Inter escapa de outra goleada na Arena

O Grêmio perdeu a chance de aplicar nova goleada no seu maior adversário abaixo do Mampituba. O time de Renato Portaluppi teve um amplo domínio, que pode ser exemplificado pelos gols perdidos e também porque seu goleiro, Paulo Victor, que alguns gremistas fizeram de tudo para desestabilizar através das redes sociais, não fez nenhuma defesa.

Que eu me lembre, PV encaixou uma bola no chão, sem qualquer perigo. Uma bola que, diria Renato, até uma mulher grávida pegaria.

Depois, PV foi patético. Em vez de chutar a bola que lhe havia sido recuada, atrapalhou-se e precisou driblar Guerrero na risca da grande área. Por pouco não entregou. Nessa jogada temerária o goleiro tricolor mostrou que sentiu o peso das críticas e das manifestações jocosas e debochadas de parte de sua própria torcida.

Essa foi, então, a participação de Paulo Victor no jogo – ainda bem que ficou só nisso. Resta esperar que ele recupere-se emocionalmente para os jogos que ainda faltam no Brasileirão. No mais, se colocassem um cone na goleira não faria a menor diferença.

Com os 2 a 0 sobre o Inter, o Grêmio distanciou-se mais do rival e encostou no São Paulo na briga pela quarta vaga. Renato conseguiu recuperar o time após os 5 a 0. São oito gols marcados e um sofrido, em três jogos disputados, somando nove pontos. E isso sofrendo com lesões – curiosamente, o time que mais poupou é um dos que aparece com mais problemas musculares.

Sobre o clássico, destaque para a dupla de área que anulou Guerrero, que fala muito e joga pouco ultimamente, em especial quando tem Geromel e Kannemann, que colocou o peruano no bolso mais uma vez.

O lateral Bruno Cortês fez uma partida luxuosa, mostrando vigor físico e determinação ofensiva, além de comprar algumas brigas, sem se intimidar. Diria que nem o Dinho faria melhor. Bruno tem seus problemas, mas não há muitos melhores que ele por aí. E pensar que o Grêmio tentou muito o Zeca, então no Santos.

A dupla de volantes se impôs ao natural. Maicon sentiu um desconforto muscular mas resistiu até a vitória ficar encaminhada a partir da expulsão. Sobre o Matheus Henrique, todos os elogios são insuficientes. Ele foi ESPETACULAR. E também mostrou que não medo de cara feia, pelo contrário, curte um olho no olho. A CBF tira MH do Grêmio justo no confronto com o Flamengo pelo Brasileiro para um joguinho mequetréfe da seleção sub qualquer coisa.

Na frente, a satisfação de ver que Diego Tardelli começa a justificar o elevado investimento nele feito pelo clube. Uma atuação de gala, armando, marcando e criando jogadas na área vermelha. O drible que ele deu no galinho garnizé, nos minutos finais, foi bom demais de se ver.

Alison, Éverton e Luciano foram bem, mas nenhum deles empolgou tanto quanto Tardelli e MH. Se eles fosse mais objetivos e Éverton menos fominha, o time não teria errado tanto no último e no penúltimo passe, o que acabou resultando numa vitória com placar que não representa o que aconteceu neste domingo na Arena.

Méritos, claro, para os dois goleiros colorados, que fizeram defesas difíceis.

Sobre a expulsão, Lomba deu uma voadora nas pernas de Luciano. O árbitro não tinha outra alternativa a não ser expulsar o goleiro, independente de o auxiliar ter assinalado impedimento quando a jogada se definiu. A CBF precisa mudar essa determinação de que o bandeirinha só pode marcar eventual impedimento – como neste caso – quando a jogada concluída.

O fato é que o juiz, até vou dar o nome dele aqui, Flávio Rodrigues de Souza, acertou em cheio na expulsão e depois em marcar o impedimento, bola para o Inter. Simples. Ele foi correto em praticamente todos os lances do jogo.

Mas errou feio no final ao não assinalar pênalti de Moledo em Éverton, que fazia fila dentro da área.

Sobre os gols, Alison, que bate muito bem na bola, cobrou falta pela esquerda, aos 33min, e encontrou Geromel, que fulminou o goleiro colorado. O segundo gol, aos 32 do segundo tempo, foi surpreendente: Rômulo recebeu um recuo de Pepê, que recém havia entrado, e chutou com o pé esquerdo, um chute colocado que encobriu o goleiro Danilo Fernandez, que estava um pouco adiantado.

Depois, com um jogador a mais, o Grêmio continuou criando chances. O Inter escapou de uma goleada histórica. Mais uma.

Gremistas que corneteiam Paulo Victor ajudam o Inter

Nessa minha longa trajetória como repórter esportivo (leia-se futebol), conheci vários tipos de torcedor – e vale pra todos, gremistas, colorados, flamenguistas, etc, porque há pouca diferença entre eles.

Tem um tipo de torcedor em especial que me deixa intrigado. É o torcedor auto-destrutivo. Vocês os conhecem, identificam facilmente nas redes sociais, onde cada manifestação para o bem ou para o mal ecoa, reverbera e cruza o planeta.

Até alguns anos atrás, esse torcedor, que em sua paixão muitas vezes nem desconfia que está prejudicando seu próprio clube e, por extensão, a si mesmo, destilava seu veneno aos microfones e ao telefone para veículos de comunicação. Agora, os canais são em maior números e com muito maior alcance.

Neste momento, ou melhor, desde a derrota para o Flamengo, os gremistas auto-destrutivos estão em campanha contra os interesses do clube. A todo instante surge no twitter, no face e nas mídias tradicionais ataques ao goleiro Paulo Victor. O goleiro melhor preparado que o Grêmio conta para o Gre-Nal está sendo alvo de uma gritaria que abala qualquer profissional.

É uma campanha raivosa e debochada, cruel mesmo. Nem vou entrar no mérito, mas a meu ver é uma gritaria ruidosa, ensandecida, disfarçada de piadinhas sem graça, que servem apenas para uma coisa: abalar ainda mais a confiança do goleiro, a mais sensível posição do futebol.

Paulo Victor nunca foi o goleiro dos meus sonhos, mas confesso que ele até me surpreendeu positivamente, fez grandes partidas, fato desprezado por aqueles que mais deveriam ajudar PV a se reerguer e entrar no jogo deste domingo com moral e auto-estima elevada.

Ele falhou feio contra o Vasco (coisa rara em sua trajetória até aqui no Grêmio), mas em nome de uma vitória no clássico isso deve ser relevado, até porque o substituto imediato não é confiável e lançar o jovem Phellipe na fogueira de um Gre-Nal decididamente não é uma boa ideia.

Espero que os torcedores equilibrados e sensatos, que são em esmagadora maioria, pensem no Grêmio e no quanto é importante ter um goleiro tranquilo e prestigiado, ovacionando-o quando seu nome for anunciado no alto-falante da Arena.

Por fim, um apelo aos gremistas inconformados com PV: se não querem apoiar o goleiro que temos fiquem em silêncio até a hora do jogo.

Assim, estarão ajudando o Grêmio, não o Inter.

Renato corrige erro e acerta o time na vitória sobre o Vasco

Renato escalou mal e substituiu bem, corrigindo a tempo a sua opção de começar contra o Vasco com dois volantes que não se completam, porque ambos têm dificuldade para armar e chegar à frente com qualidade.

Quando soube que o Grêmio começaria com Rômulo e Michel imaginei que seria uma noite de horror, tendo ao fundo uma sinfonia de raios e trovões que desabaram sobre Porto Alegre na hora do jogo, inclusive obrigando o fechamento do aeroporto Salgado Filho.

Felizmente, não houve corte de energia elétrica na minha zona, o que permitiu que eu pudesse assistir ao jogo até o fim, feliz com a vitória por 3 a 1 sobre o Vasco, em pleno São Januário. Uma vitória que passou pela substituição de Michel (havia recém levado cartão amarelo e fazia uma partida atroz), logo aos 30 minutos.

A entrada de Pepê e a passagem de Thaciano para jogar ao lado de Rômulo melhorou o time, que ficou mais agressivo e melhor ajustado em campo. O próprio Rômulo cresceu tendo ao lado um jogador com mais saída de bola.

Antes disso, o gol do Vasco. Guarín cobrou falta, um chute rasteiro, relativamente forte, quase no meio da goleira. Paulo Victor, indicando que ficou abalado pela avalanche de críticas que recebeu após os 5 a 0, aceitou. Já há quem o queira fora do time domingo, no Gre-Nal. Não é hora de arriscar. É hora de dar força e apoio do goleiro, ou ao menos diminuir o tom da crítica para que ele recupere a serenidade. Por enquanto, até prova em contrário PV é o melhor goleiro do Grêmio.

Pepê marcou o gol de empate, após grande jogada individual. Depois, Éverton virou, depois de receber uma bola roubada por Darlan (o guri entrou muito bem mais uma vez). O terceiro gol foi de pênalti, cometido por Castan, que abriu demais o braço numa disputa pelo alto com Luciano. No primeiro tempo, ele foi advertido pelo juiz justamente por esse tipo de movimento que ele repetiu dentro da área.

O Grêmio subiu para o quinto lugar, dois a menos que o quarto, o SP, goleado pelo Palmeiras.

Destaco o desempenho da dupla de área e de Cortêz, que inclusive evitou um gol do Vasco a 10 minutos do final. Na frente, Tardelli voltou a jogar bem. Éverton foi o craque do jogo. Rodriguez entrou bem na lateral-direita. Mostrou que pode ser aproveitado por ali.

Grêmio joga bem, vence e mostra que goleada foi fora da curva

Para aqueles que previam um Grêmio abalado e desestruturado, arrasado pela goleada diante do Flamengo, resultado considerado ‘normal’ pelo vice-presidente Duda Kroef, a vitória por 3 a 0 sobre o Botafogo foi um alento.

Aqueles que já elaboravam lista de dispensas e até sugeriam contratações pelas redes sociais, talvez deixem de ser tão radicais, usando a eliminação humilhante da Libertadores como suporte para uma política de terra arrasada, em que nada presta, talvez amenizem um pouco suas críticas, porque o time mandou bem depois da queda.

O Grêmio fez uma partida que lembrou o ciclo de vitórias e boas atuações. É claro que depois dos 5 a 0 resta muita desconfiança sobre a capacidade de alguns jogadores e até do técnico Renato Portaluppi. Mas a amostra foi boa, estimulante, e quem foi à Arena saiu de lá satisfeito, embora ainda ferido e magoado com o time.

O gol logo cedo contribuiu para dar tranquilidade ao time e conquistar a torcida, como quem diz: “Podem confiar em nós, a goleada foi um acidente”.

Maicon, o capitão de atuação apagada no meio da semana, comandou a vitória. Abriu o placar ao receber um passe precioso de Luciano, que substituiu André, suspenso.

Com 11 em campo fica menos difícil, e Renato já deveria saber disso. As melhores atuações no Brasileirão foram sem André. As piores, com André.

O segundo gol também saiu de uma bola trabalhada, com Éverton achando Tardelli (em sua melhor atuação, comprometido e eficiente), que invadiu a área pela esquerda e chutou para Gatito salvar, mas nos pés de Thaciano, que só encostou para as redes.

Nesse lance, Gatito, citado por muitos gremistas como um goleiro que substituiria Paulo Victor com vantagem, por ironia, repetiu o que fez PV no primeiro gol do Flamengo: defendeu do jeito que dava, porque era um chute forte, quase à queima-roupa.

Mas faço questão de deixar isso registrado até como forma de fazer justiça a esse goleiro de tantas grandes atuações com a camisa tricolor.

No terceiro gol, mais uma vez bola trabalhada. Depois de um bombardeio, Éverton pegou o rebote e chutou forte.

Gostei da resposta que o time deu. O Grêmio mais uma vez avança na tabela, agora com melhores possibilidades na competição porque já não há mais a Libertadores pra ‘atrapalhar’. Pena que o título agora é impossível. No máximo, um terceiro ou quarto lugar.

Alguém precisa responder pela goleada, e não é o torcedor

O futebol mudou muito nos últimos anos. Algumas coisas para melhor, outras para pior. No meu tempo de repórter esportivo, era possível conversar com os jogadores e o treinador à beira do campo após os treinos. Longas conversas, entrevistas exclusivas. Hoje, tudo termina na entrevista coletiva, não mais do que duas ou três por semana.

Ficou dura a vida de repórter. Ainda bem que não precisei passar por isso.

Se a vida do repórter complicou, a do dirigente de futebol ficou mais tranquila. Tempos atrás, a segunda cabeça a rolar era a dele em caso de algum fiasco ou simplesmente insucesso no campeonato regional, então muito mais valorizado e importante. Claro, o primeiro a cair era o treinador.

E isso continua assim como se constata seguidamente, mesmo que o técnico tenha feito um trabalho correto. Para manter sua cabeça sobre os ombros, o dirigente de futebol cede facilmente ao apelo popular e dos invictos, como definiu o argentino César Menotti, referindo-se aos cronistas esportivos. Hoje, ele diria o mesmo sobre o pessoal das redes sociais, ruidoso, inconsequente e incoerente, de modo geral.

Então, nos velhos tempos, nem tão velhos assim, dificilmente um dirigente seria mantido no cargo se o seu time sucumbisse de maneira estrondosa, com repercussão mundial, abalando a imagem do clube. Foi o que aconteceu quarta-feira, no Maracanã.

Li e ouvi torcedores se manifestando, pedindo a cabeça do vice de futebol Duda Kroef, um sujeito simpático, cordial e muito bem educado, mas que não conquistou a confiança da torcida, e não é de hoje.

O presidente Romildo Bolzan jamais atenderia esse pedido/apelo. Seria o mesmo que apontar o culpado pela eliminação na Libertadores, competição na qual a direção do clube depositou todas as suas fichas, inclusive abrindo mão da disputa do título do Brasileiro.

A outra saída seria fazer o de sempre: demitir o treinador. Mas Renato não é apenas um treinador, é uma estátua, é um líder. Então, quem deveria cair?

O titular do futebol, o vice de futebol Duda Kroef. Para evitar maiores constrangimentos, num gesto de grandeza, amor ao clube e desapego ao cargo, cabe ao dirigente pedir seu afastamento do futebol, mesmo que a responsabilidade pelo que aconteceu não seja toda sua.

O torcedor merece uma resposta à altura do vexame, não apenas explicações que nada explicam.

Grêmio desaba no Maracanã e está fora da Libertadores

Flamengo 5 x 0 Grêmio, dia 23 de outubro, Maracanã. A noite em que o Grêmio tão vitorioso nos últimos anos conheceu o fundo do poço. O resultado tão elástico surpreende, mas expressa sem exagero o que foi a superioridade técnica e tática do Flamengo sobre o Grêmio na disputa por uma vaga na final da Libertadores/2019.

O Flamengo começou a ganhar no departamento médico, que conseguiu recuperar jogadores importantes, e na preparação física, que tem permitido que o técnico Jesus escale seu time principal em todos os jogos, abalando a cultura da preservação de titulares. Uma cultura da qual o Grêmio é um expoente.

É lógico que o Grêmio sentiu a falta de Luan e Jean Pyerre, articuladores fundamentais no esquema do Renato, e principalmente a presença de novo de André. Faltou também um lateral-direito realmente confiável, tanto que o técnico Renato se viu obrigado a improvisar um zagueiro na posição que seria do veteraníssimo Léo Moura e do insuficiente Galhardo, uma contratação inexplicável. A emenda ficou pior que o soneto, porque Paulo Miranda marcou mal e quando tentou apoiar não sabia o que fazer com a bola, matando jogadas pelo lado direito. O Grêmio ficou um time capenga, e, muito bem marcado nos raros momento em que ficou com a bola.

Além da superioridade do Flamengo, que jogou com sua força máxima, coisa que poucos acreditavam que aconteceria, é preciso ressaltar que nunca tantos jogadores foram tão mal numa partida desde a chegada de Renato. E quanto isso acontece diante de um time rápido e objetivo um massacre pode acontecer, e aconteceu.

A rigor, apenas um jogador tricolor foi realmente bem: Éverton, que além de muito bem marcado e sem Luan ou JP ficou desamparado. Ainda é possível citar Matheus Henrique, num nível um pouco mais abaixo. O restante naufragou. Alguns tiveram desempenho melancólico e revoltante.

O começo do jogo foi muito equilibrado, mas já com o Flamengo tomando a iniciativa e chegando com algum perigo. O Grêmio dava a sensação de que a qualquer momento poderia encaixar um contra-ataque. Pura ilusão.

O primeiro gol abriu a porteira para a boiada passar. A jogada começou com uma roubada de bola do Flamengo no campo ofensivo do Grêmio, com Maicon e Michel entregando a bola para um ataque rápido, com a bola sobrando para Bruno Henrique marcar após rebote de Paulo Victor.

Esse tipo de erro no meio de campo aconteceu inúmeras vezes, com o trio Maicon, Michel e MH sentindo a marcação ostensiva, que deixou o ataque muito isolado. Foram poucas as vezes em que o Grêmio conseguiu reter a bola por um ou dois minutos. Realmente, Luan e JP fizeram falta.

Já no segundo gol, eis que o glorioso André, posicionado junto à primeira trave, afastou de cabeça para o miolo da área (coisa de amador), nos pés de Gabriel, que agradeceu o presente do colega centroavante e mandou para a rede. Foi ali que o Grêmio começou a desmoronar. Os outros gols vieram ao natural.

Vamos ver o que pode surgir dos escombros.

Meu time ideal para bater o Flamengo no Maracanã

Um velho companheiro de redação detestava especular escalações e ficava irritado quando alguém pedia sua opinião sobre quem deveria começar o jogo, se fulano ou beltrano.

Ele era um ranzinza, e ainda é, mais agora com a idade avançando. Por isso, a gente gostava de provocá-lo debatendo qual seria a melhor formação para determinada partida, especialmente em jogos decisivos, como este de amanhã contra o novo queridinho da mídia (que até pouco tempo atrás era o Grêmio, mas sem o oba-oba ruidoso da mídia carioca.

-O treinador é pago e muito bem pago para escalar o time, por que eu vou me preocupar com isso? E vocês ainda perdem tempo com essa discussão que não leva a nada – dizia, cuspindo fogo.

De fato, o que nós ganhamos com isso? Ora, escalar time, sugerir contratações e demissões sumárias, cobrar isso ou aquilo, são ações que fazem parte da rotina do torcedor, ainda mais agora com as redes sociais, onde já li de tudo nos últimos dias, com a temperatura emocional elevando-se à medida em que se aproxima a decisão, o jogo do ano.

Eu sei que o Renato não vai ler o que escrevo, mas meu amigo rabugento vai. Então, a exemplo de uma legião de analistas e palpiteiros, ouso escalar o time que considero ideal para enfrentar o Flamengo, essa máquina mortífera que o Grêmio terá de superar para disputar mais uma final de Libertadores.

As dúvidas são na lateral-direita e na meia, com a possível ausência de Luan. Ainda acredito (espero) que Luan jogue. Se ele não jogar, o time perde muito em qualidade no toque de bola (já não tem o JP).

Bem, pra começar, eu escalaria Léo Moura. Cheguei a pensar em Geromel jogando por ali, o que não deixa de ser uma possibilidade. Com Léo Moura é importante criar condições para explorar sua qualidade ofensiva, reforçando a marcação.

Neste caso, escalaria três volantes: Michel, Maicon e Matheus Henrique, com os dois últimos cuidando da articulação, e o primeiro aparecendo como elemento surpresa revezando com um dos ‘meias’. Penso que o time ganha em consistência defensiva e não perde em criatividade na frente.

Mais adiantados, mas participando da marcação em especial pelas extremas, eu começaria com Éverton, Alisson e Tardelli. Quem sabe com Pepê no lugar de Tardelli, que continua devendo, embora o jovem atacante seja um trunfo para o segundo tempo.

Agora, se Luan puder jogar, ainda assim mantenho o trio de volantes/meias. Luan começaria no lugar de Tardelli ou Alisson. Luan articularia com a dupla Maicon/MH, explorando a velocidade de Éverton e versatilidade de Alisson (ou Tardelli).

O Flamengo vive melhor momento, não há dúvida, enquanto o Grêmio vive com espasmos do futebol bonito e eficaz de dois ou três anos atrás, algo que pode muito bem se repetir no Maracanã lotado gritando ‘mengo, mengo’.

Calar o Maracanã não é fácil, mas o Grêmio já fez isso. E foi bom demais.

RENATO X JESUS

É uma guerra de vaidades. Os dois querem provar que seu time é o que pratica o futebol mais bonito e eficaz. Espero que Renato dê mais ênfase na eficácia. É por aí que poderá começar a vencer o duelo.

CANSAÇO

Eu penso que o Grêmio garante a vaga no segundo tempo se resistir bem no primeiro, quando o Flamengo estará com seu potencial pleno. O time do Jesus tem queda de rendimento no segundo tempo. Isso ficou visível no jogo na Arena.

JESUS

O Copião, sempre atento e com radar ligado, entra em contato para dizer que, a seu ver, o técnico português está muito mais focado no Brasileiro do que na Libertadores. Essa impressão eu também tive e ele deu a entender isso semanas atrás. Mas acho que o Jesus já percebeu a grandeza da Libertadores. Agora, na dúvida, ele opta pelo Brasileiro.

Nova derrota dos reservas e as dúvidas para enfrentar o festejado Flamengo

O Grêmio tem sofrido alguns gols com facilidade inquietante e irritante neste Brasileirão, em especial quando joga com o time reserva como aconteceu neste sábado. Os dois gols na derrota para o Fortaleza são exemplos de incompetência e falta de foco.

No primeiro, minutos depois de Paulo Miranda marcar de cabeça após cobrança de falta por Galhardo, mistura negligência com falta de atenção, com uma pitada generosa de desinteresse e ruindade mesmo.

Osvaldo, mesmo com Galhardo à sua frente, feito um cone de trânsito, cruzou meio que para se livrar da bola. Na área, o glorioso David Brás, tendo às suas costas o Wellington Paulista, que se jacta (com razão) de dar sorte contra o Grêmio.

A bola ainda quicou na grama antes de o atacante desviar com o pé, enquanto Brás tentava afastá-la de cabeça depois de ter dado à frente do lance para o adversário, o que é inaceitável. Detalhe, a bola que o zagueiro tricolor tentou cabecear vinha na altura do joelho, talvez um pouco mais. Ridículo.

O segundo gol começou com uma arrancada do glorioso Capixaba. Bah, agora vai – pensei. Passando a linha de meio campo ele adiantou demais, perdeu a bola, que foi para Wellington na direita. O capitão do Fortaleza cruzou despretenciosamente, até por falta de opção melhor. No centro da área o lateral Galhardo, enquanto os dois zagueiros observavam a jogada e o desespero do lateral e do goleiro, o jovem Phelipe, assim mesmo com PH.

Aqui, um aparte, o jovem goleiro não teve culpa nos gols. No segundo ele ficou indeciso entre sair ou ficar, ficou e levou. Se tivesse saído, teria levado o gol igual e seria corneteado e rotulado como goleiro que não sabe sair. No mais, ele foi pouco exigido, mas se mostrou seguro e tranquilo. Foi muito boa a iniciativa de Renato em escalar esse goleiro formado na base. Aliás, gosto quando o Grêmio coloca como titular goleiro formado no clube. Nesse gol, culpa dos dois zagueiros e do Capixaba.

No segundo tempo, o Grêmio foi muito melhor. O técnico Rogério Ceni adotou o esquema ‘chama derrota’, e só não perdeu o jogo porque seu goleiro fez duas ou três grandes defesas, e também porque outro ‘glorioso’ jogador, o Rômulo, perdeu um gol imperdível, isolando a bola.

PROJEÇÃO LIBERTADORES

Agora, o Flamengo. Renato tem um grande problema. Falta um lateral-direito mais confiável. Léo Moura e mesmo Galhardo chegam bem ao ataque, mas são inconfiáveis na marcação. A opção é escalar um zagueiro, o Paulo Miranda. O time ganha na marcação mas perde ofensivamente.

Como Renato depende muito de laterais que apoiem, acho que ele irá optar entre Léo e Galhardo. Thaciano seria uma alternativa, mas alguém sabe se ele foi testado na posição, ao menos em treinos? Acho que não.

Aliás, Thaciano foi mal como articulador. Realmente, não é a dele. Rezando para que Luan e/ou Jean Pyerre possam jogar.

Por fim, é incrível o número de notícias oriundas do Flamengo sobre seus lesionados, uma clara tentativa de confundir. Esperto esse português, que pra bobo não serve.

Tudo isso significa uma coisa: o Flamengo está respeitando muito o Grêmio. Talvez até com algum medinho.

Neste domingo, torço pelo Flamengo contra o Fluminense (e mais alguma lesão de titular), porque quero o ‘queridinho do Brasil’ cheio de banca na quarta-feira.

Gremista raiz mantém a fé e não se assusta com o Flamengo

O Grêmio fez uma de suas piores atuações na temporada. Quem reconhece isso é o técnico Renato. E todos nós concordamos.

A causa principal passa pelo jogo fantástico de quarta-feira, dia 23, Maracanã lotado, com a TV transmitindo para o mundo.

Se nós estamos ansiosos, contando as horas, sofrendo a cada atuação insuficiente, temor de que algumas individualidades não correspondam, imaginem os protagonistas. Eles também só pensam na grande decisão, o jogo do ano no Brasil.

Imaginem como se sentem aqueles jogadores que só levam pau nas redes sociais, a maioria dos gremistas nutella, um pessoal criado em meio aos títulos do ano 90 e festa na Goethe.

Um pessoal que nunca sentou na arquibancada de concreto escaldante da geral do Olímpico sob um sol inclemente.

Gente que nunca viveu o que nós, torcedores raiz, sentimos nos anos 70, os anos de chumbo dos gremistas. Nós sobrevivemos ao massacre dos títulos nacionais do rival e ao ufanismo vermelho na imprensa, fato amplamente divulgado pelo blogueiro Ricardo Wortmann, também ele um sobrevivente.

Aqui, entre os comentaristas do blog, tem pelo menos uma dúzia de gente que comeu o pão que o diabo amassou na década de 70 e que, por isso mesmo é mais resistente aos efeitos de eventuais tropeços ou quedas.

É claro que nos irritamos, nos revoltamos, mas já vimos tanta coisa que já não nos assustamos e sabemos ser tolerantes.

Não nos preocupamos com o que não é importante. E o que não é importante neste momento? É a atuação contra o Bahia. E será a atuação contra o Fortaleza neste sábado.

Nada disso importa. Esses jogos não refletem nem de longe o time que entrará em campo para calar o Maracanã mais uma vez.

Pode não acontecer, porque o Flamengo joga pelo empate e tem um time poderoso e por trás dele as forças do futebol, forças que eliminaram o Grêmio na Copa do Brasil com um erro escandaloso de arbitragem.

Apesar disso, os onze guerreiros que Renato ‘Midas’ Portaluppi escalar saberão honrar o manto sagrado jogando a 110% porque só assim se ganha uma Libertadores.

O Grêmio, que já conquistou três, sabe muito bem como é. O Flamengo, que conquistou uma, há meio século, tem uma vaga lembrança.

Então, gremista que é gremista não se assusta, não se intimida e muito menos vai atrás dos pessimistas e dos amargos de plantão, gente que despreza um dado muito importante: queiram ou não, o Grêmio é hoje um dos quatro melhores times da América.

E isso não é pra qualquer um.

INTER

O técnico Eduardo Coudet só virá a Porto Alegre se o Inter confirmar sua presença na Libertadores/2020. O argentino não abre mão disso.

A modinha dos técnicos estrangeiros e a obsessão colorada por um argentino

O empenho do Inter em contratar um técnico argentino indica que estamos no começo de uma nova modinha no futebol verde-amarelo: treinadores estrangeiros.

A razão disso é o sucesso do argentino Jorge Sampaoli e do português Jorge Jesus depois de muitas experiências fracassadas. Particularmente, entendo que é cedo para carimbar o trabalho dos dois, mas por enquanto é muito bom. Pelo menos acima das minhas expectativas, já que sempre fui, e continuo sendo, cético em relação a técnicos estrangeiro, nem tanto por eles, mas pelos jogadores brasileiros, que são mais boleiros mimados do que profissionais.

Então, pra lidar com eles nada melhor que os técnicos nacionais, que sabem muito bem com quem estão lidando.

Independente do que possa acontecer mais adiante, é inegável que Sampaoli aprovou no Santos, favorecido, é oportuno reforçar, pelo fato de o Santos estar dedicado há meses a apenas uma competição.

Já o técnico do Flamengo desafia os deuses a escalar força máxima em todos os jogos, sem priorizar esta ou aquela competição, como faz o Grêmio, obcecado pela Copa do Brasil – da qual foi alijado pela arbitragem – e pela Libertadores, paixão maior de todos os gremistas.

Saberemos no dia 23 se a estratégia se Jesus é a mais recomendável. Se der certo e o Flamengo for campeão da Libertadores, no ano que vem o Grêmio terá de seguir esse exemplo para entrar rachando em todas as competições.

Para isso, contudo, terá de contar com um grupo maior e mais qualificado para não depender de reservas que sequer deveriam estar no clube.

Bem, o assunto é muito complexo e merece páginas e páginas.

Quero concluir elogiando os dois estrangeiros citados. São treinadores sem frescura, dizem o que acham que precisam dizer, não adotam discurso pernóstico, falam a linguagem do jogador e do torcedor. Os dois são parecidos também no comportamento à beira do gramado, explosivos, espontâneos. Jesus ainda por cima é bem humorado. Sampaoli parece mais sério.

Mas os dois me lembram Renato pelo modo como se comportam no campo e nas entrevistas, além de gostarem de ver suas equipes no ataque, sem obsessão defensiva, característica ainda dominante no país.

Renato, Jesus, Sampaoli e mais uns dois ou três brasileiros rezam pela mesma cartilha, e trazem uma brisa de novidade ao nosso futebol.

Quem sabe a vinda de estrangeiros não seja apenas uma modinha? Vamos ver, o certo é que uma turma aí precisa se reciclar ou nunca mais sairão do lado do telefone, à espera de um chamado que parece cada vez mais distante.

AUTUORI

O Inter está tão ansioso por contratar Eduardo Coudet que, ao que tudo indica, é capaz de esperar por ele até janeiro, na abertura da temporada.

Um erro que o Grêmio cometeu tempos atrás, quando esperou por Paulo Autuori e ainda pagou rescisão de seu contrato no exterior. Tudo isso com uma Libertadores em andamento.

A opção do Inter por um técnico estrangeiro faz parte da modinha. Imagino que outros virão em seguida, desempregando nomes que pululam de clube a clube, se revezando numa permanente dança das cadeiras.

A jogada do Inter é ter um argentino para disputar a Libertadores de 2020. Mas antes precisa conquistar a vaga, objetivo ainda mais difícil de ser atingido com um técnico interino.

Nas conversas com Coudet, alçado aqui na aldeia a grande nome do futebol argentino, o Inter deve ter acenado com a disputa da Libertadores.

Quem duvida que Coudet não está condicionando sua vinda à conquista dessa vaga?

Bem, qualquer coisa Celso Roth está aí, colado ao telefone.