O gramado da Arena e o performático treinador da Seleção

Durante aquela inhaca que durou 15 anos eu mais de uma vez manifestei que se dependesse de mim Tite seria treinador vitalício do Grêmio. Tudo em função do título de 2001 com um futebol envolvente, objetivo, bonito, batendo o festejado Corinthians em SP.

Hoje, verifico que o desespero faz a gente fazer e dizer bobagem. É o meu caso. Nem com o Renato, com esse trabalho fantástico, daria para fazer contrato vitalício. Acho que a estátua está de bom tamanho, até demais, eu diria. Mas tudo bem…

Tem aquela frase sobre dar poder a alguém para realmente conhecer a pessoa. É o caso do Tite. Deram a seleção pra ele e ele está se revelando. Sem maiores comentários a respeito.

Quero me fixar nesse lado agrônomo do Tite. O lado pastor a gente já conhece de sobra.

De repente, ele virou fiscal de gramado. Até o momento em que escrevo nervosamente essas linhas, ele havia feito duas vistorias do gramado da Arena, que sabidamente tem problemas desde a inauguração.

É um mimimi insuportável. Ele tem razão na crítica, mas precisava mesmo fazer duas visitas?

Parece mais uma ação performática do performático treinador da seleção canarinho..

Tite, que não é bobo, está preparando o discurso em caso de derrota, sempre uma possibilidade no futebol, independente da qualidade do adversário. O culpado já está eleito:

0 gramado da Arena, que virou a ‘Geni’ nesta Copa América.

O ufanismo de Galvão e a falta de um teste mais forte para a Seleção

O ufanismo que permanece desde os catastróficos 7 a 1 diante da Alemanha é uma das coisas que mais me irritam na Seleção. Um exemplo: Brasil com dificuldade para vencer o bloqueio do Peru, dominando, controlando o jogo, encurralando os peruanos, que tiveram sua torcida reforçada por colorados de todos os segmentos, inclusive da crônica esportiva em função de Guerrero, que, aliás, não foi visto em campo e acabou substituído.

Sobre isso, respeitoso silêncio no dia seguinte. O contrário renderia páginas e páginas de louvação ao atacante.

Mas voltando ao jogo unilateral contra o Peru. Lá pelas tantas, uma cobrança de escanteio, bola pererecando na área, gol do Brasil, Casemiro. Logo depois, o goleiro faz uma lambança e Firmino amplia.

E aí vem o Galvão Bueno, cuja voz está perdendo potência, para soltar essa pérola do ufanismo reprimido: este é o Brasil, é o verdadeiro futebol brasileiro. Não foram exatamente essas palavras. O fato é que ele, que andava crítico e desolado, voltou a ser o velho Galvão de guerra.

O Brasil, na verdade, jogava um futebol um tanto sonolento e irritante, apesar da superioridade técnica e tática. Nada justificava o arroubo do narrador verde-amarelo.

Éverton foi um raio de luz, abrindo a defesa a drible para marcar o terceiro gol, exatamente como eu previ, em abril de 2018, que ele faria vestindo a amarelinha, ou a azulzinha. Éverton foi ignorado por Tite no ano passado, assim como Arthur. Hoje, seu emprego depende desses dois.

Bem, independente do otimismo incontido do Galvão, que tem se mostrado sempre muito simpático ao Grêmio, tenho uma ideia sobre a Seleção.

Destaco primeiro que não torço pela Seleção. Ao contrário, por vezes até seco. Com Éverton no time, torci a favor, ainda mais que tinha o Arthur.

Estou convencido de que o time terá dificuldade diante do Paraguai, que não tenho a menor ideia como está jogando. Fez dois pontos e sofreu uma derrota no grupo, mesmo assim se classificou.

Agora, conheço a garra paraguaia e a gana que os paraguaios têm de vencer o Brasil.

Então, se a turma da Mônica, digo, do Cebolinha não jogar com muita determinação, de forma mais solidária, esperando vencer ao natural como tem ocorrido, pode quebrar a cara.

O que eu não gosto na seleção: os dois laterais dificilmente fazem jogada pelas extremas, contribuindo para afunilar mais o jogo ofensivo, facilitando a marcação. Nesse formato, o time acaba dependendo muito de jogadas pessoais, do drible.

O articulador da Seleção Philippe Coutinho tem sido insuficiente. Ele é outro driblador. Raramente consegue dar uma enfiada que deixe o atacante na cara do goleiro. Na real, não lembro de uma bola metida ao estilo Maicon ou Luan. Ah, Luan, que pena…

No futebol, como na vida, cada um colhe o que planta…

Não gosto também do Firmino e do Gabriel Jesus, embora sejam jogadores de nível superior. O fato é que não estão rendendo no esquema do Tite.

Ah, o esquema do Tite. Acho vulnerável. Nesta Copa América o time não chegou a ser exigido. O goleiro Alisson quase não trabalhou. Se pegar uma seleção que marque, mas que tenha também uma jogada forte de contra-ataque, a defesa vai fazer água.

O que se viu até agora foram adversários assustados e precários tecnicamente. Vamos ver se o Paraguai será diferente.

Mensagem ao Tite (publicada neste blog em 26/04/2018)

Éverton está fazendo agora, um ano depois, o que eu preví que ele faria pela Seleção Brasileira na Copa do Mundo, caso Tite não fosse tão obtuso e conservador, e tivesse coragem de romper paradigmas para buscar de fora dos ditos selecionáveis alguém com potencial para fazer a diferença.

Perdoem-me por estar sendo ‘exibido’, como se dizia antigamente.

Confira o link: https://www.blogdoilgo.com.br/2018/04/26/ha-um-lugar-para-everton-na-selecao-de-tite/

Este é o texto publicado no ano passado, antes da Copa:

O Tite é pago, e muito bem pago, para armar uma seleção capaz de ser campeã na Rússia e apagar a péssima imagem da Seleção Brasileira, outrora tão temida e respeitada, inclusive pelos árbitros, deixada na última Copa do Mundo com aqueles ecoantes 7 a 1.

Mesmo assim, como eu gosto dele como treinador, apesar de seu linguajar por vezes irritante com as palavras colocadas sempre com sonolenta precisão -, vou dar uma mãozinha pra ele, e sugerir três medidas.

A primeira, Geromel de titular na zaga. Com ele, os bebedores de chopp da seleção alemã não teriam passeado na área brasileira em 2014. Confesso que, na verdade, prefiro Geromel aqui no Grêmio, mas para ficar com as consciência tranquila como cidadão brasileiro passo esse conselho de amigo ao Tite. E alerto, sem Geromel as chances de título caem bastante. Depois não digam que não avisei.

A segunda, Alisson está entrando em parafuso. Levar cinco gols abala qualquer goleiro, ainda um tão jovem. Acho que Alisson pode ser mantido no grupo, mas não como titular. Se Tite quiser mesmo o título mundial terá de trocar de goleiro. Minha indicação é Cássio. Já faz muito tempo que eu o considero o melhor goleiro do país. Em segundo lugar, Marcelo Grohe. Agora, não quero Grohe na seleção, até porque seria para ser o terceiro na ótica de Tite, fã do Alisson. Então, caro Tite, o Alisson pode ser para ti o que foi Júlio César para Dunga. Pense nisso (pretensão minha, escrevo aqui achando que ele vai ler o que penso).

Por fim, a sugestão que pode fazer a diferença entre o título e a frustração. Tite, abra os olhos, solte a imaginação, não se deixe dominar pelo lado conservador que prevalece na maioria dos técnicos de futebol. Tite, convoque alguém que possa fazer a diferença, que possa surpreender.

Tite, convoque o Éverton. Ele pode ser seu grande trunfo, sua arma secreta, seu abridor de latas e de defesas fechadas, naqueles jogos encardidos. Éverton entra nos minutos finais, faz uma das tantas jogadas de seu repertório quase infinito, e decide o jogo. Eu acredito nisso.

Neste jogo contra o Goiás, vitória serena por 2 a 0, mais uma vez o time precisou do brilho individual, da criatividade, do lampejo de craque do ‘Cebolinha’, o patinho feio que virou cisne. Éverton abriu o placar depois de receber de Jael e, de chaleira, puxou a bola que escapulia, passou por dois e chutou de forma indefensável.

Mais um golaço do jovem atacante, o melhor em atividade no país.

Sei que a Seleção tem jogadores capazes de repetir esse tipo de lance, mas todos já são muito manjados.

Portanto, Éverton na Copa do Mundo.

Como diria o Jô Soares: “Bota ponta, Tite, bota o Éverton”.

A bolha amarelinha, Éverton e a falta que Luan faz até à seleção

Tem gente que ainda consegue ver a seleção brasileira com os olhos do passado, anterior ao vexame dos 7 a 1. Existe sempre a expectativa da vitória fácil e até de goleada contra equipes mais frágeis, como a Venezuela, por exemplo.

O empate de ontem, em Salvador, começou fora de campo. O pessoal não consegue deixar o salto alto e calçar a sandália da humildade. A goleada imposta pela Alemanha deu um choque de realidade, mas ao que parece não foi suficiente.

A soberba verde-amarela não envolve apenas os jogadores e a comissão técnica. Passa também pela torcida, esta sempre faceira à espera de gols e de show, e chega à imprensa.

Descrevo uma conversa que ouvi durante a jornada, acho que no intervalo, entre integrantes da equipe da TV Globo. Um repórter, todo felizinho, em tom jocoso, dizendo que havia perguntado ao treinador da Venezuela, antes do jogo, se ele acreditava que seria possível vencer o Brasil (só faltou o adjetivo ‘poderoso’ antes do ‘Brasil’ pelo jeito que foi formulada a pergunta).

O repórter, entre risos seus e dos companheiros, relatou que o técnico teria tido então que ‘se não fosse possível vencer ele nem teria vindo para o Brasil’. A resposta, mais do que natural, diria até que obrigatória, provocou risadinhas da equipe, que mantém o ufanismo até quando um jogo está em 0 a 0, que acabou sendo o placar final.

Se fosse um adversário um pouco mais qualificado do meio para a frente, e com um mínimo de ambição, o Brasil com certeza correria o risco de perder, o que seria trágico.

Então, o pessoal vive numa bolha, fora da realidade. A seleção mereceu vencer, sem dúvida, e até fez dois gols, ambos anulados corretamente pelo VAR (aliás, os árbitros estão enxergando menos ou estão transferindo a responsabilidade para o olhar eletrônico?

Destaque para Éverton, que mais uma vez entrou na parte final do jogo, e construiu com sua técnica, seus dribles e seu ímpeto de ir para cima da marcação, o lance que resultou no gol de Coutinho. O gol foi anulado porque tinha um infeliz impedido, mas restou para o mundo a bela jogada do cebolinha, saudado efusivamente pela torcida.

Éverton foi um dos poucos que escapou da vaia no final. Tite não tem mais como deixar o craque gremista no banco de reservas.

LUAN

Para concluir, a seleção está precisando de alguém que pense o jogo no meio de campo. Arthur pode ser esse cara, na função de um terceiro volante, misto de meia. Coutinho naufragou. Excelente jogador, mas não para ser o principal articulador ofensivo.

Ouso dizer que o Grêmio tem dois jogadores perfeitos para acertar o time: Maicon e Luan. O primeiro até já foi citado por Tite, mas o fator idade pesa demais. Maicon só na outra encarnação.

Restaria Luan, mas do jeito como ele está, fora inclusive do time tricolor, não tem chance. Não sei qual a influência do empresário de Luan nessa situação, mas o fato é que se Luan estivesse com todo o seu potencial, arrasando no Brasileirão, sua convocação seria quase inevitável, até para um treinador, igual a quase todos, que costuma morrer abraçado às suas convicções, às suas ovelhinhas.

De qualquer modo, eu, o mesmo que antes da Copa do Mundo já pedia Éverton na seleção, teria uma conversa com Luan para trazê-lo de volta ao seu parque de diversões, os campos de futebol.

Mas é um delírio meu. Para fazer isso, Tite teria de calçar a sandália da humildade e ter a mente aberta para buscar soluções improváveis. O problema é que os treinadores dificilmente saem do roteiro.

A política vitoriosa de aproveitamento de jovens da base Tricolor

Aproveitamento de jogadores da base. Está aí um tema, entre tantos outros, que divide torcedores ao ponto de provocar ataques verbais, ironias, deboches e até ofensas de cunho sexual, baixaria pura. É o que acontece também em parte da torcida do Grêmio.

Quem acompanha as redes sociais, incluindo este blog, sabe do que estou falando, o nível baixa mesmo e de tal forma que amizades (se é que dá pra se dizer assim) são desfeitas ou ficam estremecidas. Tudo, no final da contas, fruto da paixão pelo futebol.

São, a rigor, duas correntes. Há quem defenda que o clube não deve vacilar quando surge um jovem promissor, de talento diferenciado, mesmo que ele tenha apenas 16 ou 17 anos. É preciso colocá-los para jogar no grupo principal, pulando etapas de amadurecimento, tanto pessoal quanto como atleta. De fato, há casos que sustentam essa tese, mas são minoria. Coisa rara.

Os exemplos são muitos, variados e recorrentes. Eu, por exemplo, assumo que pedia Lincoln no time do Grêmio no lugar de Douglas, três ou quatro anos atrás. Lincoln não desabrochou, até em razão de problemas pessoais (quem sabe influência de sua ascensão meteórica, sem a base necessária) e Douglas, que eu considerava superado, acabou se tornando um dos protagonistas do time que conquistou a Copa do Brasil de 2016, enchendo de orgulho a nação gremista pela eficiência e beleza de seu futebol. Ah, de passagem: sem um camisa 9 aipim para atrapalhar.

É certo que existem exemplos apontando para o lado oposto, que guri talentoso tem que jogar o mais rápido possível. Mas, repito, são casos isolados, o que não impede que a tese tenha defensores ferrenhos, às vezes apenas para não dar o braço a torcer.

De minha parte, penso que a sabedoria está no meio, como dizia Aristóteles. Entre lançar açodadamente um jovem promissor, prefiro um trabalho de lapidação, de amadurecimento pessoal sem pressa e sem pressão.

Enfim, pra resumir, aplaudo a política de aproveitamento desses craques em potencial que o Grêmio vem adotando nos últimos anos sob o comando do presidente Romildo Bolzan, com participação efetiva do técnico Renato Portaluppi e dos profissionais da base.

Há casos que podem ser questionados, mas além da parte técnica para subir um guri da base existe outro fator que influi na decisão de não aproveitar mais cedo determinado jogador: ter um contrato de médio ou longo prazo. Então, antes de colocar o talento na vitrine, é fundamental garantir o investimento já feito com a ampliação do prazo contratual.

Assim, não raro um guri clamado pela torcida não joga porque tem esse aspecto a ser revolvido. Ele fica meio que escondido, fica na geladeira. Foi isso que fizeram, por exemplo, com Alexandre Pato, que só passou a jogar no time principal quando concordou em renovar o contrato com seu clube.

Para concluir, está provado pelos milhões de euros que já pipocaram no cofre do Grêmio, que a atual política de aproveitamento da base não apenas é a mais correta, como é exemplar, invejada por torcedores e dirigentes da maioria dos clubes brasileiros.

Mas isso não impede que a batalha continue nas redes sociais.

LUAN

‘O Grêmio não conta o que se passa com Luan para evitar sua desvalorização’. Este é o título da coluna digital assinada pelo narrador Pedro Ernesto. A frase por si só provoca calafrios na torcida e realmente assusta eventuais interessados. Enfim, é o “jornalismo especulação”, tipo zero informação, detonando Luan e prejudicando o Grêmio.

ÁGUA FRIA

O vice Duda kroeff despejou um balde de água fria na torcida gremista com sua frase que originou manchete: “Não vejo uma grande necessidade de contratarmos”.

Havia necessidade, por exemplo, de esperar dois meses pelo Paulo Autuori com a Libertadores em andamento?

Duda até pode pensar que reforços não são necessários, mas então que se cale e não forneça mais munição ao inimigo.

Minha premonição e o golaço de 50 milhões de euros

Quando Éverton pegou a bola pela esquerda e começou a enveredar para o meio, traçando uma diagonal manjada para nós e desconhecida dos bolivianos, eu preparei o grito de gol. Não deu outra, e foi um golaço.

Quando sugeri ao técnico Tite, aqui neste espaço e de forma inédita no país, a convocação de Éverton para disputar o Mundial, era exatamente nesse tipo de jogada que eu pensava.

Alguém para quebrar a rotina de um time Neymar-dependente é o que eu pregava. Alguém para entrar como arma secreta, elemento surpresa na monotonia em que se transformou a seleção nos últimos anos.

Agora, uma revelação: no início do segundo tempo de um jogo que assisti entre um bocejo e uma olhada no celular, pensei que Tite deveria colocar logo o Éverton no lugar de Neres, e mentalizei que Éverton entraria, faria essa mesma jogada tão conhecida de todos nós, e mandaria um torpedo para a bola alojar-se no canto esquerdo.

Acertei em cheio na minha premonição.

Amanhã, vou arriscar na megasena (por mais que eu suspeite que há falcatrua nesses sorteios de prêmio acumulado). Bem, uma coisa é certa: o passe de Éverton subiu alguns milhões de euros. Talvez já chegue aos 50 milhões de euros.

Fora esse golaço do nosso cebolinha, gostei muito desse centroavante, o Richarlison. Foi dele o passe para o segundo gol. É um atacante completo, com inúmeras qualidades.

No mais, foi um jogo chato porque a Bolívia só se defendia, não tinha uma jogada de contra-ataque e dependia do Moreno isolado na frente. Moreno que quando jogou no Grêmio já me parecia lento e arrastado.

O Brasil jogou muito melhor e venceu por 3 a 0 ao natural. Sequer foi um bom teste para avaliar o time armado pelo Tite, num esquema temerário contra adversários mais fortes: praticamente um 4-2-4, variando para um 4-3-3, aí puxando para um losango invertido (brincadeira).

Dois centímetros do VAR e as duas polegadas a mais da baiana Marta Rocha

O chefe da arbitragem da CBF, Leonardo Gaciba, afirmou nesta manhã, na rádio Gaúcha, que a ‘moderna tecnologia do VAR’ comprovou que o gol de Lindoso, o gol que abriu caminho para a vitória sobre o Bahia, foi válido.

Segundo o gaúcho Gaciba, o jogador colorado estava DOIS CENTÍMETROS atrás do penúltimo defensor do time baiano.

— A tecnologia utilizada dentro da cabine do VAR consegue trazer o exato posicionamento do lance e mostra que o jogador estava em posição legal. Provavelmente, se tivéssemos uma câmera exatamente na linha do impedimento, essa dúvida não existiria -, declarou.

A impressão que passa é que o impedimento foi tão ostensivo, tão clamoroso, tão claro e inegável, que mobilizou a CBF, a ONU, a Fifa, no sentido de defender o VAR, que a cada jogo do Brasileirão apresenta erros de todos os tipos.

O VAR seria realmente bom se conseguisse terminar o jogo praticamente imperceptível como devem ser as boas arbitragens. No Beira-Rio, o VAR foi o grande protagonista. Foram 4 minutos de espera para analisar o lance.

Não lembro de um lance de impedimento no campeonato ter paralisado um jogo por tanto tempo. O que me parece é que o pessoal envolvido nesse processo queria porque queria encontrar um meio de reverter a decisão do juiz Paulo Roberto Alves Jr. e de seu bandeirinha, o Bruno Boschilia.

Como deve ter se sentido o auxiliar depois de assinalar o impedimento com tanta convicção e firmeza? Ele não teve nenhuma dúvida.

Sr. Gaciba, a câmara que o sr lamenta não ter na linha do impedimento no momento da jogada são os olhos do Bruno Boschilia.

Os mesmos olhos que eu percebi arregalados quando os jogadores colorados, após a anulação do impedimento e a confirmação do gol, comemoraram junto dele, à beira do campo.

O que eu estou fazendo aqui?, parecia perguntar o auxiliar, questionando-se sobre o por quê da anulação. Agora ele já sabe, foram por causa do dois centímetros achados pelo VAR.

Marta Rocha

Os dois centímetros que beneficiaram o Inter, que tem sido favorecido por erros humanos dos deuses do apito e ameaça ocupar o lugar do Corinthians e do Flamengo, lembram as duas polegadas que tiraram o título de miss mundo da baiana (ora vejam só…) no concurso de 1954, nos Estados Unidos.

Marta Rocha virou uma torta deliciosa (recomendo a do Ponto Doce, na Cristóvão Colombo), e o jogo de ontem no Beira-Rio entra para a história como o jogo que começou a ser decidido por dois centímetros, nem mais nem menos.

E assim vai o VAR. Dias atrás escrevi que o VAR seria desmoralizado no futebol brasileiro. Está chegando lá mais depressa que eu imaginava.

Desfalques importantes não impedem boa atuação e vitória no Rio

Assim como o gol de Pepê, contra o Fortaleza, o golaço de Jean Pierre nesta noite, no Engenhão, fez acima de tudo justiça ao time que mais buscou o gol e que melhores oportunidades criou.

Ambos os gols na reta final, quando os minutos escoam rapidamente para quem joga pela vitória e deixam o torcedor aflito e angustiado.

Foi assim que eu me sentia quando Jean Pyerre cobrou a falta que ele mesmo havia sofrido ao tentar invadir a área a drible, entre pernas e chuteiras ferozes.

A cobrança perfeita, aos 35 minutos do segundo tempo, recompensou o esforço de um time que em nenhum momento se resignou com o empate, que até não seria um mau resultado diante de tantos desfalques.

As lesões de Geromel e Michel, no aquecimento, foram um balde de água fria na esperança da torcida tricolor. Realmente, foi um golpe. Soube de gente que saiu para jantar mais cedo com a namorada quando soube que dois dos principais jogadores desse Grêmio multicampeão (mensagem subliminar) também estariam fora.

E mais, que de novo Michel seria zagueiro, agora ao lado do novato Rodrigues, que acabou sendo um dos destaques do time pela simplicidade, segurança e até um tanto de ousadia no segundo tempo. Permanece no ar a pergunta, por que Renato demorou tanto a escalar esse zagueiro? Ele estava sendo preparado, é o que dizem.

A situação ficou ainda mais preocupante quando Rodrigues também se lesionou, no terço final do segundo tempo. Entrou o jovem Darlan, passando Rômulo (de boa atuação na frente da área) para a zaga ao lado de Michel.

Eu estava curioso em relação a Darlan, que alguns torcedores queriam no time há mais tempo, chamando Renato de tudo e mais pouco por não aproveitar o guri. Pois eu gostei de Darlan, mas pela amostragem é importante que por enquanto fique como opção. Ainda falta muito para assumir ou disputar a titularidade. Agora, com certeza trata-se de mais um jovem promissor formado no clube.

O time todo de um modo geral jogou bem. Dá gosto, por exemplo, ver Diego Tardelli jogar. Ele joga simples e objetivo, é rápido e tem muita habilidade. No momento em que ele deslanchar será ainda mais importante para o time.

Repito, o time jogou muito bem diante das circunstâncias. O goleiro Paulo Victor praticamente não foi exigido. Aliás, uma atuação surpreendente para um time que não contou com os seguintes titulares absolutos: Geromel, Kannemann, Maicon, Matheus Henrique e Éverton. Sem contar Luan, que parece ter perdido o brilho nos olhos para jogar futebol.

Ressalto também a preparação física. Não entendo dessa matéria. Só sei que não tem faltado pernas para o time, com raras exceções. Os gols nos minutos finais dos jogos contra Fortaleza e Botafogo sinalizam que a preparação física é boa, ao contrário do que afirmam alguns.

Aqueles torcedores que preparavam artilharia pesada contra a direção, Renato e o time, terão de esperar o fim dessa Copa América. Detesto essas competições envolvendo a seleção brasileira, mas devo reconhecer que ela chega em boa hora para dar tempo de recuperar os jogadores lesionados.

Por fim, vale lembrar que o Grêmio venceu, fora de casa, um time que começou a rodada no G-4. Então, vamos comemorar essa vitória.

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