O ocaso de um sistema que encantou o país

Saí da Arena, terça à noite, muito irritado com a derrota diante do Libertad. A irritação deu lugar à tristeza, à melancolia. Não sei se o Grêmio será campeão da Libertadores – começo a duvidar muito -, mas de uma coisa tenho certeza: o futebol que encantou o país, e conquistou até a simpatia de rivais, está moribundo.

Não vi nesse jogo contra os paraguaios nenhum resquício, por exemplo, daquele Grêmio que conquistou a Copa do Brasil de 2016 sob o comando de Renato Portaluppi, e depois conquistou a América jogando bola. Sim, esse Grêmio jogava bola, os outros jogavam futebol.

Sinto saudade desse time. Um time que tocava a bola, cansava, irritava os adversários, minava o moral dos jogadores. Por vezes, cansava até a mim, que cobrava lançamentos longos e cruzamentos da linha de futebol, em vez de ficar tramando a bola, costurando uma teia de aranha para golpear e engolir o rival.

Mais títulos só não vieram por essas coisas do futebol. Negociações de jogadores (Arthur) para manter girando a roda financeira do clube e decisões dos cartolas e de arbitragens suspeitas, além de um ou outro equívoco na formação do grupo.

É duro perder em função dessas coisas, mas faz parte.

O que dói mesmo é ter essa sensação que me aflige depois que vi o jogo contra o Rosario e, principalmente, esse contra o Libertad.

Não me incluo entre aqueles que parecem sentir prazer, uma satisfação interior profunda, em sempre detonar os melhores do time, desprezando as circunstâncias de um jogo e a qualidade do entorno, ou seja, de alguns integrantes do resto do time.

Por pior que tenha sido o desempenho técnico e tático do time, o Libertad chegou três ou quatro vezes na área gremista. Perdeu um gol logo no começo e depois, num contra-ataque, fez o gol da vitória.

Aqueles que culpam a dupla de volantes deveriam refletir sobre isso. O setor não estava tão vulnerável assim, mesmo com o time assumindo mais riscos no final porque buscava ao menos o empate.

O fato é que em outros tempos, a vantagem seria revertida até com facilidade.

Mas o Grêmio que estava em campo não era mais aquele Grêmio. Era um time vestindo o manto tricolor e jogando um futebol comum, banal e, cá entre nós, feio, ainda mais para quem já desfrutou do melhor.

Teria muito a escrever sobre os jogadores e as decisões de Renato, mas penso que tudo já foi dito neste blog pelos companheiros de jornada. Prefiro encerrar por aqui com uma pergunta:

Por que tanta insistência com camisa 9 estilo aipim quando o próprio Renato começou a se consagrar como técnico priorizando atacantes ágeis, velozes e ecléticos?

Outra pergunta:

Por que não colocar Jean Pierre quando sacou Vizeu, avançando Luan. Por que trocar seis por meia dúzia?

Vejo nisso o ocaso de um sistema vitorioso e encantador. Vai deixar saudade.

Pensem nisso enquanto lhes digo, até amanhã (frase de encerramento do Sergio Jockymann, brilhante radialista/jornalista/escritor. E colorado.

Três raios no mesmo lugar

O jovem Darlan se encaminha para mostrar que o raio pode cair mais de uma vez no mesmo lugar. Em pouco mais de um ano, o Grêmio está revelando para o mundo três jogadores com características muito semelhantes, e todos de baixa estatura física.

Os baixinhos Arthur – o primeiro raio -, Matheus Henrique – o segundo -, e agora o terceiro, Darlan, parece que saíram todos da mesma chocadeira.

Darlan já tinha fã clube (inclusive aqui neste blog) antes mesmo de começar a ser preparado e lançado aos poucos por Renato, que tem a fórmula para não apenas lançar novatos como recuperar jogadores mais experientes, como estamos vendo, agora, perplexos (eu estou), com esse renascimento de André, principal figura dos 3 a 0 sobre o São José, time que bateu o Inter por 2 a 0 no Noveletão.

Os exemplos são muitos, e por todos conhecidos, como é também o caso de Marinho (este estava me decepcionando profundamente).

Pois o mago Renato, uma espécie de Midas do futebol, segue fazendo pequenos milagres. Seu desafio maior, hoje, é fazer Lincoln (exemplo de lançamento apressado, mas com aval de 9 entre 10 gremistas, entre eles eu) reencontrar o caminho que pode levá-lo ao estrelato.

Sobre os ‘Três Baixinhos’, é muito provável que Arthur não seja igualado por Matheus Henrique e Darlan. Afinal, Arthur teve um crescimento vertiginoso e hoje é estrela no Barcelona. Dificilmente será igualado, mas nada impede até que seja superado. O futebol tem dessas coisas.

A EXPERIÊNCIA

Li e ouvi críticas ao Renato por ter experimentado Matheus Henrique na lateral-direita. Vou desenhar:

Renato pode estar preparando o guri para fazer a função de Ramiro e por isso o colocou de lateral, para conhecer melhor o setor. Ramiro atuava também, como um segundo lateral, o suporte de Léo Moura.

Renato pode estar pensando em utilizar eventualmente o MH nessa função diante de determinadas circunstâncias. Então, o que é melhor para isso do que testar o jogador do que um jogo do regional e dentro de casa?

Por fim, Renato pode estar pensando em MH como futuro titular da lateral direita, posição carente de jogadores talentosos. São inúmeros os casos de volantes que viraram laterais e acabaram se destacando e até vestindo a amarelinha.

Agora, eu prefiro Matheus Henrique jogando pelo meio, mas não condeno Renato, que sabe um pouco mais de futebol que eu, por fazer essa experiência.

Afinal, ele já mostrou que sabe o que está fazendo. Ou não?

Grêmio só empata em jogo para somar três pontos

Para quem começou o jogo sofrendo gol quando o time ainda estava no vestiário, o empate com o Rosario Central na estreia na Libertadores/2019 não foi um mau resultado. Afinal, não é fácil correr atrás depois de levar gol logo de saída de um time argentino, ainda mais na casa dele.

Mas nos minutos seguintes ao gol do Rosario – ocorrido aos 3 minutos -, quando o Grêmio parecia sonolento e praticamente não havia tocado na bola, o que se viu foi a superioridade e uma série de gols perdidos pelo tricampeão da América. Portanto, o empate por 1 a 1 não foi um bom negócio para o tricolor.

Após levar o gol, o Grêmio ‘entrou em campo’. Foram criadas boas chances de gol, algumas daquelas imperdíveis, tipo o tal ‘gol feito’ que os narradores costumavam dizer. Neste aspecto, ninguém superou Felipe Vizeu, que já mostrou ter condições de ser titular, mas que nesta noite abusou de desperdiçar oportunidades.

Quem acabou salvando o time de estrear com derrota foi Éverton. Aos 13 minutos, ele recebeu uma bola virada por Marinho – muito boa atuação, além de ser o alvo preferido das chuteiras assassinas -, driblou dois e chutou cruzado na saída do goleiro Ledesma, para mim o maior destaque do jogo porque fez duas ou três defesas ‘milagrosas’.

Sobre goleiro, Paulo Victor não falhou no gol de Zampedri, mas era bola defensável para um goleiro com mais agilidade e reflexo. Penso que ele levou o gol porque estava ainda frio, pode ser. Depois, ele se redimiu com duas boas defesas e intervenções seguras.

Não gostei no Grêmio, além dos irritantes ‘gols perdidos’, foi da marcação no meio de campo. Ramiro faz falta neste aspecto. O time tem um ganho ofensivo com Marinho, mas perde defensivamente na comparação com Ramiro. Fora isso, a dupla Maicon/Rômulo mostrou desarmonia na marcação. Talvez com mais alguns jogos eles se acertem. Michel fez falta.

No segundo tempo, com o jogo morno e se encaminhando para o final, Renato sacou Luan, muito apagado, e colocou Matheus Henrique, que deu mais dinamismo ao time. E quase marcou um gol logo em sua primeira participação.

André entrou no lugar de Vizeu, seis por meia dúzia. Jean Pierre entrou no lugar de Maicon (vejam, dois pilares técnicos do time saíram com o jogo ainda indefinido, o que é raro). Também ele quase marcou, ao cobrar uma falta na trave do goleiro na reta final da partida.

É Renato preparando a renovação do time e sinalizando que ninguém joga por carteiraço.

Na terça que vem, é o Libertad, 21h30, na Arena. O time paraguaio lidera o grupo H em função dos 4 a 1 sobre o Universidad Catolica.

GEROMEL

Geromel acertou uma cotovelada, na verdade quase um carinho mais rude, no atacante Zampedri ao final do primeiro tempo. O argentino foi pra cima e os dois levaram amarelo.

A gente sabe que Geromel não é de fazer esse tipo de coisa. No segundo tempo, quando Zampedri estava sentado em campo, esgotado, prestes a ser substituído, Geromel se aproximou e pelo gestual pediu desculpas ao adversário, que aparentemente as aceitou. E segue o baile.

Grêmio com grupo para passar o rodo

A caminhada tricolor rumo ao tetra da Libertadores começa dia 6, no Gigante de Arroyito, contra o Rosario Central.

Será um jogo muito difícil, claro, embora alguns jornalistas da praça estejam pintando um quadro mais colorido porque o time argentino anda mal e anuncia time misto contra o Grêmio. Lembra um pouco aquela história do ‘pior Real Madrid’ de todos os tempos.

Não vou nessa conversa. Na hora, vem o time titular, talvez com uns dois ou três desfalques no máximo. O clube estaria priorizando a competição nacional. Quer dizer, lá eles também priorizam. Nada contra ninguém.

Na verdade, não tem como escapar de estabelecer uma prioridade. Eu lembro que nos meus tempos de juventude, nas reuniões dançantes (só os mais velhos aqui sabem do que estou falando) priorizava uma menina, encostado numa coluna ou caminhando pra lá e pra cá como uma onça faminta escolhendo sua presa.

Priorizava tanto que saía sem nada, mais ou menos como o Grêmio no ano passado. Priorizou a Libertadores e ficou sem nada, perdeu a Copa do Brasil e o Brasileirão.

Voltando aos tempos das ‘reúna’. Eu, escolhia a mais atraente, minha prioridade, que acabava preferindo outro. Quando eu queria investir tudo na segunda, terceira ou quarta prioridades, era tarde, todas estavam encaminhadas, dançando de rosto colado, por vezes com direito de mordidinha na orelha, ao som do Creedence, Bee Gees, Beatles e Roberto Carlos.

Lembro que muitas vezes saí atracado “no Gauchão” – não me entendam mal -, a última das prioridades. Mas diferente de uns e outros, não comemorava. Era o prêmio consolação, na realidade.

O fato é que eu ficava até um pouco constrangido. Afinal, depois de passar a tarde/noite (as ‘reúnas’ eram coisa ‘família’) jogando todas as fichas nas deusas da festa, terminar com uma do time das visualmente menos interessantes era motivo de gozação por parte dos então adeptos do cinco contra um.

Bem, a poucos dias de começar a luta por sua prioridade das prioridades, tenho para mim que o Grêmio tem time para passar o rodo. Desde é claro que não comecem a aparecer lesões disso ou daquilo, como essa do Michel, e que acabem desfalcando o time. Afinal, é o que ocorreu no ano passado, quando o time ficou longo tempo sem seu craque, o craque das Américas.

Se os ventos soprarem a favor, o Grêmio pode priorizar tudo, a começar pelo Gauchão, que tem como maior valor o fato de ser o único que o rival vermelho realmente tem alguma chance de conquistar – e todos sabem por que.

O Grêmio deste ano tem um grupo com mais qualidade e mais opções ao treinador. Mas se começar a perder jogadores por lesão ou por transferências, aí já complica.

Se ocorrer tudo como a gente espera, dá para passar o rodo e ganhar o Gauchão, CB, Brasileirão e Libertadores. Quem duvida?

Difícil, mas não impossível como eram aquelas meninas que elegia como prioridade e que só me davam ‘carão’.

Mas eu insistia. Acho que é por isso que estou sempre mirando a Libertadores. Já levei muitos ‘foras’, mas as três vezes em que cheguei lá valeu muito a pena.

ROSARIO E O PATO

Não me lembro o ano (algo como 1979/1980), nem o resultado jogo. O jogo era no estádio do Newell’s, um estádio acanhado, tipo esses do Interior. Eu estava lá pela Folha da Tarde. Nunca me esqueço, terminado o jogo (o resultado não interessa), vi o Roberto Moure, o Pato, então na rádio Gaúcha, correndo para conseguir entrevistados. Ele pegava um, fazia um pergunta e dava o microfone para o interlocutor segurar e seguir falando. Enquanto isso, buscava mais alguém para falar. Tudo muito rápido.

Tempos do rádio heróico, da criatividade e do amor à camiseta.

Triste futebol que não consegue manter seus talentos

Antes de ser presidente do Grêmio, Romildo Bolzan é um torcedor. Por isso, não tenho nenhuma dúvida de que ele, neste momento, ao ceder Tetê, uma das grandes promessas do clube, está sentindo o mesmo que eu e a maioria dos torcedores.

Abrir mão de um jovem talento sem que ele antes ao menos vestisse a camisa tricolor em alguns jogos é muito triste.

É o futebol curvando-se mais e mais diante do poder econômico. O Grêmio poderia resistir? Duvido.

Tetê é que poderia fazer com outros antes dele: esperar uma proposta tão boa quanto essa Shakhtar Donetsk e exibir seu talento na Espanha, Itália, Inglaterra, nunca se esconder na Ucrânia.

Se bem que quem joga lá tem maiores chances de vestir a amarelinha titular em seguida. É um desses ‘mistérios’ do futebol.

O fato é que o Grêmio recebe à vista mais de 42 milhões de reais e fica com 15% de uma revenda futura. Prêmio de consolação. Mas já é alguma coisa, ou muita coisa diante da penúria do nosso futebol, no qual os clubes precisam formar e vender jogadores de ponta o quanto mais rápido possível.

O Inter tenta negociar seu volante Rodrigo Dourado e nada de aparecer uma proposta satisfatória. Nada sequer parecido com os 100 milhões de reais anunciados dois ou três anos atrás como algo concreto.

Hoje, no Grêmio, ainda temos chance de desfrutar de jogadores como Luan e Éverton. Mas só porque Arthur foi negociado antes.

Luan fez o que Tetê deveria ter feito na minha opinião. Esperar uma proposta de algum grande centro mundial. Éverton ainda não saiu porque o clube recusou as propostas que vieram.

É importante destacar que nem sempre uma grande promessa da base acaba correspondendo às expectativas. Lincoln, para ficar num exemplo recente, era uma pedra preciosa, um diamante. Hoje, está aí disputando vaga como volante, sendo que ele ele despontou como meia de armação.

Lembro ainda do Anderson, fundamental no jogo contra o Náutico. Era um meia atacante promissor. Acabou volante num clube da Inglaterra, e nunca mais jogou o futebol moleque que o consagrou e fez a alegria da torcida.

O futebol dá muitas voltas. O mau negócio de hoje pode ser comemorado dentro de algum tempo. O oposto também vale.

Uma pena que Tetê está indo embora assim, deixando uma pilha de euros nos cofres do clube, em vez de ficar aqui, empilhar gols com a camisa tricolor, e só então fazer o tal pé-de-meia, que tudo justifica.

AVENIDA

Meu time de origem sentiu o cansaço e o aspecto emocional da decisão histórica contra o Corinthians. Só por isso não venceu o Inter, ou ao menos empatou.

Não vi o jogo. Mas tive acesso aos lances principais. Quero dizer que foi pênalti em Zeca. O zagueiro pega a perna direita do Zeca, dentro da área, pênalti.

Agora, se fosse um lance a favor do Avenida ou do Grêmio, o juiz marcaria?

Pelo que tenho visto no noveletão, acredito que não. Dias atrás Kanneman foi seguro dentro da área do Brasil, lance claro de penalidade máxima. Passou em brancas nuvens.

Já o céu na arbitragem gaudéria é coberto por nuvens escuras, carregadas, que só não pairam sobre o Inter.

Grêmio esbarra na arbitragem e no goleiro

A rodada do Gauchão reafirmou que o maior adversário do Grêmio na luta pelo título é mesmo a arbitragem.

No empate por 0 a 0 com o Brasil, em Pelotas, o time B tricolor teve a seu favor um pênalti logo no começo do jogo, quando um zagueiro tirou Kannemann para ‘bailar’ dentro da área. Andaram juntos uns 4 ou 5 metros. O argentino querendo chegar na bola e o zagueiro o segurando. O juiz nada assinalou.

O mesmo juiz, Jonathan Pinheiro, muito conhecido na região dos Sinos, conseguiu ver simulação de Capixaba, que saltou para não ter sua perna fraturada por um desses carrinhos assassinos que os árbitros toleram, punindo no máximo com cartão amarelo. O juiz deu cartão amarelo para o lateral, que já havia recebido um no primeiro tempo.

Importante registrar que naquele momento, faltando uns 15 minutos para o final, alguns jogadores do Brasil se arrastavam em campo, enquanto outros se contorciam em razão de cãibras. O juiz, talvez na nobre intenção de equilibrar a disputa e preservar o ‘espetáculo’ decidiu forçar a barra, dando amarelo por simulação. Claro que não foi isso, todos sabem que não.

Mesmo sem a maioria dos titulares, o Grêmio ainda foi muito superior, criando inúmeras chances de gol. Destaque para Jean Pyerre, que deixou Pepê duas vezes na cara do bom goleiro Carlos Eduardo, que salvaria o time em mais três ou quatro oportunidades.

Pepê, pelos gols perdidos, lembrou o início de Éverton. Em outros lances, não foi participativo, nem solidário, preferindo sempre concluir mesmo com algum companheiro em melhor posição. Mas é novo e tem muito a evoluir.

No mais, destaco o Paulo Miranda, apesar de sua entregada bressiana quase no final. Os laterais não foram bem, com a ressalva de que Capixaba evitou um gol do time pelotense.

A dupla Rômulo/Michel não funcionou. Exagerando, eu diria que é muita ‘grossura’ comparando com o futebol que o time joga quando tem Matheus Henrique e o mestre Maicon.

Na frente, gostei do Felipe Vizeu, por duas ou três metidas de bola e muita vontade de acertar, se movimentando na frente e ajudando a marcar. Montoya é outro que se esforçou, mas ficou devendo futebol.

Voltando à arbitragem, como se esperava, o Brasil, comandado pelo Leandro Leite, bateu, chegou junto demais. O juiz, como tem acontecido nos jogos do Grêmio, apresenta o amarelo para adversários do tricolor só depois de uma dezena de faltas. Até parece que existe uma orientação de cima nesse sentido. Só parece.

Enfim, era para o misto do Grêmio ter vencido. Se Renato estivesse na casamata acredito que as coisas seriam diferentes.

CHILIQUE

Não vi o jogo do Inter. Vi só alguns lances. O que mais me chamou a atenção foi o D’Alessandro, que entrou em campo e não demorou muito estava fazendo seu circo. Não faltou até uma corridinha para peitar o adversário, tipo olhos nos olhos. Duvido ele fazer isso no Centenário. O jogador é quase o dobro do argentino. D’Ale levou o amarelo. Aposto que ele irá bater recorde de cartões amarelos. Não vou desenhar.

Jael, o coadjuvante viveu seu dia de protagonista

Um dos encantos do futebol é que nem sempre os protagonistas, aqueles jogadores mais festejados e admirados pela torcida, são os que decidem jogos e títulos. Não raro, as grandes conquistas têm participação efetiva, decisiva, dos coadjuvantes, jogadores que desembarcam – alguns de ônibus – sob o olhar desconfiado do torcedor.

Jael, o Cruel, é um exemplo. Em sua despedida do Grêmio, nesta sexta-feira, Jael fez questão de lembrar o que passou, o que sofreu, até provar que poderia ser um jogador útil e ser visto com mais simpatia pela torcida tricolor.

Por vezes, Jael ganhou mais, ganhou a admiração e o respeito da grande maioria daqueles que o criticaram mesmo depois de fazer gols importantes e dar assistências dignas de um craque, como aquela na vitória por 1 a 0 sobre o Lanus, na fase final da Libertadores/2017.

Sim, a vitória e o título passaram por esse coadjuvante, que, naquele histórico jogo foi protagonista ao dar um toque preciso para Cícero, outro coadjuvante, marcar o gol que descortinou o caminho para o tri da Libertadores.

Curiosamente, no jogo seguinte, vitória por 2 a 1, com outro coadjuvante, Fernandinho, abrindo o placar, completado depois, de forma genial, por um protagonista, Luan, na verdade, O protagonista.

Ao se despedir, em grande estilo e de maneira emocionada, com lágrimas nos olhos, Jael mostrou que o protagonismo também pode ser dos jogadores medianos. Ele fez questão de cumprimentar a todos, inclusive operadores de áudio das emissoras de rádio, sempre com um sorriso amigo.

Jael, o Cruel, deixou o clube, onde talvez tenha vivido seu melhor momento profissional, orgulhoso por vestir o manto tricolor, de cabeça erguida e com as portas abertas para um dia voltar, coisa que um protagonista famoso, que me nego a dizer o nome, NUNCA poderá fazer, nem como visitante, a não ser sob escolta de seguranças.

Jael, que revelou na entrevista que jogava preocupado em melhorar sua imagem perante a torcida, pode ter certeza de uma coisa: ele saiu do Grêmio muito maior do que entrou, como atleta e como cidadão.

Quisera que houvesse mais gente assim no futebol.

ECONOMIA INTERNA

Quando li a coluna do Pedro Ernesto sobre a remuneração dos jogadores negociados pelo Grêmio, publicando listas que lhe foram entregues por um conselheiro do clube, sinto saudade do tempo do Rudy Armin Petry, histórico dirigente tricolor dos anos 60/70.

Ele não deixava vazar nada. O X-9 com ele não se criava. Diferente de hoje. Sei lá se os números estão corretos, mas sem dúvida são aproximados do real. Eu mesmo se fizesse uma lista especulativa não chegaria a um resultado muito diferente.

Em outros tempo, os números escorregavam com facilidade no lado vermelho. Hoje, por ‘uma questão de respeito’, talvez, os valores raramente aparecem.

É o caso do D’Alessandro, hoje o pior custo/benefício do futebol gaúcho. Ninguém diz isso. Sua remuneração também nunca foi especulada como se fez agora com Tardelli.

Precisou o cornetadorw vir a público revelar que o argentino, aos 38 anos, ganha (mas pelo jeito não anda recebendo) 300 mil dólares por mês. Cerca de R$ 1,3 milhão, um absurdo que até hoje não mereceu um olhar mais crítico da imprensa regional.

Tardelli e a prioridade do Grêmio nesta temporada

Sempre que tenho alguma dúvida sobre se algo é bom ou ruim para o Grêmio dou uma olhada ao redor, prestando atenção nas opiniões de colorados no rádio, na TV, nos jornais e nas redes sociais.

No caso de Diego Tardelli, percebo que a maior parte dos vermelhos está tão assustada com a possibilidade acontecer o acerto que poucos arriscam a levantar alguma objeção. O questionamento mais recorrente é sobre a remuneração de Tardelli, que, segundo informações extra-oficiais, beira os 30 milhões de reais em três anos.

Junta três ou quatro jogadores que nada resolvem, e de quem pouco se espera além de esforço e calção sujo, e temos o valor necessário para pagar alguém que chega, farda e tem tudo para dar contribuições decisivas na luta por grandes títulos.

Saúdo a possível contratação de Tardelli, um atacante versátil, ainda veloz e muito habilidoso, sem contar a experiência tão necessária e que faz a diferença nos momentos mais duros.

O custo não é baixo, mas não é despesa, é investimento. A situação financeira do clube na gestão do presidente Romildo permite algumas ousadias.

Ao contratar Tardelli, ou pelo menos tentar, o Grêmio sinaliza que planeja grandes voos nesta temporada. Tem grupo de qualidade e quantidade, superior ao do ano passado.

O Grêmio está formando um grupo capaz de disputar todas as competições, inclusive o Brasileirão, sem abrir mão da CB.

Pelo que está se desenhando, a prioridade é trabalhar para ganhar tudo. Alguém duvida que não é possível?

CAIO

Convive alguns meses com o Caio. Se ele não fosse tão discreto e humilde, teria se consagrado no futebol, teria dinheiro suficiente para contratar bons médicos e talvez não tivesse que amputar as duas pernas.

Talvez vivesse mais tempo, e com melhor saúde.

Morreu hoje, aos 63 anos. Triste.

Caio jogava muita bola, mas não era marqueteiro, não se promovia. Atacante rápido e de bom drible, dedicação tática e presença na área e também nos flancos. Um atacante moderno.

Muito parecido com Tardelli.

Caio teria lugar nesse grupo do Renato, seu companheiro em 1983, quando juntos conquistar a Libertadores e o mundo.

Caio, nossa homenagem. Teu nome está gravado na história do Grêmio e na memória de cada gremista.

Grêmio conquista título com show de gols na Arena

Como estava previsto, o Grêmio fez do confronto com o Avenida um jogo-treino, e, de quebra, deu show, com gols bonitos, estonteantes, daqueles de emoldurar no arquivo da memória.

A goleada de 6 a 0 resultou ainda no título da Recopa gaúcha, que de repente foi relativizada por setores da mídia e sequer figurou no site da federação noveletiana.

Mas esse é um detalhe irrelevante, igual a tantos outros que enaltecem o Inter por qualquer coisa e relegam a um segundo plano as coisas positivas do Grêmio, hoje um time sem rival à altura no Estado, fato que não é destacado nas rodas esportivas.

Nesta segunda e nos próximos dias, veremos a exaltação de Pedro Lucas, que fez um gol, literalmente, passeando depois de receber um passe do rápido Neilton. Aliás, o oba-0ba já começou nos sites.

Um deles frisa que o jovem atacante jogou apenas 130 minutos e já tem um gol. Outro destaca a ‘emoção gigante’ de Pedro Lucas, que não sei se joga alguma coisa, mas tem porte de centroavante aipim, o que é muito valorizado aqui neste sul texano – como define o cornetadorw.

Mas vamos ao que interessa: li e ouvi gente reclamando do ritmo lento do Grêmio. Ora, é muita vontade de criticar. Tem gente cobrando que o time deveria ter se empenhado mais, mas são tão poucos que nem merecem mais do que essas linhas. Quem foi à Arena sabia que tipo de jogo iria assistir.

O que se viu foi um Grêmio que respeitou o adversário tecnicamente inferior, e que casualmente é o meu clube de iniciação no futebol – sou natural de Santa Cruz do Sul.

O Grêmio respeitou marcando firme, mas sem forçar muito as jogadas. Seus jogadores evitaram as disputas ásperas de bola, mas também na deram moleza.

Se tivesse forçado, é certo que a goleada seria retumbante, antológica.

Só estranhei que Renato dessa vez não fez aquele gesto tradicional para o time tocasse mais a bola, após a vitória assegurada, a exemplo do que fez num Gre-Nal recente com ‘peninha’ do rival.

Sobre o jogo, além da dupla Éverton/Luan, craques formados na base tricolor, destaque para Leonardo, que está se revelando um lateral mais do que confiável. O gol que marcou, belíssimo, vai contribuir para que ganhe mais confiança para arriscar no campo ofensivo.

Agora, nada supera o gol de Felipe Vizeu. Ele, que havia entrado minutos antes, quase no final do jogo ampliou para 6 a 0 com um chute em curva, da ponta da área pela direita.

Com Jael indo embora para a China e André seguindo em marcha lenta, a camisa 9 parece que já tem dono. Questão de tempo.

PÊNALTI

aos 25 minutos, pênalti de Cuesta – quem viu o jogo vai concordar com o que já escrevi, que se trata de um Bressan com grife – sobre o Brian Rodriguez. O juiz estava próximo do lance, mas não marcou a falta dentro da área. As imagens que circulam pela internet são muito claras. Até os analistas vermelhos tiveram que admitir que houve pênalti.

No final, o Juventude ainda descontou. Se o pênalti tivesse sido marcado, é possível que o resultado fosse outro.

Bem, nada de novo nesse aspecto no regional noveletiano.

Sobre a briga, expulsões corretas. Não entendi por que Pottker, que iniciou a confusão, ficou sem punição. Nico, que tem sido o melhor jogador colorado, e Sallinas foram expulsos corretamente.

FLAMENGO

Em todos o país, homenagem aos jovens mortos no CT do Flamengo. Uma tragédia que poderia ter sido evitada, como outras recentes.

Negligência, incompetência, ganância e impunidade andam de mãos dadas no Brasil. Isso talvez ajude a explicar a tragédia que vitimou jovens cheios de planos e sonhos.