Pra não dizer que não falei de sagu

O texto abaixo foi publicado há alguns anos aqui no blog. Em sua coluna na Zero Hora, edição desta sexta-feira, o colunista mais lido do Estado faz considerações sobre o artigo e também sobre minha pessoa, o que muito me orgulha e emociona.

Confira: https://gauchazh.clicrbs.com.br/colunistas/david-coimbra/noticia/2019/06/o-sagu-perfeito-cjwl7dras03p401oi2e7md2k2.html

Aqui o texto publicado há mais de seis anos e que já correu o mundo:

A arte de saborear e identificar um bom sagu

É preciso uma certa técnica em tudo na vida. É preciso arte, um tanto de requinte até para as coisas mais prosaicas, mais simples.

Até para comer sagu é necessário, fundamental, uma certa sutileza, apreço a detalhes que normalmente dispenso para qualquer outro tipo de alimento, salgado ou doce.

É que o sagu é a minha sobremesa preferida. Cheguei a essa conclusão depois de meio século de vida. Passei por outras preferências. Arroz de leite e pudim de leite condensado são dois exemplos. Já estiveram no topo. Hoje, é o sagu. Com creme de baunilha, claro.

O creme precisa ser… cremoso. Nem muito consistente, nem muito líquido.

O problema é que o sagu virou uma obsessão. Entro no restaurante e vou direto ver se tem sagu. Quase todos o tem. A maioria, porém, é desprezível.

Só pela cor já percebo que o sagu é ruim.

O sagu bom tem cor escura, cor de vinho tinto, forte. Aquele de garrafão. Já vi até sagu de refresco de uva. Um acinte, uma agressão.  

Depois de avaliar a cor, analiso a consistência. A parte líquida deve ser cremosa e as bolinhas firmes, mas macias, e não muito grandes. O sagu deve, obrigatoriamente, exalar um aroma de vinho tinto, com notas sutis de canela e cravo. Caso contrário, me afasto.

Um sagu bom é também sinalizador de um bufê de sobremesa de qualidade, o que é válido inclusive para o bufê de saladas e de pratos quentes.

Quem fizer o teste verá que tenho razão. Sagu bom é sinal de refeição saborosa.

Para saborear devidamente essa iguaria que passou no teste visual e de olfato, é preciso saber servir-se de modo adequado.

Eu ensino: pegue a taça, de preferência aquela de metal (normalmente meio amassadinha), coloque sagu até quase em cima. Depois, duas colheres de creme bem no meio. Eu costumo afastar aquela película mais sólida que se forma na superfície do creme. Se não der, vai assim mesmo.

Agora vem o momento especial, o ápice, é como o atacante na cara do gol. É preciso jeitinho, uma técnica apurada para degustar o manjar que está à frente, indefeso como um goleiro diante do goleador. Nesse momento eu sou o goleador, o matador.

É imperdoável misturar o sagu com o creme.

Mergulhe a colher no sagu e depois no creme, nesta ordem. Mas ambos ficam na mesma taça. O creme, valoroso coadjuvante, não pode ocupar mais do que 30% da colher. Eu costumo ficar nos 20, 25 por cento.

Bem, aí chegou a hora de avaliar o sabor. Normalmente, seguindo os passos referidos, não haverá decepção.

Se tudo der certo, é só mandar ver e ir pra galera.

DICA

O melhor sagu de Porto Alegre – pode haver igual, mas não superior – encontra-se no restaurante Romana Becker, preparado pelo meu amigo Astor, que recebe todos de braços abertos, sempre com um sorriso no rosto.

Vale a pena conferir. Endereço: Marcelo Gama esquina Américo Vespúcio. Restaurante familiar, com uns 50 anos de existência. Mais detalhes no google.

Erros do Grêmio agitam os urubulinos e lotam a kombi

Se eu fosse mais paranoico do que já sou diria que o Grêmio errou tanto nos últimos tempos apenas com um objetivo: matar a esperança do tricampeonato no Brasileirão.

Claro que minha paranoia não chega a tanto – ou estou me subestimando? -, mas o fato é que o Brasileirão para a torcida gremista só não acabou porque o fantasma do rebaixamento sempre ronda os mais distraídos.

Aquilo que o torcedor mais queria, o título do campeonato/maratona – que para muitos deveria ser prioridade na temporada – foi adiado outra vez. E pelo jeito para o dia de São Nunca.

Essa frustração, somada a atuações instáveis do time e decisões inquietantes da direção e do técnico Renato Portaluppi, como essa folga no meio do ano, entre outras, irrita o torcedor mais pacato e menos crítico.

Temos então que o mesmo grupo que alçou o clube a títulos importantes em três anos acumula equívocos inexplicáveis, inaceitáveis.

Um exemplo singelo: insistir com Michel como zagueiro, mesmo tendo um zagueiro de ofício na base. O resultado foi a perda de pontos preciosos, que hoje colocam o time numa situação constrangedora e que mais adiante podem fazer ainda mais falta.

Assim, o gremista que andava com um sorriso de orelha à orelha até pouco tempo, hoje sofre com a corneta vermelha e ainda tem de conviver com gremistas raivosos, que não vacilam um segundo para dar pau no presidente Romildo Bolzan e no técnico Renato.

Esses gremistas conseguem irritar mais que os colorados, em festa sem ter ganho título algum, nem de peteca.

Esses gremistas são os urubulinos, sempre muito presentes nas redes sociais quando o time vai mal, e mais discretos e comedidos quando a fase é de vitórias, como essas que virão em breve.

Os urubulinos, apelido carinhoso desse grupo, pequeno mas barulhento, não são muitos. Mal conseguem lotar um fusca, como aconteceu quando o time conquistou a Copa do Brasil e a Libertadores, mas hoje, com a fase ruim, lotam uma kombi, da frota do Expresso Urubulino.

PASSAGEIROS DA KOMBI

Leandro Souza (motorista), Wilson Santos, Ancião, J.Carlos, Juninho Street, Antônio R., Henrique Martins, Jairo e Tiozaum.

Pedro de Lara, se reaparecer, vai atrás, sobre o motor.

Grêmio perde e se complica mais um pouco

Mesmo sem titulares importantes como Maicon, MH, Éverton e Kannemann, o Grêmio jogou um primeiro tempo como se estivesse em sua casa, não na casa do inimigo.

O Grêmio foi superior, teve duas chances claras de gol. Era para ter ido para o vestiário pelo menos com 1 a 0.

Agora, imperdoável o gol perdido por Montoya, que tem fã-clube aqui no blog, mas que até agora não justificou o investimento nele feito.

Ah, porque ele joga pela direita. E se jogasse pelo meio (aliás, foi pelo meio que ele perdeu um gol que até o André faria), ou pela esquerda? Faria diferença? É um jogador mediano, que se encontra na segunda divisão com facilidade e por preço baixo. Nem a tal garra argentina ele mostra.

No segundo tempo, o Bahia melhorou, até porque precisava atacar mais.

O Grêmio fez o possível com as peças disponíveis, de qualidade bastante inferior a dos quatro titulares citados. E o Bahia tem um time bem armado pelo Roger.

Mas isso não aparece na tabela. Não interessa se jogou bem ou mal, se a vitória não aparece.

A situação no Brasileirão está começando a ficar crítica.

Vizeu e Paulo Victor destaques na vitória sobre o Juventude

Deu a lógica. O Grêmio bateu o Juventude, 3 a 0, e confirmou sua presença nas quartas de final da Copa do Brasil. O Grêmio foi superior, mas teve dificuldade para superar o bloqueio caxiense.

Pelo que se viu, ficou claro que o time terá de jogar mais se quiser ir longe na CB. O time mais uma vez dependeu muito do goleiro Paulo Victor, que já havia feito defesas importantes no Alfredo Jaconi, e que nesta quarta, na Arena, fez duas sensacionais, uma delas num cabeceio à queima-roupa, que lembrou aquele lance fantástico de Marcelo Grohe na Libertadores.

O time sentiu a ausência de Éverton. Calma, eu sei que ele estava em campo, mas esteve distante do Éverton a que estamos acostumados. Isso tem um nome: selecionite. Normalmente, esse vírus se manifesta no retorno ao clube. No caso, começou agora.

Em compensação, apareceu Felipe Vizeu para marcar os gols, antes a cargo apenas de Éverton. Vizeu fez dois, ambos de cruzamento da linha de fundo. No primeiro, Capixaba fez jogada individual pela esquerda e cruzou na medida para o centroavande gremista marcar.

Depois, Vizeu faria o segundo após cruzamento de Thaciano. Thaciano cruzou para o terceiro gol de Tardelli, numa jogada que lembrou os melhores momentos deste Grêmio de Renato Portaluppi e Maicon, que está completando os 90 minutos em grande estilo.

Quem não consegue manter o ritmo no segundo tempo é o jovem Jean Pyerre, que vai caindo de rendimento gradativamente durante os jogos. Temos então que o velho está aguentando mais que o jovem. Mistérios do futebol.

Individualidades:

Rodrigues voltou a mostrar segurança e seriedade, por detalhe não marcou um gol. Outro mistério do futebol: por que ele não foi escalado antes? Quero acreditar que foi por uma questão contratual, garantir o vínculo por mais tempo, algo assim.

Capixaba foi melhor que no jogo anterior, mas continua intercalando uma alegria com um susto. Na jogada que abriu caminho para a vitória, difícil vitória, ele foi decisivo.

Vico foi uma surpresa de Renato. Ele não comprometeu, e até teve alguns bons lances. Merece ser melhor observado. Renato não o escalaria se não visse nele qualidades para evoluir.

Pepê entrou no segundo tempo. Tem um baita potencial. Ainda se mostra afoito e individualista na hora errada (quando está cercado por exemplo) e precipitado nas conclusões.

Vizeu. O que dizer? Só resta uma questão: por que Renato demorou tanto a dar oportunidades reais a esse ‘fazedor de gol’?

Mais um mistério do futebol.

MULTISOM

A rede de lojas do atual vice-presidente da CBF, Francisco Noveletto, foi vendida para um grupo catarinense. Isso significa que o ex-presidente da FGF e conselheiro do Inter terá mais tempo para cuidas das coisas do futebol. Bom entendedor, entenderá.

VAR

O VAR sinalizou pênalti a favor do Grêmio. Foi um toque de mão, muito claro dependendo do ângulo de visão. Jean Pyerre bateu muito mal, no meio do gol, e o goleiro defendeu.

Arbitragem brasileira está desmoralizando o VAR

A polêmica envolvendo o VAR (árbitro assistente de vídeo) me lembra uma frase clássica do Chacrinha, repetida entre um e outro bacalhau arremessado para a plateia pelo saudoso Velho Guerreiro.

-Eu vim pra confundir, não para explicar.

É isso, o VAR mais confunde e atrapalha do que explica, ou contribui para melhorar o espetáculo. É tanta lambança a cada rodada do Campeonato Brasileiro que essa boa ideia pode ser colocada de lado se não forem tomadas algumas providências, a começar por tornar mais transparente as decisões tanto do árbitro de campo quanto as tomadas pelo grupinho lá de cima, árbitros que nunca terão suas progenitoras ofendidas – isto segue sendo exclusividade do árbitro de campo.

Aliás, outra medida que deveria ser adotada imediatamente: impedir que a cabine onde ficam os árbitros de vídeo seja tomada por pessoas que não estão ali trabalhando, e que podem influenciar decisões com palpites e reações típicas de torcedor. Sei que a cada flagrante da cabine a gente percebe umas cinco ou seis pessoas, não apenas os profissionais que estão ali para ajudar a arbitragem de campo.

Isso não pode continuar. Será que é assim também no exterior, na Europa principalmente?

Em princípio, essa é uma tecnologia que veio para ficar, mas aqui na terra do jeitinho, das acomodações, dos conchavos, etc ela talvez demore mais a se consolidar como algo realmente positivo.

Por enquanto, o que se constata é que, a rigor, nada melhorou. Não diria que piorou, mas os erros continuam acontecendo, só que agora com mais gente contribuindo para esses erros.

Os tais erros humanos continuam acontecendo, mesmo com a contribuição da máquina, que deveria servir para diminuir os equívocos, mas por enquanto mais atrapalha do que ajuda.

E por que isso acontece? na maioria das vezes porque há interpretação sobre o que está sendo exibido. Todos sabem que o ideal no futebol seria diminuir a possibilidade de o juiz interpretar lances, estabelecendo regras claras e objetivas, sem espaço para dúvidas.

O que temos hoje são mais profissionais interpretando lances: os do campo e os da cabine. Não pode dar certo!

Eu defendo que o juiz na dúvida deve seguir aquilo que ele viu e até intuiu de um determinado lance. Mas o que parece é que o árbitro de campo está seguindo mais a observação dos outros do que a sua.

Mas isso é o tipo de coisa que deveria ser uniformizada o máximo possível – não tem como estabelecer critérios que serão seguidos por todos da mesma forma.

O que se vê na arbitragem brasileira é um Samba do Crioulo Doido (antes que alguém me ataque, trata-se uma música composta pelo jornalista Sérgio Porto, o Stanislaw Ponte Preta, na década de 60).

Já escrevi anteriormente sobre o VAR. Tinha muita gente empolgada com a novidade. Eu sempre coloquei ressalvas. O que eu previ está mais ou menos acontecendo. Vai ajudar bastante se o comando do futebol no país permitir que os técnicos também peçam revisão de lance, como acontece em outros esportes. Mas com o limite de uma ou duas solicitações por jogo. E o juiz mantém esse direito, claro, assim como os observadores de vídeo.

Agora, é fundamental que a subjetividade seja reduzida ao máximo. Não é o que está acontecendo, o que contribui para a lambança geral que estamos presenciando. A continuar assim, sem uma correção imediata, em breve o VAR estará desmoralizado no Brasil.

Seria uma pena.

Renato corrige seus erros e o time volta a vencer e convencer

Aviso: antes de iniciar a leitura desta coluna dá uma olhada nos mais de 200 comentários postados em menos de duas horas pelos parceiros deste blog, que aparecem na coluna anterior ao jogo. O pessoal aqui chega antes de mim, culpa de um dos maiores males do homem moderno, a ansiedade. Adianto que não li nenhuma linha, até para não me deixar influenciar.

Feito o alerta e dica de leitura – importante porque o pessoal aqui conhece e sabe expor suas ideias -, escrevo o que vi e penso sobre a vitória sobre o vice-líder do Brasileirão por 1 a 0.

É importante começar enfatizando isso: o Grêmio com seu time ‘decadente’, ‘dividido no vestiário’ e com um técnico que ‘se oferece para o Flamengo’ (sim, tem gente que já afirmou isso), bateu o vice-líder da competição.

E venceu com autoridade, apesar dos sustos, do medo de levar um gol no final, mas ali estava Paulo Victor, de contrato renovado, para salvar com algumas defesas muito difíceis.

Eu resumo a vitória e essa conquista dos três pontos, com peso de meia dúzia ou mais diante da situação do time no campeonato, em uma frase:

O Grêmio ganhou porque Renato corrigiu os erros que ele vinha cometendo há algum tempo.

Primeiro, colocou um zagueiro, que até jogou bem, não comprometeu e atendeu o treinador: não enfeitou. Bola pro mato que o jogo é de campeonato.

Ao repor um zagueiro de ofício, manteve Michel no meio de campo, restabelecendo uma estrutura defensiva séria e eficiente.

Então, com uma mexida, que ele adiou de forma irritante, foram corrigidos dois problemas.

No ataque, no intervalo, Renato, atropelado pelos fatos, enfim sacou André que havia desperdiçado um pênalti de forma bisonha e colocou Felipe Vizeu. Junto, sacou Alisson e escalou Diego Tardelli, este ausência justificada em jogos anteriores por estar lesionado.

Vale aquela máxima: escalou mal, mexeu bem. Vizeu entrou e após cobrança de escanteio aparou a bola e mandou um torpedo indefensável para Victor, que vinha pegando tudo.

O gol tranquilizou o time, a torcida e o próprio Renato. O Atlético buscou o empate e levou perigo algumas vezes. Mas o Grêmio não deixou por menos, também ficou ameaçando o gol.

No final das contas, foi uma vitória animadora, com uma atuação elogiável, com momentos do velho brilho que encantou a todos.

Como disse o Renato, a decolagem ainda não aconteceu. O avião apenas fechou as portas.

Um pouco de humildade nas frases e na postura é sempre positivo.

É hora de admitir queda técnica do time antes que seja tarde

A primeira coisa que a direção e Renato precisam fazer é reconhecer que o time vive um momento técnico ruim, beirando a assustador.

Admitir que se está doente e tomar as providências necessárias é o primeiro passo para a cura.

Sem soberba, sem frases ou termos engraçadinhos. É hora de mostrar humildade, reconhecer que o time dos sonhos hoje está mais para time de pesadelos sombrios.

Na prática, Renato precisa dar um descanso para André. André tem sido injustiçado. Seguidamente, os maiores talentos do time arrumam uma folga aqui, outra ali. Por que não dar uma folga para André, que tem se esforçando tanto, marcando zagueiros e volantes na saída de bola? Poucos fazem isso com tanto empenho. Folga para André. Já.

Está na hora de dar ao Vizeu a mesma sequência de jogos que o atual titular recebeu. Essa de colocar Vizeu aos 40 do segundo tempo não se faz. Por que não sacou André antes? E já tem gente escrevendo que Vizeu não viu nem a cor da bola. E era pra ver com tão pouco tempo?

Fora isso, não vi o Grêmio jogar tão mal assim. Está certo, pegou um time da terceira divisão, mas um time aplicado taticamente. Ah, o misto do Palmeiras venceu o Sampaio Correia por 1 a 0, gol com falha do goleiro, já nos acréscimos. Então, não existe moleza pra ninguém.

Outra coisa, o Juventude jogou como se fosse o visitante. Ficou atrás e só saía na boa. Na maior parte do tempo ficou com onze jogadores em seu próprio campo.

O Grêmio dominou, teve a iniciativa do jogo, mas não conseguiu, mais uma vez, traduzir essa superioridade técnica e tática em gols, ou pelo menos em mais situações de gol.

E é ai que entra o André, praticamente um peso morto. É como jogar com dez jogadores desde o apito inicial. Já passou da hora de Renato investir forte num esquema sem centroavante de ofício.

O esquema de jogo do Grêmio não favorece o camisa 9 tradicional. André raramente tem um chance de gol. Não dá nem pra cornetear que ele perde gol demais. É o máximo que eu posso dizer a favor dele.

NÍVEL BAIXO

No mais, o time todo esteve abaixo do que pode render. Destaco apenas Geromel e Paulo Vitor. O restante não passou de nota 7, o que também é preocupante.

Maicon pareceu um pouco distante do jogo algumas vezes. Matheus Henrique, vibrante e inquieto como sempre, errou mais do que o normal. Jean Pyerre começou bem, mas foi decaindo até merecer ser substituído. Thaciano entrou e mostrou apenas disposição. Éverton e Alisson tiveram alguns bons lances, mas de um modo geral estiveram abaixo do padrão.

E por aí vai. Tem ainda o Capixaba. Ah, não esqueço que alguns gremistas azedos e injustos cobravam de Renato a escalação do Capixaba, acusando o treinador de estar protegendo seus bruxinhos, no caso o Cortez, que hoje é unanimidade como titular. Duvido que apareça alguém para pedir a continuidade de Capixaba. Espero que o Grêmio não o contrate em definitivo, com todo respeito a seus admiradores.

AZEDUME

Por fim, percebo que quando o Grêmio joga mal cresce o número de comentários. Hoje, foram mais de 100 em pouco mais de 20 minutos após o final do empate com o Ju. A maioria, claro, destilando raiva e até ódio, o que é natural para quem corneteava até quando o time encantou o país e acumulou títulos.

Cabe ao Grêmio agora tomar as providências necessárias para que o time decole, o que, pelo jeito, não será tão fácil quanto Renato deixou transparecer dias atrás.

Por falar em Renato, o que tem de gente nas redes sociais já projetando sua saída e até especulando nomes para o lugar.

Lanço um candidato: Celso Roth. Tem gremista que merece…

Renato fala em decolar, mas por enquanto Grêmio está como voos da Avianca

A decolagem do Grêmio no Brasileirão, anunciada dias atrás e prometida pelo técnico Renato após a derrota diante do Ceará por 2 a 1, está parecida com voos da Avianca. Boa parte não decola.

Depois de cinco jogos, sem uma vitorizinha sequer (isso que enfrentou dois candidatos ao rebaixamento), já não acredito que o time irá mesmo decolar, pelo menos não ao ponto de disputar o título.

E já começo a duvidar que o time irá terminar no G-4.

É difícil acreditar – e eu acreditei até hoje – num clube do tamanho do Grêmio que precisa improvisar um volante em inúmeras oportunidades por que falta zagueiro no elenco.

Nem sei como definir essa situação. Michel, outra vez, fez gol contra. Dois em menos de 15 dias, o que já deve ser um recorde mundial. Além de prejudicar o time, Michel, por querer colaborar com o treinador, se expõe e afeta sua imagem como profissional. Tem muito jogador aí que não aceitaria correr esse risco.

Sobre o jogo, tenho a dizer que esperava muito mais de Thaciano. Falo sobre ele porque se trata de uma esperança na renovação do time. Era a chance de ele mostrar que pode ser um protagonista. Esteve muito aquém disso.

Outro que tem potencial para protagonismo é Alisson. Ele bons momentos no jogo, inclusive participou na jogada do gol de Éverton, que segue como goleador solitário – se ele não marca, ninguém marca.

Penso que Alisson deveria jogar com mais liberdade na frente, não apenas pelo lado direito. Ele dribla, chuta e tem inteligência pra jogar. Deveria ser testado como meia articulador na ausência de Luan ou Jean Pyerre.

No mais, acho que Renato escalou o melhor time possível dentro do que havia disponível. Podemos discordar com um outro nome, mas nada que mudaria alguma coisa.

Michel continuaria sendo um perigo como zagueiro independente de quem jogasse. E Capixaba, que também já teve todas as chances para deslanchar, só me dá saudade de Marcelo Oliveira. Sério.

Na frente, André continua sendo o centroavante que chega tarde ou chega antes, mas nunca no local e no momento preciso em que a bola é lançada na área.

Era jogo para vencer, apesar dos desfalques importantes. Mas o time perdeu, reafirmando que o elenco não é tão bom quanto parecia, ao menos para mim.

Bem, segue o planejamento – diria um companheiro aqui do blog. O planejamento está inalterado. Prioridade é a Libertadores, seguida da CB e por último o Brasileirão.

A continuar assim, sem decolar como alguns voos da da Avianca, a prioridade pode ser alterada: não mais para disputar título, mas simplesmente brigar para fugir da zona do precipício.

Mania de perseguição e o esquema verticalizado de Renato

Eu ando mesmo com mania de perseguição. Por que de novo o Grêmio joga às 19h e o Inter no horário ‘nobre’, 16h de domingo?

Essa pergunta é irmã desta outra: por que o Grêmio mais uma vez terá jogos da Libertadores transmitidos pelo facebook – no anterior tive extrema dificuldade para assistir de tanto que trancou.

Alguém pode entender que o jogo entre dois clubes egressos da segundona é mais relevante, um clássico. Portanto, nada melhor que marcá-lo para um domingo ensolarado.

Está certo, Ceará x Grêmio também não é lá essas coisas, mas envolve o Grêmio campeão da América, o mais recente brasileiro a conquistar esse troféu ambicionado por todos, mas conquistas de poucos.

Remetendo ao meu comentário anterior: o Grêmio causa inveja em vários níveis, desde o pipoqueiro ao presidente da CBF e seus vices, entre eles o conselheiro colorado.

THACIANO

A entrada de Thaciano no time, junto da ausência de Maicon e Luan, torna o Grêmio um time de jogo mais verticalizado, a exemplo da maioria dos que disputam o Brasileirão.

Maicon e Luan, assessorados pelo Matheus Henrique, são hoje os avalistas desse esquema de toque de bola e paciência que Renato utilizou para elevar o Grêmio de patamar no futebol nacional e mundial.

Antes, ainda havia Douglas, que em seu último suspiro como grande jogador contribuiu para essas conquistas, em especial a Copa do Brasil que rompeu 15 anos de agonia tricolor.

Confesso que sinto saudade desse futebol, que prescindiu do famigerado camisa 9 aipim e que envolvia e tonteava os adversários, encantando a todos, inclusive os rivais.

Bem, esse esquema me parece moribundo, ainda mais com a queda de Luan, enquanto Maicon, o grande maestro, começa a sentir o peso dos anos.

Renato já deu provas de que tem um estoque aparentemente interminável de soluções – para desespero dos que o invejam. Mas tudo tem um fim.

Neste domingo, em Fortaleza, veremos o plano B de Renato: um futebol mais pragmático e menos virtuoso, e que até agora não mostrou eficácia como se viu principalmente contra o Avaí.

Vamos ver, Renato não vai dar mole. Vai em busca dos três pontos, que diante das circunstâncias valem ouro.

ZAGUEIRO

Tenho a impressão de que finalmente o zagueiro Rodriguez terá uma oportunidade. Em princípio, é melhor um zagueiro de ofício do que um volante improvisado e que já deu mostras de atuar desconfortável na posição.

Lembrando o Jô Soares do século passado: ‘Bota zagueiro, Renato”.

EXCLUSÃO

Alertei tempos atrás que não toleraria mais baixaria aqui no blog. Tem uns dois ou três que insistem em apelar para a ignorância. Estou apagando os comentários que EU considero descabidos num ambiente de convivência entre irmãos de clube.

Expressões, por exemplo, que remetem para homossexualismo como sentar nisso ou naquilo, entre tantas outras, serão apagadas num primeiro momento como último alerta.

Depois, será a exclusão. Lamento, porque todos aqui tem boas ideias sobre futebol, mas alguns acabam passando dos limites da civilidade e do respeito.

E o mais grave é que estamos falando de pessoas maduras.

Está feito o alerta. O último.

Sucesso do Grêmio machuca e provoca inveja

O Grêmio é mesmo muito grande. E ficou ainda maior nos últimos anos com a conquista de títulos e, de quebra, jogando um futebol como nunca antes (lembrei de alguém agora) havia se visto no país.

O Grêmio ganhou a admiração, conquistou respeito e, claro, no rastro de energias positivas veio a inveja, companheira dos menores, dos medíocres, daqueles que só conseguem ser felizes em cima da desgraça alheia.

O sucesso do Grêmio machucou e ainda machuca. Gerou ódio em alguns, e não exagero. E isso gerou, entre os pobres de espírito, uma necessidade de vingança, de retaliação.

Quem acompanha com alguma atenção os programas esportivos de rádio e TV, e lê as coberturas dos jornais, percebe que parte dos protagonistas não perde uma chance de agredir o Grêmio com chacotas e trocadilhos infames, como esse que aproveitou o ‘deu mole’ de Renato para fazer uma provocação digna de conversa de botequim.

Agora, mais grave que essa brincadeira muito comum no jornal Olé, da Argentina, mas inaceitável numa imprensa séria e neutra, é essa decisão de denunciar o Grêmio por injúria racial no jogo contra o Fluminense.

Minha capacidade auditiva deve estar muito ruim mesmo, porque não consegui ouvir o termo ‘macaco’, que teria sido proferido por algum torcedor gremista irresponsável. Naquele jogo contra o Santos, a ofensa foi nítida. Não havia o que discutir. A punição aplicada, sim, é que ultrapassou o bom senso.

Mas aí eu volto: o Grêmio provoca muita inveja, muita raiva, deixa muita gente despeitada, principalmente aqui na aldeia, onde mesmo nos melhores momentos do time sempre havia alguém para garimpar algum aspecto negativo como contraponto.

Incidentes semelhantes de injúria racial acontecem em outros estádios, inclusive num muito próximo, e nenhum caso sequer foi denunciado. Ah, mas se envolve o Grêmio é diferente.

O Grêmio foi denunciado pelo artigo abaixo:

“Art. 243-G. Praticar ato discriminatório, desdenhoso ou ultrajante, relacionado a preconceito em razão de origem étnica, raça, sexo, cor, idade, condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência.

O artigo, como se constata, contempla também ofensas de cunho sexual. Não está na hora de começar a denunciar, e punir, gritos, por exemplo, de ‘viado’, tão comuns nos estádios?

Mas o que realmente importa é que o Grêmio é muito grande, uma grandeza que poucos clubes no mundo tem.

Por isso, como dizia Mário Quintana, com quem durante alguns meses dividi uma Remington na redação do velho Correio do Povo, “eles passarão, eu passarinho”.

Vamos passar por cima de tudo isso.