Ode da mídia a Paolo Guerrero

Não me lembro de ter visto tamanho entusiasmo da imprensa local (da torcida, curiosamente, nem tanto) com a chegada de um jogador em fim de carreira, de 35 anos, com retrospecto positivo como boleiro, mas com um fato muito grave em seu ocaso como profissional do futebol.

Paolo Guerrero no auge de forma, foi realmente um grande camisa 9, com presença de área e jogadas pelos flancos (ou corredores, como dizem atualmente).

No entanto, teve sua carreira maculada por uma condenação por doping, fato que a mídia tradicional ignora, apesar da gravidade da penalização.

A realidade é que parece ter sido montada uma operação para melhorar a imagem pública de Guerrero. A começar pela reportagem de duas ou três páginas dedicadas o peruano por um veículo da capital há cerca de um mês.

É perceptível o esforço de buscar pautas positivas para atenuar o momento penoso vivido pelos colorados.

Mas tanto espaço para um jogador decadente – e não há nada de pejorativo em estar numa descendente na profissão, a exemplo de Rafael Sobis e D’Alessandro, só para ficar restrito ao mesmo clube – , é uma demasia.

A estratégia para mudar a imagem de Guerrero é ampla, e inclui até o corte de cabelo mais ao estilo bom rapaz. Desconfio que se fosse possível raspariam as dezenas de tatuagem do jogador para deixá-lo com um jeito mais próximo do ‘genro sonhado’.

Todo esse aparato é para criar um clima bom para que Guerrero trabalhe com tranquilidade pensando em sua estreia com a camisa colorada, em abril. Até aí tudo bem. O ser humano merece esse acolhimento.

O problema é que Guerrero está longe de ser aquele atacante que marcou dezenas de gols em sua passagem pelo futebol alemão, de 2002 a 2012. É claro que tem muita qualidade, mas as pernas já não obedecem a mente como em outros tempos. Natural, mas fato que tem sido relegado a um segundo plano por aqueles que deveriam ser mais críticos.

A cada dia que passa – com o time em crise técnica – mais aumenta o peso sobre os ombros de Guerrero, que, se o Inter não melhorar, entrará em campo como salvador da pátria.

Responsabilidade demais para um jogador em busca de reabilitação como cidadão e que nunca foi craque, embora parte da mídia gaúcha o trate como tal.

Os inúmeros acertos de Renato

Em contraponto ao antigo ‘joguinho dos 7 erros’, lanço o jogo dos ‘7 acertos’, inspirado no desempenho do técnico Renato ‘Estátua’ Portaluppi, que neste início de temporada está acertando todas, ou quase todas.

Seus críticos estão silentes, na moita como sempre, esperando o primeiro vacilo, o que não é novidade para ninguém.

O primeiro acerto que me recordo assim de sopetão é a decisão de afastar o tal time de transição, que quase eliminou o Grêmio no regional passado.

O Grêmio disputa – e lidera com folga – com o time titular e o reserva. Ambos fortes, mostrando a qualidade do grupo, superior também em número em relação ao do regional de 2018.

Outro acerto de Renato foi esse do rodízio dos goleiros, algo impensável tendo o grande Marcelo Grohe de titular absoluto.

No Centenário, o novato Júlio César apresentou seu cartão de visitas com duas defensas muito difíceis. Grandes defesas, mas nada que justifique o adjetivo ‘milagre’ utilizado por um comentarista de TV.

Sei de alguns gremistas nas redes sociais que foram nesse embalo, ou nessa vibe, e já começaram a cornetear o Paulo Vitor, como se fosse impossível elogiar um sem desmerecer o outro. Coisas de torcedor…

Logo depois das duas belas defesas, Júlio César soltou uma bola fácil, coisa que acontece, mas acaba comprometendo. É cedo para ter opinião firmada sobre quem deve ser titular.

Em relação a esse jogo, que se anunciava como de alto risco porque estava em jogo a liderança, foi sábia a decisão de não expor o time titular. O time do Caxias justificou a decisão, porque bateu bastante. E, como se previa, sob o olhar conivente do Jean ‘Damião’ Pierre, que custou a mostrar cartão amarelo diante da violência dos caxienses.

Portanto, está certo o Renato. É preciso preservar as canelas de um talento como Luan, por exemplo.

Por falar em talento, Matheus Henrique deu show. Foi o melhor em campo, desarmando, armando e aparecendo nos lances mais decisivos. No lance do primeiro gol, por exemplo, a jogada foi dele, que escapu pela esquerda, foi ao fundo e cruzou. A zaga saiu mal e a bola ficou para o jovem Pepê, que fez 1 a 0

O segundo gol nasceu de outra falha, com André disputando e tendo frieza e técnica para rolar a bola para Pepê ampliar.

O terceiro gol nasceu de outro acerto de Renato, que colocou Thaciano, jogador misto de volante e meia que desde o ano passado dá boa resposta. Pois Thaciano foi ao fundo pela direita e cruzou rasante para Felipe Vizeu entrar e desviar do goleiro com categoria e jeito de matador.

Importante também é saudar a volta de Kannemann, que até não faz falta neste momento porque Paulo Miranda está muito bem e os adversários são modestos.

Então, são tantos os acertos de Renato e sua comissão técnica que meu jogo dos ‘7 acertos’ nem tem razão de ser.

Grêmio reafirma seu favoritismo

Depois da goleada desta quinta sobre o São Luiz, 4 a 0, na Arena, e de outro show de horror do time colorado, não tenho dificuldade nenhuma para afirmar que o Grêmio vai ‘passear’ no noveletão.

Até mesmo os tradicionais ‘erros humanos’ dos árbitros pendendo normalmente para o Inter não terão força suficiente para mudar o que está se desenhando: Grêmio campeão.

É brutal a diferença entre os dois principais candidatos ao título. Pelo pouco que vi do Inter não consigo projetar o time de Odair fazendo frente ao Grêmio de Renato. O Inter é inferior técnica e taticamente.

Somente arbitragens muito tendenciosas poderão mudar o que o destino já traçou.

Fato: o Inter só não perdeu para o time de Ijuí na primeira rodada por causa do frango glorioso do goleiro, que hoje levou mais quatro, ao natural, sem falha sua.

O empate contra o Veranópolis também teve problema: pênalti de Moledo não marcado por Daronco. O zagueiro puxou o atacante pela camisa dentro da área (tem foto registrando claramente o lance).

O analista de arbitragem da RBS disse que o puxão não foi forte suficiente para caracterizar pênalti. Portanto, Daronco acertou, segundo Diori Vasconcelos, famoso por pareceres extravagantes, normalmente favoráveis ao Inter.

O fato é que o Inter, com seu time confuso, perturbado e nervoso, poderia hoje estar na lanterna do Gauchão. Mas vai se classificar porque é superior aos times do Interior (não muito, mas superior) e também porque na dúvida as arbitragens penderão para seu lado.

Enquanto isso, o Grêmio mostra que consegue manter o padrão de jogo que o faz vitorioso há três anos, apesar de ao longo do caminho ter perdido jogadores importantes.

Na goleada sobre o time de Ijuí, destaque para Marinho, de atuação que lembra seu desempenho no Vitória. Depois, Montoya, que entrou e marcou o seu após lançamento precioso de Luan, o craque do time que muitos (em especial vermelhos) queriam longe da Arena.

Gostei também do Jael, participativo e com alto índice de acertos. Não acredito que em sua titularidade, mas será sempre muito útil. Vamos aguardar.

Por fim, que golaço do Marinho, jogador que alguns apressadinhos queriam fora do Grêmio.

Maicon dá aula de futebol na goleada gremista sobre o Juventude

Fui ao jogo contra o Juventude porque deu a coincidência do churrasco de abertura de temporada do Movimento Multicampeão, cuja sede é bem em frente à Arena.

Depois de alguns nacos de carne e coxinha de frango bem passada, com algumas latinhas de ceva para matar a sede e ajudar a espantar o calor, decidi ir ao jogo conferir a volta do time titular.

O Juventude bem que tentou resistir, mas acabou sucumbindo diante da arte, da técnica e da força superior de Maicon e Luan. Levou 3 a 0.

Estão aí dois craques de futebol. Já vi muitos jogadores de qualidade no Grêmio, mas poucos se equivalem a Maicon e Luan. Dá gosto sair de casa, do conforto do lar, gastar uma grana com estacionamento, etc, para ver Maicon e Luan em ação.

Incluo o Éverton, que também alegra meus olhos cansados, mas é outro tipo de jogador. O Geromel é outro que admiro muito, mas não pago ingresso para ver zagueiro jogar.

Estou falando de jogadores cerebrais, criativos, que fazem o time jogar e conseguem isso impondo seu ritmo.

Maicon infelizmente está em fim de carreira. Então, convido a todos aproveitarem para olhar com mais atenção o que faz Maicon em campo antes que seja tarde.

Vale o mesmo para Luan, sempre alvo de propostas capazes de balançar a cabeça de qualquer um.

Então, quero dizer que sou um sortudo. Vi de perto mais duas atuações que os locutores do passado definiriam como de gala.

Destaque maior para o capitão. Ele fez um primeiro tempo discreto, errou três jogadas por reter demais a bola. Vocês duvidam, mas eu poderia descrever cada uma das participações de Maicon, que dá uma aula de futebol, de posicionamento, de visão de jogo, sempre que toca na bola, e até mesmo longe dela.

Ele e Luan têm uma coisa em comum, em especial: ambos desprezam o lance fácil, previsível. Eles buscam mais, ousam mais, e quando acertam está lá um companheiro em condições de marcar.

Ver esses dois jogar é como degustar um vinho caro, que exige uma taça de cristal, daquelas de encher a mão.

Alguém vai dizer que eu pirei de vez. Afinal, o adversário era o Juventude. Está certo, mas estou falando do conjunto da obra.

Sobre o Juventude, afirmo aqui que será um dos finalistas ou semifinalistas do Gauchão. É um time forte, encorpado e com bons jogadores. Como disse o Renato, o melhor treinador do Brasil, ‘nós não deixamos o Juventude jogar, e isso é o mais importante’.

O estreante Júlio César na realidade não estreou, apenas entrou em campo. Não foi exigido.

O time caxiense começou a cair na realidade quando Jael fez 1 a 0, aos 27 minutos, após jogada que começou com Marinho (aplicado taticamente como eu nunca havia visto), passou por Luan, que encobriu o goleiro, mas um zagueiro apareceu para salvar. A bola sobrou para Jael fazer 1 a 0.

No segundo tempo, o Grêmio apertou a marcação e acelerou um pouco as jogadas. Aos 26, Maicon iniciou a jogada pela meia esquerda ao roubar a bola do adversário e lançar Éverton, que foi ao fundo e cruzou. Maicon apareceu para dar um leve toque (com a simplicidade da genialidade), dizendo para Jael: ‘Toma, faz’. E Jael fez.

Por fim, o próprio Maicon acabou marcando o terceiro. De novo ele começou a jogada na intermediária, deu a bola para Jean Pyerre e correu para a área. O estreante Felipe Vizeu, deslocado pela esquerda, cruzou na medida para Maicon, que parece desenhar os lances dentro de campo, completar para a rede.

Este texto, talvez exagerado para alguns, tem como maior objetivo fazer justiça a um jogador que já fez história do clube – e continua fazendo – e mesmo assim há quem queira vê-lo longe do Grêmio.

Perdoais-os Senhor, eles não sabem o que fazem.

DOAÇÃO

Aconteceu na manhã desta segunda-feira, no Palácio Piratini, uma reunião que deverá culminar em mais um presente do poder público ao Inter.

Confiram:

https://www.correiodopovo.com.br/Esportes/Futebol/Inter/2019/01/672038/Governador-ira-analisar-proposta-do-Inter-para-construcao-de-CT-em-Guaiba

Balde de gelo na bolha vermelha

A bolha vermelha estourou. Bastaram três rodadas do Noveletão para que conceitos ufanistas e ‘definitivos ‘ derretessem como o gelo que os jogadores do São José usaram nos pés a cada pausa para suportar o calor de 50 graus do novo gramado sintético.

Salvo engano, foi a primeira vez que os protegidos da federação tiveram de jogar sob calor escaldante no sintético do Passos d’Areira.

Quero ler e ouvir os que derramaram elogios à contratação do veterano Rafael Sobis, em sua terceira passagem pelo clube.

Gostaria de saber o que pensam, também, aqueles que (tal como os apressadinhos da crítica e da corneta) ousaram dizer que o Inter estava se preparando melhor para o campeonato gaudério.

A gente entende essa necessidade que há de elogiar tudo o que acontece no Beira-Rio, ou ao menos de dourar pílulas amargas, o que acaba resultando nessa bola que os impede de viver a realidade.

E a realidade do clube é 3 pontos em 9 disputados, contando o jogo em Ijuí, que só não terminou no empate porque o goleiro do São Luís tomou um frango histórico.

Num dos jogos, o segundo, jogou o time titular, que acabou perdendo, dentro de casa, para o Pelotas.

Agora, não sei o que se passa realmente, porque há bons jogadores no colorado. Talvez alguma questão extra-campo, como salários atrasados, gratificações empurradas com a barriga.

Fico imaginando o Sobis entrando no vestiário, muito provavelmente com um salário muito acima do estabelecido para a maioria, e a remuneração mensal atrasada. ‘Pô, me devem e ficam trazendo medalhões’, podem pensar os menos favorecidos.

É apenas uma hipótese. É comum esse tipo de reação no vestiário. Cabe ao treinador e à direção impedir que essa insatisfação entre em campo.

Ou, simplificando, deixando de lado as especulações, o time não é tão forte quanto defendiam (ou ainda defendem) os arautos defensores da atual gestão colorada, que gasta muito mais do que fatura, a ponto de receber ‘doação’ milionária do seu amigo de sempre.

Ah, o menino de ouro, o ‘Messi’ Sarrafiore, como foi? Pergunto sem maldade, porque não assisti ao jogo.

O fato é que o Inter despencou na tabela com essa derrota por 2 a 0 diante do Zequinha.

Por fim, ‘os da bolha’ vão dizer que a derrota só aconteceu em função do calor ‘senegalesco’ e do piso sintético. Enquanto eles continuarem assim, o time seguirá afundando.

Para concluir, o técnico Odair Hellmann está a perigo. Luxemburgo, sonho de muitos colorados, está disponível.

Os apressadinhos da crítica

Tem gente tão preocupada em criticar que o seu primeiro olhar sobre um fato é sempre negativo. A vontade de ‘dar um pau’ é tanta, que muitas vezes se despreza outras possibilidades.

Vale o mesmo para quem já sai elogiando, também sem uma análise mais criteriosa da situação, seja ela qual for.

Isso vale para tudo.

Mas vejo muito mais no futebol. Exemplo recente: o técnico Renato sofre críticas nas redes sociais porque cometeu o ‘crime’ de escalar André para começar o jogo contra o Aimoré, quarta-feira, depois de ter escalado Thony Anderson na goleada sobre o NH.

Nesse aspecto, sobrou também para Marinho, que voltou a entrar no decorrer do jogo em São Leopoldo.

São dois jogadores de custo elevado que a torcida não aceita mais. Todos os gremistas que conheço, ou quase todos, querem os dois fora da Arena, exceto na condição de visitantes.

Bem, esses mesmos que rejeitam André – um pouco menos o Marinho – criticam Renato e a direção do clube quando os dois entram no time. Ou seja, são colocados na vitrine pra ver se jogam o suficiente para despertar interesse de outros clubes.

Como vender uma ‘mercadoria’ se ela não é exposta?

É evidente que muitas dessas críticas tem como fundo uma resistência ao técnico multicampeão. Os quatro títulos e a recuperação da auto-estima depois de 15 anos de trevas já não significam grande coisa para essa turma. Afinal, o futebol é dinâmico, já dizia um velho dirigente.

Espero que essas linhas contribuam para que as pessoas de um modo geral busquem ampliar seu campo de visão dos fatos, sem dogmas e preconceitos, antes de opinar ou palpitar.

Enfim, os apressadinhos da crítica poderiam desacelerar um pouco. Para o bem do Grêmio.

Tudo acontece no Gauchão, até torcedor proibido de usar a camisa do seu clube

Dentro de alguns anos, quando alguém escrever sobre o que levou o Gauchão à extinção, não poderá ignorar o que aconteceu nesta noite, em São Leopoldo. Foi ridículo.

Torcedores do Grêmio impedidos de entrar no estádio usando o manto sagrado tricolor. Decisão do STJD, que puniu a dupla por problemas ocorridos num clássico do ano passando, coisa que poucos lembram – eu sou um deles.

A decisão acabou ridicularizada, porque muitos ou todos os gremistas, heróis na verdade, usaram a camisa assim que passaram pelo crivo dos soldados da BM.

Com tanta violência por aí, soldados da BM fiscalizando ingresso de torcedores. Nem vamos considerar a (ir)relevância do jogo.

Se o Gauchão em andamento já é uma perda de tempo, o que dizer de um que já terminou?

Ora, custava anistiar os punidos? Pagaram um mico de graça.

O JOGO

Depois de golear o NH, domingo, esperava-se que o time reserva do Grêmio repetisse o desempenho e vencesse o esforçado Aimoré. Por 2 a 1 que fosse, mas vencesse.

O time ficou devendo. Mas o mais importante que jogadores como Matheus Henrique e Jean Pyerre confirmaram, e estão se afirmando rapidamente como duas opções de qualidade para jogos realmente importantes.

Juninho Capixaba marcou de novo, e de forma parecida com o gol contra o NH. Não sei se vale o investimento de 5 milhões de reais, mas é certo que se trata de um lateral diferenciado, com faro de gol.

Qualquer crítica mais dura ou elogio mais eloquente é precipitação. Inúmeros são os jogadores que se destacaram no regional e depois sucumbiram.

Está certo o Renato em aproveitar a competição para observar os jogadores que estão à disposição.

O Gauchão, que avança para a extinção, serve para duas coisas: testar jogadores e como provocação de final de temporada quando nenhum da Dupla conquistar algo melhor no ano.

Na discussão de bar, alguém vai lembrar: “Mas eu ganhei o Gauchão”, brindando com um latão de Polar, a ‘cerveja raiz’.

ALERTA

No post anterior alguns comentários envolvendo política, homofobia, etc. Já alertei os envolvidos.

Faço agora outro alerta: não vou tolerar baixaria aqui neste espaço. Provocação e alfinetadas na esfera do futebol, tudo bem.

Quem baixar o nível será excluído.

E assim será mesmo que só reste eu escrevendo para mim mesmo.

Goleada e algumas atuações alentadoras na estreia

A estreia do Grêmio, com um time reserva, não poderia ser melhor. A começar pelo resultado de 4 a 0, que sintetiza o que aconteceu: superioridade tricolor, que praticamente não deu espaço para jogadas de maior risco ao goleiro Paulo Vítor, agora como titular.

Não foi um bom jogo, em função do gramado irregular e também pelo fato de ser uma estreia e, claro, a qualidade de alguns jogadores.

Kaio, por exemplo, mostrou mais uma vez que é um jogador tecnicamente limitado. A insistência de Renato com esse jogador não se justifica. Renato acredita que Kaio possa fazer as funções de Ramiro. Não pode. Como marcador até vai, mas quando se trata de armar e chegar à frente ele decididamente compromete. Foi válida a tentativa. Inaceitável, agora, é insistir.

Mas esse é só um detalhe de um jogo em que o Grêmio, mesmo com um time desentrosado, acabou goleando, depois de alguma resistência do adversário.

A vitória começa pelo meio de campo, onde Matheus Henrique foi o grande destaque. O nome do jogo, na verdade, seguido de Jean Pyerre.

Importante destacar Juninho Capixaba, autor do primeiro gol, após jogada de Pepê (substituiu Alisson, que se lesionou cedo). O lateral-goleador mostrou mais uma vez que tem facilidade para jogar dentro da área ofensiva, mais do que na sua própria. Na defesa teve dificuldade com o rápido Bustamante, mas soube se sair bem.

O Grêmio começou a deslanchar mesmo com a entrada de Marinho no lugar de Kaio, que irritou Renato ao perder uma bola dentro da área, após boa jogada do time.

E Marinho não poderia ter entrado melhor. Em menos de um minuto em campo, no início do segundo tempo, recebeu passe de Thonny Anderson, de cabeça. Marinho desviou com categoria e fez 2 a 0.

Considero importante essa experiência de Renato com Thonny. Ele tem potencial para ser um camisa 9 eclético de muita qualidade. Na ausência de jogadores assim no mercado, vale apostar e dar sequência.

Aos 26, Pepê, que entrou muito bem, marcou o terceiro após assistência perfeita de Jean Pyerre.

Quase no final, Matheus Henrique foi recompensado pelo esforço e pelo talento que mostrou no jogo, ao marcar o quarto gol.

É cedo para qualquer conclusão definitiva, mas está muito claro que alguns jogadores jovens podem evoluir muito. Para isso, nada melhor que enfrentar as agruras dos jogos do Gauchão.

Destaco, ainda, o zagueiro Paulo Miranda. Já o estreante Rômulo foi discreto e eficiente. Conhece a posição.

Por fim, gostei do árbitro Vinicius Amaral.

JúNIOR

O time júnior do Grêmio, pra manter a tradição, mais uma vez foi eliminado da Copa São Paulo.

São 50 participação sem um título sequer. O principal é que revele jogadores, e isso tem ocorrido, mas é difícil entender que não tenha um título sequer nas 50 edições do torneio.

Sobre a eliminação, o Corinthians foi superior e mereceu a vitória. Para isso, contou com erros do sistema defensivo. O lance do primeiro gol parece uma anedota daquelas sem a menor graça. Mas vale a pena ver.

O time jogou desfalcado. Sentiu muito a falta de Da Silva. Com seu goleador, talvez a história fosse diferente.

PROJEÇÃO

Mesmo sem os milhões que jorram no Flamengo e no Palmeiras, o Grêmio tem estrutura, comando técnico e material humano – a gurizada que está subindo tem qualidade e muito potencial – para fazer frente aos poderosos. Dinheiro é bom, mas não é tudo no futebol.

Será Da Silva o primeiro grande 9 da base depois de Alcindo?

O Grêmio nunca conquistou a Copa São Paulo de Futebol Júnior. Esteve perto uma ou outra vez. Uma que não esqueço foi quando a Portuguesa tinha um timaço, com um Dener surgindo para o futebol como um novo Pelé, como se costumava dizer sempre que aparecia um jovem negro habilidoso e rápido. O Grêmio parou ali. Foi vice. Sua melhor participação em termos de resultado.

Pelo que vi até agora do torneio, não há Dener ou algo parecido despontando. Portanto, existe alguma chance de título pra quebrar esse jejum que até pega mal pela grandeza do clube, e pela quantidade de talentos que revelou nesses anos todos.

Seria bom esse título da Copa SP, embora eu defenda que a prioridade de times das categorias de base não seja festejar títulos, e sim revelar jogadores que possam subir, ajudar o time a vencer competições e também mostrar futebol que desperte a atenção dos poderosos.

Nesse aspecto, o Grêmio tem obtido sucesso. Tem revelado jogadores e negociado alguns deles com valores que ajudam o clube a equilibrar as finanças e a manter girando a roda do futebol.

Muito diferente do Inter, que hoje não tem nenhum jogador despontando, apesar dos esforços da mídia para ‘vender’ Rodrigo Dourado como grande jogador.

A balança do futebol gaúcho também por esse enfoque – o de revelar talentos – pende para o tricolor.

Tudo isso para chegar ao jogo desta tarde em Osasco, onde a gurizada do Grêmio bateu o forte Audax por 3 a 0, resultado justo que coloca o time nas quartas-de-final.

Mas vamos ao que realmente interessa, ao menos pra mim: qual o potencial desses guris.

Destaco o goleiro Gabriel (sem o Chapecó); o zagueiro João Guilherme, o lateral Kazu (participou do primeiro gol e fez o terceiro), o meia Guilherme Azevedo (autor do segundo gol) e, claro, Da Silva.

O centroavante é o mais promissor, pelo que vi até agora.

É candidato a ser o primeiro grande camisa 9 da base tricolor desde Alcindo, que surgiu no início dos anos 60. E lá se vão mais de 60 anos.

Todos os outros que apareceram depois foram medianos para baixo.

Não me convidaram pra essa festa de ricaços

Não me convidaram pra essa festa pobre… Não me sai da cabeça essa frase do grande Cazuza, e eu fico cantarolando por aí, nem sei bem por que. Quer dizer, sei, mas com troca do adjetivo ‘pobre’ por ‘rica’.

Sim, tem uma festa rica rolando por aí. Não, não é em Jurerê Internacional com seu desfile de Ferraris, ou em Fernando Noronha com as belas atrizes globais, ou em Miami.

A festa a que me refiro acontece no futebol, mais exatamente em Rio e São Paulo, onde dois clubes navegam em águas mornas, límpidas e transparentes. Nelas Palmeiras e Flamengo deslizam em iates deslumbrantes, sem ligar para a crise no entorno.

E o entorno é de quase miséria. Os clubes com gestões responsáveis, como a do Grêmio, sofrem como eu, nos meus tempos de piá em Lajeado, louco para entrar numa festa, mas sem dinheiro até para o sanduíche de mortadela, esse mesmo que era distribuído fartamente na recente eleição.

Sem o dinheiro que abunda no Palmeiras e no Flamengo, o Grêmio sua para repor peças e reformular o grupo, enquanto os dois novos marajás do futebol brasileiro vivem numa bolha de felicidade, com dinheiro demais e, por enquanto, títulos de menos.

A esperança que tenho é que essa bolha estoure, porque esses dois clubes, em sua festinha de novo-rico, regada a champanhe francês, se credenciam para grandes conquistas.

Contratam quem eles querem. Ou quase. Pelo menos atormentam a cabeça dos dirigentes e fazem sonhar os atletas cogitados. Todos querem participar dessa festa.

Está cada vez mais difícil resistir. A ofensiva no momento, a mais forte, é em cima de Geromel e Kannemann, citado por Abel Braga, o milionário técnico do Flamengo. E ainda tem os argentinos, como o Boca, por exemplo, louco para desmanchar a melhor dupla de área do futebol sul-americano.

No caso do Kannemann, parece que é o empresário dele que tenta alguma transação. Ora, o Grêmio remunera bem demais seus principais jogadores. Penso que Kannemann deveria dar uma paratequieto em seu empresário. A não ser que esteja participando desse jogo menor, pequeno, que destoa do que ele já mostrou. A camisa do Grêmio parece uma tatuagem de nascença no Kannemann, mas que aos poucos está esmaecendo diante do seu silêncio.

Resta à direção do Grêmio fazer com que Kannemann e Geromel cumpram seus contratos em vigor – os contratos não são para preservar também os clubes?

É o que me resta enquanto acompanho de fora, olhando pela vidraça, a festança dos milionários do futebol brasileiro.

“Fiquei na porta estacionando os carros…”