O Grêmio começou a vencer o jogo no Bento Freitas quando Renato desviou o foco da decisão para a proposta milionária do Flamengo.
Depois disso, quase não se falou no jogo final do Gauchão 2018. O assunto na mídia, nos bares, nas filas de banco, nas praças era, além da prisão de Lula, a decisão de Renato.
Tem gente na imprensa que apostou todas as fichas na saída de Renato. Houve até uma brincadeira nas redes sociais de que a oferta flamenguista era de 2 milhões por mês de salário para o técnico tricolor. A metade seria paga pelo Inter, que assim se livraria de Renato, hoje o maior pesadelo dos colorados.
Não são poucos os que gostariam de ver Renato multicampeão longe da Arena, aceitando-o apenas na forma de estátua.
Então, quem acreditou em mim, estava tranquilo, não se deixou influenciar pelas tais informações de cocheira de que Renato já teria tudo certo para ir embora, que teria desistido de alugar uma casa, etc.
E quem viu Renato comemorando no Bento Freitas feliz como uma criança, ou como um técnico que conquistava seu primeiro título, já podia adivinhar que a decisão estava tomada. Até porque assumir um clube tumultuado como o Flamengo, com um elenco que não foi por ele escolhido, era mesmo arriscado demais para um treinador que se consolida como o número 1 do Brasil e está em plena ascensão.
Renato não poderia recuar ao tempo em que era bombeiro, chamado apenas para apagar incêndio. Então, óbvio que ele ficaria.
Para alegria dos gremistas (entre os quais, imagino, até aqueles que o chamavam de Joel Santana) e decepção dos colorados, Renato segue no Grêmio, e projeta agora a conquista do Campeonato Brasileiro, que é o que lhe falta.
Se conquistar o Brasileirão, Renato estará repetindo Felipão, que entre 1994 e 1996, conquistou os mesmos títulos.
A Copa do Brasil fica agora em segundo plano, mas ambicionada pelo volume da premiação.
O JOGO
Começo pelo fim. Que festa fizeram os jogadores do Grêmio. Parecia que haviam conquistado uma Copa do Mundo.
O Brasil entrou para jogar uma Copa do Mundo; o Grêmio, depois dos 4 a 0, jogou ao natural, marcando forte e atacando sem pressa, como sempre, ao ritmo de Maicon e Arthur.
Foram inúmeras chances de gol no primeiro tempo, mas a pontaria estava descalibrada. O Brasil criou duas ou três situações de perigo. Seus jogadores pareciam mais determinados a bater, com algumas entradas maldosas por trás. Luan, Arthur e Éverton eram os principais alvos.
No segundo tempo, logo na largada, o capitão do time, Leandro Leite, foi expulso. Havia levado um amarelo por uma entrada desleal em Luan, e recebeu o segundo ao puxar Jael por trás. Vuaden, que teve uma atuação surpreendentemente boa, acertou.
Espero que os analistas que acusaram de Daronco de estragar a festa no primeiro confronto mantenham a mesma posição agora. Mas uma goleada por 7 a 0, no acumulado, dilui qualquer secação.
No segundo tempo, depois de um domínio sólido, aproveitando a vantagem de um jogador a menos, o Grêmio administrou o jogo, sem forçar muito a busca do gol. Aos 36, depois de sua tradicional troca de passes para envolver o adversário, o Grêmio fez 1 a 0. Cícero, que recém havia entrado, desviou para a rede, após um chute cruzado de Thony Anderson.
Quatro minutos depois, Alisson, que havia substituído Ramiro, fez bela jogada pela esquerda e chutou colocado no ângulo, um golaço. Alisson se encaminha para assumir um lugar no time titular.
O terceiro gol foi de Léo Moura, o vovô da lateral-direita. Desta vez ele aguentou bem os 90 minutos, tanto que apareceu na área aos 44 para receber um lançamento magnífico de Maicon, dominar e desviar com categoria do goleiro.
Não poderia ser melhor o desfecho de uma competição colocada em segundo plano, mas que foi se tornando questão de vida ou morte em função de algumas provocações.
A frase de Renato sobre Jael, dias atrás, cabe também para a participação do Grêmio no Gauchão. O Grêmio estava quieto, desinteressado. Foi provocado. E deu nisso, o ambiente regional acabou ‘criando um monstro’,
Grêmio manda também na aldeia, e isso é muito bom.