Athleticanaço cala a torcida colorada no Beira-Rio

Chopp aguado e morno nesta noite no Beira-Rio. O Athlético PR entrou de furão na festa colorada, venceu por 2 a 1, conquistou seu primeiro título de Copa do Brasil e, de quebra, mandou o Inter de volta para a fila de 27 anos sem uma conquista nacional.

Depois do Mazembaço, o Athleticanaço. Com todo o respeito ao time paranaense, compenetrado e competente, mas um clube cantado e prosa e verso como imbatível em seu estádio não pode deixar escapar um título dessa dimensão perante quase 50 mil torcedores.

De quebra, o Inter deixa de ganhar 52 milhões de reais, dinheiro que fará falta para fechar as contas do ano.

Agora, foi muito justo o resultado. No primeiro tempo, amplo domínio colorado, com o Atlético acuado demais, acadelado, talvez assustado com o ambiente e a disposição colorada para marcar seu gol. Muita pressão, mas pouca organização e falta de qualidade nos acabamentos. Esse Patrick, que saiu no intervalo, errou meia dúzia de passes, e teve que o elogiou.

No segundo tempo, o Atlético mostrou sua verdadeira cara. Avançou sua marcação, passou a tocar a bola e praticamente dominou o meio de campo.

Foi aí que ficou visível a mão do treinador. Tiago Nunes faz um trabalho excepcional. Mesmo que perdesse o título, o que era mais provável, quase certo na verdade, Tiago ascenderia alguns degraus, credenciando-se a novos voos, novos desafios.

Sem dúvida, Tiago é candidato a treinar o Grêmio caso Renato decida ir embora no final do ano. Ele armou um time competitivo com jogadores que foram catados aqui e ali, alguns desprezados por outros clubes, e alguns jovens promissores.

Destaque para o gol de Cittadini no primeiro tempo em meio à pressão vermelha e numa rara escapada. Destaque maior ainda para Marcelo Cirino, que fez a jogada mais bonita e surpreendente do jogo, ao livrar-se de Edenilson e Sobis (os dois ficaram parados olhando o acabamento da jogada). A bola caiu nos pés de Rony, que antes havia perdido grande chance para matar a partida. Dessa vez, ele não perdoou.

Parabéns ao Atlético pela bela campanha. Seu técnico e seus jogadores saem muito valorizados da competição.

Parabéns também o árbitro Wilton Sampaio. Não sei se a pressão das redes sociais ajudou, mas a atuação dele foi impecável.

Atlético sem chance de aguar chopp colorado

Depois de anunciar que o Inter já havia comprado o chopp pra festa do título, declaração que irritou Lindoso, que parece ter virado porta-voz colorado, o técnico Tiago Nunes quer agora jogar água na bebida.

É só pretensão, porque o Atlético não tem chance alguma de aguar o chopp colorado. Nenhuma.

Até aquele ditado de que a esperança nunca morre caducou tamanha a superioridade do Inter sobre o mediano time paranaense.

Ora, um time que faz campanha de rebaixamento em jogos fora do seu covil de piso sintético não tem condições de vencer (ou mesmo empatar) um time que em seus domínios é quase imbatível, e que quando está na iminência de sofrer um revés é salvo por algum erro humano de arbitragem.

Resumindo, um time que é um gatinho fora de casa tem chance de enfrentar um leão, que é o Inter no Beira-Rio?

Teoricamente tem, porque tudo é possível no futebol. Até mesmo ser eliminado por um Mazembe da disputa de um Mundial de clubes. Acontece de tudo, e mais um pouco.

Ainda contra a pretensão do Atlético, que na realidade joga pelo empate, tem a infeliz declaração de seu treinador, que, aliás, anda falando demais (coisa de noviço em grande decisões). Tiago, normalmente ponderado e equilibrado, disse domingo que talvez pegasse o boné após o jogo desta noite, com qualquer resultado.

Lamentável. Ele tentou amenizar sua fala absolutamente inoportuna numa semana em que todos devem estar mobilizados e focados na grande final da CB 2019.

Do outro lado, também um técnico noviço, mas, diferente do rival, se mantém discreto, pelo menos por enquanto.

Odair se limita a sugerir que D’Alessandro talvez não jogue, está em tratamento, blá-blá-blá. Conversinha antiga e superada, mas que volta e meia ressurge. Claro que o argentino vai jogar.

Outro trunfo colorado: o centroavante Guerrero dificilmente deixa de marcar no BRio. Noventa por cento de seus gols foram em casa. É outro ‘craque’ caseiro do colorado, um time essencialmente caseiro.

Do outro lado, temos o Atlético com um time modesto, com vários jogadores sem maior experiência em jogos como o desta noite, com um estádio lotado, cerca de 50 mil colorados urrando por um título nacional depois de 27 loooongos anos.

Sugestão de um secador curtido: saia da frente da TV e desligue o rádio e a internet. Recolha-se num quatro à prova de som e coloque pra tocar sertanejos de sofrência. É ruim? É, mas pior é secar o adversário sem ter chance alguma de sucesso.

Wilton, o juiz dos três pênaltis apita o jogo do Inter

O nome do árbitro da decisão de quarta-feira já circulava na quinta-feira nas redes sociais. Foi confirmado hoje: Wilton Pereira Sampaio apita Inter x Atlético PR. Estranho isso, mas nada fora do roteiro.

Quando surgiu essa informação fui atrás, esse árbitro entrou para a história dos grenais ao sonegar três pênaltis a favor do Grêmio no clássico de de 12 de maio do ano passado. Quase pediu música no Fantástico.

O Gre-Nal terminou em 0 a 0, apesar da imensa superioridade do Grêmio. O presidente declarou o seguinte ao UOL:

“A arbitragem foi um escândalo. Se a arbitragem que o Brasil vai oferecer na Copa do Mundo é essa, tudo está em risco. Três pênaltis e uma condução desastrosa, leviana. Não é a primeira vez que esse árbitro age assim. Lamento e temo que a arbitragem brasileira fique comprometida na Copa com esse nível de indicações. Se é essa a arbitragem que temos a indicar, vamos começar a rezar”.

Pois é grande a preocupação da torcida gremista, concentrada para secar o velho rival.

Diante da especulação de quinta-feira, fui atrás para ver se estava mesmo confirmada a indicação desse juiz que tem no currículo esse favorecimento escandaloso a um dos finalistas da Copa do Brasil. “Não pode ser”, pensei.

Entrei no site da CBF. Nada. Pensei então que se tratava de uma mobilização de gremistas para ‘queimar’ o nome de Wilson para que ele não fosse indicado para o jogo. Se foi isso, não adiantou.

A notícia de hoje confirma, então, que alguém sabia antes da indicação do goiano. Alguém muito bem informado. Alguém de dentro da CBF. Pensaram no mesmo nome?

Bem, resta torcer para que Wilton tenha uma atuação discreta, não beneficiando nenhum dos times, como deveria ser sempre, com ou sem VAR.

De minha parte, já decidi que vou ao cinema na quarta-feira. Ou, pensando bem, recolher-me a um mosteiro para ficar algumas horas distante da realidade do nosso futebol, que insiste em não me surpreender.

TREINADOR

Preocupante a declaração do técnico Tiago Nunes após o jogo contra o Avaí, domingo. Ele chegou a ponto de dizer que não sabe se fica ou se pega o boné depois da decisão de quarta para “descansar’.

E eu que já cogitava desse nome para dirigir o Grêmio algum dia.

Para concluir, hoje ele gravou um vídeo para esclarecer sua inoportuna declaração.

Confira: https://www.tribunapr.com.br/esportes/athletico/tiago-nunes-declaracoes-polemicas-torcedores-athletico-preocupados/#cxrecs_s

Show e ‘aula de futebol’ no 116º aniversário tricolor

Goleada, show de bola e belo gols marcaram o 116º aniversário do Grêmio, que ainda foi agraciado com um jogo no horário nobre do futebol. Foi o primeiro jogo do Grêmio num domingo, 16h.

Emoldurando esse quadro, um dia luminoso de sol radiante.

A festa só não foi 100% porque o time rival, com reservas, conseguiu uma surpreendente vitória sobre o Atlético no Torto, por 3 a 1, e ingressou no G-4.

Os mais de 42 mil gremistas que estiveram na Arena assistiram a uma ‘aula de futebol’, expressão usada pelo técnico Renato Portaluppi. Com aula ou sem aula, o importante é somar pontos e recuperar o tempo perdido.

O clube tem um turno inteiro para subir na tabela e chegar na zona de conforto. Não é fácil, mas também não é nenhum absurdo. Time para isso o Grêmio tem, como foi confirmado neste domingo.

Gostei da dupla área e até do lateral Galhardo. Se ele seguir numa crescente poderá ser escalado sem sobressalto, afastando essa ideia maluca de colocar um zagueiro de lateral. Torço, portanto, para que Galhardo ganhe mais moral e confiança.

No meio de campo, saúdo a volta de Michel, e torço para que não se lesione pelo menos até que se defina o título da Libertadores.

Sempre lembrando que faltam apenas três jogos para o tetra. Tem muito clube aqui nas imediações que gostaria de viver este momento. Então, foco total nos dois jogos contra o festejado Flamengo (gosto desse clima de já ganhou que envolve o clube carioca).

Na frente, fiquei decepcionado com Luan, que entrou e repetiu o futebol morno de atuações anteriores, mesmo descontando que não teve muito tempo.

Já o Tardelli ainda não me convenceu, mas é a melhor alternativa de Renato no momento. Neste jogo contra o Goiás, Tardelli fez algumas boas jogadas e participou do segundo gol.

Espero que Renato ouça a voz do bom senso e descarte André, ainda mais depois dessa história de que costuma fazer festas madrugada a dentro em seu edifício (de luxo, junto ao Iguatemi). Isso ajuda a explicar essa fase melancólica do centroavante.

Por fim, grandes atuações de Jean Pyerre, autor de um gol antológico, Éverton e Alisson. Os três marcaram os gols da convincente vitória sobre os goianos, que escaparam de uma goleada maior.

DECISÃO

Como se sabe, empresas de apostas investem forte no Brasileirão. Se eu fosse apostar, não apostaria um centavo no Atlético PR.

O Inter é o grande favorito pelas razões já sobejamente conhecidas.

Quarta-feira, acho que vitória colorada vai pagar muito pouco, talvez 1 por 1. Já uma vitória do time do técnico Tiago vai pagar muito.

Hum, pensando bem quem sabe não faço uma fezinha…

Atlético deixa de matar a disputa em sua casa

O Atlético foi muito melhor que o Inter, que jogou apenas para não levar gol. O técnico Odair colocou o regulamento debaixo do braço e até deve ter dormido com ele.

Tivesse um pouco mais de qualidade e ambição, o Atlético PR poderia ter encaminhado melhor sua situação para o jogo final, lá onde o Inter canta de galo e ainda tem a ajuda do VAR quando a coisa complica.

A vitória por 1 a 0 é magra, mas pode ser decisiva se o técnico Tiago Nunes não se intimidar e conseguir armar seu time forte na marcação e rápido no ataque.

Empurrado pela torcida, o Inter não será o time acadelado que se viu na Arena de Curitiba. Terá de atacar com mais insistência, e aí pode sofrer contra golpes, desde que o time paranaense não se assuste com o clima adverso.

Para isso, é fundamental que o técnico Tiago, que está mostrando ser um profissional muito competente e com ideias arejadas, apesar da insistência com esse peso morto no meio do ataque, o Marco Ruben. Cada um tem o André que merece.

Aliás, não entendi por que ele sacou o melhor atacante do time, o Rony, na reta final do jogo. É mais ou menos como o Renato tirar o Éverton sabendo que em um lance pode sair o segundo gol, que daria ampla vantagem no jogo da volta.

Rony infernizou a zaga gremista. Contra o Inter, ele não teve tanto espaço, até porque o Inter jogou todo em seu campo. Foram mais de 70% de posse de bola do Atlético. Mesmo assim, a bola do jogo foi dele, que invadiu a área a dribles, ao estilo de Éverton, e o gol só não saiu porque Lomba fez uma defesa sensacional.

Sobre a arbitragem, excelente. Um juiz sério e firme nas decisões. No jogo da volta, prevejo um juiz com perfil bem diferente, se é que me entendem. Se for o tal de Vágner…

Grêmio goleia e direção vai questionar CBF sobre arbitragens

Confesso que fiquei triste por alguns momentos depois de festejar a goleada de 4 a 1 sobre o Cruzeiro. Foi quando olhei a pontuação do Grêmio e a diferença para o líder e o grupo que luta por vaga na Libertadores de 2020.

O líder Flamengo tem 39 pontos, contra constrangedores 25 do tricolor. São 14 pontos de diferença, um abismo, um oceano. Números que não expressam a qualidade do futebol e seu verdadeiro potencial.

Sou defensor, sem qualquer dúvida, de priorizar Copa do Brasil e Libertadores. Se existem atalhos ao Olimpo, por que não usá-los?

Máfia

Mas o time não poderia estar com uma pontuação tão baixa, com todo respeito. Claro, não fomos bafejados pela ‘sorte’ de ter um VAR ao nosso favor, enquanto outros times jogo sim, jogo não, são contemplados com decisões que nos levam a imaginar que existe de novo uma ‘máfia do apito’ atuando, como ocorreu em 2005 e revelado pela revista Veja.

Não, não espere nada de qualquer um desses órgãos de fiscalização da lisura de procedimentos. Ou a imprensa, ou nada.

Mas este é um outro assunto, muito nojento, coisa das ratazanas que abundam no submundo. Estou com sentimento muito parecido com o expressado pelo colega Léo Gerchmann em seu twitter, também desolado e revoltado desde a semifinal contra o River, ano passado.

A direção gremista anunciou que irá questionar a CBF e sua comissão de arbitragem. No jogo deste domingo foram dois pênaltis sonegados ao Grêmio, enquanto um foi ofertado ao Cruzeiro.

O jogo

O Grêmio tornou o jogo fácil. O Cruzeiro está em crise, mas ainda tem um bom elenco e vinha motivado com o novo treinador.

Então, méritos do time armado por Renato Portaluppi, um time capaz de galgar posições se for mantido. Enquanto não chega a decisão contra o Flamengo, pela Libertadores, o negócio é focar firme no Brasileiro, que é uma competição chata e pervertida – clubes vendem mandos de campo, vejam só.

Neste aspecto, o mais beneficiado tem sido o Flamengo, como aconteceu nesta rodada. Isso causa desequilíbrio na competição, mas alguém pensa que a CBF está preocupada com essas coisas?

Diego Tardelli abriu o caminho para a vitória, com um belo gol após cruzamento milimétrico do Galhardo, de boa atuação em geral.

Novamente destaque do time, Alisson marcou seu gol, mostrando cada vez mais personalidade para assumir responsabilidades maiores nos jogos.

Fred, cada vez mais ex-jogador, marcou de pênalti, uma decisão controvertida, polêmica, mas eu acho que Michel fez mesmo a falta aos 36 do primeiro tempo.

Cheguei a imaginar um jogo mais complicado no segundo tempo. Mas o Grêmio voltou ainda melhor, aproveitando o nervosismo do adversário.

Aos 18 minutos, David Braz (substituiu Geromel, lesionado), uma grata surpresa pra mim, puxou contra-ataque e lançou Éverton, numa bela virada de jogo. Cebolinha invadiu a área e chutou no ângulo, golaço.

Aos 32, Jean Pyerre deu uma metida que deixou Éverton em condições de driblar o marcador e chutar na saída de Fábio.

Importante frisar que o Cruzeiro teve duas ou três boas chances de marcar, mas o gol foi evitado por Paulo Victor com defesas magistrais. O Grêmio poderia ter feito mais, mas falhou no acabamento.

Destaques

Os principais nomes do jogo: Éverton, Jean Pyerre (fez o vai e vem de área a área, desarmando e puxando ataques) e Alisson.

Por fim, Renato que parece de insistir com André. Tardelli mostrou que pode exercer muito bem a função de camisa 9.

Reportagem de jornal inglês sobre o Grêmio é como um troféu

Existem outros ‘troféus’ no futebol além daqueles que, depois de erguidos pelo capitão do time e demais atletas, são expostos nos museus dos clubes. O Grêmio dos últimos anos tem sido vitorioso dentro de campo e vem de algumas conquistas de lavar a alma, conquistas que entram para a história e que serão contadas de pai para filho, avô para neto, entre uma lágrima fugidia e outra escorrendo pelo rosto.

Mas há outras conquistas que acabam se diluindo com o tempo, e que muitas vezes não recebem a devida atenção do torcedor, a quem interessa mesmo é faixa no peito e taça no armário.

Os troféus a que me refiro não são palpáveis, concretos, são por vezes muito subjetivos. São abstratos, como os elogios rasgados da mídia do centro do país ao Grêmio, seu treinador, seu presidente, seus jogadores.

Há quem não ligue muito pra isso, como parte da mídia gaudéria quando se trata de homenagens ao Grêmio, mas eu me importo.

Cada um vê esses ‘trunfos’ com o olhar de sua história de torcedor. Para alguns são enormes, para outros nem tanto.

Faço essa reflexão no momento em que o Grêmio é contemplado com uma reportagem daquelas de fermentar ainda mais o orgulho de ser gremista. O jornal inglês The Guardian, um dos maiores do planeta, eleva o nome do clube ao destacar o trabalho feito nas categorias de base, revelando jogadores talentosos para o mundo.

A publicação cita alguns nomes, a começar por Éverton, e recua até Ronaldinho e Douglas Costa.

É um fato que merece ser saudado como uma conquista física mesmo. Não sei por vocês, mas eu vou emoldurar a reportagem original. Vou colocar na parede e olhar para ele como se fosse um título mundial.

Uma reportagem como essa não acontece a toda hora. É raríssima, talvez até inédita. O fato é que ela chegou num momento difícil. Está me ajudando a suportar melhor a dor da eliminação da Copa do Brasil, além de me deixar muito exibido.

Confiram em https://www.theguardian.com ou no site clicrbs.

CRUZEIRO

Grêmio e Cruzeiro vão para o jogo deste domingo, 11h, com alguns reservas, por um motivo ou outro.

Tudo indica que Renato vai começar com André. Já começa mal, parece que não aprende. Tudo que é treinador faz esse tipo de coisa, mais cedo ou mais tarde. Parece que querem provar alguma coisa. Cansei de entender. Nem Freud explica.

Prevejo muita dificuldade.

Eliminação da Copa do Brasil fica na conta de Renato

Entre um jogador que preocupa a defesa adversária e um que se preocupa com ela, o técnico Renato Portaluppi, optou pelo segundo. Insistiu com André, um centroavante que é mais zagueiro, tendo como opções jogadores talentosos como Luan e Diego Tardelli.

Deu certo outras vezes, mas é sempre um risco jogar com dez contra onze. Foi o que fez Renato, começou com um jogador que tem sido, a rigor, uma nulidade, um jogador a menos.

Não interessa se ele ajuda a compor, marca o volante ou o zagueiro, mas não é exatamente isso que se exige de um atacante. O que se quer é um atacante que preocupa a marcação, não um que essencialmente apenas preocupa com a marcação.

Luan ou Tardelli dariam ao time a qualidade que faltou na articulação e na zona ofensiva. Mas Renato preferiu o esforçado ao talentoso.

E mais, Renato jogou com o regulamento debaixo do braço desde o começo e perdeu sua naturalidade, sua essência.

O que vimos ser batido nesta noite em Curitiba foi um time que não soube enfrentar um adversário desesperado, que havia perdido o primeiro jogo por 2 a 0 e tinha que dar uma resposta ao seu torcedor.

O Grêmio acabou perdendo por 2 a 0, resultado que manteve heroicamente sem Kannemann, expulso em razão de uma absurda entrada violenta e desnecessária no adversário.

Felizmente, Renato teve o bom senso de sacar André. Fosse outro a sair, significaria que o time terminaria o jogo com nove jogadores, e não levaria o jogo para os pênaltis, objetivo de Renato depois da expulsão. Ele poderia escalar Tardelli ou Luan, mas optou por Thaciano, um jogador de mais marcação para garantir a decisão nos pênaltis.

Nas penalidades, outro erro: quando vi Pepê diante da bola levei um susto. A última bola deveria ser para alguém mais experiente, não para um guri assustado com o peso da responsabilidade.

Enfim, Renato, o técnico de tantos acertos, teve sua noite ‘não’. Com isso, o Grêmio está fora da decisão da Copa do Brasil.

É o preço da teimosia. E da soberba. Nem a Imortalidade resiste a isso.

Grêmio e a arte de se reinventar para seguir no topo

Os últimos três anos do Grêmio são, talvez, os melhores da longa e rica história do clube que nasceu de uma bola, lá atrás, em 1903. O Grêmio já teve anos vitoriosos, mas poucas vezes, ou nunca, recebeu tanto reconhecimento e aplausos da mídia e de torcedores de outras agremiações como agora, e de inveja dos invejosos de sempre.

No mês em que comemora mais um ano de existência, o Grêmio está na iminência de participar de duas finais quase ao mesmo tempo: Copa do Brasil e Libertadores, sonho maior desde que sua torcida sentiu o gostinho de ser campeão mundial e que a cada ano entra em campo com olhos mirando o topo das Américas e do planeta, tingido de azul em 1983.

Pode ser que o Grêmio conquiste um ou dois dos títulos em disputa. Pode ser que fique com nenhum. Faz parte. Outros grandes clubes ficaram pra trás nesse caminhada. O Grêmio não, o Grêmio segue vivo, superando desafios e mantendo com bravura a fama de imortal.

REINVENÇÃO

Para se manter por cima nesses três anos, o Grêmio precisou se reinventar, um trabalho de toda a direção, que deu suporte para o técnico Renato Portaluppi lutar por mais conquistas. É claro que nem tudo correu como o planejado. Erros foram cometidos, mas os acertos foram em maior número.

Em termos de equipe, cabe destacar a trajetória de Renato desde sua chegada em 2016, visto com suspeição e ressalvas por parte de gremistas, alguns ainda firmes em sua postura crítica e cética.

Com ajuda de alguns parceiros do blog, em especial o Copião de Tudo, que se orgulha de ser um chapa-branca de primeira hora, publico aqui algumas das principais soluções do técnico tricolor diante dos problemas que foram surgindo:

– Giuliano saiu em julho/2016 e Renato chegou em setembro tornando Kannemann titular – ele era reserva de Wallace Reis, Fred e Kadu, salvo engano;

– A defesa, que era uma peneira, transformou-se numa muralha com sua dupla de zaga titular até hoje e o goleiro Marcelo Grohe;

– Efetivou Ramiro, que viveu seu melhor momento fazendo o vai e vem pelo lado direito, compondo a marcação e chegando à frente;

– Apostou em dois veteranos para as laterais, apesar de duras críticas de alguns setores. A resposta de Léo Moura e Bruno Cortez superou expectativas;

– Outra aposta de Renato foi Edílson, de passagem anterior modesta e que acabou valorizado a ponto de atrair proposta milionária do Cruzeiro;

– Em janeiro/2017, quando o time estava ajeitado, perdeu Wallace (negociado) e adaptou Jaílson no lugar. Depois, lançou gradativamente o Arthur, que recentemente deu entrevista dizendo que deve muito ao Renato pelas orientações que recebeu;

– Luan, que chegou a ser chamado de pipoqueiro por parte da torcida, cresceu demais sob o comando de Renato, tornando-se o melhor jogador da América;

Douglas é outro que cresceu demais com Renato ‘Midas’, tornando-se figura fundamental na conquista da Copa do Brasil que lavou a alma gremista depois de 15 anos de seca.

– Em julho Renato perdeu Pedro Rocha, seu principal atacante naquele momento. Outro jogador que Renato lapidou e ajudou a se tornar goleador. Repetiu o mesmo com Éverton, chamado por muitos ‘especialistas’ de peladeiro;

– Perdeu também Jaílson, então importante ao esquema, e Bolanos, este por questões pessoais;

– Outra aposta de Renato foi Michel, um volante descoberto no Atlético Goianiense. Chegou desacreditado e se tornou importante na manutenção do esquema vitorioso;

– Críticas sobraram para Renato quando ele indicou Jael, um centroavante tosco e de carreira instável. Hoje, tem gente que gostaria de ver Jael no time diante das opções que restaram e não corresponderam; Jael marcou seu nome na história do clube.

– As soluções encontradas por Renato mantiveram o time competitivo apesar das perdas de jogadores importantes e decisivos em tão pouco tempo. Agora mesmo, ele investe pesado em jogadores da base, revelando para o Brasil dois talentos: Matheus Henrique e Jean Pyerre. Outros que dificilmente ficarão muito tempo no clube, forçando Renato a novas soluções.

– Tem ainda o atacante Pepê, que está sendo lapidado para substituir Éverton, hoje um dos jogadores mais valorizados do país. Correndo por fora, Thaciano, que em breve poderá ser titular do time.

Por sorte e competência de gestão, vem aí uma nova geração de jovens talentosos. Resta torcer para que o sucessor de Renato, que talvez não continue em 2020, tenha igual competência para orientar e lançar na hora certa os jogadores em formação.

DECISÃO

Por mais que alguns setores queiram minimizar a qualidade ao Atlético Paranaense, estimulando um salto alto, o jogo desta quarta é dos mais difíceis. O piso sintético é um trunfo do adversário, além da torcida. Nada está ganho, nunca podemos nos esquecer disso.

Grêmio ratifica que tem o melhor futebol e elimina o poderoso Palmeiras

Com atuações espetaculares da dupla Geromel/Kannemann, do incansável Matheus Henrique e do endiabrado Éverton, que sempre aparece com um tipo de jogada diferente em meio à mesmice, o Grêmio bateu o Palmeiras de virada por 2 a 1 e está de novo numa semifinal da Libertadores.

O técnico Renato Portaluppi vai para a sua quarta semifinal em cinco Libertadores disputadas.

A rigor, todo time jogou bem, com exceção de André, um centroavante que me faz sentir saudade de Jael.

O goleiro Paulo Victor saiu mal no gol palmeirense, soqueando a bola nos pés do adversário, mas depois se recuperou e fez intervenções seguras. Não lembro de nenhuma grande defesa, o que comprova a eficácia do sistema defensivo como um todo.

Quer dizer, Renato consegue manter o estilo de jogo do seu time, que é o que buscar o gol seja em casa ou fora, e ainda assim ter uma proteção à frente da área. Nem sempre isso acontece, mas aconteceu na hora certa, diante do time que até pouco tempo era considerado o mais forte do país.

Pois o time ‘mais forte’ esbarrou no ‘melhor time’ e se deu mal.

Os laterais também foram incansáveis. Quase não cruzaram a linha de meio de campo, e isso ajudou a manter uma linha defensiva compacta. Leonardo e Bruno Cortez também estiveram em alto nível pela entrega e aplicação tática.

No meio de campo, Maicon saiu mais cedo. Havia recebido um cartão amarelo e parecia desconfortável em campo. Entrou Rômulo, desprezado pela maioria dos gremistas, e eis que o volante foi figura importante na marcação, em especial no segundo tempo, quando o Palmeiras pouco entrou na área tricolor. Muito se deve ao trabalho de Rômulo, um volante de pouco brilho técnico, mas um time de futebol não se faz só com virtuoses.

Agora, é impressionante o que jogou MH, que o narrador da TV insistia em chamar de Mateuzinho. O diminutivo, sob qualquer hipótese não sabe a esse jogador, que nesta noite, no Pacaembu lotado, atingiu a maturidade técnica e emocional. O pequeno MH foi um gigante, controlando o meio de campo.

Foi bem assessorado por Jean Pyerre, que começou nervoso e custou a se encontrar. Mas foi crescendo no jogo, marcando, armando e chegando ao ataque. Por detalhe não marcou seu gol, que seria o terceiro, chutando de fora da área e obrigando Weverton a fazer grande defesa.

Na frente, Alisson lembrou Ramiro pela função que executou tão bem. Um Ramiro com mais técnica, mas com igual aplicação tática no esquema de Renato. Atento, acompanhou a arrancada de Éverton no segundo gol, pegou o rebote e mandou para a rede.

O segundo gol ‘matou’ meia dúzia de palmeirense e mandou pra cama milhares de colorados.

O jogador mais agudo foi André. Não sei exatamente o que ele fez de positivo além de ficar disputando – e perdendo – bolas com os zagueiros. Mas por certo cumpriu alguma missão passada pelo treinador. Não imagino o que seja.

Agora, o rei da noite, a majestade do Pacaembu. Éverton marcou o primeiro gol, aos 17m,aparando quase na linha de fundo e encobrindo o goleiro num toque de bola mágico, surpreendente. O Palmeiras recém havia marcado seu gol (Luiz Adriano, aos 13 minutos).

O gol da virada foi daqueles que levar os torcedores mais velhos às lágrimas pela felicidade de ainda encontrar um atacante que passa pelos zagueiros e desvia das chuteiras furiosas sem medo de ser feliz. Um lance digno dos maiores craques dribladores do passado. Éverton passou em zig-zag rumo à área, e quando parecia ter perdido o lance, eis que se aproveita da indefinição do goleiro e do zagueiro, chuta sobre o goleiro, com a bola sobrando para Alisson.

Foi uma grande atuação do Grêmio, que até mereceu ter feito mais um gol, porque oportunidades não lhe faltaram.

O Palmeiras poderá, agora, dedicar-se inteiramente ao Brasileiro, enquanto o Grêmio se encaminha para disputar o tetra da Libertadores.

No duelo Felipão x Renato, venceu aquele que tem o melhor futebol do país.

Ah, gostei da arbitragem, apesar de econômica para amarelar os jogadores do Palmeiras. Teve um lance de VAR, no finalzinho, que me fez acreditar que havia um golpe em andamento. Mas o juiz foi correto, e não assinalou o pênalti talvez insinuado por algum palmeirense da equipe do VAR.