauchão

Nada como um Grenal para me fisgar de do estado de letargia que me afastou do blog. Some-se a isso a irritação diante de uma atuação medíocre contra o modestíssimo Aimoré e temos aí os componentes necessários para me tirar da inércia.

O Grêmio foi mal, muito mal, e mereceu até ser goleado. O resultado de 2 a 1 não diz o que foi o jogo, o quanto o Aimoré criou e o pouco que o Grêmio fez para merecer ao menos um empate.

Com isso, a consequência imediata é um Grenal na fase semifinal do Gauchão. Jogo no Beira-Rio, provavelmente domingo, 16h.

Talvez seja o que falte para o técnico Renato Portaluppi ajustar o time para os desafios da temporada. Nada como um Grenal para arrumar a casa.

O time terá um jogador que faz muita falta: Matheus Henrique, que ao lado de Maicon forma uma dupla superior.

O JOGO

O capitão Maicon disse ao final que o campo de grama alta e irregular contribuiu para o pífio desempenho tricolor. Tudo bem, concordo, mas nada justifica perder, e da forma que perdeu, com o time criando pouco e dando espaços para o adversário brincar na área gremista.

A derrota começou com um gol de escanteio. O atacante do Aimoré cabeceou dentro da pequena área a dois ou três metros do goleiro Vanderlei. Fosse o Paulo Vitor renderia milhares de tópicos raivosos nas redes sociais.

Lembro que eu fui contra essa troca, que me pareceu seis por meia dúzia.

Ainda sobre o jogo, como foi mal a dupla de área. Está certo que o time se abriu depois de levar o gol, mas o adversário era o Aimoré, não o Flamengo. Um tal de Isaías aproveitou para se consagrar, com dribles e com um gol de muito talento, deixando Maicon e Vanderlei deitados em berço esplêndido.

Os dois laterais também foram mal. Aliás, não entendo os elogios que em algum momento foram feitos ao Victor Ferraz, um lateral comum, muito mais ou menos. Esperança é a volta do Leonardo (até que ponto cheguei).

Outro ‘reforço’, Lucas Silva, também nada acrescentou em relação ao ano passado. Tem sido um volante mediano, pelo menos até agora.

Diego Souza voltou a marcar, mas pouco fez. É preciso frisar que o Aimoré tirou todos os espaços da intermediária para trás, um retrancão equivalente ai que o festejado técnico colorado armou pra arrancar um empate no Chile.

Se é pra jogar assim, por uma bola, que ficasse com o técnico do Aimoré, o Hélio Vieira. Ou que contratasse o pai deles todos, aquele que não ouso dizer o nome.

A KOMBI

No meu último comentário, dia 25 de janeiro, em função das contratações de Diego Souza, e principalmente, Thiago Neves, escrevi que o Grêmio estava formando um grupo sub-40.

Confesso que estava irritado naquele momento, até mais do que agora. Uma galera surgindo na base e a direção investindo (gastando é o verbo mais adequado) em medalhões em flagrante declínio técnico e físico, principalmente Thiago Neves, que além de tudo andou tendo deslizes éticos preocupantes.

Depois de alguns dias de total descanso, e do consumo de dezenas de caipirinhas e cervejas à beira-mar, voltei sem saber nada do Gauchão. E foi assim, alienado de assuntos esportivos, que parei diante da TV para assistir a Grêmio x Esportivo, dias atrás.

Admito que naquele momento estava imbuído do sentimento de um urubulino. Descrente do projeto de veteranização do time e não levando muita fé nas contratações já feitas.

Um amigo é que me alertou sobre esse meu lado crítico e descrente que ele definiu como urubulino. Ele chegou a comentar que, a continuar nesse ritmo, eu logo estaria ocupando um lugar na k0mbi.

Se continuar assim, se o Grêmio não vencer o clássico, começarei a pensar na possibilidade de assumir a direção da kombi dos urubulinos, que, no momento, não lotam um fusca.

A gurizada brilha, mas Grêmio insiste com a velha guarda

Nunca o Grêmio esteve tão perto de vencer o torneio Copa São Paulo de Futebol Junior. Empatou no tempo normal e acabou perdendo nos pênaltis.

É preciso deixar registrado que o time da base gremista (idade média inferior ao do rival) provavelmente teria vencido nos 90 minutos se não tivesse o Alison expulso no início do segundo tempo.

O zagueiro cometeu o crime de festejar subindo o alambrado junto à torcida. A decisão é amparada por uma regra estúpida, que, claro, será abolida depois da rigorosa punição aplicada ao Grêmio.

Entra para o rol das coisas que só acontecem com o Grêmio, a começar por aquela do ‘racismo’ que ajudou a eliminar o clube de uma Copa do Brasil.

O que realmente importa, no momento, é que o trabalho competente na base tem apresentado resultados positivos, uma safra como jamais se viu outra igual no clube, e que já dura alguns anos.

O que interessa não é ser campeão disso ou daquilo, e sim formar jogadores de qualidade para o grupo principal. Se eu tiver que escolher entre um título na base e a formação de um craque para o time de cima, fico com a segunda opção.

Neste aspecto, só resta esperar. O tempo dirá quem foi o real vitorioso desta Copinha.

FUNIL

O funil da passagem para o grupo principal é estreito. No entusiasmo a gente cita vários nomes, mesmo sabendo que apenas dois ou três vão emplacar realmente.

Meus candidatos: o goleiro Adriel; o lateral direito Vanderson (que não jogou a final); o zagueiro Heitor; os volantes Gazão e Diego Rosa (perdeu um gol feito no final do jogo); o meia Pedro Lucas; e os atacantes Elias e Fabrício o autor da bela jogada do gol azul.

SUB-40

Com as contratações de Diego Souza e Thiago Neves o Grêmio parece estar formando um time sub-40.

Temos então que no momento em que forma jovens talentos o Grêmio reduz o espaço para aproveitamento de suas promessas trazendo medalhões em visível declínio técnico e físico.

Grenal na Copinha e a desastrada ideia de contratar Thiago Neves

Estava eu aqui refletindo se vale a pena continuar com o blog, enquanto acompanhava Grêmio x Oeste, pela Copinha, quando desaba sobre minha cabeça a notícia de que o clube fez proposta para Thiago Neves, que rescindiu com o Cruzeiro.

Pensei que seria mais uma barrigada, mas parece que é verdade. Talvez quando eu terminar de escrever essas linhas o negócio até esteja confirmado.

Sou muito contra essa contratação. Reconheço em Thiago Neves muitas qualidades técnicas, todas elas esmaecidas depois de longo tempo de carreira. Aos 34 anos, TN já não é o mesmo jogador. E tem contra si, ainda, seu comportamento recente no Cruzeiro. Nem vou entrar em detalhes.

Sou da opinião que equipes vitoriosas, campeãs, são formadas por bons jogadores e excelentes cidadãos, sempre com uma ou outra exceção em termos de comportamento dentro e fora de campo.

Tem ainda a questão do custo. Jogador como ele pode dar sinais claros de decadência que ele não abre mão de contratos milionários.

Outra coisa: sua presença acaba afetando o surgimento de alguém da base.

Portanto, não quero TN no Grêmio.

Como a minha opinião não conta absolutamente nada, tem o peso de uma pluma, penso que ele virá mesmo. Agora, se isso acontecer, se for inevitável mesmo a vinda, que seja por um contrato de no máximo até 31 de dezembro deste ano.

Um contrato com prazo maior será motivo de um levante da torcida. Todo discurso e ações de austeridade da direção tricolor irão escorrer ralo abaixo.

É preciso dar um basta nessa politica imposta pelos representantes de atletas de só aceitar contratos de dois anos ou mais, o que contribui para abalar as finanças de qualquer clube (vice caso Kléber Gladiador).

O Grêmio não pode compactuar com isso.

COPINHA

Assisti aos dois jogos da fase semifinal, entre alguns outros das fases anteriores.

Sábado é a decisão. Um Grenal. O Grêmio busca seu primeiro título no torneio. O Inter já possui quatro.

O Grêmio só chegou uma vez à final, em 1991, quando foi batido por Dener e cia.

Meu prognóstico: se o Inter repetir a atuação que teve sobre o forte time do Corinthians (3 a 1), e o Grêmio não melhorar seu desempenho em relação ao jogo contra o Oeste (vitória por 1 a o), dá vermelho de novo.

Ah, importante: o Grêmio jogou sem Diego Rosa, seu principal jogador. Com ele, a coisa já muda de figura.

Agora, Elias, autor do gol da vitória, com decisiva participação de Fabrício (já elogiado aqui), precisa ser mais solidário e ter mais tranquilidade em suas opções no jogo. Ele errou muito, inclusive perdendo um gol imperdível no começo da partida.

A talentosa gurizada gremista e a lembrança de Dener

A nova geração de talentos do Grêmio começa a despontar. Primeiro, na Copa RS (Grêmio campeão no mês passado), agora na Copa São Paulo de Juniores, e, de quebra, na decisão da Recopa gaúcha, que aconteceu neste domingo e terminou com uma tremenda injustiça: vitória do Pelotas nos pênaltis, depois de empate por 1 a 1.

O Pelotas usou e abusou de faltas, todas na medida certa para que ninguém fosse expulso. Mesmo assim, a gurizada gremista não se intimidou e foi pra cima em busca do gol em jogadas trabalhadas e dribles desconcertantes. Neste aspecto, destaque para Ferreira, o melhor da partida, apesar de abusar demais da jogada individual.

Nada que o Departamento de Lapidação não resolva rapidamente, ainda mais sob orientação do guru/mestre Renato Portaluppi. Agora, será preciso um intensivo do Renato, porque Ferreira, ou Ferreirinha, já está com 22 anos, feitos agora dia 31 de dezembro. Portanto, a lapidação deverá ser efetivada enquanto o guri busca um lugar no time titular (eventual substituto de Éverton), treinando entre os profissionais.

Um ‘golo’ de cabeça, principal arma dos times limitados tecnicamente diante de um adversário mais qualificado, acabou levando a decisão aos pênaltis. O Pelotas abriu o placar com um gol de bola parada. Já o Grêmio, por excesso de individualismo e preciosismo, além de inexperiência na definição, marcou através de Ferreira, quase no final, aparando de cabeça cruzamento da direita, em jogada trabalhada.

Aqui, uma pausa para destacar um jogador sem o brilho de alguns que estão na Copa SP ou que foram campeões na Copa RS (1 a 0 sobre o Atlético MG na final). É o lateral direito Felipe. Acompanhei esse jogador na Copa RS e hoje ele confirmou que se trata de um lateral que merece ser avaliado com cuidado pelo Renato. É discreto, simplifica, faz o básico, como marcar com eficiência e ir ao fundo no momento certo, o que aconteceu quando ele cruzou na medida para Ferreira marcar.

COPINHA

Na quarta-feira, 17h30, o Grêmio decide a semifinal com o Oeste, que eliminou o São Paulo. No outro jogo, na terça, Corinthians x Inter, que chegou aos trancos e barrancos, além de um e outro sopro amigo.

Até hoje o Grêmio não conquistou o título da Copinha, que está em sua 50ª edição.

O mais próximo que chegou, salvo engano, foi em 1991. Mas aí teve a infelicidade de pegar na final a Portuguesa, comandada por um dos maiores jogador que vi jogar (e que posteriormente ajudei a trazer para o Grêmio): Dener. Foi 4 a 0 e show de Dener.

Agora, comprovando que são poucos os jovens passam pelo funil e acabam se projetando, ganhando milhões.

Dener foi o único do time campeão a realmente ter sucesso. Faleceu prematuramente num acidente de carro.

No time titular da decisão, apenas Danrlei acabou confirmando e empilhando títulos. Mabília seria o segundo nome, mas de trajetória mediana.

Então, de todos esses bons jogadores que estamos acompanhando, raros são aqueles que realmente irão estourar, por mais que se torça por eles.

Gurizada avança na Copinha em meio à revolução no clube

Não sei se o Grêmio vai, finalmente, conquistar a Copa São Paulo de Futebol Júnior, a Copinha. Sei que é a segunda vez seguida que o clube chega às quartas-de-final, onde irá enfrentar o Vasco da Gama. Jogo duro.

Como foi duro também o jogo contra o Atlético Mineiro. A goleada por 4 a 1 dá impressão de que foi um massacre técnico e tático. Foi, na verdade, um jogo equilibrado. Mas o resultado foi justo.

Agora, o que importa mesmo é a formação de jogadores. O título será bem-vindo, até porque o rival da aldeia já conquistou a Copinha em quatro oportunidades.

É bom vencer. Estou na expectativa de título, mas se foi batido nessa caminhada, ficarei feliz se o time de juniores revelar uns dois ou três jogadores para o time principal. Mais do que isso é muito difícil.

Aqui vão os jogadores que mais me deixam entusiasmado. Começo por uma velha necessidade, a lateral-direita:

Vanderson joga muito. Marca forte e firme, sai jogando com qualidade e tem boa leitura de jogo. Seria o caso de já subir para evoluir com os titulares.

Outro que, apesar de seus 18 anos, parece pronto é o volante Diego Rosa. Chuta bem de fora da área, faz lançamento ao estilo Dinho e marca forte, sem ser violento. Está pronto para subir.

Acrescento ainda o goleiro Adriel, os meias Pedro Lucas, um articulador incansável, e o goleador Elias, fez dois no Atlético, totalizando cinco gols no torneio.

Destaco também o meia Rildo e o centroavante Fabrício, este principalmente pela visão de jogo: deu os passes para os dois primeiros gols, no momento mais complicado do jogo.

Enfim, não sei se seremos campeões, mas já dá para comemorar e enaltecer o excelente trabalho que vendo sendo feito na base.

REVOLUÇÃO

O presidente Romildo Bolzan segue seu trabalho de reformular o futebol gremista. Conseguiu livrar-se de Tardelli e hoje deve acertar o desligamento de André.

Fora isso, está trazendo novos profissionais. O tempo dirá se as escolhas são as melhores.

Espero que questões político-partidárias não se sobreponham aos interesses do clube.

TEXANO

Ricardo Wortmann, o homem que escancarou a existência da IVI, está publicando frases atribuídas aos texanos, que seriam o torcedores que apreciam o futebol mais truculento, do vigor físico, da garra e da bravura.

O texano legítimo, de raiz, gosta de volante que suja o calção de barro; considera que a figura do centroavante aipim é fundamental; e defende a ideia de “fechar a casinha”, ou seja, adora uma retranca.

Para esse pessoal, o time do Renato é faceiro.

Bem, eu defendo o esquema de jogo do Renato, assim como festejei o esquema de Tite na conquista da Copa do Brasil, em 2001. E, claro, comemorei e vibrei muito com o Grêmio do Felipão, mas ainda prefiro um time que procura acima de tudo jogar futebol.

Apesar disso tudo, sou considerado um texano. Segundo o RW, o texano envergonhado. Tudo na camaradagem de mesa de bar.

O problema é que agora ele está cometendo uma tremenda injustiça ao atribuir a mim uma das frases usadas pelos texanos:

“Depois dos 35 minutos não tem mais jogo”.

É uma baita injustiça não a mim, mas ao Cacalo, que, pelo que eu soube, é o criador da frase, soprada nos ouvidos do Felipão nos jogos mais encardidos, quando o time estava garantindo um “pontinho fora”, todo fechado atrás.

Revolução no vestiário abre caminho para mais mudanças

O presidente Romildo Bolzan surpreende com uma revolução no vestiário do Grêmio. Começou na semana passada com o desligamento de fisiologistas, fisioterapeuta e nutricionista. Hoje, foi a vez do preparador físico e do treinador de goleiros, ambos com quase duas décadas de clube.

Sobrou até para o competente assessor de imprensa João Paulo Fontoura, meu colega na editoria de esportes do Correio do Povo, há uns dez anos. JP deixa o Grêmio de cabeça erguida. Foi o único que peitou o presidente da FGF, Francisco Noveletto.

Desconfio que a saída de JP possa ter sido em função da entrevista explosiva do goleiro Paulo Victor. A direção pode ter avaliado como erro a liberação do goleiro, que caiu em desgraça perante a torcida. PV foi uma ovelha cercado por uma alcateia faminta. Acuado, se defendeu do jeito que foi possível, sobrando farpas para todo lado.

De concreto apenas o trabalho bastante questionável de alguns profissionais na temporada passada, o que levou parte da torcida a saudar a decisão do presidente. Eu mesmo tinha restrições à preparação física do time.

Agora, por que Bolzan, esperou os treinamentos começarem? Não seria o caso de começar já com uma nova comissão técnica? O que aconteceu?

A única explicação que vejo e que se costuma fazer no futebol: limpeza da área.

Bolzan, talvez cansado de acumular funções, encontrou alguém que ele considera adequado para o trabalho no futebol. Pode ser um vice de futebol (cargo político).

Pela movimentação do presidente, aposto mais num dirigente remunerado, alguém experiente, com trânsito livre e com histórico recente de vitória.

Dentro desse raciocínio, penso que não se pode afastar a figura de Paulo Pelaipe, de excelente trabalho no Flamengo, de onde foi demitido sob fortes protestos da torcida.

Há outros nomes no mercado, mas penso que Pelaipe é o mais forte no momento. Isso não significa que eu defenda sua contratação.

Por fim, sou mais favorável a um vice político, tipo Adalberto Preis, que, ao lado de Ico Roman, tirou o Grêmio do atoleiro de 15 anos sem grandes títulos.

O volante ‘raçudo’ e os saudosistas dos anos 90

Aí a gente abre o jornal e depara com a ‘informação’ de que o Grêmio, a pedido do treinador Renato, busca um volante sul-americano ‘raçudo’.

Fiquei interessado, mesmo desconfiado de que seria mais um chute, uma especulação neste período de poucos fatos e infinitos boatos.

Não aparece no texto nada que sustente minimamente a afirmação. Diz apenas que o time perdeu dois volantes de marcação e que vai precisar de pelo menos um tipo o Michel e o Rômulo. E só.

É quase certo que virá um volante de mais pegada no meio, até como opção de jogo em algum momento. Mas o técnico gremista já deixou claro que sua preferência é por volantes de ‘saibam jogar’.

Esse tipo de matéria especulativa tem como principal objetivo preencher espaço no jornal/site.

Mas o tom enfático de que Renato pediu um volante raçudo, forjado nos campos ásperos da América Latina, remete para uma velha discussão sobre a forma de jogar do time.

Apesar de interromper um ciclo de 15 anos sem título, o time de futebol franco, arrojado e ainda por cima bonito, com poucas faltas, armado por Renato em 2016 tem alguns críticos, muitos deles com história no clube, com influência política, além de jornalistas.

‘Faceiro’ é a palavra mais usada por esse pessoal, que continua com os dois pés cravados nos anos 90, para definir o tipo de jogo desse Grêmio que voltou a ser campeão depois de tanto tempo e, ainda por cima, ‘Que sacrilégio!’ sem resquício de violência.

O declínio do time dá um novo gás a esse grupo, que tem Felipão como maior guru, e que mal disfarça admiração pelo técnico que não ouso dizer o nome, mas que anda esquecido, à espera de um telefonema. Esse grupo admira, ainda, Mano Menezes, Odair, e outros menos votados, além de defender o volante raçudo, o zagueiro espantador e o centroavante de carteirinha, cabeceador juramentado.

Então, esse tipo de matéria parece ter sido encomendada pelos saudosistas de um tipo de futebol que nos deu muita alegria, com certeza, mas que está virando peça de museu.

Ainda sobre lobby: nada supera o feito para repatriar Edílson. Impressionante, injustificável.

COPINHA

Por falar em volantes, quem sabe uma olhada mais firme para a gurizada da base. Tem cada volante bom surgindo…

GOLEIRO

É impressionante o lobby para trazer Vanderlei. Goleiro veterano, rumando para a aposentadoria, que, segundo os lobistas, viria para substituir Paulo Victor com vantagem.

Ora, são dois goleiros do mesmo nível. PV pode ter cometido erros, mas está longe de ser essa desgraça que os lobistas querem fazer parecer. Pelo contrário, é um bom goleiro.

Aqueles que detonam PV será que realmente acompanharam Vanderlei para garantir que ele é superior?

O melhor é investir nos goleiros da base, uma tradição do clube, aliás.

Por fim, está na hora de formar goleiros que joguem com o pé, tendência mundial.

Grêmio mantém um grupo forte para reiniciar

São raros os clubes no país que conseguem iniciar uma temporada com o time titular praticamente definido (dúvidas em duas ou três posições) e um grupo de bom nível.

Mesmo assim há espaço para qualificar e tornar o time ainda mais competitivo, brigando pelos títulos como tem acontecido desde 2016.

Raros são os clubes, também, que conseguiram manter um nível de rendimento nesses três anos e meio tão alto quanto o Grêmio. Alguns não reconhecem isso e vivem encontrando algum motivo para criticar.

Por exemplo, cobram da direção mais agilidade e celeridade nas contratações (‘Mas como, só dois reforços até agora?’). Não falta gremista irritado por que o time começa o ano sem as contratações que estariam faltando, na opinião deles.

É evidente que também sou a favor de começar com o grupo plenamente reforçado, mas não é fácil negociar com tantos atores envolvidos em cada negociação.

Sem falar na concorrência como a de um Flamengo, que contrata quem quer a hora que quiser.

Tem, ainda, aqueles torcedores revoltados por que o Grêmio começou a temporada somente a partir desta quinta, dia 9. É a ‘cultura da preguiça’ prevalecendo, dizem nas redes sociais.

Não vejo ninguém elogiando as dois ‘reforços’ dos mais importantes e que não está sendo contabilizados: a não contratação de Edílson e a não contratação de Pedro. Torço agora para que Vanderlei não seja contratado.

Impressionante o que tinha de torcedor e jornalista querendo ver Edílson de volta ao tricolor. Pelamordedeus! Sem comentários.

Já minha satisfação pela não vinda de Pedro se deve a três coisas:

-custa muito caro

-passou por uma cirurgia muito delicada

-um camisa 9 como ele já chega como titular, o que acaba prejudicando a aplicação e consolidação do esquema de ataque móvel, o meu preferido.

Centroavante de carteirinha somente alguém com cacife menor, para que ele chegue como opção, como alternativa de jogo, nunca como um jogador que ganha a posição de cara, só no nome.

Mas nossa cultura futebolística resiste a jogar sem o camisa 9 (Jardel deixou adoradores).

Não quero dizer que times com centroavante não funcionem, apenas entendo que o esquema com mais flexibilidade na frente é mais eficiente e competitivo hoje, além de ser mais agradável de assistir.

Saudade daquele time que ganhou a Copa do Brasil de 2016 e a Libertadores de 2017. Aliás, já sinto saudade de Luan.

Noites atrás sonhei com ele arrebentando no Corinthians. Sério.

Por fim, faltam sair alguns nomes. Eles estavam lá na Arena. Medo.

A LISTA

Goleiros
Paulo Victor
Julio César

Zagueiros
Geromel
Kannemann
David Braz
Paulo Miranda
Rodrigues
Marcelo Oliveira

Laterais-direitos
Victor Ferraz
Leonardo Gomes

Laterais-esquerdos
Cortez
Juninho Capixaba

Volantes
Maicon
Lucas Silva
Darlan
Thaciano

Meias
Jean Pyerre
Patrick 

Atacantes
Alisson
André
Diego Tardelli
Everton
Luciano

Jesus demorou mas respondeu a Renato

Em longa entrevista para uma emissora de TV de Portugal, o técnico Jorge Jesus finalmente respondeu ao seu colega brasileiro, Renato Portaluppi. A resposta chega com uns três ou quatro meses de atraso, o que me lembrou um velho ex-piloto de F-1, até hoje alvo de brincadeiras e piadas.

Em setembro do ano passado, Renato, que ainda não descobriu que manter a boca fechada por vezes pode ser melhor para ele, decidiu questionar Jesus, que começava uma arrancada rumo aos títulos do Brasileirão (prioridade anual de um grupo de gremistas que mal lotam uma Kombi – vou ser linchado depois dessa) e da Libertadores.

Jesus bateu forte, mas com elegância.

— Eu achei que só poderia responder isso com trabalho. O Renato também nunca saiu do Brasil. Nunca ganhou nenhum Campeonato Brasileiro. Mas tudo bem, o Renato é um treinador querido no Brasil. Antes de eu chegar, ele era o número 1 — afirmou o português.

Esse português decididamente não é o das piadas. Sabe ser fino e ácido. Gostei da frase final: “Antes de eu chegar ele era o número 1”. O Renato deve estar se revirando. Esse missa ainda vai longe.

Tudo começou com essa declaração de Renato, sentindo-se ameaçado na disputa pelo trono de melhor técnico em atividade no país:

— Concordo que o Flamengo está jogando o melhor futebol do Brasil junto com o Grêmio, mas o Jorge Jesus ganhou só dois ou três títulos portugueses. E saiu de Portugal, foi para a Arábia. Ele nunca treinou fora de Portugal um grande clube na Europa. Nunca conquistou nada e está com 65 anos — disse Portaluppi.

Não precisava, mas aí não seria o Renato, que não deixa nada pra depois.

O fato é que os dois têm um tanto de razão.

Agora, se olharmos a trajetória dos dois, Renato ganha fácil em termos de consagração e conquistas como jogador e treinador. Até estátua virou.  

Sem esquecer nunca que a carreira de Jesus, mediana como jogador e técnico (até esta passagem consagradora por aqui) se desenvolveu em Portugal, uma espécie de Goiás do futebol europeu.

Ah, os melhores momento do futebol português foram com dois brasileiros: Oto Glória, nos anos 60, e Felipão.

Mas o jogo não terminou, tem mais provocações por aí. É só uma questão de tempo.